Pronunciamento de Lídice da Mata em 05/11/2013
Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apelo em favor de mais esforços na luta pela extinção da violência contra a mulher.
- Autor
- Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
- Nome completo: Lídice da Mata e Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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FEMINISMO.:
- Apelo em favor de mais esforços na luta pela extinção da violência contra a mulher.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/11/2013 - Página 79319
- Assunto
- Outros > FEMINISMO.
- Indexação
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- IMPORTANCIA, AUMENTO, ESFORÇO, COMBATE, VIOLENCIA, VITIMA, MULHER.
A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Apoio Governo/PSB - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, eu queria dizer da minha solidariedade à companheira Mara Rúbia e a todas as outras companheiras Senadoras e Deputadas que estão aqui presentes neste ato de denúncia de mais um escandaloso exemplo da violência que se abate contra a mulher em nosso País.
O crime que foi cometido contra Mara Rúbia, Srs. Senadores, é um crime, como dizia a Senadora Ana Rita, típico da violência de gênero, da violência contra a mulher. Um homem enlouquecido de ódio atinge a mulher, em geral, no rosto e atinge na condição de mulher, em uma situação de covardia total diante de um ser vulnerável.
Como disse o Senador Benedito de Lira, trata-se de um caso típico de violência contra a mulher, da violência doméstica, cometido por alguém de sua total confiança, ou que foi de sua confiança ou é de sua confiança, por alguém que partilhou com ele as esperanças, os sonhos, o afeto e que lhe deu a possibilidade de ter um filho. É justamente essa mulher que se torna a vítima da sua crueldade, do seu ódio, da sua irracionalidade.
Nós estamos, neste momento, podendo mostrar para o Brasil aquilo que, há muitos anos, nós mulheres, e eu como Constituinte que fui, há 25 anos, denunciávamos como violência contra a mulher. E muitos diziam que se tratava de coisa de feministas, de mulheres que não estavam percebendo que a luta não era essa.
Está aqui a comprovação, para que o Brasil todo veja, de um fato grotesco, brutal. Ele não conseguiu tirar-lhe a vida, mas tirou-lhe a vista. Alguém transformar esse fato em uma coisa menor é inaceitável. É exatamente a banalidade do mal. Não podemos deixar que a vida das mulheres seja banalizada neste País.
No Brasil, esta semana, querida Jô Moraes, querida Ana - vocês que conduziram a CPMI da Violência Contra a Mulher -, as estatísticas demonstraram que aumentou o índice de estupros.
Também esta semana saiu uma matéria sobre uma quadrilha, que foi identificada pela Polícia Federal, de tráfico de mulheres para Angola, a mesma rota que eu e a Senadora Vanessa Grazziotin investigamos quando aqui foi instalada a CPI do Tráfico de Pessoas. Temos um projeto de lei na Comissão de Justiça desta Casa para que nós possamos tratar e tipificar o crime de tráfico de pessoas.
Peço, neste momento, que não transformemos essa denúncia numa comoção momentânea, Sr. Presidente. Que nós possamos dar seguimento, prosseguimento, acompanhá-la. Que as nossas procuradorias se transformem naquilo que, de fato, estão sendo: um observatório da violência contra a mulher no Brasil, denunciando e acompanhando cada caso. Que cada caso se torne um caso exemplar em nossas vidas para não permitirmos que um novo caso aconteça.
Muito obrigada.