Discurso durante a 179ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exaltação às melhorias do setor educacional no Acre.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Exaltação às melhorias do setor educacional no Acre.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2013 - Página 72011
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, INCLUSÃO SOCIAL, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, BRASIL, CITAÇÃO, POSTAGEM, INTERNET, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, MELHORAMENTO, ENSINO, ESTADO DO ACRE (AC), SALARIO, CONHECIMENTO, TRANSFORMAÇÃO, SITUAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIO, ENSINO SUPERIOR.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Eu queria vir à tribuna, como vários outros Colegas já fizeram, para homenagear as professoras e os professores, os nossos mestres. Quem de nós não tem boas lembranças, Presidente Inácio Arruda, desses bons tempos, de termos tido, na nossa formação, professoras e professores?

            Hoje, fiz uma postagem na minha fan page e queria aqui fazer a leitura. Primeiro, eu pus ali uma frase de Cora Coralina. Eu queria homenagear todas as professoras e todos os professores com esta frase, que diz: “Feliz aquele que transfere o que sabe e que aprende o que ensina.” É de Cora Coralina essa frase. O bom professor faz isso, transfere o que sabe e aprende o que ensina.

            Talvez, nunca este País tenha necessitado tanto das professoras e dos professores como agora, porque o Brasil agora se agigantou. O Brasil, agora, começou a fazer a inclusão social de dezenas de milhões de pessoas. O Brasil, agora, disputa um melhor lugar neste mundo. E, sem sombra de dúvidas, independentemente da coloração partidária a que estejamos filiados, temos um consenso, o de que a educação é a maior de todas as prioridades.

            Se discutirmos infraestrutura, vamos ter de levar em conta que infraestrutura sem educação não é nada. Se discutirmos a melhoria dos serviços públicos, se discutirmos investimento, temos de sempre levar em conta que, para esta Nação fantástica que é o Brasil, a educação é que nos vai garantir uma melhor colocação, de maneira sustentável.

            Não tenho dúvida de que crescimento econômico o Brasil pode experimentar, mas uma mudança na qualidade de vida do nosso povo e o encontro do País com o desenvolvimento sustentável só vão se dar se, de fato, a educação for prioridade.

            Eu fiz uma postagem que reproduzo aqui, da tribuna do Senado:

Queridas professoras e professores, hoje quero homenagear aqui os professores, em especial os do nosso Acre.

Ser professor é exercer uma das mais bonitas profissões. É preciso, antes de tudo, ter muito amor pelo que faz. É mais do que ensinar, é cuidar. Vocês são parte das nossas vidas.

            Pus mais: “No Governo, apostamos na educação. Como não há educação sem professor, apostamos nos professores.”

            E aí faço aqui uma referência: por que não chamar este dia de Dia da Professora? Nós sempre nos referimos a este dia como o Dia do Professor, mas o maior número é de professoras. Elas são a maioria.

            E aí eu falo: “Vencemos. Tiramos o Acre das últimas posições no ranking nacional no quesito educação e o levamos para as primeiras posições. Mas a luta segue”. É o que eu afirmo. Foi assim, então, na Prefeitura comigo, tendo como Secretário Binho Marques; depois, no Governo, tendo como Secretário de Educação Binho Marques e uma equipe competente e dedicada. Eu cito aqui Maria Correia, Maria Luiza e muitas pessoas que, na Capital e no interior, na Secretaria e nas escolas, nos ajudaram a fazer essa grande mudança.

            Esse nosso trabalho seguiu no segundo mandato, com Binho sendo Vice-Governador e trabalhando acumulando a Educação e, depois, com Binho sendo Governador por quatro anos. E, agora, ele segue, tendo à frente Tião Viana, que segue fazendo da educação a nossa maior prioridade.

            Na Prefeitura, depois de uma lamentável interrupção, a nossa prioridade na educação foi retomada pelo professor, economista e grande Prefeito Raimundo Angelim. Por oito anos, Rio Branco também ganhou prêmios, Rio Branco se firmou como uma cidade com boa qualidade no ensino, um ensino que disputa, agora, bons indicadores no ranking nacional. E, agora, a educação segue como prioridade, tendo à frente o nosso Prefeito Marcus Alexandre.

            Sr. Presidente, caros colegas, nós fizemos uma fórmula que não é uma fórmula mágica. No Acre, havia um dos piores salários de professores do Brasil: o salário não passava de R$120,00 quando assumi. E o salário de quem trabalhava no interior atrasava até cinco meses, Presidente Inácio Arruda. Nós colocamos o salário do Acre, quando eu ainda estava no Governo, entre os três maiores do Brasil, nunca atrasamos o salário de nenhum servidor um único dia, e isso segue com Tião Viana no Governo, já no 15º ano.

            Criamos uma cultura de respeitar servidor, mas de respeitá-lo não pagando salário de miséria, de respeitá-lo pagando bons salários, num Estado pobre, que pagava melhor salário do que o de São Paulo. O salário pago no meu Estado disputava com um salário que era bom -- inclusive, na época, Cristovam era o Governador --, o do Distrito Federal.

            Então, melhoramos os salários, melhoramos a formação, criamos um modelo de escola que se adaptasse à região, à Amazônia, e interferimos diretamente na gestão da escola, democratizando, mas estabelecendo critérios para seus gestores.

            Fizemos um trabalho fantástico, que envolveu o próprio sindicato da categoria e a associação dos diretores. E o certo é que, sem falsa modéstia, eu tenho muito orgulho de ter, de alguma maneira, feito parte dessa história e, com o poder de mando, com o poder de decisão que tinha, ter trabalhado pela educação.

            O Governador Binho, que foi o nosso engenheiro da construção desse trabalho, é, hoje, um dos auxiliares do Ministro Aloizio Mercadante, como Secretário do Ministério da Educação, e segue fazendo sucesso.

            Mas eu queria aqui, caro Inácio, dizer que, quando fui convidado para me candidatar ao governo, eu estava inspirado no nosso Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre demonstrou: “Se você vai governar um Estado, conheça bem esse Estado”. Eu uso sempre uma frase: nossa cabeça está onde estão nossos pés. E eu tinha uma conclusão: o Lula é o brasileiro que mais conhece o Brasil -- ele andou por todo canto --, mas conhece de perto, conversando com as pessoas. E fez isso na busca de encontrar os problemas, de debater e de pensar as soluções.

            No Acre, eu tentei, de certa maneira, repetir isso e falei: se vir a ser governador, eu serei o acriano que mais conhece o Acre. Andei por todos os rios, nos seringais, a pé; fiz travessias de cinco dias, andando de um rio para outro; fiz viagens de semanas, andando nos rios, conversando com as pessoas, a cavalo, de burro, atolando em carro, e pude conhecer de perto e profundamente um Estado em que me orgulho de ter nascido, que é o nosso Acre.

            Uma vez, cheguei à cabeceira do Rio Acre, numa comunidade do Icuriã -- e sempre que chegava a esses lugares, conversava com os mais antigos, com a comunidade, mas procurava falar também com os jovens --, e havia um grupo de jovens, que falou: “A gente quer reunir contigo, Jorge, mas a gente sempre faz a reunião debaixo daquela árvore”. E fomos para debaixo da árvore fazer uma reunião.

            Eu, querendo conhecer melhor a juventude, que mora em um lugar muito distante. Agora está mais perto, porque há um ramal, que nós construímos, mas chegava a demorar, Paim, seis dias de barco até a primeira cidade, Sena Madureira.

            Demorei dois dias a cavalo para chegar a esse lugar, na cabeceira do Rio Acre. E, reunindo-me com os jovens, falei: “Mas o que fazem vocês? Você estuda? Você estuda”? E olhei para uma moça muito bonitinha, uma garota, entrando na adolescência ou já adolescente, chamada Márcia -- isso, em 1998 --, e perguntei: “Você estuda”? Ela disse: “Eu estudo”. “Mas, que série você faz? É uma boa aluna?” Ela respondeu: “Sou uma ótima aluna”. “E que série você faz?” Ela disse: “Estou fazendo, pela terceira vez, o quarto ano primário”. Eu falei: “Mas, como”? Já fui tentando dar um carão. Perguntei: “Mas, como? Você me disse que é uma ótima aluna e está repetindo três vezes a quarta série”? Eu, na minha ignorância, fiz a pergunta, e ela disse: “Não, estou repetindo porque aqui só tem até a quarta série. Eu não quero deixar de estudar. Eu fico estudando. Termina o ano, e faço de novo; no outro ano, faço de novo. Mas sou a melhor aluna”.

            Vejam com o que esbarrei! O que aconteceu, quando cheguei ao Governo? Assumi um compromisso comigo mesmo de que haveria da quinta até a oitava série e o segundo grau em todos os lugares e vilas do Acre. Não havia segundo grau nessa época nem na sede dos Municípios, e havia dois mil professores leigos.

            Quem está me ouvindo pela Rádio Senado e pela TV Senado talvez não saiba o que é professor leigo. Professor leigo é aquele que não é professor, mas é o único da comunidade que sabe escrever alguma coisa ou que sabe ler alguma coisa. Aí vira professor. Estou falando de 1998.

            Sabem o que aconteceu? A Márcia, hoje, tem um diploma de nível superior.

            No primeiro ano como Governador, peguei de novo um cavalo, dois dias de viagem -- e não é fácil dois dias de viagem no meio da floresta. Só que eu estava acompanhado de muitas outras pessoas montadas a cavalo. E, num deles, estava um professor para implantar a escola da quinta à oitava série.

            Depois, no Governo, com a ajuda do Governador Binho, nós implantamos -- foi a primeira vez em que ocorreu isso no Brasil, e lamentavelmente, não foi tão divulgado, como deveria -- curso de nível superior em 100% dos Municípios do Acre. Cem por cento! Fiz um convênio com a Universidade Federal do Acre e falei: “Há uma exigência: cursos em todas as sedes municipais, em 22 Municípios”. É a totalidade dos Municípios do Acre. Em 15 deles, um curso de Economia, além de ter garantido a formação de todos os professores do Acre naquela época, rurais, indígenas e urbanos, do Município e do Estado.

            Por isso que, hoje, quando se abrem os indicadores de educação no Brasil, o Acre não toma sobressalto. Nós, que éramos os últimos colocados, graças a Deus, agora podemos dizer que, no Dia da Professora, no Dia do Professor, estamos disputando colocações de destaque no Norte, no Nordeste e diante da média nacional. Ainda é pouco. Ainda há muito a ser feito, mas, se não celebrarmos as conquistas, como poderemos merecer e criar ambientes para alcançarmos mais conquistas?

            Então, eu queria concluir as minhas palavras. Não vou usar todo o meu tempo, porque vim aqui hoje para homenagear todos os trabalhadores em educação que me ajudaram a fazer a mais importante mudança no Acre. Não fiz sozinho. O Governador Binho foi o arquiteto desse trabalho. Nós trabalhávamos juntos. E, agora, essa mudança segue com o Tião.

            Eu queria, então, concluir as minhas palavras, daqui da tribuna, como encerro minha manifestação na fan page: do fundo do meu coração, dou os parabéns a todas as professoras e a todos os professores neste dia. E digo que a luta que temos pela frente, para que o Brasil definitivamente se torne uma grande nação, passa necessariamente pela valorização da educação.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2013 - Página 72011