Pronunciamento de Osvaldo Sobrinho em 02/10/2013
Discurso durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Preocupação com críticas feitas ao Brasil na imprensa.
- Autor
- Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
- Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ECONOMIA NACIONAL, IMPRENSA.:
- Preocupação com críticas feitas ao Brasil na imprensa.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/10/2013 - Página 68780
- Assunto
- Outros > ECONOMIA NACIONAL, IMPRENSA.
- Indexação
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- REGISTRO, APREENSÃO, RELAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, THE ECONOMIST, PAIS ESTRANGEIRO, INGLATERRA, REFERENCIA, CRITICA, ECONOMIA NACIONAL.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, dentre os indispensáveis atributos que se fazem presentes na classe política, em geral, e nos governantes, em particular, certamente, o que mais se destaca é á capacidade de auscultar os clamores do eleitorado.
Tal capacidade, no mais das vezes, se exerce mediante observação atenta e sensível da opinião pública, em seus diversos canais de expressão.
Às recentes manifestações do povo brasileiro, sinalizando seu grau de insatisfação em muitas áreas, juntam-se agora severas críticas, coerentemente formuladas por um dos mais respeitáveis veículos internacionais de comunicação.
A grave advertência publicada na renomada revista inglesa The Economist, em sua edição que circulará no próximo sábado, acerca da falência administrativa e dos perigosos rumos da economia brasileira, merece especialíssima atenção.
Na matéria de capa, a reportagem especial de 14 páginas não deixa dúvidas quanto à catastrófica imagem que nosso País vem construindo perante os especialistas. A mesma publicação que dedicou igual espaço, em 2009, para tecer efusivos elogios ao Brasil é a mesma que hoje vem tecer péssimos elogios à nossa comunidade.
Naquele momento, falava da nossa riqueza, da distribuição de riquezas, falava da nossa produção, falava que o Brasil matava a fome do mundo, que o Brasil conseguia tirar milhares de pessoas da marginalidade e, consequentemente, distribuir mais riquezas. Depois, agora, por conta desta revista que circulará no sábado, vem, evidentemente, fazendo aqui um quadro caótico, mostrando-nos à beira do desgoverno, questionando, inclusive, se a Presidente Dilma Rousseff vai conseguir reiniciar os motores do crescimento econômico do Brasil.
Preocupa-nos não só a repercussão do ponto de vista dos investidores e demais agentes econômicos, mas também os desdobramentos na mídia nacional e, consequentemente, no inevitável impacto negativo sobre o mercado e a população como um todo na análise das informações e dos fatos.
Os termos em que o colunista Arnaldo Jabor tece seus comentários sobre a reportagem na edição de hoje do jornal O Globo bem expressam o quanto nosso Governo precisa estar preparado para oferecer efetivas respostas aos sérios questionamentos levantados pelo periódico britânico.
Sob o título “O Voo da Galinha”, o comentarista brasileiro discorre, com a lucidez e a habilidade que lhes são peculiares, sobre o devastador alcance desses questionamentos.
Referindo-se ao que chama de bolivarianismo explícito adotado por nossa Presidente, o articulista traduz a expressão estampada na capa da revista inglesa como “Será que o Brasil se detonou?” e acentua pontos nevrálgicos levantados pela reportagem, como a questionável implantação do Programa Mais Médicos, as obras faraônicas e os resultados pífios do PAC.
Neste diapasão, pergunta: “Por que a China acaba de cancelar a compra de 2 milhões de toneladas de soja por causa da dificuldade do 'gargalo Brasil’? Por que a maior produção de soja do mundo fica na fila infinita de caminhões porque não há silos, detidos pela burocracia mais atrasada do Planeta?".
E segue perguntando:
Por que o SUS é a porta [o porta-voz] do inferno? Por que a educação zero está impedindo a produção nacional, sem mão de obra para nada? Por que temos o recorde mundial de analfabetismo funcional? Por que será que os investidores internacionais têm medo de vir para cá, ultimamente? Será que é porque eles sabem que nós mudamos as regras, não respeitamos contratos nem marcos regulatórios e porque nós queremos lhes enfiar o Estado goela abaixo? [...] Por que somente 1,5% do PIB é investido em infraestrutura, quando, no resto do mundo, é por volta de 4%? Por quê? Nossa infraestrutura é a 114ª pior entre 148 países.
Detenho-me aqui, ilustres Parlamentares e ilustres colegas, certo de haver ilustrado o elevado grau de preocupação com que encaro o conteúdo da revista The Economist e seus graves desdobramentos dentro e fora do País.
Como dizia no início desta minha fala, é imperioso que saibamos compreender os sinais de alerta, para que possamos reagir no sentido da autocrítica e da correção de rumos quando necessário.
Portanto, Sr. Presidente, preocupa-me muito essa reportagem dessa revista inglesa, porque, verdadeiramente, vem desestimular, de certa forma, aqueles que tinham os olhos voltados para o Brasil. Mas é claro que também dá tempo para todos nós pensarmos, repensarmos, olharmos com novos olhos o panorama nacional, tentando fazer com que os recursos que aí estão, os recursos que são recolhidos dos contribuintes possam ser equilibradamente colocados para servir à infraestrutura nacional e para, consequentemente, rebentar os gargalos que há aí impedindo a nossa economia.
No Brasil, a população já caminha para a velhice - evidentemente, aumenta o número, dependendo do Estado -, e é necessário que se comece a pensar também em alto grau no sentido de buscar o equilíbrio econômico-financeiro e oportunidades para aqueles que querem vir para cá para nos ajudar a construir a nossa sociedade.
Portanto, acredito que seria muito bom que, a bom tempo, nossos representantes do Ministério das Relações Exteriores e os nossos diplomatas de grande competência já começassem a alertar para o exterior, para o mundo, para os investidores que o Brasil tem conserto, sim, e que nós podemos ainda resolver muitos problemas mundiais, porque, na verdade, nós temos potencial para isso. Mas é necessário que a classe política, nós políticos, tenhamos também a necessária clareza das coisas no sentido de colocar o Brasil no seu verdadeiro rumo, buscando soluções para os nossos grandes gargalhos. É necessário pensar, é necessário reformular o nosso ponto de vista, é necessário que todas as autoridades busquem soluções para os problemas que agravam a economia do País.
O meu Estado de Mato Grosso, principalmente, que é um Estado que produz para o mundo todo - hoje, Mato Grosso tem condições de matar a fome do mundo -, às vezes, tem seus problemas de gargalo também, quer no transporte da nossa soja, quer no transporte do nosso milho, quer nas rodovias que estão, grande parte delas, intransitáveis já nessa época do ano, quer também em outros setores, como o de armazenamento, principalmente. Com isso, precisamos dos olhos grandes do Governo Federal para nos ajudar.
Portanto, Sr. Presidente, trago no dia de hoje essa preocupação. Não vai aqui nenhuma crítica a ninguém, mas quero chamar a atenção para o fato de que temos de nos preocupar com aquilo que estão falando Brasil afora, porque também isso vai ajudar ou prejudicar o nosso crescimento e o nosso desenvolvimento.
Fica aqui o nosso alerta, como Parlamentar mato-grossense, que defende o Pacto Federativo, mas que também defende um crescimento harmônico do País, para que possamos aproveitar os ventos bons que vêm para cá, a fim de que possamos, então, continuar o nosso crescimento, dando condições e oportunidades para aqueles que querem edificar um novo Brasil e querem fazer novas fronteiras de riqueza, para que a distribuição seja feita entre aqueles que mais precisam do serviço público.
Sr. Presidente, encerro aqui minhas palavras na certeza de que trouxe o nosso alerta ao Brasil como um todo e, principalmente, às autoridades que nos governam.
Parabenizo todos os Srs. Parlamentares que, até este horário, estão nesta Casa, no sentido de tentarem representar bem seus Estados e de, consequentemente, fazerem o melhor pelo Brasil.
Tenho dito, Sr. Presidente!
Muito obrigado.