O SR. FRANCISCO DORNELLES (Bloco Maioria/PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Acir Gurgacz, Senador Amorim, a quem muito agradeço pela gentileza, Srªs e Srs. Senadores, a Academia Brasileira de Letras recebe em seu quadro o Presidente Fernando Henrique Cardoso, um estadista que reflete 200 anos de sabedoria, de vivência, de história, de dignidade, patrimônio que ele herdou de seus antepassados e expandiu com sua inteligência privilegiada, cultura prodigiosa, capacidade de somar, de unir e de solucionar problemas.

            Seu bisavô, Felicíssimo do Espírito Santo Cardoso, seu avô, Joaquim Inácio Batista Cardoso, seu pai, Leônidas Cardoso, seu tio, Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso, seus primos, Ciro Espírito Santo Cardoso e Dulcídio do Espírito Santo Cardoso, estiveram presentes nos mais relevantes episódios que marcaram a vida política e militar do Império e da República.

            Ingressou, em 1949, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). Obteve o título de doutor em Ciência Sociais, em 1961, pela mesma faculdade. No ano seguinte, passou a integrar a direção do Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho, fundado na USP por Florestan Fernandes. Ainda em 1962, tornou-se presidente do Conselho Editorial da Coleção Corpo e Alma do Brasil, criada pela editora Difusão Européia do Livro, e publicou, nesse mesmo ano, sua tese de doutorado, cujo título era Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional.

            Em 1983 chegou ao Senado Federal, onde se destacou como respeitado líder da oposição e do PMDB. Sobre sua trajetória no Senado, quero tornar público um fato que revela a importância de Fernando Henrique desde sua chegada. Trabalhava eu no Ministério da Fazenda, como Secretário da Receita Federal, quando o Ministro da Fazenda se preparava para comparecer ao Senado em decorrência de convocação a que foi submetido. Nos preparativos para a audiência, o então Ministro da Fazenda disse ao líder do governo que participava da reunião preparatória: "na sabatina do Senado eu só me preocupo com aquele Senador de São Paulo, Fernando Henrique Cardoso, porque ele é competente, sagaz, conhece muito economia e é o único que pode me criar enormes dificuldades". Realmente, no debate no Senado, foi o senador Fernando Henrique quem criou, de forma muito respeitosa, as maiores dificuldades à exposição do Ministro.

            Presenciei de perto o trabalho de Fernando Henrique no processo de redemocratização do País, principalmente nas Diretas Já e na eleição de Tancredo Neves. Teve ele importante desempenho para o sucesso da viagem do Presidente eleito, Tancredo Neves, ao exterior. Foi graças ao seu prestígio que Tancredo Neves foi recebido pelos mais importantes Chefes de Estado da Europa.

            Como Deputado Federal, acompanhei também de perto o trabalho por ele realizado no Ministério da Fazenda. Na realidade, ele, como Ministro, ressuscitou o País, que vivia um clima de depressão e descrédito. Com enorme coragem e ousadia, por meio do Plano Real, ele impediu a destruição do sistema financeiro nacional e a falência do País.

            Tive o privilégio de ocupar o Ministério da Indústria e do Comércio e o Ministério do Trabalho e Emprego nos dois mandatos de Fernando Henrique. Como um grande líder e chefe, ele sabia impor suas diretrizes e delegar plenamente a execução. Não entrava em detalhes menores e pensava sempre com grandeza. Com seu conhecimento profundo de história, sabia ele administrar o presente e projetar o futuro.

            A Academia Brasileira de Letras deve orgulhar-se de receber Fernando Henrique. A presença de Fernando Henrique na Academia Brasileira de Letras engrandece e dignifica a Casa.

            O Brasil, com sua história, sua tradição, seus heróis, entra com Fernando Henrique na Academia Brasileira de Letras.

            Sr. Presidente, muito obrigado.