Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio da sessão de autógrafos da obra “Fé e Política – De Pedro a Francisco”, de autoria de S. Exª, a ser realizada na 59ª Feira do Livro de Porto Alegre.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Anúncio da sessão de autógrafos da obra “Fé e Política – De Pedro a Francisco”, de autoria de S. Exª, a ser realizada na 59ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 06/11/2013 - Página 79242
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ANUNCIO, REALIZAÇÃO, SESSÃO, AUTOGRAFOS, FEIRA DO LIVRO, MUNICIPIO, PORTO ALEGRE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), LANÇAMENTO, LIVRO, AUTORIA, ORADOR.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu querido amigo de uma vida inteira de luta, é com muito carinho que assomo à tribuna com V. Exª na Presidência.

            Acompanho seu trabalho, seu esforço, no governo de Santa Catarina, na Assembleia daquele Estado, no Congresso Nacional, no nosso velho MDB, no Banco de Desenvolvimento. V. Exª é um paradigma de dignidade, de respeito e de simpatia. Orgulho-me disso, e lá se vai tanto tempo que o conheço, que o respeito e que tenho a alegria de dizer que V. Exª é dos amigos e dos irmãos que encontrei no velho MDB e com o qual continuo me identificando até hoje.

            O SR. PRESIDENTE (Casildo Maldaner. Bloco Maioria/PMDB-SC. Fazendo soar a campainha.) - Bondade de V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB-RS) -- Pelas suas ideias, pelos seus princípios, o senhor continua representando aquilo pelo qual nós sempre lutamos.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, na próxima quinta-feira, dia 7, como faço todos os anos - e lá se vão muitos anos -, estarei na 59ª Feira do Livro de Porto Alegre, às 16 horas, autografando a minha publicação “Fé e Política - De Pedro a Francisco”.

            A Feira do Livro de Porto Alegre é uma das mais importantes do Brasil e acontece, todos os anos, na Praça da Alfândega, na Capital do Rio Grande do Sul, passando por lá dezenas de autores, milhares de amantes da boa leitura. Ela se desenvolveu de tal maneira que é uma feira da qual a cidade inteira participa. É uma feira onde milhares de pessoas, permanentemente, estão ali. Não há um colégio, não há uma instituição, não há uma entidade que não se reúna um dia para que todos façam uma visita à feira. Ela é tão intensa que são centenas os cidadãos que fazem lançamento de livros, não como eu, que é um caso de pensamento político, mas grandes escritores, grandes literatos, grandes historiadores do Brasil e do exterior; e são 30 ao mesmo tempo, num enorme pavilhão, ali, um ao lado do outro, fazendo o lançamento da sua obra.

            Neste ano, entre os dias 1º e 17 de novembro, haverá mais de 700 sessões de autógrafos, em torno de 150 mesas-redondas, palestras e seminários, além de oficinas literárias e outros eventos artísticos e culturais.

            Desde a minha primeira participação, quando eu ainda era Deputado Estadual - lá se vão mais de 45 anos -, eu procuro levar às pessoas, ao público que tenho a honra de presenciar, as minhas reflexões sobre um tema que julgo do maior interesse nacional em cada um dos nossos momentos históricos, sob a minha posição.

            No ano passado, por exemplo, apresentei ao meu público o trabalho O Momento Supremo do Brasil. Muitas pessoas, vendo o título do livro na capa, vieram me perguntar o que ele significava: por que O Momento Supremo do Brasil? É que ali analisei duas questões principais da política brasileira em 2012, das mais importantes dos últimos tempos, que caminharam em sentidos opostos: a chamada CPMI do Cachoeira, no Congresso, e o julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal. Eu digo que caminharam em sentidos opostos - perdoem-me! - porque o Congresso envergonhou todos nós com uma atuação pífia ou com a falta de atuação diante do escândalo que já havia sido detectado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

            A CPI recebeu todos os dados que deram suporte aos “fatos relevantes” para a instalação da Comissão. No final melancólico, quando a CPI fez tudo para esconder os dados que já estavam provados, enviados pela Polícia Federal e pela Procuradoria, o que se viu foi uma barganha política do tipo: “Eu não investigo os teus, e tu também esqueces os meus”. E tudo terminou num triste jogo de empate, em que todos foram rebaixados na credibilidade popular.

            Ao contrário do que aconteceu aqui, o Supremo Tribunal Federal deu mostras de que a impunidade poderia deixar de ser o outro nome do Brasil, como até há pouco se dizia. Este era o clima do final do ano passado: um Parlamento ainda mais desacreditado, e o Supremo Tribunal Federal dando sinais mais que evidentes de que, pelo menos no Judiciário, o Brasil não seria mais o mesmo. Daí o “momento supremo” no título de minha publicação lançada na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro de 2012.

            Para este ano, confesso que tive, nos primeiros meses, certa dose de dificuldade de escolher um tema, já que, por exemplo, não havia mais CPI, já que não havia um assunto para um grande debate neste Congresso Nacional. Se houvesse esse tema, certamente eu poderia repetir a reflexão do ano anterior. E também não houve um grande evento no País sobre o qual eu pudesse fazer, por minha conta, a meu juízo, uma análise mais aprofundada.

            Parecia que nada haveria de acontecer neste ano de 2013, apenas as mesmíssimas decisões, as mesmíssimas barganhas nos gabinetes de todos os Poderes. De repente, dois acontecimentos abalaram o Brasil e o mundo. No plano internacional, não houve mais uma guerra, apesar de a Primavera Árabe ter mexido no mapa do poder em países como Egito, Tunísia e Líbia. É que as guerras, tudo indica, já não abalam corações e mentes.

Os senhores da guerra continuam, eles principalmente, impunes. Eles estão impunes e imunes a qualquer tipo de comoção ou de compaixão. Matam em nome do poder, matam em nome do petróleo, matam em nome do mercado e, pior ainda, matam até em nome de Deus.

            O que aconteceu no plano global foi a renúncia, algo que não acontecia há 600 anos, de um Papa. Bento XVI, o Papa dogmático, resolveu deixar o cargo mais importante da Igreja Católica em fevereiro deste ano. Alegou motivos dos mais importantes, a começar pela sua abalada saúde. O mundo logo iniciou a especulação de que o gesto do Papa renunciante se deu porque nuvens escuras causavam turbulência nos céus do Vaticano, com o surgimento de casos reiterados de desvios de conduta pessoal de importantes membros do Clero.

            Somente essa questão já poderia ser um bom título para uma publicação. Afinal, a importância do Sumo Pontífice vai além dos muros do Vaticano e das sacristias de todo o mundo. Há momentos em que o Papa pode ser um ponto de equilíbrio até mesmo entre os senhores da guerra.

            Mas o que ninguém esperava era a escolha do seu substituto. Na chaminé da Capela Sistina, a fumaça escura, que mais parecia simbolizar a renúncia, foi substituída pela fumacinha branca, a da escolha do novo primeiro mandatário católico. Longos minutos se passaram depois daquela fumacinha. Qual italiano iria comandar os destinos da Igreja? Não fosse italiano, qual europeu? Não fosse europeu, seria um canadense? De repente, veio um Papa do outro lado do mundo, ou, como disse ele, lá do fim do mundo. Pela primeira vez, foi eleito um Papa da América Latina, um Papa argentino.

            Mente quem diz que não se surpreendeu com a escolha de Jorge Mario Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires. Mente também quem imaginou que ele escolheria o nome de Francisco, o primeiro em toda a história da Igreja. Mas mente mais ainda quem imaginava um Papa com ideias tão avançadas e renovadoras e com atos tão inesperados como os do novo Papa, desde a sua primeira aparição na janela do Vaticano.

            Achei que eu, um franciscano convicto, podia adotar como meu princípio o assunto na publicação que farei na Feira do Livro em Porto Alegre. Seria um texto nos moldes do discurso do novo Papa em Lampedusa, ilha ao sul da Itália, na sua primeira viagem pontifícia. Para lá, vão os “deserdados da globalização da indiferença”, como ele disse. A globalização “tirou de nós a capacidade de chorar”, como o Papa enfatizou.

            O Papa Bento XVI já se havia comprometido a comparecer à Jornada Mundial da Juventude, em julho deste ano, no Brasil. O Papa Francisco, não só confirmou a viagem, como fez do Brasil o trampolim para todas as mudanças que ele imagina serem cruciais para o seu pontificado. Foram pronunciamentos memoráveis. Mas o que também mais chamou a atenção foi o seu comportamento entre nós, o seu jeito franciscano de ser.

            Estava aí, portanto, o grande assunto pelo qual me apaixonei. Eu o chamei de “Fé”.

            Mas, quando o Papa chegou aqui, também o Brasil já não era o mesmo. Havia também uma fumacinha branca nas chaminés da política brasileira. O povo brasileiro não estava, como tantos, fisicamente, na Praça de São Pedro, a esperar pelo nome do Papa.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Ele foi além. Ele foi para as ruas. Ele foi para todas as praças do nosso País. Exigiu que mudassem também as nuvens escuras da política brasileira. Exigiu a fumacinha branca da ética na política!

            Para mim, é uma discussão reiterada, porque eu já havia dito diversas vezes que nada mudaria de dentro para fora no aparato institucional, que a política somente tomaria os melhores rumos sob a pressão do povo. Foi assim com a Lei da Ficha Limpa, uma lei que nem precisaria existir. Não há razão para um aparato legal que obrigue o representante do povo a ser probo, ético, que não desvie recursos que faltam à educação, à saúde, à segurança, à cidadania, enfim, desse mesmo povo. Mas a lei teve de ser votada e aprovada, a duras penas, depois que mais de 1,4 milhão de assinaturas forçaram as portas dos plenários da Câmara e do Senado, levando-nos a uma votação, que aconteceu.

            Juntei um pouco do que já havia dito sobre a minha análise desse tema, acrescentei, atualizei, debrucei-me sobre questões atuais diretamente ligadas a ele, e, enfim, aí estava também um material que julguei importante no mesmo livro. Chamei-o de “Política”. Fé e Política é o nome do livro.

(Soa a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - De repente, vi uma forte correlação, obviamente não por coincidência, entre o que disse e como atua o Papa Francisco e as palavras de ordem do povo brasileiro na rua. Essa correlação, que se consubstanciou no grito do povo, como fé e/ou como política, é, enfim, o tema da publicação que autografo, repito, no dia 7, depois de amanhã, na quinta-feira próxima, na 59ª Feira do Livro de Porto Alegre: Fé e Política - De Pedro a Francisco.

            Na quarta página, uma frase que imagino sintetizar as minhas reflexões. Abro aspas:

Quis o destino, ou o Criador, que o Papa viesse ao encontro do povo neste momento histórico de mudança nos destinos da política e da Igreja. O povo brasileiro não quer mais a política exclusiva de gabinetes. O Papa Francisco também não deseja a religião limitada às sacristias.

            Espero, com mais essa publicação, continuar a contribuir no debate sobre um novo modo de fazer política no Brasil. E que essa mesma política seja fundamentada nos melhores princípios da fraternidade, da solidariedade e da humanidade. Os melhores princípios da fé, digo eu.

            Dediquei esse meu trabalho "aos jovens, mansos de coração e retos de conduta, que clamam por um País à altura de sua dignidade, e aos que, independentemente do tempo cronológico já vivido, buscam, sem cessar, a paz e o bem.’

            Dediquei essa publicação, portanto, ao povo brasileiro.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Permita-me, V. Exª. Quero cumprimentar o Senador Pedro Simon por essa reflexão sobre o Papa Francisco. Ele diz que uma das características de Jesus era, sobretudo, estar nas ruas. Ele observou que, na maior parte do tempo, Jesus esteve nas ruas no seu tempo, e V. Exª salientou o quanto o Papa Francisco fez questão de estar nas ruas no Brasil, trazendo-nos ensinamentos e reflexões que nos fazem muito bem.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Certamente, a sua presença aqui vai significar algo muito positivo para a Nação brasileira. Em breve nós teremos, na Comissão de Relações Exteriores, a presença de Dom Odilo Scherer, de Dom Damasceno, Leonardo Boff, Frei Beto e Dom Orani para nos falar sobre o legado dessa extraordinária visita que V. Exª destacou em seu pronunciamento. Meus cumprimentos.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Fico profundamente grato pelo pronunciamento de V. Exª. Reconheço na sua longa vida pública essas preocupações. Seja no campo social, seja no campo religioso, seja no campo da ética, houve sempre a presença de V. Exª.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2013 - Página 79242