Pela Liderança durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Programa Mais Médicos, do Governo Federal.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SAUDE, PROGRAMA DE GOVERNO.:
  • Críticas ao Programa Mais Médicos, do Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 28/08/2013 - Página 57273
Assunto
Outros > SAUDE, PROGRAMA DE GOVERNO.
Indexação
  • CRITICA, PROGRAMA DE GOVERNO, GOVERNO FEDERAL, OBJETIVO, CONTRATAÇÃO, MEDICO, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, DEFESA, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, EQUIPAMENTOS, HOSPITAL, BRASIL.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje a Presidenta Dilma esteve aqui no Senado, numa sessão especial que lhe foi concedida. Tanta honra ter a Presidenta do Brasil nesta Casa!

            Queria eu que ela pudesse vir trazer boas notícias ao povo brasileiro, ao povo do nosso querido Estado do Pará, que represento nesta Casa, Estado que, com muita glória, tem Nossa Senhora de Nazaré como sua padroeira. Pudesse ela vir dizer aqui, neste Senado, que esta Casa era imparcial, que julgava com isenção, que o povo do meu Pará podia contar com novos hospitais, que ela estaria ajudando o Governador Simão Jatene na nova construção da Santa Casa de Misericórdia do meu Estado, que está sendo inaugurada na sexta-feira.

            E faço aqui, Presidenta Dilma, um convite especial para a senhora ir lá e verificar que há médicos, há aparelhos, leitos à vontade, uma nova Santa Casa de Misericórdia. Assim, Vossa Excelência deveria fazer em todo o Brasil.

            Vossa Excelência, para fugir da pressão das ruas, anunciou um programa que é digno de risadas: trazer médicos de fora em detrimento dos médicos brasileiros. A senhora rasgou o diploma dos médicos brasileiros. A senhora arrasou os médicos brasileiros. Eu não sou contra trazer médicos de fora. Mas por que a senhora escolheu logo Cuba? Por que a senhora foi logo em cima de Cuba para trazer os médicos cubanos? É o bom relacionamento que a senhora tem com aquele país, com aqueles ditadores, que já mataram tantas pessoas naquele país, Presidenta?

            Os médicos brasileiros, pode ter certeza, estão chocados com a senhora. A senhora simplesmente, ao ouvir as vozes das ruas e ao tentar uma ação imediata, disse que o Brasil não tinha médico e que precisava contratar médico de fora.

            Olhem, brasileiros, para ser presidente de um país do tamanho do Brasil é preciso conhecer o país. Para ser um Deputado estadual, é preciso conhecer o Estado.

            Vossa Excelência não conhece o País. Vossa Excelência não sabe - e eu tenho certeza de que não sabe, Presidenta; se sabe, faz que não sabe - que o principal problema hoje do Brasil, na questão de saúde, são os leitos. O Brasil não tem leito.

            Assim como a corrupção cresceu no seu Governo e no governo do Lula, os leitos não cresceram. A disponibilidade de leitos diminuiu, Presidenta; diminuiu, Presidenta! A senhora não tem leito nos interiores; a senhora não tem leito nas capitais.

            O que é que adianta a senhora contratar médico se Vossa Excelência não tem onde internar um paciente. O que é que adianta haver médico se não há equipamentos para operar.

            Vá, Presidenta Dilma, saia do seu pedestal! Não procure só vir aqui, ao Senado, para ser elogiada por aqueles que dependem de Vossa Excelência, por aqueles que obedecem ao mando de Vossa Excelência. Não é só isso que se tem que fazer. Vá ao meu Marajó, por exemplo, onde as pessoas estão sem hospital, abandonadas.

            Eu estive agora, meu querido Presidente Viana, na capital...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... do Estado. Para a cidade de Soure, nós levamos mais ou menos quatro horas pela Baía do Marajó.

            Eu fui lá, estive lá, passei o mês de julho naquela região, Salvaterra e Soure, onde não há hospital digno para receber um cidadão, não há hospital digno para se fazer uma cirurgia. O que há, Dilma, é apenas um hospital, que tem um médico, às vezes, mas que não tem um aparelho de raios X para se fazer um diagnóstico, não tem um aparelho de ultrassonografia.

            Se eu estou mentindo, Brasil, cassem o meu mandato! Se eu estou mentindo, Presidenta, eu estou autorizando Vossa Excelência a cassar o meu mandato!

            O marajoara, o santareno, aquele que mora no sul do Pará, aquele que mora em Paragominas. A maioria dos hospitais não atende à população, por falta de leito, por falta de equipamento, por falta de transporte. E a senhora vem com esse efeito de contratar 15 mil médicos para funcionar num País do tamanho do Brasil.

            Onze anos de Governo do PT e houve uma redução, Presidenta Dilma - que vergonha, Presidenta! -, de 15% da taxa de leitos hospitalares no Brasil. Somente em 2005 e 2012, o SUS perdeu mais de 41 mil leitos, Presidenta! Quarenta e um mil leitos foram perdidos, e não foi feito mais nada por Vossa Excelência!

            Venha aqui, ao Senado, dizer que Vossa Excelência vai fazer mais hospitais neste País. O povo brasileiro tem que voltar às ruas, porque, sob pressão, ela faz alguma coisa.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - O povo tem que exigir hospitais. O povo tem que exigir equipamentos. O povo tem que exigir leitos. Só médico não resolve.

            O Brasil está cheio de equipamentos de raios X sem ter técnicos para operá-los, Presidenta. Isso é uma vergonha, Presidenta! Vossa Excelência não vai ao interior do interior do Brasil para ver a situação dos brasileiros.

            A Organização Mundial de Saúde recomenda de três a cinco leitos por mil habitantes. O Brasil só oferece dois leitos por cada mil habitantes. Mas a Presidente gosta mesmo é de vir ao Senado ouvir elogios daqueles que ela comanda. E o País, o nosso País, o nosso querido Brasil, o nosso querido Pará... Ainda bem que o Pará mudou. Ainda bem que o povo do Pará entendeu que precisava de mudança e colocou um Governador lívido, um Governador digno, um Governador que sabe dos problemas do Estado e revolucionou a saúde no nosso Estado. Precisamos, sim, de muito mais coisas no nosso interior. Mas vá ver de quem é a responsabilidade na Constituição. O nosso Governador faz, porque ele sabe que não pode abandonar a população do nosso Estado, porque sabe que o Governo Federal não investe um tostão sequer no Estado do Pará. A Dilma não gosta dos paraenses, a Dilma não gosta do Pará. Às vezes, eu duvido até que ela seja brasileira.

            Dilma, eu não tenho medo de falar. Se quiserem fazer comigo a mesma coisa que fizeram com o senador boliviano, eu não tenho medo, Dilma. Eu tenho que falar. Eu vim para cá para falar aquilo que o povo quer falar e não pode falar nesta tribuna.

            A saúde brasileira é uma das piores do mundo. Eu não sou contra trazerem mais médicos, mas isso aí é uma enganação. E não se pode faltar com a verdade. Tem que se mostrar à Nação que é preciso deixar de mentir, deixar de enganar o povo brasileiro.

            Podem trazer 50 mil médicos que a coisa não vai melhorar, porque não há hospital, porque não há leito, porque não há equipamento, porque não há infraestrutura neste País.

            E para descer, Presidente, a cada ano, lamentavelmente, o Brasil joga R$1 trilhão no lixo, com corrupção, com falta de aeroportos, com falta de silos para armazenar produtos agrícolas. E a Presidente veio aqui, hoje de manhã, escutar os elogios daqueles...

(Interrupção do som.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/08/2013 - Página 57273