Pela Liderança durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas a longevidade dos mandatos dos presidentes de federações estaduais de futebol, em especial no Estado do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ESPORTE, CORRUPÇÃO.:
  • Críticas a longevidade dos mandatos dos presidentes de federações estaduais de futebol, em especial no Estado do Pará.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2013 - Página 68714
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ESPORTE, CORRUPÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, DURAÇÃO, MANDATO, PRESIDENTE, FEDERAÇÃO, FUTEBOL, ESTADO DO PARA (PA), DENUNCIA, CORRUPÇÃO, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF), SOLICITAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL, INVESTIGAÇÃO, CRIME, REGISTRO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ABERTURA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETIVO, APURAÇÃO, IRREGULARIDADE, GESTÃO, COMENTARIO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ASSUNTO, REGULAMENTAÇÃO, PERIODO, EXERCICIO, PRESIDENCIA, LEITURA, DOCUMENTO, ENCAMINHAMENTO, MINISTERIO PUBLICO.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, vou falar hoje para o meu Estado, o Estado de Nossa Senhora de Nazaré, o Estado do Pará.

            Srs. Senadores, Srªs Senadoras, há coisas neste País que não dá para entender. Como é que as federações estaduais de futebol e a Confederação Brasileira de Futebol admitem que se possa ter presidente de federações há mais de 30 anos no poder?

            Onde se fala em democracia, num País em que todos pregam a democracia, mas que, em determinados momentos, a nossa Presidenta da República mostra imposição antidemocrática.

            Como é que funciona essa harmonia entre a Confederação Brasileira de Futebol e as federações estaduais para que a gente possa ter presidentes de federações há mais de 30 anos no poder?

            No Pará, nós temos um coronel reformado da Polícia Militar há 16 anos no poder, Srªs e Srs. Senadores. Ditador, corrupto, antidemocrático, que se instalou naquela federação para estagnar, de uma vez por todas, o futebol paraense.

            No Mato Grosso, meus queridos Senadores do Mato Grosso, o Presidente da federação, Sr. Carlos Orione, tem 37 anos de mandato à frente da federação. Em Roraima, Srs. Senadores de Roraima, o Sr. José Gama tem 37 anos, Mozarildo, de mandato na Federação. Em Santa Catarina, o Sr. Delfim Peixoto tem 30 anos de mandato. No Acre, o Sr. Antônio Lopes tem 29 anos de mandato. No Amazonas, Dissica Valério tem 23 anos de mandato. Em Rondônia, Heitor Costa, 23; em Sergipe, José de Souza, 23; na Paraíba, Rosilene Gomes, 22 anos; no Tocantins, Leomar Quintanilha, 21 anos; no Espírito Santo, Marcus Vicente, 18 anos. E, no Pará, Antônio Carlos Nunes, 16 anos de mandato.

            Brasil, meu querido Pará, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol sabe de tudo isso. Passa a mão na cabeça, para que esses confederados mais tarde votem nele. Assim fazia o ex-presidente, que saiu da Confederação Brasileira de Futebol por corrupção mais do que comprovada.

            Assim deve fazer o Ministério Público do meu Estado. Tirar logo, imediatamente, o Sr. Antônio Carlos Nunes, ditador e corrupto da Federação Paraense de Futebol, acusado de crime por mim, que já comuniquei ao Ministério Público Estadual. E a Assembleia Legislativa do Estado do Pará já abriu uma CPI para apurar e comprovar a irregularidade do que falo e do que falei.

            Pior de tudo, Srs. Senadores, pior de tudo é que esses homens estão há mais de 30 anos no poder. Eu queria perguntar a cada um deles por que eles ficam, por que eles querem ficar, até o fim da vida, dirigindo uma federação de futebol.

            E o pior de tudo é que se sabe. O pior de tudo é que se sabe que é por causa do dinheiro! O pior de tudo é que eles mamam na teta da federação! O pior de tudo é que o leite que eles mamam não é o leite Mococa, não é o leite Ninho, Brasil e meu Pará! É o leite real! É o leite real, meu Pará querido, que esse Antônio Carlos Nunes mama na teta da Federação Paraense de Futebol há 16 anos - há 16 anos! -, estagnando o futebol do meu Estado, onde outrora Remo e Paysandu davam alegria às suas torcidas e hoje não têm condições de dar; além de outros clubes que por lá militam.

            Mas o Marin está seguindo o mesmo caminho do outro presidente. Eu pedi a abertura de uma CPI aqui, meu nobre e caro Presidente, e eu quero agora ratificar novamente, e com uma quantidade de assinaturas dos Srs. Senadores superiores ao que manda o Regimento Interno desta Casa.

            Eu quero aqui, Sr. Presidente, pedir que esta Casa ponha agora uma emenda na minha CPI; vou retirá-la para emendar. Eu quero uma CPI mais extensa, nem que eu tenha que pegar novamente a assinatura de cada Senador, mas eu quero uma CPI apurando a gestão do presidente anterior, que saiu por corrupção, e do Sr. Marin, atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Ele já peca aqui; ele já comete um crime aqui, sabendo que todos esses senhores exercem a função há mais de 30 anos, meu Pará, e o Marin não toma nenhuma providência.

            Podem perguntar: “Por que V. Exª não toma?” Tomei. Fiz um projeto de lei. Está aqui, em minha mão: projeto de lei do Senador Mario Couto que regulamenta a duração do mandato dos presidentes das federações estaduais de futebol.

            Eu não peco por omissão, Marin! V. Sª peca! V. Sª sabe que o presidente da Federação Paraense de Futebol responde a processos, responde a uma CPI, e V. Sª ainda lhe dá o direito de tentar uma nova reeleição, depois de 16 anos de mandato!

            Eu te pergunto, Antônio Carlos Nunes: quantos anos tu queres tirar na Federação Paraense de Futebol? Cem anos?

            Chega! Chega, Coronel! Chega! A sua imagem é ridícula!

            Chega, Coronel! A sua imagem é um escândalo para o futebol paraense!

            Chega, Coronel! A sua imagem amedronta aqueles que querem entrar no futebol paraense!

            Chega, Coronel! V. Sª já mamou muito na teta da Federação!

            Chega, Coronel! V. Sª cometeu irregularidades na Federação Paraense de Futebol.

            Digo eu, Coronel! Digo eu depois de ter conhecido a sua gestão!

            Digo eu, Coronel, depois de ter visto no meu Estado o declínio do futebol!

            Digo eu, Coronel, depois de ter conhecido o Sr. Marin e depois de ter visto o que aconteceu quando estivemos lá, como Senador da República, para nos queixarmos do futebol do Pará, para nos queixarmos da maneira imperiosa como se dirige o futebol do meu Estado, e V. Sª comungou com aquilo de irregular que comete o Coronel Antônio Carlos Nunes, presidente da Federação do meu Estado.

            O Senador Cássio Andrade também fez um projeto. A Dilma se apropriou dos nossos dois projetos e mandou para esta Casa uma medida provisória, já aprovada. Eu e Cássio - Cássio Cunha, perdão -, meu querido amigo e colega, nós dois comungamos com a medida provisória da Presidenta Dilma, em função da necessidade urgente. E esta é uma medida provisória com que eu comungo, que eu aceito, que eu não critico, porque é uma medida provisória que vai acelerar o fim da vagabundagem, a saída dessas pessoas que têm mais de 30 anos nas federações, e que o Sr. Marin não tem coragem de tirar. Por que não tem coragem de tirar? Porque ele precisa deles! Ele os amamenta, Brasil, meu Pará querido! A Confederação Brasileira de Futebol amamenta esses caras com mais de 30 anos no poder; sabe para quê? Para poder contar com o voto deles.

            Esse é o esquema. É assim que funciona, Marin! Isso é crime, Marin! E tu tens que responder por isso, Marin! Tu estás cometendo um crime!

            Estou pedindo agora - vou ler - ao Ministério Público do meu Estado providências para que não deixe mais esse senhor coronel, reformado, incapaz, candidatar-se mais uma vez e completar, assim, a sua eternidade na Federação Paraense de Futebol.

            O futebol, paraenses, é o maior esporte deste País. O paraense sofre, há muito tempo, pela culpa, pela maior culpa desse homem, que não deveria nem ser porteiro de cemitério, quanto mais presidente de uma federação!

            Vou apresentar, ou melhor, vou reapresentar uma CPI para fiscalizar, e tenho certeza de que conto com a maioria das assinaturas dos Senadores e Senadoras para fiscalizar a Confederação Brasileira de Futebol, desde a época de Ricardo Teixeira até agora do Marin, pois tenho em mão um crime exposto em que me baseio para fiscalizar essa máfia!

            Pura máfia! Pura máfia no futebol, que deixam a possibilidade de mais de dez homens se reelegerem no momento em que quiserem. Homens com mais de 37 anos de mandato! Brasileiros, 37 anos dirigindo uma federação! A troco de quê? A troco de ganhar dinheiro, a troco de se aproveitarem do futebol para fazer seu patrimônio próprio.

            Nós, como parlamentares, senhores e senhoras, Senadores e Senadoras, não podemos nos curvar, não podemos silenciar diante de gestos e atitudes dessa natureza, diante de crimes à vista, aos olhos de cada um de nós. Temos, doa a quem doer, custe o que custar, temos que tomar medidas rigorosas para que fatos dessa natureza não aconteçam mais no nosso País.

            Acho que esse tipo de modelo, Paim, de 37 anos de mandato, é exceção num país democrático chamado Brasil. Não tenho conhecimento de que entidades que recebem dinheiro público tenham administradores por mais de 37 anos. Não é só um, Paim. São vários administradores.

            No meu Estado, a cara cínica, a covardia de um homem com 16 anos de mandato, ainda agora, em novembro, ter o cinismo, o descaramento de ser candidato novamente, depois de 16 anos de mandato.

            Eu questiono, Paim. Eu não posso aceitar isso. O Senado Federal não pode aceitar isso. Quem não deveria aceitar era a Confederação Brasileira de Futebol, que, aceitando, Paim, comete um crime, pelo qual vai ter que responder. Eu mesmo, Paim, eu mesmo estive com o Marin, eu mesmo fiz as denúncias...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) -..., eu mesmo levei as denúncias, e o Marin não tomou absolutamente nenhuma providência.

            Por isso, eu sei que conto com o voto da maioria para abertura de uma CPI para fiscalizar e acabar com esta sem-vergonhice no futebol brasileiro.

            Quero ler, Sr. Presidente, o que estou encaminhando ao Ministério Público da minha terra, competente Ministério Público.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Diz o documento que, considerando que a sociedade paraense, em todas as suas formas organizacionais, usufrui o direito ao esporte e ao lazer, independentemente de modalidades, mas sobreleva observar que o futebol é o mais apreciado, fazendo jus ao jargão de paixão nacional; considerando as inúmeras reclamações e denúncias que o Presidente da Confederação Brasileira de Futebol não quis ouvir e que nos são endereçadas, dando conta da prática de atos marginais aos ditames legais, há exemplo de condutas que merecem melhor atenção desse parquet, posto reluzir nítido comportamento atentatório à probidade, aos princípios morais e éticos...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) -..., de forma como restou provado pelo apurado na Comissão de Representação Externa deste Senado... Viu, coronel? O Senado abriu uma comissão e provou irregularidades na sua gestão, e, mesmo assim, cinicamente, V. Sª ainda se candidata a gestor da Federação!

            Comissão de Representação Externa deste Senado, que teve como objeto acompanhar a crise do futebol local, de denúncias de irregularidades, cuja cópia do relatório final envio em anexo.

            Considerando o Projeto de Conversão nº 22, de 2013, recentemente aprovado por este Senado Federal, oriundo da Medida Provisória nº 620, que altera...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) -... 12.761... - já vou terminar -..., 12.101, 9.532 e 9.615, dentre as quais regula o mandato de dirigentes de federação desportiva.

            Já vou terminar, Presidente.

            Considerando a absurda condição hoje vivida por aqueles que pretendem se perpetuar no cargo de Presidente de federação de futebol, cuja realidade expressa: Mato Grosso: Carlos Orione, 37 anos; Roraima: José Gama, 37 anos; Santa Catarina: Delfim Peixoto, 30 anos; Acre: Antônio Lopes, 29 anos; Amazonas: Valério, 23 anos; Rondônia: Costa, 23 anos; Sergipe: José de Souza, 23 anos; Paraíba: 22 anos; Tocantins: 21 anos; Espírito Santo: Marcus Vicente,18 anos; Pará: Antônio Carlos Nunes, 16 anos de mandato.

            E ainda quer mais.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Considerando que as referidas Federações que recebem verbas públicas dos governos estaduais estão jurisdicionadas, que, por meio de seus programas e ações, fomentam o futebol local; considerando o presente contexto e, sobretudo, a manobra que ora pretende se instalar, cujo escopo é permitir a reeleição dos maus Presidentes das federações ao norte elencadas, é que solicito o apoio desse órgão ministerial no sentido de enviar as forças fiscalizadoras e medidas concretas que coíbam (ininteligível) no âmbito do Estado do Pará, de uma verdadeira cláusula pétrea à eleição e reeleição do atual Presidente da Federação Paraense de Futebol, Sr. Antônio Carlos Nunes.

            Quer um aparte, Senador Eduardo Braga?

            O Sr. Eduardo Braga (Bloco Maioria/PMDB - AM) - Não, obrigado.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Presidente, desço desta tribuna certo de que a Comissão criada pelo Senado trouxe à vista de todos os Senadores as irregularidades, encaminhadas ao Ministério Público do meu Estado, do atual gestor, Coronel Antônio Carlos Nunes.

            Sendo assim, o Ministério Público da minha tenha, tenho certeza, não vai permitir que, novamente, esse coronel corrupto, cínico, mau gestor, que emperrou o futebol paraense, seja, novamente, candidato a se perpetuar no cargo.

            Sr. Presidente, desço desta tribuna dizendo à democracia desta Pátria que não se pode conviver, na democracia, com dirigentes que recebem verbas públicas, que dirigem entidades por mais de 30 anos, com o aceite cínico e regular do Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Sr. Marin.

            Quero, neste momento, pedir a devolução do pedido de CPI que está aí na Mesa Diretora para que eu estenda a apuração da CPI ao mandato do Presidente Marin. Que isso possa vir às minhas mãos imediatamente para que eu possa colher, novamente, a assinatura de todos os membros desta Casa.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2013 - Página 68714