Pela Liderança durante a 141ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às manifestações contrárias aos médicos cubanos que vieram ao Brasil para atuar no Programa Mais Médicos, do Governo Federal; e outro assunto.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Críticas às manifestações contrárias aos médicos cubanos que vieram ao Brasil para atuar no Programa Mais Médicos, do Governo Federal; e outro assunto.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 29/08/2013 - Página 57827
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CRITICA, ENTIDADE, AMBITO NACIONAL, MEDICINA, INCENTIVO, POPULAÇÃO, XENOFOBIA, CHEGADA, MEDICO, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA.
  • LEITURA, MUSICA, HOMENAGEM, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, DISCURSO, AUTORIA, MARTIN LUTHER KING, ASSUNTO, DEFESA, IGUALDADE RACIAL, JUSTIÇA SOCIAL.
  • ELOGIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, OBJETIVO, DEBATE, SITUAÇÃO, PAGAMENTO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, APOSENTADO, PENSIONISTA, EX-EMPREGADO, ASSOCIADO, FUNDO DE PREVIDENCIA, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG).

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Senador Flexa Ribeiro, eu tenho me posicionado aqui, inúmeras vezes, acompanhando os médicos e seus respectivos sindicatos, mas nesta questão, Sr. Presidente, como os médicos vêm se posicionando em relação principalmente aos médicos cubanos, eu não posso me calar como se não estivesse vendo.

            Por isso, Sr. Presidente, além de concordar na íntegra com o discurso do Senador Humberto Costa, faço questão de ler da tribuna o que escreveu o jornalista Gilberto Dimenstein. Título: “Debate sobre os médicos me dá vergonha por Gilberto Dimenstein”.

            Diz ele:

O perfil dos médicos cubanos é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles (20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização.

            Aí ele pergunta: “Para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: essa formação é suficiente?”. Ou não é?

            Aí, ele diz: “Aproveito essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência pouco conhecida da população”.

            Aí, ele diz que ouviu inclusive: “Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética”.

            Enfim, Sr. Presidente, quero resumir aqui o que diz este documento escrito pelo jornalista. E ele diz:

Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros [boto aqui, de minha parte: principalmente cubanos], não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados? [Aqui no Brasil, também já estão clinicando?].

A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo.

Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram? [Palavras de Gilberto Dimenstein]

Será que preferem que o pobre se dane apenas para que um outro médico não possa trabalhar?

Sinceramente [palavras dele de novo, de Gilberto Dimenstein], sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.

Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (...). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa (...). É morador da Vila Madalena.

            Sr. Presidente, sintetizei o que penso. Socorro-me do discurso do Senador Humberto Costa, que falou de forma muito tranquila e brilhante, como sempre, do tema de saúde.

            Senador Humberto Costa, muitas vezes até não nos encontramos na mesma linha de debate, mas quero dizer que assino embaixo da sua posição com a maior tranquilidade, pela consistência dos argumentos.

            Tenho certeza, Senador Suplicy, de que a sociedade brasileira já tem lado nesse debate: é o lado do povo brasileiro, que quer mais médicos.

            Senador Eduardo Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Cumprimento V. Exª pela solidariedade, que já expressei também ao Senador Humberto Costa, com respeito aos médicos cubanos. Que sejam bem-vindos os médicos que estão chegando para o Programa Mais Médicos. Cumprimento, também, V. Exª por aqui colocar os argumentos de Gilberto Dimenstein, jornalista que escreveu muito apropriadamente a respeito, chamando a atenção para o fato de que os médicos brasileiros deveriam dar as boas-vindas aos que de fora vêm colaborar, tendo em conta que a situação da assistência de saúde do povo brasileiro requer, sim, que mais médicos estejam presentes. Que sejam bem-vindos esses que vêm de Cuba, da Espanha, da Argentina e de outros países.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - São nossos convidados.

            Senadora Vanessa Grazziotin, permita-me. V. Exª não me pediu um aparte, mas assisti também ao seu pronunciamento. E quero aqui, de público, bater palmas para o seu pronunciamento. V. Exª foi muito feliz quando demonstrou que alguns atos estão beirando o racismo, o preconceito, de forma totalmente desprovida, descabida, incoerente. Vi quando V. Exª leu - eu não tinha vista ainda - que chegaram a dizer que os médicos cubanos são como empregadas domésticas. Primeiro, V. Exª foi muito feliz ao dizer que é uma ofensa às empregadas domésticas. Qual é o problema de ser parecido com uma empregada doméstica? Eu posso ser parecido com um empregado doméstico. E daí? Com muito orgulho, sim, senhor. Qual é o conceito de beleza? De boa aparência? Não estou inovando. Estou apenas reforçando o belo pronunciamento de V. Exª. E inclusive se referia a uma jornalista, que dizia qual é a cara da boa aparência. Porque não há cara de boa aparência, conforme aquela jornalista no seu blog... E V. Exª vai tomar as providências. Eu quero me somar ao seu pronunciamento. O Brasil não aceita mais esse tipo de prática, seja de médico, seja de peão metalúrgico, seja de Deputado, seja de Senador.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Se V. Exª me permite um aparte, Senador. Agora eu solicito a V. Exª.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Faço questão.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Em meu pronunciamento, também relatei que, quando li a matéria que estava publicada num blog, Senador Paim, eu imaginei que não fosse uma pessoa real, que fosse um fake. Todos nós sabemos que existem esses fakes, que são falsas pessoas, são caricaturas inventadas. Até que não, que eu descobri que, de fato, a pessoa existe, e é uma jornalista lá do Estado do Rio Grande do Norte. Então, eu...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu fui olhar a foto dela, inclusive.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Pois é. Então, é inimaginável que isso ocorra. Mas ocorreu. Depois ela retirou e pediu desculpas. Não basta. Quero só aproveitar o aparte que V. Exª concede para dizer que tanto eu, que estou à frente da Procuradoria Especial da Mulher, como a Deputada Elcione Barbalho, à frente da Procuradoria da Mulher na Câmara dos Deputados, e a Deputada Jô Moraes, coordenadora da Bancada Feminina, já estamos encaminhando ao Ministério Público, para que o Ministério Público tome as providências que o caso requer. Porque é como V. Exª diz: nós lutamos muito para fazer um Brasil e um mundo diferente disso que a jornalista escreveu, em que todos, independentemente de raça, sexo e condição social, sejam iguais. Ora, médicos se impõem pela aparência? Qual é a aparência de médico? Não é? Então, Senador...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - É conceito de competência.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Eu me inspiro muito na luta de V. Exª, que tem sido um ardoroso defensor da igualdade entre os povos, e o Brasil tem essa característica, é uma sociedade multiétnica, não tem por que nós aceitarmos esse tipo de manifestação. Isso envergonha a Nação brasileira, a Nação brasileira, que é formada de brancos, de índios, de negros, de mulheres, de homens, de homossexuais, de tudo, e nós convivemos em harmonia e com respeito. V. Exª me inspira muito, Senador. A luta de V. Exª é para adotar ações de combate a esse tipo de discriminação. Muito obrigada e cumprimento V. Exª também.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Cumprimento V. Exª. A melhor forma de eu dizer é que a luta de direitos humanos não tem fronteira, ela é internacional. E por isso é um absurdo estarem hostilizando os nossos convidados, que vêm aqui atender as pessoas que estão, infelizmente, em muitos casos, doentes.

            Mas, na mesma linha, o Senador Suplicy insistiu muito, durante essas duas semanas, sobre Martin Luther King. E como eu não quero simplesmente ler aqui, o que V. Exª e outros já fizeram, vou me socorrer, para homenagear Martin Luther King, exatamente, Senador Suplicy, de algo que eu sei que V. Exª, se eu provocar, vai cantar em inglês. V. Exª vai me deixar concluir e é capaz de cantar em inglês. Eu vou aqui apenas ler a letra da música que Nina Simone, em homenagem a Martin Luther King, em 1968, apresentou, no ato da sua morte.

            Em inglês, no meu inglês - V. Exª pode corrigir depois -, a letra diz, em português: “Por quê? O rei do amor está morto”. Em inglês, “Why? The king of love is dead”, mais ou menos isso.

            E ela diz:

O que vai acontecer agora? Em todas as nossas cidades?

O meu povo está aumentando, eles estão vivendo, em mentiras.

Mesmo que eles tenham que morrer

Mesmo que eles tenham que morrer no momento em que descobrirem o que a vida é

Mesmo nesse único momento em que eles descobrissem o que a vida é

Se você tiver que morrer, que está tudo bem

Porque você sabe o que é a vida

Você conhece o que é a liberdade e, por um momento [você entendeu o sentido] de sua vida.

Mas ele [sim, Martin Luther King] viu o topo da montanha

E sabia que não podia parar

Sempre vivendo com a ameaça da morte à sua frente

Gente, é melhor você parar e pensar

Todo mundo sabe que estamos à deriva

O que vai acontecer agora que o nosso rei está morto?

Todos nós podemos derramar lágrimas; mas não vai mudar nada

Enfim, ensine o seu povo: será que eles vão aprender?

Vocês precisam sempre matar, queimando, queimando com armas

E matar com armas e queimar - você não sabe como temos que reagir?

Mas ele [ele sim, Martin Luther King] viu o topo da montanha

E sabia que não podia parar

Sempre vivendo com a ameaça da morte à frente

Gente, é melhor você parar e pensar.

Todo o mundo sabe que estamos à deriva.

O que vai acontecer [e ela termina dizendo] agora que nosso rei está morto.

            Nina Simone, cantora e pianista, ativista na luta contra o racismo, cantou, no enterro do pacifista Martin Luther King, esta canção.

            Sr. Presidente, peço a V. Exª que, além da canção, aceite o discurso, também pelo fato de V. Exª já o ter lido na tribuna durante quase quinze dias. Eu o observava, acompanhava e elogiava.

            Mas V. Exª está com a palavra, Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Eu queria fazer uma sugestão a V. Exª.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Só não me peça para eu cantar em inglês, pois eu seria obrigado a descer daqui.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Primeiro, ainda hoje, falei em homenagem aos 50 anos desse discurso, um dos mais belos da história da humanidade...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - “Eu tenho um sonho.”

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco Governo/PT - SP) - ... que nós dois, como muitos, apreciamos tanto, e também sobre a vida de Martin Luther King Jr., seus livros e tudo aquilo que desenvolveu já desde moço, porque, muito jovem como pastor luterano, ele abraçou a causa propugnada por outras pessoas, como Henry David Thoreau, Mahatma Gandhi e Leon Tolstoi, este uma das pessoas que contribuíram para que o próprio Mahatma Gandhi abraçasse a causa da luta pela não violência para atingir objetivos tais como a Independência da Índia.

            Ainda hoje, recordei que foi em 1908 que Leon Tolstoi encaminhou uma carta aos indianos, propondo que eles lutassem pelos meios da não violência para obter a independência da Índia. E o jovem advogado, que morava na África do Sul, teve essa carta nas mãos e gostou muito, porque já havia, em 1894, lido um livro de Tolstoi que o fez se converter para a luta pela não violência. Então, ele já estava com o espírito preparado. Leon Tolstoi, nesse livro, usou muito dos ensinamentos do Sermão da Montanha, de Jesus Cristo. E abraçou de tal maneira aquele método, o procedimento, e com tal assertividade, que comoveu a Índia, os indianos, os ingleses. E conseguiu, em 1947, por meio da não violência, mas por vezes até propondo a desobediência civil e a greve de fome.

            Thoreau, por exemplo, dizia que, se uma pessoa realiza uma desobediência por causa de uma lei injusta, ela deve ser presa e mostrar aos poderosos da forma injusta. E ele praticou isso.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - A rebeldia natural.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Pois bem, após a Segunda Grande Guerra Mundial, quando se elevou a solicitação por direitos civis, sobretudo nos Estados Unidos da América, e começou a haver aqueles atos como o da Srª Rosa Parks, em 1955, em Alabama, que falou “olha, eu vou me sentar na área só para os brancos”, causando uma repercussão extraordinária, então aí já Martin Luther King Jr. recomendava que se fizesse, sim, a desobediência civil, mas através das marchas. Com as suas palestras, a sua pregação nas igrejas e em todos os lugares, começou a conquistar o povo e inclusive a dialogar.

            Daí a relevância, querido Senador Paulo Paim, dessa sua reflexão, e da nossa, hoje, porque nós saudamos aqueles que fazem manifestações. Ainda ontem, no Rio de Janeiro, houve, e em Porto Alegre, em São Paulo, em todas as cidades brasileiras. Mas há alguns que, de rosto tapado, estão avaliando que vão conseguir atingir objetivos se fizerem o quebra-quebra, o incêndio, a destruição até de ônibus, queimando ônibus, quebrando os vidros de ônibus, prejudicando esse instrumento de transporte da população mais carente.

            Ora, possam essas pessoas, e eu gostaria até que V. Exª pudesse ajudar...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu falarei. Tenho dois minutos ainda, mas falarei sobre isso.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Eu me disponho a...

            Eu gostaria de dizer a essas pessoas: venham dialogar conosco. Nós estamos dispostos a conversar, porque a vida de Luther King é uma lição. Vocês podem atingir os seus objetivos com muita eficiência até pela não violência.

            Então, vamos prosseguir com esses exemplos.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Seguindo a linha de Martin Luther King, Mandela, Gandhi, pela não violência.

            Mais vale um gesto de paz do que mil discursos e muito menos a violência.

            Senador Suplicy, aproveito então para concluir.

            Eu quero informar, Sr. Presidente, que, na tarde desta terça-feira, aconteceu a primeira reunião entre os representantes do Fundo Aerus e o Ministro Chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministro gaúcho Luís Inácio Adams.

(Soa a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Os técnicos lá se reuniram com os dirigentes do Aerus para elaborar um modelo de acordo para esses homens e essas mulheres que estão na expectativa de uma solução final.

            O encontro ocorreu na sede da AGU, aqui em Brasília, e teve como representante dos trabalhadores o Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), Celso Klafke, que também é gaúcho; a porta-voz do movimento, Graziella Baggio; o Diretor do Sindicato dos Aeronautas, Zoroastro Lima;, e o Presidente da Associação dos Funcionários Aposentados e Pensionistas da Transbrasil, Francisco José Tomaz, além do assessor jurídico da Fentac, o advogado Lauro Thaddeu Gomes.

            As informações que me ...

(Interrupção do som)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu concluo em dois minutos. (Fora do microfone.)

            As informações que me passaram os dirigentes é que o Governo demonstrou disposição para construir uma solução rápida para o Aerus.

            O Ministro Adams - e aqui reconheço todo o seu empenho - e sua equipe ressaltaram a necessidade de agilizar a construção dos moldes do acordo no menor prazo possível.

            Para agilizar esse processo, foi acertado um novo encontro entre os dirigentes e técnicos já para a próxima sexta-feira, dia 30, e assim iniciarem a primeira minuta do acordo.

            Segundo Graziella Baggio, a dirigente dos trabalhadores e trabalhadoras, no caso, hoje, aposentados e pensionistas, a previsão é de que no máximo em 10, 12 dias saia uma solução definitiva para o acordo.

            (Soa a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu quero, mais uma vez, cumprimentar a Presidenta Dilma, porque, na reunião que houve com dez Senadores, com todo o grupo, ela assumiu conosco três compromissos.

            Disse que viria aqui ao evento para receber o documento final da CPI da Violência contra as Mulheres, e aqui esteve ontem. Disse que abriria negociação para construirmos uma alternativa ao fator previdenciário. Já fez reunião com todas as centrais, e a outra reunião tem prazo máximo de 60 dias. E ontem sua equipe se reuniu com o Aerus e apontou 12 dias para haver uma solução, num grande acordo.

            Enfim, eu só posso cumprimentar o Congresso e o Executivo. Estamos caminhando, e caminhando bem.

            Um abraço, obrigado a todos.

            Considere na íntegra, Sr. Presidente.

 

SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

           O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) -

Registro sobre reunião dos representantes do AERUS com o Governo Federal.

           Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na tarde de ontem, terça-feira, aconteceu a primeira reunião entre os representantes do Fundo Aerus, o Ministro Chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, e técnicos para elaborar um modelo de acordo para o caso do Aerus.

           O encontro que ocorreu na sede da AGU, aqui em Brasília, teve como representante dos trabalhadores o Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), Celso Klafke, a porta voz do movimento, Graziefla Baggio, o Diretor do Sindicato dos Aeronautas, Zoroastro Lima, e o Presidente da Associação dos Funcionários Aposentados e Pensionistas da Transbrasíl, Francisco José Tomaz, além do assessor jurídico da Fentac, o advogado Lauro Thaddeu Gomes.

           As informações que me chagaram é a de que o encontro foi muito positivo. O Governo demonstrou disposição em construir uma solução rápida para o problema do AERUS.

           O ministro Adams e sua equipe ressaltaram a necessidade de agilizar a construção dos moldes do acordo no menor prazo possível.

           Para agilizar esse processo, foi acertado um novo encontro entre os técnicos já para a próxima sexta-feira, dia 30, e assim iniciar os primeiros esboços do acordo.

           Segundo Gabriela Baggio, há uma previsão para que em 10, 12 dias saia uma solução definitiva.

           Era o que tinha a dizer.

 

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PAULO PAIM EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matérias referidas:

- Eu tenho um sonho - Martin Luther King Jr.

           "Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

           Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.

           Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.

           Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.

           Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

           De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".

           Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é faiível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

           Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.

           Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia,

           Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.

           Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

           Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade, Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre

           Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino, Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

           E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

           Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

           Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos, Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada, Não se deixe caiar no vale de desespero.

           Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

           Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

           Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os fíihos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

           Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

           Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

           Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

           Eu tenho um sonho que uni dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

           Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

           "Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

           E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

           E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

           Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

           Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

           E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

           "Livre afinal, livre afinal.

           Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

           Nina Simone:

           Why? (The King Of Love Is Dead) - 1968

           uai de kingue ofelovi is déd - em homenagem a Luther King

           Tradução

           Porque? O rei do amor está morto

           Nina Simone.

           O que vai acontecer agora? Em todas as nossas cidades?

           O meu povo está aumentando, eles estão vivendo em mentiras

           Mesmo que eles tenham que morrer

           Mesmo que eles tenham que morrer no momento em que descobrirem o que a vida é

           Mesmo neste único momento em que eles descobrissem o que a vida é

           Se você tiver que morrer, que está tudo bem

           Porque você sabe o que é vida

           Você conhece o que é a liberdade, por um momento de sua vida

           Mas ele viu o topo da montanha

           E sabia que não podia parar

           Sempre vivendo com a ameaça da morte à frente

           Gente é melhor você parar e pensar

           Todo mundo sabe que estamos a deriva

           O que vai acontecer, agora que o nosso Rei está morto?

           Todos nós podemos derramar lágrimas, mas não vai mudar nada

           Ensine o seu povo: Será que eles vão aprender? Vocês precisam sempre matar, queimando, queimando, com armas

           E matar com armas e queimar - você não sabe como temos que reagir?

           Mas ele viu o topo da montanha

           E sabia que não podia parar

           Sempre vivendo com a ameaça da morte à frente

           Gente é melhor você parar e pensar

           Todo mundo sabe que estamos a deriva

           O que vai acontecer, agora que o nosso Rei está morto?

           NINA SIMONE - Cantora e pianista, ativista na luta contra o racismo, chegou a cantar no enterro do pacifista Martin Luther King.

           Ivanete Ferronatto

           De: Pauto André Batista Louzada

           Enviado em: quarta-feira, 28 de agosto de 2013 13:57

           Assunto: Debate sobre os médicos me dá vergonha por Gilberto Dimenstein

           Por Gilberto Dimenstein / Folha de SP.

           Debate sobre os médicos me dá vergonha por Gilberto Dimenstein

           27/08/2013 - O perfil dos médicos cubanos é o seguinte; em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles ( 20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização,

           Para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: essa formação é suficiente?

           Aproveito essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética,

           Provas têm demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz.

           Mesmo sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar.

           Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados?

           A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo.

           Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram?

           Será que preferem que o pobre se dane apenas para que um outro médico não possa trabalhar?

           Sinceramente, sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.

           Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

           Fonte: Folha de S. Paulo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/08/2013 - Página 57827