Discurso durante a 187ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a situação da saúde no Estado do Amazonas.

Autor
Alfredo Nascimento (PR - Partido Liberal/AM)
Nome completo: Alfredo Pereira do Nascimento
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Considerações sobre a situação da saúde no Estado do Amazonas.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2013 - Página 75938
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • NECESSIDADE, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), GOVERNO FEDERAL, PRIORIDADE, SOLUÇÃO, PROBLEMA, INFRAESTRUTURA, INVESTIMENTO, RODOVIA, HIDROVIA, EXTENSÃO, DISTANCIA, DIFICULDADE, ACESSO, SAUDE, ATENDIMENTO, MEDICO.

           O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco União e Força/PR - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, a carência de médicos no Brasil é uma realidade que atinge e prejudica todas as regiões do nosso país. O reconhecimento do imenso déficit de profissionais da saúde, principalmente nas cidades do interior, é um dos fatores que sustenta o apoio que a sociedade brasileira tem dado ao programa mais médicos para o Brasil do governo federal. Lançado para combater a falta de médicos e ampliar o acesso ao atendimento de saúde em todo o país, especialmente nas regiões menos desenvolvidas e mais carentes, esse programa tem como ponta de lança a distribuição compulsória dos profissionais da saúde e tem criado intensa polêmica por causa da importação de médicos para o Brasil. É um passo importante, mas a oferta de médicos em si, como medida isolada, não resolverá o problema da saúde no Brasil.

           É preciso encontrar uma solução eficaz e de rápida implantação para enfrentar os problemas estruturais que impedem e dificultam o acesso à saúde. É preciso mais determinação para tirar do papel obras e serviços que podem extinguir gargalos e criar as condições para o desenvolvimento econômico e o acesso não apenas aos serviços de saúde, mas aos serviços de modo geral, em diversas regiões do país. Estou me referindo, senhor presidente, às questões da infraestrutura, dentro de uma visão mais ampla que apenas a preocupação com a necessária disponibilidade física de pólos de atendimento - sejam hospitais, postos de saúde, unidades de pronto atendimento (as upas), laboratórios de análises clínicas - e do aparato tecnológico e humano para oferecer atendimento de qualidade ao cidadão, aspectos essenciais do acesso à saúde.

           Falo também, senhoras senadoras, de outra infraestrutura: aquela que garante ao cidadão o direito de ir e vir com segurança. No meu estado do Amazonas, esse é o segundo entrave mais importante ao atendimento de saúde: garantir ao médico as condições de chegar aos nossos 62 municípios. É sabido que a falta de infraestrutura é um dos mais graves problemas do estado do Amazonas, que freia seu desenvolvimento econômico e retira do conjunto dos seus moradores o acesso a serviços, como a saúde em questão. Esse é um assunto, senhor presidente, que eu conheço com profundidade e a que tenho me dedicado sem trégua há quase 10 anos.

           O amazonas é o maior estado brasileiro, em extensão. Hoje, vivem no seu interior 1 milhão e seiscentas mil pessoas, quase metade da população do estado. Em Manaus, nossa capital moram outras 1 milhão e oitocentas mil pessoas. Atendido por apenas duas rodovias federais, o Amazonas tem nos rios seu principal modal de transporte. Nossos municípios são separados da capital por grandes distâncias. Chegar a alguns deles exige paciência e tempo para longas viagens de barco, que podem varar a madrugada em alguns casos. O atendimento de saúde não tem esse tempo e a falta de infraestrutura adequada tem custado a vida de muitas pessoas no Amazonas que, não tendo serviço médico de qualidade em suas cidades, também não conseguem chegar à capital ou ao município mais próximo em busca de socorro.

           O governo federal e o estadual precisam enfrentar isso com o mesmo vigor e determinação empregados na ampliação do contingente de médicos. Basta avançar mais rapidamente na recuperação das rodovias que cortam o estado - as BRs 319 e 174 - e tirar do papel com celeridade e qualidade os terminais hidroviários que atenderão os municípios do amazonas. Essas obras, senhor presidente, conduzidas pelo Ministério dos Transportes em parceria com o governo do estado do Amazonas, têm sofrido atrasos e retrabalho, um boicote branco do governo estadual. São projetos que precisam entrar na pauta de prioridades estadual, sem o freio da disputa política, sem a preocupação comezinha com a paternidade do ato. Essas obras precisam sair do papel em favor da população, do bem comum.

           Faço esse alerta, senhores senadores, com o elevado objetivo de contribuir para o debate que está colocado e para somar esforços na busca de soluções. No amazonas, infelizmente, não bastarão mais médicos. Eles precisam de estrutura para trabalhar e chegar onde a população está.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2013 - Página 75938