Encaminhamento durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Autor
Sérgio Petecão (PSD - Partido Social Democrático/AC)
Nome completo: Sérgio de Oliveira Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Encaminhamento
Publicação
Publicação no DSF de 28/08/2013 - Página 57334

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Presidente, na verdade, é como o senhor disse, nós tínhamos que debater o projeto que está em votação, mas, como o tema voltou para essa situação do Senador Roger, aí, modéstia à parte, eu posso falar, porque o conheço, é da nossa região.

            Ele é Senador por Pando. Conheço o Chonta, como nós o chamamos, Roger Pinto Molina. Conheço-o, quando era prefeito de Pando, tem toda uma carreira política. Nós não estamos falando aqui de uma pessoa que já chamaram de marginal, de bandido. Eu posso falar, porque acompanhei e até entendi. Hoje o Senador iria à Comissão de Relações Exteriores. Não foi. Eu acho que está correto. Nós não podemos tripudiar dessa situação.

            Nessa situação, não existem nem ganhadores, nem perdedores. Existe um cidadão brasileiro, que, diante de uma situação em que ele achava que não tinha saída - não estou aqui defendendo a decisão dele - colocou a vida dele.

            Ontem, eu tive a oportunidade, Presidente, de conversar com o Senador Roger Molina - está aqui na casa de um advogado - e gostaria de que todos os Senadores tivessem a oportunidade de também conversar com esse Senador, para que ele pudesse fazer um relato desses 454 dias. Não agora, vamos deixar esfriar, para que nós não façamos esse discurso de oposição ou de governo, mas nós não podemos e não devemos sacrificar esse diplomata Eduardo Saboia. Eu confesso que achei que os jornais iriam amanhecer: “Esse homem é um herói”, mas, de repente, tem que se respeitar; ele errou, ele se excedeu,

            Mas qual era a decisão, então? Eu conversei com o Senador hoje, que me dizia: “Petecão, pensei duas vezes em cometer o suicídio”. Por duas vezes, ele pensou em cometer o suicídio. Disse-me que ia morrer eletrocutado: “Ia botar minha mão na tomada e acabar com esse sofrimento”.

            Nos últimos dias, ele não tinha direito nem de pegar sol. Nem de pegar sol! Estamos falando de 454 dias! É mais de um ano, esperando um salvo-conduto! E o Presidente Evo poderia ter evitado tudo isso.

            Aqui, aos Senadores que defendem o governo Evo, faço um desafio: vamos lá, à área de fronteira, ver os acreanos que tiveram suas casas queimadas, que foram expulsos da Bolívia. Nós nunca vivemos uma situação como essa. Esse governo Evo trouxe insegurança e intranquilidade para as pessoas que moram na fronteira.

            Então, aqui fica meu pedido. Nós não podemos, de forma alguma, politizar esse debate. Agora, preocupa-me muito quando vejo, de repente, que a pessoa que eu achava que ia virar um herói, o Eduardo Saboia, agora é culpado.

            E se amanhã esta Casa começar a responsabilizar o Senador Ferraço, porque ele teve a coragem de ir à fronteira e de trazer o Senador. Esse assunto eu já trouxe à tribuna não foi uma vez, não foram duas ou três, não. Lá na Comissão de Relações Exteriores, pedimos; lá no Equador... Eu fui lá - e a Senadora Ana Amélia - e denunciei. E sabem o que os senadores bolivianos e os deputados federais disseram? Que eles tinham aprovado uma lei que poderia retroagir em até cinco anos, para trazer todos os processos que algum político tivesse.

            O Evo aprovou, lá no Congresso - e está aqui a Senadora Ana Amélia, que participou desse debate -, que, em até cinco anos, a lei pode retroagir, para buscar qualquer crime de qualquer político.

            Então, meus amigos, fica um apelo: vamos deixar esfriar; vamos trazer aqui o Senador Roger Pinto, para que ele possa fazer um relato da situação que esse homem passou lá nessa embaixada, nessa prisão.

            Ele me dizia: “Petecão, confesso-lhe que achava que não havia mais saída. De repente, fui chamado para sair. Eu tinha de sair. Tive de assinar um termo, dizendo que era responsável pelo que acontecesse”.

             E o Diplomata Saboia fez o ato de coragem. Ele podia muito bem ter armado tudo e só mandado o Senador. Ele poderia, não poderia? Ele poderia colocá-lo dentro do carro e dizer: “Vá lá”. Ele foi junto, ele disse: “Se você morrer, eu morro junto”.

            Eu não sei se ele está errado ou se ele está certo, mas, neste momento, nós precisamos ter muita calma, nem ficar defendendo o ato dele, nem também sacrificá-lo.

            Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/08/2013 - Página 57334