Comunicação inadiável durante a 179ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a necessidade de valorização dos professores do País; e outro assunto.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Destaque para a necessidade de valorização dos professores do País; e outro assunto.
Aparteantes
Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2013 - Página 71936
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, BRASIL, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, MAGISTERIO, EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MELHORAMENTO, CARREIRA, COMENTARIO, NOTA, SINDICATO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), LUTA, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Eu gostaria, Presidente, na sua presença, de agradecer à Direção do Senado Federal, a toda a Mesa Diretora, ao Presidente Renan Calheiros e a V. Exª, que permitiram e colaboraram para que essa reunião da Copa pudesse se realizar aqui no Senado. A Deputada Maninha, como aqui disseram, a eterna Deputada, organizou essa reunião com Parlamentares de vários países do continente americano e contou com o apoio irrestrito do Senado Federal.

            Então, deixo aqui meus cumprimentos não só pela reunião que debate a sustentabilidade, mas também a situação das mulheres. Esse é um tema muito caro a todas nós, mulheres, e à sociedade, porque, afinal de contas, lutamos muito para que a democracia se complete. E a democracia só se completará a partir do momento em que ocuparmos espaços condizentes com a nossa presença na sociedade de todos os nossos países.

            Parabéns. Desejamos um bom encontro a todas e a todos.

            Sr. Presidente, da mesma forma como fez o Senador Mozarildo Cavalcanti, como professora, inclusive, Senador Mozarildo -- sou farmacêutica, mas militei muito, fui professora da Escola Estadual Sólon de Lucena, na cidade de Manaus, uma das escolas públicas de referência da capital do Estado do Amazonas, e também militei por muitos anos no movimento da educação, no movimento dos trabalhadores da educação e dos professores -- é com muita alegria que, como o Senador Mozarildo, também venho à tribuna neste momento para fazer uma singela, porém sincera homenagem a professoras e professores deste País.

            Eu vou pular a primeira parte do meu pronunciamento, porque o Senador Mozarildo, já o fez com muita competência, mostrando por que, nesta data, se comemora o Dia do Professor. Data de 1827 a comemoração deste dia, dia 15 de outubro, o Dia do Professor e da Professora, por conta da criação das escolas, da determinação de que todos os vilarejos, todas as localidades tinham de ter uma escola, Senador Wellington, e uma escola significa um professor, significa uma professora. De fato, apenas em torno do professor, da professora e dos bons profissionais, uma escola pode ser criada.

            Esta é a lição que todos os sistemas educacionais bem-sucedidos no mundo nos ensinam: uma boa escola gira em torno, sem dúvida nenhuma, de um bom professor, de uma boa professora. Um professor valorizado, tanto pelo sistema educacional, quanto pela sociedade, de modo geral, faz, sem dúvida nenhuma, toda a diferença.

            Valorizar o magistério passa também por dar o justo valor à própria educação. São bem conhecidas as correlações entre educação e bem-estar, entre nível educacional e desenvolvimento social e econômico. Todos reconhecem que o investimento em educação é um meio importante para alcançar o desenvolvimento, mas é fundamental que consideremos a educação também como um fim e não apenas como um meio.

            Não é apenas pelo tempo que se passa numa sala de aula ou numa escola, não é apenas em decorrência de melhores salários que devemos investir em educação -- não somente para isso. Deve-se investir em educação para tornar uma sociedade melhor. A educação tem um valor intrínseco, uma vez que tem a ver com o aperfeiçoamento das faculdades intelectuais, da sensibilidade e dos afetos. Cultivar essa ideia é importante também para a valorização do professor e da professora.

            Professores não devem ser vistos apenas como mais um na engrenagem de uma máquina que produz títulos e diplomas, que busca na esperança de traduzi-los em benefícios e vantagens. Enquanto a educação for vista apenas sob esse prisma, não teremos esperança de ver o educador e a educadora como profissionais, ganhando o respeito e a valorização que merecem.

            Neste dia, no Dia do Professor, quero chamar a atenção para este imperativo incontornável: jamais teremos uma boa educação enquanto não valorizarmos nossos professores. Isso significa -- a valorização dos professores -- oferecer uma carreira atraente, salários compatíveis e justos.

            Senador Mozarildo, como fez V. Exª, eu faço questão de aqui destacar, neste Dia do Professor, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas. É um sindicado do qual eu fiz parte. Aliás, na época, Senador Moka, nem sindicado era; era associação, porque, naquela época, aos servidores públicos, não era dado o direito de sindicalização. Então, eu fazia parte da APPAM, que era a Associação Profissional dos Professores do Estado do Amazonas.

            Então, faço questão de ler e destacar trechos da nota divulgada pelo Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas), no dia de hoje. Diz a direção daquele importante sindicato que toda a luta dos professores e das professoras do Brasil sempre foi pautada por uma educação pública, democrática, laica, com melhores salários e condições de trabalho, com mais recursos e investimentos, com uma carreira de Estado e pelo cumprimento do Piso Salarial e da legislação educacional em todas as esferas de governo.

            O Dia do Professor e da Professora é um momento de comemoração, mas também um momento para a reflexão e sensibilização da sociedade sobre a importância de valorizar uma das mais importantes profissões para o desenvolvimento social, econômico, democrático e estratégico de um país.

            Infelizmente, não é dessa forma que os professores são tratados neste País. Mas eu creio que todas as mudanças que nós estamos promovendo na Nação brasileira -- Governo Federal, Presidenta Dilma, o próprio Parlamento -- faz que, cada vez mais, os professores e as professoras sejam reconhecidos.

            O nosso sindicato, o meu sindicato no Estado do Amazonas, também reafirmou a defesa intransigente do reconhecimento público dos profissionais da educação junto aos governos municipais e estadual, através de políticas públicas que tragam a devida e justa valorização profissional.

            Por fim, o Sindicato conclama todos a lutaram pela transformação na educação em todo o País, porque, enquanto a verba da educação pública não for investida apenas na educação pública, não teremos valorização do profissional e, consequentemente, não teremos educação de qualidade. Como diz a nota: o melhor presente a se dar ao magistério é valorização. E valorização, Senador Moka, significa salário digno, carreira atrativa, jornada, formação, gestão democrática e saúde laboral.

            Portanto, quero aqui dizer de toda a minha admiração pelo trabalho realizado por nossos professores e nossas professoras neste País imenso e ainda tão desigual que é o Brasil.

            E falo da minha admiração porque eu também estive em sala de aula. Eu sei como é difícil para um professor que geralmente leciona em dois turnos passar o dia inteiro em uma sala de aula. Na minha época, eu lembro que eu dava aula no turno noturno, Senador Moka, e, na pagela, cabiam 45 nomes. Eu tinha 60 alunos de segundo grau em uma única sala de aula numa cidade chamada Manaus, cuja temperatura chega a aproximadamente 40º de acordo com a sensação térmica. Naquela época, os colégios sequer ar-condicionado tinham.

            Os professores não têm que ser apenas professor ou professora; têm que ser verdadeiros artistas para segurar a atenção do aluno, para fazer com que o aluno, a aluna, a juventude deste País aprenda, e aprenda muito.

            Então, é com muito orgulho que venho a esta tribuna, não só como Senadora, mas também como alguém que militou, que trabalhou na área da educação como professora, para fazer esta homenagem. Militei não apenas no Sinteam, mas também na CNTE.

            Estamos comemorando os 25 anos da Constituição brasileira, e muito do que diz respeito à educação, que se conquistou na Constituição brasileira, foi fruto de uma ampla mobilização dos trabalhadores em educação: docentes, discentes, professores, técnicos administrativos. Eu era uma daquelas anônimas que andava pelo Congresso Nacional, conversando com Deputados e Deputadas, Senadores e Senadoras, para que pudéssemos ter uma Constituição capaz de elevar o nível da educação em nosso País e, principalmente, valorizar o magistério.

            Se a Senadora Angela me permitir -- não sei se é um aparte que V. Exª pede --, concedo, com muito prazer, um aparte ao Senador Moka.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Senadora Vanessa Grazziotin, quero parabenizá-la e também aproveitar esta oportunidade para manifestar aos professores do meu Estado do Mato Grosso do Sul por seu dia o meu respeito, a minha admiração. Assim como V. Exa, em uma grande parte da minha vida -- durante 15 anos --, Senadora Vanessa, eu estive em sala de aula. Eu costumo dizer que o professor tem cheiro de giz. Eu cheguei a dar aulas no terceiro ano colegial e depois, na faculdade, na Universidade Federal, dei aula também de fisiologia. Mas, em 15 anos dando aula, você vive realmente. Eu conheço. Eu quero aqui, em um curto aparte, lembrar professoras muito queridas para mim: a Profª Shirley de Campos Vidal e a Profª Nadir Gomes Esteche. São professoras de quem eu sempre vou lembrar com carinho. Logo no meu início, já em Campo Grande… Eu sou lá de Bela Vista, mas, já em Campo Grande, no segundo ano primário, eu me lembro tão bem dessas professoras.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - E quero deixar um abraço para os meus colegas que até hoje estão lá: o Prof. Chuck e o Prof. Carlindo. Eu citaria tantos, tantos e tantos professores que estiveram ao meu lado. Por oito anos, além de professor, fui coordenador do curso Objetivo Dom Bosco. É um colégio salesiano em Campo Grande, um colégio que tem uma tradição enorme. Eu deixo aqui o meu respeito aos professores, aos trabalhadores da educação. A todos eles, o meu respeito e a minha admiração. Muito obrigado, Senadora Vanessa.

            A SRa VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Eu é que agradeço, Senador Moka. Dois professores aqui falando.

            Eu acho que a melhor forma de nós, que já militamos na área, prestarmos homenagem aos professores e às professoras do Brasil é seguir aprovando leis, aprovando condições para que o professor volte a ser valorizado neste País.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Lembro o fato de que todos nós (Fora do microfone.) temos em nossas mentes o nome de uma professora ou de um professor. Todos nós. Não há ninguém neste País, creio, que não se lembre com muito carinho de alguém que esteve lhe dando as primeiras orientações em uma sala de aula. Mas também nós não podemos nos esquecer de que, em um passado não tão distante, o professor era visto no País como uma verdadeira autoridade. Hoje, não é assim mais. Hoje, aliás, o salário que recebem sequer lhes dá condições de sustentar suas famílias com tranquilidade. Então, eu penso que caminhar rumo a um plano de carreira, rumo à valorização -- como eles dizem --, a salários decentes, à carreira, é o melhor presente que nós podemos dar ao magistério brasileiro.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigada, Senadora Angela.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2013 - Página 71936