Discurso durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de maiores investimentos em pesquisa científica e tecnológica, com destaque para a contribuição da Comissão do Futuro, sob a Presidência de S.Exª , na discussão do assunto.

Autor
Luiz Henrique (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Luiz Henrique da Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, SENADO.:
  • Defesa de maiores investimentos em pesquisa científica e tecnológica, com destaque para a contribuição da Comissão do Futuro, sob a Presidência de S.Exª , na discussão do assunto.
Aparteantes
Casildo Maldaner, Paulo Bauer.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2013 - Página 68639
Assunto
Outros > POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO, REGISTRO, CRIAÇÃO, COMISSÃO, SENADO, OBJETIVO, DEBATE, MATERIA, FUTURO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, PAIS.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Paulo Paim, Sras Senadoras, Srs. Senadores, há não muito tempo a linha do futuro ainda era vista como a linha do infinito - algo ansiado, desejado, mas intocável, inacessível. A linha do futuro era vista como algo inatingível. Assim, a humanidade viveu engolfada nas suas emergências mais imediatas. Tradição, conservadorismo e conformismo eram a marca de sociedades estáveis e imutáveis.

            Alguns eventos extraordinários mudaram esse quadro. O fogo, a roda, o arco e a flecha foram algo que impulsionou a humanidade durante os primórdios da civilização, mas, ao longo de milênios, a humanidade foi evoluindo lentamente. Esse quadro vem mudando, extraordinariamente, com o rápido, estonteante e, cada vez mais, vertiginoso avanço do conhecimento humano, sobretudo na área da ciência e da tecnologia.

            Em 1970, quando assumi o meu primeiro dos doze mandatos consecutivos que obtive, um após o outro, desde 1970, era a lei indiscutível da gestão de que quem administrava com êxito era quem sabia escolher as prioridades. Hoje, passados apenas 43 anos da minha primeira eleição para Deputado Estadual, o bom administrador é aquele que sabe prognosticar, é aquele que sabe adivinhar, é aquele que sabe antever as posteridades.

            Muitas gestões públicas e privadas foram malsucedidas, muitas empresas desapareceram, porque não souberam seguir, nas últimas décadas, essa nova regra imposta, como eu já falei, pela estonteante evolução científico-tecnológica.

            O Brasil perdeu a liderança em alguns ciclos econômicos, porque fomos incapazes de criar políticas de desenvolvimento com base no esforço nacional na pesquisa científica. É um caso clássico o da borracha. Piratear para a Inglaterra as sementes de seringueira fez com que o grande ciclo de riqueza da Amazônia desaparecesse de uma hora para outra; assim como é o caso clássico o do algodão Seridó, que fazia o dinamismo e o desenvolvimento de regiões hoje empobrecidas no Nordeste.

            Quando, Sr. Presidente, nós proferimos, em nome de nossos colegas Casildo Maldaner e Paulo Bauer, o discurso na cerimônia de diplomação, nós afirmamos exatamente o seguinte: “Vamos levar ao Senado outra visão. Uma visão nova: a de que o Brasil precisa fazer um esforço inaudito na área da pesquisa científica e tecnológica, não apenas pelos investimentos governamentais, aumentando-os progressivamente, como o fizemos no exercício de governador, mas também no incentivo às inversões do setor privado que, diferentemente dos países que lideram a inovação, aplicam no Brasil menos do que o setor público na investigação científica e no desenvolvimento de produtos de valor agregado.” Exclamei naquela ocasião: “Vamos lutar por uma legislação que incentive doações bilionárias aos laboratórios e centros de excelência, como acontece em países do Primeiro Mundo. Precisamos (e podemos) estar ao lado dos países líderes na inovação. Essa é a esquina histórica que nos fará avançar para o desenvolvimento ou estagnar, o que, no caso da pesquisa científica, significa retroceder, definitivamente, a uma economia pobre e atrasada.”

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por determinação da Mesa Diretora, presidida pelo Senador Renan Calheiros, fui designado para presidir uma nova comissão, uma comissão que pode fazer com que a credibilidade desta Casa saia do patamar atual e receba alta consideração da população brasileira.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - V. Exª me concede um aparte, Senador?

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Já o concederei.

            A Comissão Senado do Futuro é uma Comissão que vai trabalhar para prospectar as posteridades a serem elegíveis para um Brasil de Primeiro Mundo, para um Brasil desenvolvido, para um Brasil sem as disparidades setoriais e regionais que nós temos hoje.

            Há vários temas... Já concederei, Senador.

(Soa a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Há vários temas que nós temos de priorizar no debate nesta Casa.

            O tema da energia. Nós temos uma população que se avizinha dos 9 bilhões de habitantes em 2050, uma população que vai consumir muito mais energia, e é preciso que se produza energia cada vez mais barata, é preciso que se mudem os padrões de produção de energia e isso tem a ver com novas matrizes, desde a eólica e a solar, até a energia provinda das marés.

            Temos de prospectar novas matrizes de insumos industriais, porque vem aí uma nova era industrial, uma era voltada, também, para a produção de mais baixo consumo energético e de produtos mais eficientes.

            Vem aí o automóvel híbrido, vem aí o automóvel elétrico, e esses novos veículos, que haverão de substituir a fonte energética fóssil, reclamarão, dentre outras inovações, o uso de ímãs permanentes, oriundos dos 17 elementos de terras-raras, que estarão presentes em todos os produtos eletroeletrônicos das próximas décadas.

            E são temas como este que o Relator da Comissão, professor, sociólogo e Senador Cristovam Buarque, haverá de prospectar com os demais membros e comigo na tarefa de colocar o Senado na fronteira da visualização do futuro.

(Soa a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Concedo a V. Exª, Senador Casildo.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Estávamos aqui a trocar ideias com o Senador Paulo Bauer. Nós, catarinenses, nos alegramos, porque V. Exª, como Presidente da Comissão Senado do Futuro, tem todos os méritos. V. Exª é um homem da ciência, um homem da inovação. Não só como Ministro de Ciência e Tecnologia, mas também como Governador de Santa Catarina, V. Exª implantou essas ações. Nós, catarinenses, estamos alegres, estamos satisfeitos, estamos felizes porque V. Exª, agora, à frente da Comissão Senado do Futuro, vai buscar o que é melhor na ciência para o desenvolvimento. Sem dúvida alguma, essa contribuição não é só para Santa Catarina, mas também para o Brasil. Por isso, receba nossos cumprimentos neste momento.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª.

            O Sr. Paulo Bauer (Bloco Minoria/PSDB - SC) - Senador Luiz Henrique, apenas para cumprimentar V. Exª e dizer que pude matar um pouquinho a saudade do tempo em que fui secretário de educação de V. Exª. Eu o acompanhava nos eventos, à frente do Governo de Santa Catarina, no comando do nosso Estado, e, em dezenas de oportunidades, vi V. Exª profetizar, falar do futuro, da tecnologia, do avanço que precisamos alcançar no Brasil em relação à melhoria das condições de vida das pessoas, à redução do custo da produção, à melhoria da qualidade dos nossos produtos. Felicito V. Exª pelo pronunciamento e também pelo trabalho que começa a desenvolver nessa comissão e que, por certo, vai elevar o Senado a uma posição ainda de maior importância no contexto nacional. Muito obrigado.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Um assunto que nós discutimos muito durante aquele período, Senador Paulo Bauer, foi um novo modelo de educação.

(Soa a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Um novo modelo de educação, baseado não apenas na meritocracia, mas também em ousar por novos padrões.

            Como é que começou o ensino? O ensino, na Grécia antiga, era passado do professor para um só aluno. O nome “academia” vem do filósofo Akademos, que lecionava sentado para um aluno de pé; sentado em uma cadeira. Daí por que se diz, hoje, que o professor que leciona em uma universidade detém uma cátedra, que é o nome grego de onde se originou a palavra “cadeira”.

            Pois bem. Na Idade Média, com a fundação das universidades, a partir de Bolonha, multiplicou-se o número de alunos por professor, em salas de 40, 50, 60 alunos. E esse padrão vem até hoje.

            Hoje, o Estado tem dificuldade em estabelecer uma rede de pré-escolas, e nós sabemos que a pré-escola é fundamental, é a base, é o alicerce do ensino. Por que não usar, neste País, massivamente, a educação virtual, a distância, já a partir da pré-escola, um programa massivo de pré-escola virtual?

(Soa a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - São propostas como essa que vamos discutir, debater nessa Comissão do Futuro. Mudar os padrões, avançar para uma nação desenvolvida é o nosso objetivo, a nossa tarefa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2013 - Página 68639