Pela Liderança durante a 187ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Arcebispo de Vitória, Dom Silvestre Luiz Scandian; e outro assunto.

Autor
Ricardo Ferraço (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Ricardo de Rezende Ferraço
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Arcebispo de Vitória, Dom Silvestre Luiz Scandian; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2013 - Página 75802
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, AGRADECIMENTO, ARCEBISPO, ATUAÇÃO, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco Maioria/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente desta sessão, Senador Paulo Paim, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, brasileiros que nos acompanham pela TV Senado e pela Rádio Senado, de forma muito especial os meus irmãos capixabas que eventualmente nos acompanham pela TV Senado, que me deram a satisfação e o orgulho de representar o meu Estado, o Estado do Espírito Santo aqui, no Senado da República, trago à tribuna do Senado Federal não uma manifestação relacionada à política, relacionada à economia ou qualquer desses temas que usualmente nos movem e nos presidem na nossa ação política, no nosso exercício aqui, no Senado, ou no plenário ou mesmo nas comissões que sustentam as nossas discussões. Venho à tribuna do Senado da República para prestar uma homenagem ao eterno arcebispo de Vitoria, Dom Silvestre Luiz Scandian, agora arcebispo emérito, eterno e permanente, cuja trajetória integra capítulo especial da história recente do Espírito Santo, registrada em seu recém-lançado livro Serenidade em Altas Ondas.

            Exatamente nesta semana, todos nós capixabas estamos com os nossos corações inundados de louvor e alegria por estarmos mais uma vez reverenciando este que, seguramente, é um dos mais importantes líderes do Estado do Espírito Santo, não apenas por seu papel evangelizador, mas pelo extraordinário cidadão que foi e que é, homem simples, nascido no Município de Iconha, na divisa com o Município de Vargem Alta, homem que veio do interior, de uma região que é dominada pela imigração italiana - é de lá, desse Município querido de Iconha, que veio Dom Silvestre Scandian.

            Dom Silvestre sempre atuou de forma corajosa no combate a algumas das piores mazelas políticas e sociais de nossa época, seja através das suas homilias - suas homilias eram sempre um marco, eram sempre reverberadas e potencializadas em terras capixabas, não apenas na Igreja Católica, mas também nas comunidades de base; muito respeitada pela robustez, pela consistência íntegra das suas homilias, pela forma com que enfrentava os mais diversos desafios que se apresentavam na sociedade do Espírito Santo -, seja na participação ativa em movimentos sociais, como o Grito dos Excluídos e o Fórum Reage Espírito Santo, ou mesmo na Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória, nossa capital.

            Sua firmeza e sua persistência na luta por tempos melhores, mais justos e igualitários foram inspiração poderosa para exortar os capixabas a livrar o Espírito Santo da corrupção e do crime organizado, colocando em marcha o grande mutirão que ajudamos, modestamente, a liderar para a reconstrução política e institucional do Estado a partir de 2003. Esse foi um movimento que reuniu os cristãos capixabas, não apenas os católicos, mas também, em igual dimensão, os nossos irmãos evangélicos, os movimentos populares, os movimentos sociais, que se uniram, Senador Paulo Paim, para dar um basta a tudo que liderava até então no Espírito Santo e que causava enorme constrangimento, tristeza em todos os capixabas, que olhavam para o futuro e não conseguiam determinar um farol, uma luz que pudesse reverter todo aquele quadro extraordinariamente desastroso. Sua firmeza e sua persistência na luta por tempos melhores foi uma marca permanente de Dom Silvestre Scandian.

            Naquele momento tão crítico e decisivo para a nossa história, Dom Silvestre nunca se omitiu. Muito pelo contrário. Ele pedia abertamente que homens e melhores de bem reagissem e dessem um basta à situação de descalabro e de desgoverno instalada em nosso Estado, o Espírito Santo, com consequências desastrosas para a economia estadual, com consequências desastrosas para a desorganização do Governo e das suas políticas públicas e, evidentemente, com consequências para a produção da qualidade de vida em nosso Estado.

            Na época, o governo sequer conseguia pagar em dia os salários dos nossos servidores e dos prestadores de serviço - professores, professoras, policiais militares, policiais civis, médicos e enfermeiros. Enfim, servidores públicos que chegaram a ficar até 90 dias sem receber os seus salários, sem receber a remuneração, para que eles pudessem levar dignidade para suas famílias.

            Para termos uma ideia, a dívida de curto prazo que encontramos, à época, em nosso Estado, era da ordem R$1,2 bilhões, lá atrás, ainda em 2003.

            As eleições de 2002 marcaram o início de um novo tempo no Espírito Santo, mas as tão sonhadas transformações necessárias ao nosso Estado só seriam consolidadas a partir de 2003, com um amplo movimento articulado no seio da sociedade civil, que teve em Dom Silvestre uma de suas figuras centrais desse movimento de reconstrução do Estado do Espírito Santo e da autoestima dos capixabas.

            No Executivo capixaba, então como Vice-Governador, ao lado do Governador Paulo Hartung, tivemos a honra de dar a nossa colaboração e ajudar a liderar esse mutirão, que envolveu autoridades dos Três Poderes, do Ministério Público, imprensa, empresários e organizações sociais do Estado.

            Foram dias difíceis, de sucessivos embates contra interesses de gente poderosa, poderosa e violenta, que colocava seus interesses particulares à frente das necessidades mais urgentes de uma população sofrida e humilhada, refém do desmando e da corrupção endêmica.

            Valeu a pena, tantos anos depois, olhar para trás e avaliar com clareza os passos que foram dados. Com muita luta, conseguimos construir um novo Espírito Santo. Entre 2003 e 2010, a máquina pública foi completamente reorganizada.

            A capacidade de investimento com recursos próprios pulou de menos de 1% para 16% da arrecadação, permitindo que nós regularizássemos as atividades governamentais, que pudéssemos ampliar a qualificação dos nossos servidores públicos e que pudéssemos transformar o nosso Estado do Espírito Santo em um verdadeiro canteiro de obras, resgatando a autoestima dos nossos irmãos capixabas.

            Os indicadores sociais também deram um salto significativo nesse período. A proporção de pessoas pobres caiu de 30%, aproximadamente, para 15%; e o percentual de indigentes, de 9% para 3,5%. A taxa de analfabetismo diminuiu de 10% para 8,5% e a taxa de mortalidade infantil foi reduzida em, aproximadamente, 30% nas terras capixabas. Conseguimos conciliar crescimento econômico com desenvolvimento, conseguimos trabalhar a prosperidade compartilhada. Mais de 600 mil capixabas ingressaram no mercado de consumo e passaram a viver com mais qualidade.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Ferraço, permita-me que eu faça uma homenagem aos estudantes do Colégio Estadual Antesina Santana.

            Vocês estão ouvindo o Senador Ferraço, um dos melhores Senadores da Casa, o futuro Governador do Espírito Santo, que o destino assim vai apontar. Ao meu lado, aqui, o ex-Presidente da Câmara, Marco Maia, que inúmeras vezes assumiu a Presidência da República. Então, vocês estão, neste momento, vendo dois estadistas: um à minha direita e outro à minha esquerda.

            Sejam bem-vindos!

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Compartilho com V. Exª do acolhimento aos estudantes que nos honram no Senado da República. De igual forma, quero cumprimentar o ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marco Maia, que, seguramente, nos honra com sua presença aqui, no Senado da República.

            O sonho, portanto, de Dom Silvestre Scandian, o nosso eterno bispo, e de todos os outros capixabas de bem começou, enfim, a se tornar realidade. É óbvio que ainda temos muitos desafios pela frente a fim de alcançar a tão almejada igualdade de oportunidades e de justiça social em nosso Estado, o Estado do Espírito Santo.

            Mas esses desafios aos poucos também serão vencidos, com a mesma coragem e disposição que tivemos à época em que tantos capixabas foram liderados por Dom Silvestre Scandian, que tão bem soube simbolizar, e ainda simboliza, e que eternamente será um farol a nos iluminar e a nos inspirar.

            O equilíbrio e a sensatez de nosso arcebispo, sua fé, sua tenacidade e sua serenidade, mesmo em tempos de turbulência e apreensão, certamente, ajudaram a iluminar e a pavimentar as decisões daquele período em que compartilhamos com o ex-Governador Paulo Hartung a gestão do Estado do Espírito Santo.

            Para nós, capixabas, é um privilégio poder contar com sua amizade, Dom Silvestre Scandian, contar com seu apoio, contar com sua inspiração e contar com sua sabedoria nos momentos mais difíceis.

            Em nome, portanto, dos capixabas, o nosso muito obrigado ao Sr. Dom Silvestre Luiz Scandian. Muito obrigado por tudo que o senhor sempre representou no Estado do Espírito Santo.

            Ao encerrar minha manifestação aqui, o que faço é uma saudação que possa representar na prática uma vida muito longa. Vida longa a Dom Silvestre Scandian nessa semana em que muitos capixabas fazem a ele uma homenagem, eternizando uma biografia e marcando uma passagem que fez Dom Silvestre Scandian, um dos maiores líderes do Espírito Santo.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Muito obrigado, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2013 - Página 75802