Pronunciamento de Osvaldo Sobrinho em 10/10/2013
Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Necessidade de investimentos em infraestrutura no País; e outros assuntos.
- Autor
- Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
- Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
- Necessidade de investimentos em infraestrutura no País; e outros assuntos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/10/2013 - Página 71082
- Assunto
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
- Indexação
-
- COMENTARIO, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PARCERIA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), CRIAÇÃO, POLITICA TECNOLOGICA, MELHORAMENTO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, ESPECIFICAÇÃO, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, REGIÃO CENTRO OESTE.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores da República, o galopante crescimento da população mundial e a irreversível tendência de globalização dos mercados, aliados à alta sofisticação tecnológica atualmente imposta à sociedade moderna, fazem com que o grau de competitividade, em qualquer ambiente de negócios, se determine a partir da capacidade de utilização dos recursos que multiplicam o aproveitamento dos meios de produção.
Quando falamos de agronegócio, essa assertiva se evidencia especialmente eficaz. Isso porque, ao integrarmos componentes de lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área, estamos otimizando ao máximo a exploração de seu potencial econômico.
A adequada administração de um sistema agrosilvopastoril, que integra árvores, arbustos, lavoura e pecuária em um conjunto produtivo, representa enorme ganho de consciência e produtividade. Seu correto manejo possibilita concomitantemente a conservação ambiental, o aumento da rentabilidade agrícola, o conforto e a maior produção animal, além de proporcionar melhor qualidade de vida, contribuindo para a fixação do homem no campo.
Experiências altamente exitosas vêm sendo realizadas neste âmbito, em meu Estado do Mato Grosso. Exemplo disso se demonstra nos expressivos resultados dos cursos realizados pela Embrapa, dois dos quais recentemente realizados nos Municípios de Sinop e Alta Floresta, onde técnicos da região se capacitam no que se denomina Produção Integrada e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, ou Ilpe.
Durante os cursos, os participantes aprendem sobre vários temas, como transferência e difusão de tecnologias em produção integrada e sistemas agropecuário de produção sustentáveis e conservacionistas em microbacias hidrográficas; produção sustentável para a região do Cerrado e áreas de influência; e transferências de tecnologias para sistemas de integração agrosilvopastoris.
O curso, que tem carga horária de 24 horas e é organizado em parceria com a Agropel Sementes, Embraer, Unemat e a Prefeitura Municipal de Alta Floresta, objetiva capacitar técnicos da Secretaria de Agricultura e a assistência técnica da região.
Ficam, aqui, registradas as minhas congratulações a todas essas agências de desenvolvimento, que tornam possível fazer com que o nosso País, com objetiva participação de Mato Grosso, principalmente, siga se orgulhando de ser um dos maiores celeiros do mundo, fonte de esperança para a sobrevivência das gerações futuras deste mundo.
Quero dizer também, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, que a Embrapa, na cidade de Sinop, Mato Grosso, conseguiu um dos maiores feitos para aquela região. Conseguiu fazer voltar o ânimo a quem produz naquela região, uma região que, por muitos anos, ficou sem esperanças de produção.
Logo no início da colonização feita pelo Sr. Enio Pipino, e, em Alta Floresta, da colonização feita pelo Sr. Ariosto da Riva, ali, principalmente em Sinop, não se via qual era a vocação agrícola daquela região. Primeiro, começou com o plantio do café. Lastimavelmente, não deu certo. Depois, algumas experiências com seringueiras. Também não deram certo. Depois, uma experiência por demais importante para a região, que era tirar o álcool da mandioca. Também não deu certo. Depois, uma nova experiência, que veio principalmente de Sinop, para plantar pimenta-do-reino. Também não deu certo. O guaraná -- não deu certo.
Por vários e vários anos, os homens que para ali foram empobreceram, sem ver perspectiva futura para o seu negócio. Somente com a descoberta da tecnologia para aquela região, com a implantação do calcário para tirar a acidez da terra, a região começou a encontrar o seu caudal natural, começou a encontrar, realmente, a sua vocação agrícola.
Hoje, nós temos ali, depois de 10, 15, 20 anos desse processo, um verdadeiro canteiro de produção para o Brasil.
Nós tivemos oportunidade de observar, ultimamente, a região de Sinop, principalmente, que depois iniciou com o arroz, que também começou a ter uma produção boa, mas, aliada à pecuária intensiva, que na verdade não levava a nada, só tirava a mata, consequentemente, as terras iam ficando devastadas para o passado, para trás, e nada se podia produzir. Nada mais que meia cabeça por hectare se produzia na região de Sinop.
Hoje, o quadro mudou; é o seguinte: com a entrada da soja, com a entrada da Embrapa, com a entrada de nova tecnologia, com as esperanças que foram renovadas para os colonos que lá estão, hoje, Sinop é um dos Municípios que mais produz no norte de Mato Grosso, e não só Sinop, mas também a cidade de Vera, o Município de Sorriso, Lucas do Rio Verde, Mutum, subindo para Colíder, Canaã, toda aquela região.
Hoje é, indiscutivelmente, uma região altamente produtiva. Nós temos lá uma média que já passa de 70 sacos por hectare -- até poucos anos atrás, era de 30, 30 e poucos sacos de soja por hectare. O milho, cuja produção era ínfima, hoje nós já temos produções de até 150 sacas por hectare. A pecuária, com esse sistema de integração agricultura, pecuária e floresta, nós, hoje, temos uma verdadeira revolução no campo.
Não há uma safra só, como no resto do Brasil. Hoje, nós podemos ter quatro safras em Mato Grosso: uma safra de soja; uma safra de milho, que é a safrinha; depois, para alguns que irrigam, também a safra do feijão; e, complementando, uma quarta, que é a pecuária intensiva, com o confinamento, semiconfinamento, e com todo esse tipo de atividade que vem engrossar, melhorar, valorizar a produção daquela região.
A maior descoberta dos últimos 15 anos para Mato Grosso foi essa integração agricultura-pecuária, porque valorizou a terra, valorizou os meios de produção, houve uma melhor ocupação dos equipamentos que lá estão e, hoje, pode-se dizer, com tranquilidade, que a região está salva, porque hoje produz o necessário, suficiente para sobrar condições para aqueles que produzem e empregam o seu capital, que não é barato.
Um hectare de terra custava menos de R$1 mil na região de Sinop, hoje é difícil encontrar por menos de R$40 mil. Isso em menos dez anos, Sr. Presidente.
Portanto, eu fico feliz de ser um dos primeiros pioneiros daquela região, de entrar ali, nos idos de 1974, e participar de todo aquele insucesso que houve no início, e hoje, ter ainda vida suficiente para participar desse imenso progresso que desenvolve na região do nortão mato-grossense.
Fico feliz por isso, porque valeu a pena o sacrifício de muitos, porque hoje a colheita é para todos. Hoje já se pode ver o sorriso do empresário que está ali no meio rural, já se pode ver que está realmente feliz no que faz, e podemos dizer que a região foi completamente recuperada.
Na pecuária, antes havia menos de meia cabeça por hectare, hoje pode-se dizer que nós temos propriedades com até cinco cabeças por hectare, que parece um absurdo -- 5 u.a. (unidade animal por hectare). Por quê? Porque o milagre dessa complementação da cultura da floresta, ou seja, da soja, da floresta e do gado, otimiza os recursos de cada fazenda e, consequentemente, pode-se ter muito mais lucratividade, produtividade e assim por diante.
Com tudo isso, o trabalho do homem, o capital que para lá foi, a inteligência implantada, tudo através da Embrapa, pode-se dizer que nós conseguimos fazer uma transformação na economia, no campo, no Estado de Mato Grosso.
Isso me dá uma felicidade muito grande, porque quantas pessoas eu vi ali fenecer por falta de condições de vida, de infraestrutura, de hospitais, de remédios, de locomoção. Não havia praticamente nada. Era um sofrimento geral, principalmente na cidade de Colina, onde a população era mais pobre, um pessoal que veio já num processo minifundiário e que, verdadeiramente, não tinha grande esperança.
Hoje, a alegria voltou à região. Hoje a felicidade voltou à região. Hoje, na verdade, há um novo ânimo para a região, há uma nova oportunidade para aqueles que acreditaram na região, e isso me deixa bastante feliz.
O processo educacional evidentemente contribuiu bastante. A tecnologia contribuiu bastante. Mas o que mais contribuiu foi a persistência do homem amazônico, que acreditou, mesmo com os insucessos todos que aconteceram, que se poderia fazer alguma coisa de melhor para o futuro daquela região.
Portanto, Sr. Presidente, esse é o Brasil que conhecemos. Esse é o Brasil que queremos que o outro Brasil conheça. O Brasil é dotado de vários brasis. Há o Brasil litorâneo; há o Brasil interiorano; há o Brasil da seca; há o Brasil do Semiárido; há o Brasil do Sul bonito, do Sul beleza; há o Brasil do Centro-Oeste, que é uma imensidão a ser desbravada. É o Brasil de várias controvérsias, de um povo só, com a mesma língua, com os mesmos costumes, mas de comportamentos às vezes diferentes na sua produção, enfrentando dificuldades diferentes. Portanto, é um Brasil em que temos de acreditar, porque é um Brasil que está dando certo.
Veja Mato Grosso, por exemplo, Sr. Presidente. Estamos distantes de tudo. De tudo! Distantes para vender o que produzimos. Estamos a 2,3 mil quilômetros do Porto de Paranaguá; estamos a mais de 2 mil quilômetros do Porto de Santos. Para trazer os insumos e fertilizantes para a região do Sinop, é uma distância muito grande, fica muito caro. E, para levar o que produzimos para os grandes centros ou para a exportação, o frete também é muito caro, com as estradas ruins. Não há estradas que aguentem uma carreta de 30, 40 ou 50 toneladas, como as que rodam hoje, diuturnamente, carregando os armazéns cheios.
Estamos lá com problemas. A nossa logística de armazém hoje é um negócio complicado. Ainda bem que o Governo Federal liberou agora linhas de financiamento para se investir nessa área. Mas o milho que se colheu este ano ainda está a céu aberto. A saca do milho, no ano passado, estava a R$23,00 e hoje está a R$9,00 ou R$8,00, em Mato Grosso.
Se se exportar essa produção ainda in natura, como está, será um prejuízo total. O que nós temos de fazer em Mato Grosso é aproveitar essa oportunidade do Governo Federal, com o financiamento pelo BNDES ou outros organismos também, para fazer a nossa industrialização no campo, agregar valores, dar emprego aqui mesmo que nós temos, porque, se vender nossa carne, nosso milho, nossa soja in natura, vamos oferecer emprego lá fora, o que é um prejuízo grande para a nossa população.
Portanto, precisamos olhar, voltar para dentro do Brasil e ver os nossos problemas, as nossas peculiaridades, melhorar a nossa logística, melhorar o nosso transporte de modo geral. Não é possível um Brasil como o nosso ter essa pequena quantidade de ferrovias, um Brasil de mais de 8.511.000 km2, com quase 200 milhões de habitantes, ainda estar carregando tudo aquilo que produz através de caminhões para os grandes portos. É como se fosse uma formiguinha carregando uma folhinha nas costas. Um custo altíssimo e que nos tira a competitividade lá fora com os grandes mercados.
É necessário o Brasil voltar a vista para o programa de transportes, aproveitando melhor as nossas vias hídricas. Temos rios caudalosos importantes neste Brasil; por que não aproveitá-los para a navegação?
Estive há pouco tempo na China. Como aquele povo aproveita todo filete de água para fazer transporte e baratear a sua produção! O Brasil tem o Rio Amazonas, o Rio São Francisco, o Rio Tapajós, o Rio Paraguai, a Bacia Platina, e não usamos praticamente nada. Nada! Encarecendo a nossa produção, e os lucros diminuindo; falta de emprego e oportunidade; por quê? Porque falta uma política nacional de transporte utilizando essas vias hídricas, utilizando, fazendo uma ferrovia de norte a sul…
O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) - Senador Osvaldo…
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Com prazer.
O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) - … peço permissão a V. Exª, que é também professor, para saudar aqui os jovens que se encontram presentes em nossas galerias, jovens estudantes do ensino fundamental da Escola Classe 8 de Taguatinga, Distrito Federal.
Sejam muito bem-vindos à nossa sessão.
O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Parabenizo também os alunos que aqui estão e seus professores. Eu também sou professor da rede pública estadual e federal, e, portanto, a minha vida toda foi em educação. Assim, quando eu vejo essas crianças em galerias, volta a esperança de que nada está perdido, de que tudo pode melhorar, porque é na mão dessas crianças que está entregue o futuro do Brasil.
Parabéns, professores! Dia 15 agora é o nosso dia, e eu quero parabenizar a todos em nome dos professores que aqui estão, junto com os seus alunos. Parabéns a vocês! Sejam bem-vindos!
Mas, continuando, Sr. Presidente, falando da logística do Brasil e do Centro-Oeste principalmente, quero dizer que é necessário se pensar em ferrovias de norte a sul, não só uma, mas uma beira-mar, outra mais para o interior brasileiro, e ferrovias também que cortem no sentido longitudinal. Fazendo assim, nós vamos encurtar as distâncias, nós vamos aumentar nossa competitividade, nós vamos ter condições de competir com outros mercados exteriores e nós vamos facilitar a nossa condição de vida neste País. É necessário. A BR-163 tem que ser terminada, Sr. Presidente! A BR-364 tem que ser olhada com carinho, enquanto não vêm outros tipos de vias para transporte e para locomoção.
Portanto, eu acredito no futuro do Brasil e do Centro-Oeste principalmente, mas é necessário ter um carinho especial. A criança é bonita, a região é boa, mas, na verdade, precisa de carinho, senão ela fenece, senão ela deixa de existir porque não há condições para tal.
Neste nosso pronunciamento, deixamos aqui nosso carinho à população mato-grossense, a todos os homens que foram para lá acreditando no futuro do Brasil e que ali estão hoje fazendo um verdadeiro canteiro de felicidade, de alegria, plantando sempre esperanças para que se colha felicidade para a população nacional.
Muito obrigado, Sr. Presidente. Espero que possamos verdadeiramente, da tribuna desta Casa, deste Congresso Nacional, irradiar esperanças e oportunidades para aqueles que estão no Brasil produzindo e fazendo as coisas acontecerem. Parabenizo a todos os senhores.
Quero aqui, para finalizar, falar de outra matéria que verdadeiramente não tem nada com o que falei agora, mas eu não poderia deixar, como professor, de desejar aos meus colegas professores de Mato Grosso um feliz Dia do Professor, que acontecerá dia 15. Quero desejar que, até lá, voltem as aulas de Mato Grosso.
Estamos em greve há mais de 60 dias. Um problema sério é a falta de interlocução política da Secretaria de Educação do governo do Estado com os professores. É necessário que alguém ceda, pelo menos um pouco daqui, um pouco dali, a fim de que haja uma conversão de valores, porque, se continuar sem aula, perde o professor, perde o aluno, perde Mato Grosso e perde a educação.
Portanto, espero que o dia 15 de outubro seja comemorado com a volta às aulas, com os professores com suas reivindicações pelo menos em parte atendidas, e que o governo sinta, olhe e veja que, sem o professor, não poderemos fazer todo esse desenvolvimento que preguei aqui durante meu pronunciamento no dia de hoje.
Sr. Presidente, quero dizer a todos felicidade e que Deus nos dê oportunidade para ver este Brasil triunfar no seu caminho do progresso, porque é a vocação dele.
Muito obrigado.