Pronunciamento de Alvaro Dias em 01/10/2013
Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Cumprimentos à Polícia Federal pelo combate à corrupção no País.
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.:
- Cumprimentos à Polícia Federal pelo combate à corrupção no País.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/10/2013 - Página 68037
- Assunto
- Outros > CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
- Indexação
-
- CUMPRIMENTO, POLICIA FEDERAL, COMBATE, CORRUPÇÃO, IMPORTANCIA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), IMPRENSA, BRASIL, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, OPERAÇÃO, DESVIO, VERBA, LAVAGEM DE DINHEIRO, APURAÇÃO, RESPONSABILIDADE, LIGAÇÃO, EMPRESA, ORGANIZAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LICITAÇÃO, MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DE GOIAS (GO).
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Romero Jucá.
Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a Polícia Federal está agindo. Parabéns à Polícia Federal!
Eu gostaria, Sr. Presidente, de destacar a importância da Comissão Parlamentar de Inquérito como instrumento do Legislativo para a investigação de denúncias que são veiculadas, especialmente pela imprensa, no País.
Quando esta Casa instalou a CPI Cachoeira, as críticas foram constantes e reiteradas. Em que pese o fato de ter sido ela dominada politicamente, apresentou relatórios variados, relatórios paralelos, que permitiram à Polícia Federal dar prosseguimento às investigações. A declaração é do Delegado Tacio Muzzi, coordenador da Operação Saqueador, iniciada no final do ano passado em parceria com o Ministério Público Federal.
No dia de hoje, a operação apresenta resultados. Denominada Operação Saqueador, investiga o desvio de R$300 milhões em três Estados, e os responsáveis podem responder por até cinco crimes diferentes.
Protocolamos ao final do ano passado, a representação que apontava os caminhos para que esta investigação, através da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, pudesse ocorrer.
Lembro pronunciamentos que fizemos aqui exatamente indicando esses caminhos. E aqui estão, Sr. Presidente, Srs. Senadores, as matérias da imprensa no dia de hoje: “Delta transferiu R$300 milhões para empresas de fachada”; “Operação da [Polícia Federal] apreende carros e documentos de Cavendish no Leblon”; “Operação Saqueador investiga desvio de até R$300 milhões em 3 estados”.
Lembro que apontamos, desta tribuna, exatamente no dia 18 de junho de 2012, os indícios que nos autorizavam a representar junto ao Ministério Público Federal contra a empresa Delta como a matriz de um monumental esquema de corrupção. E nós apresentamos aqui um gráfico, mostrando exatamente o link que partia do Governo Federal para a empresa Delta, da empresa Delta para a empresa Alberto & Pantoja, e desta empresa para empresas laranja para familiares e integrantes da quadrilha do Cachoeira.
No primeiro círculo, a Delta ganhava a licitação com preços baixos. Era a estratégia adotada pela empresa; disputava, oferecendo preços menores, e ganhava a concorrência. Depois, no segundo círculo, nós assinalamos os contratos com os governos, desde governo municipal, estadual, e principalmente com o Governo Federal, em que havia um maior volume de recursos. Depois, no outro círculo, a Delta apresentava aditivos que se sucediam, e, evidentemente, esses aditivos eram concedidos em razão do poder de um traficante de influência, que, além de bicheiro, passou a ser o grande lobista, ou uma espécie de sócio oculto da Delta.
Depois dos aditivos, os recursos chegavam à Delta, que, depois dos aditivos, simulava serviços fictícios com empresas laranja. Os recursos saíam do Governo para a Delta, da Delta para as empresas laranja e delas para os destinatários finais.
Esse gráfico foi mostrado desta tribuna, revelando esse esquema de corrupção que tinha a empresa Delta como matriz. A Polícia Federal, na manhã de hoje, realizou busca e apreensão de documentos e computadores na casa do empresário Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, e em mais dez endereços de pessoas ligadas aos negócios do empresário, envolvendo sede e filial da empresa, seus controladores, contadores, inclusive os potenciais laranjas.
O cumprimento dos 20 mandados de busca e apreensão incluiu três veículos de luxo, documentos e computadores na casa de Fernando Cavendish.
A Operação Saqueador, que começou às 6h desta terça-feira, nos Estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, também apreendeu R$350 mil em espécie. O coordenador da operação, o delegado Tácio Muzzi, diz que são fortes os indícios de uso de dinheiro público para os desvios.
E nós não temos nenhuma dúvida: a operação teve origem, repito, a partir de dados repassados pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos. Segundo os policiais, os trabalhos devem se estender por mais 30 dias, para se descobrir de onde vieram os R$300 milhões.
A CPI discutiu ardorosamente o envolvimento da empresa Delta no esquema de corrupção liderado por Carlinhos Cachoeira, e, no relatório que apresentamos ao Procurador-Geral da República, apontamos a origem desses recursos. O delegado chefe afirma que, agora, o trabalho é chegar à origem desses recursos. Ele terá o trabalho facilitado exatamente por esse relatório, que culminou com a representação que protocolamos junto ao Procurador-Geral da República. Nesse relatório, nós indicamos a origem desses recursos e indicamos, inclusive, o passeio dos recursos desde a origem até os destinatários finais.
Nós sabemos que essa investigação da Polícia Federal vai revelar esse monumental esquema de corrupção. Quem trabalhou na Comissão Parlamentar de Inquérito e teve acesso a essas informações certamente concluiu que tratávamos de um dos maiores escândalos de corrupção da história dos últimos anos neste País.
Certamente, não serão apenas R$300 milhões que foram desviados. Esse é um valor que impressiona, certamente, mas, com o trabalho que realizamos, com a movimentação que chegou a R$7 bilhões, através da empresa Delta, certamente a Polícia Federal e o Ministério Público concluirão que os desvios são superiores a R$300 milhões, conforme se suspeitava inicialmente.
Portanto, Sr. Presidente, os nossos cumprimentos à Polícia Federal por esse extraordinário trabalho de investigação. Mas também destacamos a importância da Comissão Parlamentar de Inquérito, desacreditada por muitos. Ao final dos trabalhos, as manchetes dos veículos de informação eram pejorativas, procuravam achincalhar os trabalhos realizados pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
(Soa a campainha.)
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) - Em parte, com razão. Afinal, houve uma tentativa de se amordaçar, houve uma tentativa de se impedir que as investigações prosperassem. Mas há que se louvar o esforço daqueles que, integrando essa CPI, produziram um trabalho paralelo, com relatórios complementares que não foram aprovados oficialmente no plenário da CPI, mas que foram encaminhados à Procuradoria da República, no nosso caso, na forma de representação, para que os procedimentos judiciários pudessem ter continuidade com a instauração do inquérito que, com o desdobramento apresentado hoje, caminha para apresentar um resultado final extremamente positivo.
Por isso, Sr. Presidente, os nossos cumprimentos, mais uma vez, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal por esse extraordinário trabalho.