Pronunciamento de Pedro Simon em 01/11/2013
Discurso durante a 194ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Críticas à atuação dos black blocs nas manifestações pelo País.
- Autor
- Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
- Nome completo: Pedro Jorge Simon
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
- Críticas à atuação dos black blocs nas manifestações pelo País.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/11/2013 - Página 78707
- Assunto
- Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
- Indexação
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- CRITICA, ATUAÇÃO, GRUPO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, LOCAL, RODOVIA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MOTIVO, UTILIZAÇÃO, VIOLENCIA, RESULTADO, DESTRUIÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO, REGISTRO, AUSENCIA, REPRESSÃO, AUTORIDADE POLICIAL.
O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, nesta sexta-feira em que estamos aqui, fazendo as honras da Casa, para que se diga que o Senado está funcionando, eu venho aqui fazer um pronunciamento que há dias já deveria ter feito.
Meu irmão telespectador, meu irmão ouvinte da Rádio Senado, senhoras e senhores, imaginem a seguinte cena, por mais absurda que ela possa parecer: uma dúzia de mascarados, os Black Blocs, invade dois aviões da Varig. Perdão, é que a Varig é o meu sonho de gaúcho e até hoje sinto saudade.
Uma dúzia de mascarados dos Black Blocs invade dois aviões Boeing, decolam, sobrevoam Brasília e jogam, deliberadamente, os aviões sobre dois alvos preferenciais: um sobre o Congresso Nacional, símbolo do poder do povo; outro sobre o Palácio do Planalto, sede executiva do principal governante do País.
Os senhores já imaginaram essa cena? Pois algo muito parecido acaba de acontecer aqui mesmo, no Brasil, dias atrás, em São Paulo.
Na tarde de segunda-feira, dia 28, dia destinado ao Padroeiro São Judas Tadeu, padroeiro dos casos impossíveis, manifestantes, muitos deles mascarados, todos eles exaltados, decidiram protestar contra a morte de um estudante pela Polícia.
Bloquearam, na capital paulista, a saída norte da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais. Interromperam o trânsito. Invadiram os veículos paralisados no trânsito. Evacuaram os ônibus. Retiraram os motoristas dos caminhões retidos pelo movimento. Fizeram mais. Fizeram pior: queimaram cinco ônibus e três caminhões.
A cena mais terrível, contudo, ficou por conta de um caminhão tanque capturado pelos manifestantes. Retiraram o motorista da cabine, tomaram o controle do veículo, manobraram, deram marcha à ré e começaram a rodar em alta velocidade pela rodovia paralisada.
Parecia uma travessura de criança. Três manifestantes se penduraram no para-choque traseiro, outros dois se agarraram à carroceria, enquanto o terceiro se equilibrava perigosamente sobre o vagão de carga. Outro viajava na boleia do lado direito, enquanto o oitavo manifestante dirigia o veículo sem destino. Era muito mais do que uma travessura.
Era uma perigosa, letal imprudência cometida a bordo de um veículo com tanque para transporte de 30 mil litros de combustível. Repito: 30 mil litros de combustível no tanque que estava andando pela rua!
Se não tivesse sido parado por policiais, mais adiante, e apeado de lá, o grupo do caminhão-tanque poderia ter continuado sua rota ameaçadora em direção ao imponderável, ao impensável.
Poderia ter jogado o caminhão e sua carga inflamável sobre uma barreira policial, sobre um grupo de residências, sobre o prédio do Masp, sobre o Palácio dos Bandeirantes, sobre a Catedral da Sé, sobre qualquer coisa que pudesse imaginar a cabeça insensata daqueles insanos. Isso poderia ter acontecido em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília, em qualquer lugar do Brasil. Pois isso, senhores, já aconteceu em Nova York, em 2001.
Em 11 de setembro, 19 Black Blocs sem máscara da Al-Qaeda tomaram quatro aviões Boeing e cometeram o mais devastador ataque terrorista da História.
Um Boeing 767, o voo 175 da United Airlines, com 56 passageiros e nove tripulantes, decolou de Boston às 7 horas e 59 minutos. O Boeing decolou naquela manhã ensolarada com destino a Los Angeles, a 4.190km de distância.
Cheios de combustível, seus tanques com capacidade para 70 mil litros têm autonomia para um voo de até 10.600 km.
Como Los Angeles está a menos da metade disso, o Boeing voava com meia carga nos seus tanques, pouco mais de 35 mil litros, a metade do que poderia ter.
O voo 175 deveria durar 6 horas e 35 minutos, mas acabou apenas uma hora e quatro minutos depois.
Tomado pelos Black Blocs da Al-Qaeda, o Boeing foi desviado para Nova York, até se chocar com a Torre Sul do World Trade Center, às 9 horas e 3 minutos.
Isso aconteceu 17 minutos após a Torre Norte ser atingida por outro Boeing sequestrado.
O voo 175 caiu a 545 km por hora, atingindo o prédio entre os andares 77 e 85 e produzindo, com seus milhares de litros de combustível, um furor de fogo e calor intenso que chegou próximo aos 1.000 graus Celsius.
Apenas 56 minutos e 10 segundos após o impacto, a enorme torre de 110 andares desmoronou.
Sr. Presidente, senhoras e senhores, eu repito e lembro aqui uma perturbadora semelhança entre a tragédia de Nova York e a quase tragédia de São Paulo. O Boeing das Torres Gêmeas caiu sobre o prédio como uma bomba incendiaria carregada com pouco mais de 30 mil litros de combustível. Repito: 30 mil litros de combustível.
Os mesmos 30 mil litros do caminhão-tanque de São Paulo que rodava, desatinado, sob o controle, ou o descontrole dos terroristas que corriam sem destino por uma rodovia federal cercada por civis e inocentes.
Devemos festejar que os nossos terroristas de São Paulo não estivessem tripulando um Boeing?
É menos grave que tivessem tomado apenas um caminhão-tanque com o mesmo potencial de morte inflamável que matou mais de três mil pessoas em Nova York no alvorecer do Século XXI?
Quantas mortes, quantos incêndios, quanto vandalismo e quanta destruição ainda precisamos aguardar para que se adotem as medidas necessárias para conter a onda de violência crescente que domina nossas rodovias, nossas avenidas, nossas praças, os nossos noticiários de TV?
Qual a tragédia anunciada que estamos esperando, sem fazer nada?
O que mais assusta, tanto quanto a violência ativa de um bando de celerados, é a presença passiva das autoridades diante dos atos e fatos de ostensiva agressão à ordem pública e à paz das comunidades.
O que dá medo, o que intriga, o que não se explica é a imagem de policiais e batalhões em forma, alinhados, enfileirados, apenas assistindo aos atos de violência, depredação, depredação e destruição do patrimônio privado e público, como se fossem meros transeuntes casualmente passando por perto, assistindo sem nada fazer.
As forças de segurança passivas disseminam a insegurança, estimulando ainda mais a violência com sua inexplicável inação.
Um país traumatizado por 21 anos de violência de um regime autoritário parece, de repente, incapaz de discernir o que é um ato de mera e inaceitável repressão e o que é uma atitude de justa e inatacável defesa da ordem democrática.
Reprimir a violência absurda e sem sentido do grupo bandoleiro dos Black Blocs é um ato claro do Estado para a proteção e segurança da sociedade, acuada por quem só tem a violência como argumento.
A nossa ilustre Presidenta Dilma Rousseff, com a autoridade de ex-guerrilheira que pegou em armas para lutar contra a autoridade de ex-guerrilheira, para lutar contra a repressão e o arbítrio da ditadura, e que por ela foi presa e torturada, também não suporta mais a estupidez política dos Black Blocs.
Disse a Presidente Dilma, nesta quarta-feira, no Paraná: “Antes de Judô, quero dizer, que defendo manifestações democráticas. Mas acredito que a violência dos mascarados não é democrática”.
E disse mais a Presidenta Dilma: “A violência é antidemocrática e tem que ser coibida. É necessário que os órgãos responsáveis coíbam essa violência, para que não haja risco às pessoas, nem ataques ao patrimônio público e privado”.
Senhoras e senhores, o Brasil tomou as ruas de forma emocionante, em junho passado, com multidões conscientes dos seus direitos. Clamavam pacificamente por mudanças e por avanços nas condições de vida dos brasileiros, exigindo reformas, cobrando atitudes, defendendo a ética, combatendo a corrupção, combatendo a impunidade.
Milhões foram às ruas de cara limpa, coração leve, consciência pura.
Quatro meses depois, as multidões sumiram, afugentadas pelos bandoleiros mascarados dos Black Blocs. Convém que se saliente: esses jovens que saíram às ruas, de cara limpa, e protestaram em frente ao Congresso e lá no Supremo, os responsáveis pela expectativa e pela esperança que passou a ser confiada pelo Brasil.
A Lei da Ficha Limpa, que este Senado um dia antes, quase por unanimidade, disse que não votaria, no dia seguinte foi votada pelo Senado por unanimidade, com os jovens aqui na frente.
O mensalão parecia estar praticamente morto, mas os jovens foram lá para a frente do Supremo, e o Supremo tomou a decisão.
Dois dos atos mais importantes...
Estou aqui, e lá se vão 36 anos. Nesses 36 anos, os atos mais importantes que este Congresso praticou...
Há a Constituinte, sim, mas a Constituinte foi livre, foi soberana, foi democrática. Os jovens na rua garantiram a convocação da Constituinte, e os Parlamentares a fizeram.
A Ficha Limpa e o mensalão, com o povo na rua, o Congresso respeitou o povo e votou. O Supremo, apesar de alguns melindres, também votou. E vimos uma euforia e se cobrava: o povo está nas ruas exigindo mudanças. Vamos fazer essas mudanças.
Quando o povo voltou à rua, pacificamente, apareceram esses jovens mascarados.
O que eles representam? A esquerda radical? Uma direita maluca? Tem gente até que acha que a polícia está quieta, parada, olhando, sem fazer nada, de certa forma, porque esses mascarados, na rua, pararam com as manifestações dos jovens do Brasil inteiro, do povo do Brasil inteiro, exigindo, realmente, algo importante.
Então, houve o que houve na Petrobras, um leilão que não era leilão, de mentirinha. Aconteceu, agora, no Banco do Brasil, onde, de repente, sem mais nem menos, se aumenta a cota destinada a estrangeiros. Ah, se isso fosse feito no tempo de Fernando Henrique, o que teria dito o PT? Quando, no tempo do Fernando Henrique, se quis fazer uma modificação, nós, aqui, protestamos e exigimos que se tomasse providência para que não se mexesse no Banco do Brasil. Quando se tentou, através de lei, liberar e abrir as portas para a privatização da Petrobras, nós, aqui - o PT na frente -, exigimos que o Sr. Fernando Henrique mandasse uma carta ao Congresso Nacional, garantindo que não mexeria na Petrobras. E essas coisas estão acontecendo. E o PT, no Governo, está apoiando. E, surpreendentemente, a polícia do Governo deixa esses absurdos acontecerem. Dizem alguns: deixa esses absurdos acontecerem porque, se não fossem esses mascarados na rua, se não fosse essa loucura desses mascarados fazendo o que estão fazendo na rua, os jovens estariam na rua, discutindo a Petrobras, discutindo o Banco do Brasil e discutindo tantas outras coisas.
É uma interrogação. É uma interrogação: por que, atrás desses jovens, atrás da impunidade, nada se faz no sentido de coibir?
Agora, parece que, ontem, finalmente, foi tomada uma posição - uma posição, diga-se, positiva. O Ministro da Justiça se reuniu com os Secretários de Segurança do Rio e de São Paulo para tomar providências, inclusive com a participação do Governo e da Polícia Federal, para terminar com isso.
Eu confio, confio que a Presidente vai agir e que isso vai parar.
Então, repito, meses atrás, milhões foram às ruas, de cara limpa, coração leve e consciência pura. Quatro meses depois, as multidões sumiram afugentadas pelos bandoleiros mascarados dos Black Blocs.
Em junho, 90% do povo brasileiro apoiava as manifestações. Hoje, esse apoio caiu para cerca de 30%. Um brutal descrédito às manifestações de rua, que são obra, graça e desgraça, da estupidez militante e da boçalidade irracional dos Black Blocs e de suas bandeiras sem causa e sem consequência.
É um movimento sem sentido, sustentado pela manifestação em si, que se propõe a atacar o capitalismo como suposto braço avançado de uma esquerda mais participativa.
Trata-se de um bando insensato que imagina derrubar o sistema capitalista, apenas espatifando vidraças, quebrando terminais de agências bancárias, rompendo catracas de metrôs, incendiando ônibus.
Usam máscaras e se vestem preto, achando que assim se misturam à multidão. Esquecem que, ao contrário dos Black Blocs, as multidões têm cara própria e as cores vivas e múltiplas que simbolizam a diversidade, não o comportamento militarizado e o padrão idiotizado das milícias da violência indiscriminada.
Nessa equivocada, nessa medíocre visão política, os mascarados da estupidez correm o risco de dar um tiro no próprio pé.
A sequência de violência cada vez mais presente nas telas de TV - é impressionante, Sr. Presidente, quando vemos o noticiário na televisão e aparece o que está acontecendo na Síria, no Oriente Médio, no Egito e, de repente, o que está acontecendo no Brasil, parece a mesma coisa. A única coisa que ainda não temos são os mortos, porque lá as bombas terminam matando a centenas. Mas quem vê o movimento, o atira-atira, o corre-corre de gente, parece que estamos numa guerra civil.
A sequência de violência, cada vez mais presente nas telas de TV e nas praças e avenidas cada vez mais esvaziadas pelas multidões assustadas, faz aumentar o clamor por mais repressão.
Os Black Blocs, supostamente de esquerda, estão, infantilmente, armando o braço da direita mais repressiva, estão reforçando os argumentos pela volta da repressão.
Traduzindo: os Black Blocs, que dizem combater o sistema e a polícia, acabam provocando um efetivo reflexo inverso, fortalecendo o sistema que criticam e reforçando o apoio popular à repressão daqueles que não representam o povo.
Os mascarados dizem pregar a desobediência civil; alegam que, ao protestar violentamente, querem apenas mostrar que a polícia e o Estado não têm tanto poder como apregoam. Pois o excesso de violência que exalam pode provocar o efeito contrário: levar o povo a pedir mais força da polícia e do Estado para preservar o espaço que a democracia lhes garante e que os Black Blocs, de forma desastrada, impensada, lhes roubaram.
As multidões, que agora se ausentam das ruas e se protegem em suas casas da violência sem sentido dos mascarados, não merecem isso. Na verdade, o povo merece e exige o resgate da paz perdida e do espaço roubado à livre manifestação do povo, que é crítico, mas pacífico.
Cabe ao Estado, ao Governo Federal, às autoridades estaduais, aos serviços de segurança garantir ao cidadão o respeito e o espaço que merecem numa sociedade democrática, sem temer o combustível de irracionalidade que ameaça jogar jatos e caminhões-tanques sobre os inocentes.
Não devemos temer a máscara dos que usam e abusam da covardia e da violência para impor o argumento da força bruta. Não podemos mascarar a nossa inércia pelo temor de reagir com a força da lei e o suporte do direito, em defesa dos legítimos interesses do povo brasileiro.
Esse é o meu alerta. Essa é a minha obrigação.
Estive aqui o tempo todo e, há um longo, longo período, eu venho dizendo: não acredito em mudanças no Brasil de dentro para fora. Deste Congresso aqui, Câmara e Senado, se depender de nós, reforma política, reforma partidária, reforma financeira, eu não espero nada. Podemos fazer sob coação, sob pressão da sociedade.
Por isso, eu via com emoção a mocidade ir às ruas. Eu vim de geração atrás, e a maioria dos que estão aí hoje já não se lembra, quando, depois da ditadura de 1964, depois de tanta violência e de tanta luta, depois de o Governo ter esfacelado a mocidade e terminado com a UNE, expulsando centenas da universidade, ter criado o Decreto nº 477, inédito no mundo, em que a pena que se tinha era o estudante estar proibido, durante cinco anos, de estudar em qualquer colégio. Aos poucos, fomos nos reorganizando. E, ao contrário dos partidos de esquerda e de direita, que queriam conseguir a democracia à luta armada, os jovens, de cara pintada, foram às ruas, nas Diretas Já, e conseguimos, pacificamente, a democracia.
Infelizmente, nesse tempo, um longo período, o mais longo de democracia que temos na história do Brasil, muitas coisas estão certas, muita coisa no Brasil está melhorando - não há como deixar de reconhecer. Mas a grande verdade é que algumas coisas estão piorando.
Por exemplo, o PT, que foi o grande partido, a grande esperança do povo brasileiro, a grande expectativa criada sob as bênçãos de Dom Evaristo Arns. Sob a igreja progressista, eles se formaram e se organizaram, e fizeram um belo trabalho. Na oposição, lutando e debatendo, fizeram um grande trabalho. Mas, lamentavelmente, chegando ao Governo, esqueceram de tudo; e estão aí, em um governo igual ou pior do que o governo anterior. O governo anterior não teve coragem de mexer na Petrobras; este mexeu. O governo anterior não teve coragem de mexer no Banco do Brasil; este mexeu.
Então, a grande verdade é que a gente fica na interrogação.
Esses jovens estavam avançando - esses jovens estavam avançando. Vitória espetacular do Ficha Limpa; vitória espetacular do mensalão - esses jovens continuariam avançando. Imaginem os senhores se não tivessem aparecido os mascarados, que vieram não sei de onde.
E com o que aconteceu no leilão, que não era leilão, era um acordo de mentirinha, o que os jovens não estariam fazendo? Imaginem se, de repente, sem mais nem menos, aumentasse para 30% a participação estrangeira no Banco do Brasil e, se o Fernando Henrique tivesse feito isso, o que o PT teria feito? Se os mascarados não estivessem na rua, o que os jovens não estariam fazendo?
Então, surge uma interrogação: de onde eles vêm? E outra interrogação: por que a polícia assiste de braços cruzados?
Eu vi, da janela do Senado, pessoas com barra de ferro quebrando as janelas do Palácio do Itamaraty, e a polícia assistindo de braços cruzados. O que é isso? O que é isso?
Só agora, quando, de repente, o negócio parece que está em véspera de assumir algo realmente explosivo demais, sai a reunião. Olha quanto tempo depois: quatro meses depois. O Ministro se reúne com o Secretário de Segurança do Rio e com o Secretário de Segurança de São Paulo, dizendo que vai fazer alguma coisa. Eu espero, Sr. Ministro. O senhor é o grande responsável.
Se a Presidente Dilma fala, como falou, com toda clareza, que é contra, o braço executor do pensamento da polícia é V. Exª, Ministro da Justiça. V. Exª tem o comando da segurança, da liberdade, da garantia dos direitos individuais. Alguma coisa deve ser feita.
Por isso estou aqui, Sr. Presidente. Estou aqui para advertir. Primeiro, que não devemos ter nenhuma contemporização com esses mascarados, nem que eles venham com a intenção de que querem fazer para afugentar, ou buscar a esquerda e o comunismo, através do susto e do medo. Não! Mas também venho cobrar do Governo.
Quando eu vi, tanto aqui como no Itamaraty e também na Prefeitura do Rio de Janeiro, os mascarados, com pedaços enormes de ferro, quebrando as vidraças, eu vi jovens pedindo para parar, tentando fazer com que eles parassem, e a polícia de braços cruzados assistindo.
É bom esclarecer à Senhora Presidente que o povo está assistindo a isso, está vendo isso. As palavras dela foram muito firmes, mas ela é uma Presidente mandona. As pessoas têm medo dela, com razão. Ela deu a ordem e, pela primeira vez, parece que o Ministro da Justiça disse que vai cumpri-la. Espero que isso aconteça.
Obrigado, Sr. Presidente.