Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Autor
Aécio Neves (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Aécio Neves da Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/2013 - Página 64630

            O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG. Sem revisão do orador.) - Caríssimo amigo, ilustre Senador e Ministro Bernardo Cabral, eu não poderia deixar de trazer aqui umas breves mas muito sinceras palavras de admiração, de respeito e, permita-me dizer, de saudade.

            Que saudade, Relator Bernardo Cabral, daquele tempo em que eu, apenas um jovem, talvez dos mais jovens Parlamentares daquela época, acompanhava o seu trabalho, a sua determinação!

            Juntos, acompanhamos, talvez, o mais sublime dos momentos do Parlamento brasileiro na nossa história contemporânea. Naquele instante, nós víamos o Congresso Nacional com as portas escancaradas para a sociedade brasileira. Ninguém impunha ao Congresso Nacional, ao Congresso Constituinte, a sua vontade, a não ser a sociedade brasileira, através das suas várias organizações ou mesmo através de manifestações espontâneas que encontrávamos por todas as ruas do Brasil.

            Eu me lembro, com muita saudade, daquele tempo. Eu era apenas um coadjuvante Parlamentar, mas já compreendia a importância das transformações que ali estavam sendo construídas.

            E V. Exª pode ter certeza, Senador e Ministro Bernardo Cabral, que sua biografia traz, na redação da nova Constituição brasileira, talvez, a mais bonita das suas páginas. É uma biografia recheada de êxitos. Naquele momento, a ponderação e o equilíbrio de V. Exª, a sua capacidade argumentativa e, sobretudo, a sua capacidade da audição, ao ouvir posições tão contraditórias e ao construir, de alguma forma, consenso entre elas, possibilitaram-nos a todos comemorar a Constituição cidadã de Ulysses.

            Fica aqui, portanto, esse preito de admiração, de respeito e, repito, de muita saudade de um tempo em que o Congresso Nacional ouvia única e exclusivamente a voz das ruas deste País. Quem sabe possamos um dia voltar a ter, Presidente Renan, um Senado e uma Câmara altivos, construindo eles próprios a sua pauta e podendo eles próprios interpretarem, sem intermediário algum, sem que outro Poder tenha que interferir permanentemente na pauta que seja a pauta da sociedade brasileira.

            Parabéns, meu respeito, minha admiração e meu eterno carinho, amigo Bernardo Cabral!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/2013 - Página 64630