Pronunciamento de Ruben Figueiró em 11/11/2013
Discurso durante a 200ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Registro do transcurso dos sete anos de falecimento do ex-Senador Ramez Tebet..
- Autor
- Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
- Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Registro do transcurso dos sete anos de falecimento do ex-Senador Ramez Tebet..
- Aparteantes
- Vanessa Grazziotin.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/11/2013 - Página 80727
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, ANIVERSARIO DE MORTE, RAMEZ TEBET, EX SENADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, VIDA PUBLICA.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores ouvintes da Rádio Senado e senhores telespectadores da TV Senado, há exatamente sete anos, neste mês de novembro, a Nação, Mato Grosso do Sul e esta Alta Casa do Congresso Nacional perdiam um dos seus mais ilustres filhos. Falecia o Senador Ramez Tebet, vitimado por doença pertinaz.
Penso que, neste círculo senatorial, quem mais de perto conviveu com o Senador Ramez Tebet fui eu. Convivência iniciada lá pela metade da década de 50 do século passado e se espraiou da universidade em embates acadêmicos, entreveros estudantis nas ruas e praças da cidade maravilhosa contra o que entendíamos ser os desmandos dos governos. Algumas vezes revidados com cassetetes no lombo, em assembleias estrepitosas da União Nacional dos Estudantes e da Associação Mato-grossense dos Estudantes, naquela exaltação tão natural dos estudantes, da mocidade, em que se forjam, com a resistência do bronze, ideais que permitiram a valia dos postulados democráticos e fortaleciam aqueles princípios sagrados que trazemos de nossos lares.
Fortalecidos pela consciência universitária, voltamos para nossa terra. Ramez, para Três Lagoas; eu, para Campo Grande. Lá militamos na política sob a mesma bandeira: a União Democrática Nacional (UDN), amálgama que trazíamos das lutas estudantis da eterna vigilância.
Nessa sigla, tínhamos as lideranças de eminentes homens públicos de expressão entre seus pares, que têm passagem marcante no Congresso Nacional e registro na história da democracia em nosso País, tais como Vespasiano Martins, Fernando Corrêa da Costa, José Fragelli, José Garcia Neto e Saldanha Derzi.
Ramez despontou-se como promotor de Justiça. Verbo fácil, graças à sua fulgurante inteligência e cultura jurídica, logo tornou-se prefeito de Três Lagoas, sua cidade natal. Um passo firme levou-o a Deputado Estadual Constituinte de 1989, galgando o destaque como seu relator-geral. Outro passo levou-o a Secretário Estadual de Justiça. Nova eleição destinou-o a vice-governadoria e, por substituição legal, tornou-se Governador até o final do mandato, isso em 1987.
Ramez tornou-se conhecido em Brasília. Para cá veio como Superintendente da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste). Na eleição seguinte, tornou-se Senador. Os registros desta Casa comprovam a eficiência da sua conduta parlamentar. Com razão, foi convocado para ser Ministro de Estado da Integração Nacional.
Nessa trajetória marcada por exemplos edificantes da sua personalidade, Ramez, num momento de grande tensão política nesta Casa, foi chamado como um elo da conciliação para presidi-la. Foi, sem dúvida, o seu momento áureo na vida pública.
Talvez perguntem: Por que o Senador Ramez Tebet conquistou o respeito e a admiração ímpares de seus concidadãos e os píncaros da vida pública?
Respondo: Ramez foi um cidadão de reputação ilibada, coerência política, firmeza partidária - raras nestes tempos - diga-se -, jamais se afastando de seus ideais. Na conciliação, arte de sua conduta política, foi sempre firme, mas com respeito à ternura.
Sras e Srs. Senadores, convivi com Ramez Tebet por mais de 50 anos. Logo, alguns poderiam achar que sou suspeito para avaliar a sua figura, tanto pública quanto pessoal. Porém, peço vênia a V. Exas para citar duas opiniões de quem conviveu com Ramez no Senado.
O Senador Pedro Simon, patrimônio vivo do Parlamento brasileiro, cuja trajetória foi sempre dignificada por posições políticas inarredáveis, Ihano no trato, porém grave na escolha de seus amigos, asseverou que - entre aspas - “Tebet havia sido uma das pessoas mais corretas e dignas que havia encontrado em sua vida pública".
Meu valoroso, culto e combativo correligionário, o Senador Alvaro Dias, homem que, no dizer de meus conterrâneos, não é dos que - entre aspas - "enrolam toco", eis firme de suas opiniões e julgamento de pessoas e fatos, deixou registrado em nossos Anais - entre aspas -:
“A postura digna de Ramez no Parlamento e nos importantes cargos que ocupou não vai passar. Ela permanece e fica como exemplo de correção ética a nortear, a inspirar todos aqueles que desejam honrar seus mandatos. A atividade política, tão carente de homens com o perfil ético e moral de Ramez Tebet, fica com uma lacuna irreparável”.
Volto à palavra do Senador Pedro Simon, proferida em 17 de novembro de 2006 - entre aspas -:
“Venho a esta tribuna. Nem sei se deveria vir, mas estou vivendo uns dias muito difíceis na minha vida. Considero o Senador Ramez Tebet uma das pessoas mais corretas, mais puras, mais dignas que conheci na vida pública”.
Nós somos nós. Nós somos políticos. Cada um tem as suas qualidades e boas qualidades.
Alguns de nós têm as suas deficiências, mas há alguns que, eu diria, se sobrepõem, estão acima, são como faróis ambulantes que, estejam onde estiverem, de noite ou de dia, na sua terra ou em outro extremo, são balizas, são orientação, são estímulo. O Tebet é um desses homens”.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Ramez e eu caminhamos juntos, partilhamos, o mais das vezes, por pedregulhos nesses domínios terrestres da vida pública e neste jamais nos separamos, eis que o amálgama que nos unia era imantado por ideais para encarar os interesses traiçoeiros que a militância política nos leva a enfrentar. Separamo-nos, muito tristemente para mim, quando fui, com um rasgo de pesar e de lágrimas, levar o meu adeus ao Ramez, ainda com os derradeiros lampejos de vida em sua casa, em seu quarto, o meu abraço de despedida eterno. Talvez nesta Casa, tenha sido eu quem pode guardar esse triste e mais significativo momento de saudade.
Com muito prazer, concedo um aparte à eminente Senadora Vanessa Grazziotin.
A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Eu quero agradecer a V. Exª, Senador Figueiró, e ao mesmo tempo cumprimentá-lo pelo seu brilhante pronunciamento. Sei que V. Exª o faz vestido de muita emoção, e muita emoção porque não se trata apenas de um representante parlamentar do seu Estado, mas, tenho certeza, trata-se de um amigo, de um grande companheiro de muitas batalhas. Quero dizer que Ramez Tebet deixou uma lembrança muito boa, não só para aqueles que o conheceram, não só para o seu Estado, que ele tão bem representava -- e, como V. Exª disse, adquiriu um respeito profundo de toda a sociedade brasileira --, mas para o Brasil e para todos nós. À época em que ele presidiu esta Casa, num momento de extrema dificuldade política, eu era Deputada Federal e acompanhei com muita atenção, nobre Senador, os passos do Presidente à época do Senado Federal e, sem dúvida nenhuma, ele é digno, por toda a sua trajetória, de receber não só a homenagem de V. Exª, mas de receber a homenagem deste País, a Nação a que ele serviu com tanta dedicação e com tanto espírito público. Cumprimento V. Exª e, se me permite, a homenagem que V. Exª faz a ele faço também a minha homenagem. Parabéns, Senador, e muito obrigada pelo aparte.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Senadora Vanessa Grazziotin, eu recebo as suas palavras também com emoção, porque sei que V. Exª acompanhou da Câmara dos Deputados a trajetória do Senador Ramez Tebet aqui, no Senado. Realmente, num momento extremamente difícil da história desta Casa, ele foi o elo de conciliação. A sua presença no Senado permitiu que se acalmassem os ânimos, que estabelecesse a cordialidade entre seus pares. Isso foi um fato extremamente importante que, como disse, torna-se um marco áureo na sua vida pública.
A manifestação de V. Exª naturalmente está sendo ouvida pelos familiares do Ramez Tebez, que haverão de guardar as suas palavras no âmago do coração deles.
Com muito prazer, recebo e registro as palavras de V. Exª, que dignificam o que estou pronunciando neste instante.
Muito obrigado.
Mas, concluo, Sr Presidente.
Ao lembrar o sétimo ano do falecimento do Senador Ramez Tebet, amigo desde os tempos de universidade, companheiro de ideais ao longo de mais de meio século, em quem sempre reconheci atitudes e valores de cidadão e de estadista que tanto dignificaram por atos e palavras esta Casa, o nosso Estado de Mato Grosso do Sul e o País, associo-me às saudades que dele tem sua ilustre família e aos que o conheceram e admiraram a sua postura cívica.
Como já afirmara o Padre Nilo Luza, a realidade do pós-morte continua mistério, embora nossa fé - sou católico - nos garanta que a vida não se limita aos anos deste mundo. Creio que o Ramez onde bem esteja acolhe as homenagens dos que o conheceram e admiraram sua marcante participação nesta vida terrena.
É essa, Sr. Presidente, a homenagem que, em nome dos meus coestaduanos e, posso dizer, de todos aqueles que nesta Casa conheceram Ramez Tebet, presto a ele o meu respeito, a minha admiração e a minha saudade.
Muito obrigado, Sr. Presidente.