O SR. EUNÍCIO OLIVEIRA (Bloco Maioria/PMDB - CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, nós, cearenses, que somos amantes da liberdade, das boas letras e do direito à informação, perdemos hoje uma grande matriarca. Refiro-me, na melhor e mais carinhosa acepção da palavra “matriarca”, ao falecimento de Lúcia Dummar.

            Dona Lúcia, como ficou carinhosamente conhecida ao longo de seus 96 anos, é filha do fundador do jornal O Povo, Demócrito Rocha. Tinha 11 anos quando seu pai fundou O Povo. Dizia ela: “Herdei do meu pai essa qualidade de ser amiga da liberdade”, recordava em certa época. Fibra e princípios que Dona Lúcia certamente soube manter e, principalmente, honrar e transmitir à família, como mostra a história de um dos principais jornais regionais do Brasil, pois foi seu filho, Demócrito Rocha Dummar, neto do fundador, que, durante 45 anos, manteve a luta que é administrar uma empresa de comunicação. E a história mostra que com sucesso, pois, atualmente, além do jornal, o grupo compreende 4 emissoras de rádio, a TV O Povo e a Fundação Demócrito Rocha, orgulhosamente administrada por sua neta, a jornalista Luciana Dummar.

            A vida de Dona Lúcia também mostra como a força de vontade, o desprendimento e a iniciativa pessoal são importantes na vida das famílias.

            Com 6 filhos pequenos e viúva aos 38 anos, Lúcia, que era formada pela escola normal, deu um passo à frente do seu tempo e assumiu o desafio de ser professora no jardim de infância. Lá, contando histórias e cantando, desenvolveu e estimulou a imaginação e o crescimento de centenas de cearenses.

            Com a 2ª Grande Guerra Mundial e a necessidade de informações sobre o assunto, Dona Lúcia trocou o colégio Lourenço Filho pela tradução de notícias, que chegavam tanto em Francês como em Inglês, para o jornal O Povo.

            Amizade, respeito, compromisso e um legado de defesa da liberdade de expressão são qualidades que permearam toda vida de Lúcia Dummar e que devem ser reverenciadas e seguidas pelas novas gerações.

            Sr. Presidente, nós, cearenses, estamos de luto, ao mesmo tempo em que rogamos a solidariedade à família da nossa Lúcia Dummar e da minha querida amiga Luciana Dummar.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.