Comunicação inadiável durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a Srª Filomena Matarazzo Suplicy, mãe de S. Exª, pela comemoração do seu centésimo quinto aniversário; e outro assunto.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.:
  • Homenagem a Srª Filomena Matarazzo Suplicy, mãe de S. Exª, pela comemoração do seu centésimo quinto aniversário; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2013 - Página 65769
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DISCURSO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ABERTURA, ASSEMBLEIA GERAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, MÃE, ORADOR, ELOGIO, HISTORIA, VIDA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cyro Miranda, primeiro, quero transmitir a minha respeitosa divergência para com a avaliação que os Senadores Jarbas Vasconcelos e Pedro Taques fizeram com respeito ao pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff na ONU hoje pela manhã, porque eu o considero um pronunciamento extremamente bem colocado, assertivo. Foi redigido e de responsabilidade da Presidenta Dilma. Inclusive, quero ver se ainda hoje posso voltar a falar no assunto, mas quero pedir a transcrição na íntegra do pronunciamento da Presidenta Dilma, que, na minha opinião, penso que honrou o povo brasileiro ao transmitir a sua discordância enfática diante da tentativa de violação dos direitos da pessoa, como dela própria, por parte da agência de segurança, principalmente depois de todos os esforços que ela vem realizando, inclusive para colaborar com a paz mundial.

            Mas hoje peço licença a todos os meus colegas Senadores e ao povo brasileiro, porque considero que é justo eu homenagear uma pessoa que chega aos 105 anos, Presidente Cyro Miranda.

            Hoje, minha mãe completa 105 anos, e eu gostaria de transmitir aqui um abraço com carinho e o agradecimento a essa extraordinária pessoa que teve nada menos que 11 filhos, que tem 170 descendentes e que se encontra viva. Ontem, foi celebrada uma missa com os oitos filhos remanescentes.

            E eu aqui gostaria de registrar um bonito artigo que Mônica Dallari escreveu a respeito de minha mãe:

Uma bonita história de 105 anos.

Filomena Matarazzo Suplicy completa 105 anos com uma bonita trajetória de vida, que se mistura com a história de São Paulo.

Neta do Conde Francesco Matarazzo, empresário italiano criador do maior complexo industrial da América Latina, as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, Filomena nasceu na Avenida Paulista, em 1908. É filha de Amália Cintra Ferreira, uma das fundadoras da Liga das Senhoras Católicas, e do segundo filho do Conde Francesco, Andrea, além de mãe do Senador Eduardo Matarazzo Suplicy [este Senador que vos fala].

Cresceu numa época em que ser Matarazzo era sinônimo de poder e riqueza. O casamento de Amália e Andrea, em 1906, foi um dos primeiros na elite paulista entre um imigrante italiano e uma representante da aristocracia cafeeira.

Filomena teve uma educação rígida e refinada. As viagens à Europa a impediram de frequentar a escola. Ela e a irmã recebiam aulas em casa. Falava português na casa dos pais, mas era exceção. Na mansão do avô e dos tios, falava-se italiano.

Adquiriu do pai o hábito de caminhar depois do jantar pela elegante avenida Paulista. Quem não anda desanda, ensinava Andrea [seu pai, meu avô]. Filomena era uma das poucas pessoas com permissão para frequentar a mansão do avô Francesco.

            (Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) -

Tinha uma relação próxima com a avó Filomena, que, apesar de muito simples, vivia isolada pelo seu status social.

Anos mais tarde, quando o conde rompeu com o filho Andrea por ele ter se recusado a assinar o testamento que deixava metade dos bens para apenas um dos 13 irmãos, a neta continuou a frequentar a mansão.

Filomena era proibida de entrar na cozinha, chefiada por homens trazidos da Itália. Às quintas-feiras, na companhia dos cinco irmãos, ia de charrete ao trabalho do pai, no Moinho Matarazzo, no Brás. As crianças almoçavam macarrão ao lado de centenas de funcionários. Aos domingos, ocupavam a frisa reservada no Cine República. Depois, a família seguia para a casa da avó Cintra Ferreira, onde primos e tios tocavam modas brasileiras.

Até hoje, Filomena gosta de cantar, especialmente as músicas interpretadas pela cunhada e amiga Maysa...

(Interrupção do som.)

           O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Sr. Presidente, se me permite, mais dois minutos.

           Maysa era casada com meu tio Andrea, irmão de minha mãe. Até hoje, ela sabe cantar, e canta junto conosco, quando eu lá chego, a música Ouça de Maysa; a música La Vie en Rose, de Edith Piaf; Minha Casinha Pequenina; ou Jardineira, Por Que Estás Tão Triste? 

Nas férias, viajava para Santos, mas apreciava mesmo ir à Europa. Passava longas temporadas visitando a família Matarazzo na Itália [em Castellabate, ao sul de Nápoles] e frequentando atividades culturais em Paris, sua cidade favorita.

Casou-se pela primeira vez aos 19 anos, [com Anésio de Lara Campos] após três meses de namoro. Teve o primeiro filho [Anésio] e, grávida do segundo, ficou viúva aos 21 [quando Maria Teresa ainda estava em seu ventre].

            (Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) -

Assim que soube do ocorrido, [meu pai] Paulo Cochrane Suplicy, um importante corretor de café, [morava em Santos] viu que chegara seu momento.

Ele havia se apaixonado por ela ainda solteira, quando a viu pela primeira vez no porto de Santos [quando foi visitar alguns navios que chegavam].

Naquele dia, ao chegar em casa, [meu pai] avisou a mãe, [Bezita. Ele a achou tão bonita que disse]: Hoje (Pausa.) [Desculpe, Presidente] conheci a moça com quem vou me casar. A resposta foi desoladora [ele depois conversou com algumas pessoas].

            (Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) -

Filomena era filha de conde [o Conde Matarazzo] e só se casaria com um príncipe. Aos 25 anos [quando meu pai soube que ela ficara viúva foi lá novamente e a conquistou], ela se casou com Paulo, e tiveram nove filhos [somando onze]. Seu principal legado são os valores cristãos, o exemplo de dedicação à família e o respeito a todo e qualquer ser humano.

No dia 24 de setembro, os mais de 170 descendentes comemoram o aniversário de Filomena Matarazzo Suplicy com a certeza de que a vida dela valeu muito.

            Agradeço...

            (Interrupção do som.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... por esse bonito artigo que a Folha de S.Paulo, ontem, teve a gentileza de publicar.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

- Pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2013 - Página 65769