Discurso durante a 174ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do centenário de nascimento do escritor e ideólogo do Partido Comunista, Rui Facó.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do centenário de nascimento do escritor e ideólogo do Partido Comunista, Rui Facó.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2013 - Página 70309
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, JORNALISTA, ESTADO DO CEARA (CE).

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero usar o tempo da liderança do meu Partido, o Partido Comunista do Brasil, para destacar uma personalidade da vida política do nosso País, um jornalista cearense, de Beberibe, um intelectual de destacado valor que, fosse vivo, teria completado cem anos no último dia 4 de outubro.

            O registro que faço é exatamente do nascimento do jornalista e escritor Rui Facó, no seu centenário, um cearense de Beberibe, que grande contribuição deu para a compreensão das lutas do nosso povo, para a compreensão da nossa história e para o avanço das conquistas democráticas e sociais em nosso País.

            Na Assembléia Legislativa do Ceará, o Deputado Paulo Facó, do PT do B, instituiu 2013 como o Ano Rui Facó e informou que os pais do jornalista, Gustavo e Antonieta Facó, deram-lhe o nome em homenagem ao patrono desta Casa, Rui Barbosa, que ali está. Por isso o Rui nasceu Rui, em homenagem a Rui Barbosa.

            O nosso Rui, lá de Beberibe, no Ceará, foi aluno do Liceu do Ceará e iniciou o Curso de Direito em Fortaleza, em 1933. Na nossa capital, ingressou no Partido Comunista, então na clandestinidade. Em 1935, foi morar em Salvador, onde concluiu os estudos e se casou com sua colega de turma Julia Guedes. Ali trabalhou nos Diários Associados e foi um dos fundadores da revista Seiva, em 1938. Devido à sua atividade revolucionária, foi encarcerado pela polícia do Estado Novo.

            Em 1945, foi um dos redatores do jornal A Classe Operária, em circulação até hoje, órgão central do Partido Comunista, especialmente do Partido Comunista do Brasil, no Rio de Janeiro, e também na Tribuna Popular, jornal de massas dos comunistas, onde cobriu a fundação do Movimento Unificador dos Trabalhadores, capitaneada por João Amazonas, no artigo O MUT, que era um movimento unitário dos trabalhadores, instrumento de unidade da classe operária.

            O Partido teve seu registro cassado em 1947 e suas publicações perseguidas. Mesmo assim, Facó continuou atuando na imprensa comunista. Em 1952, foi para a União Soviética, onde trabalhou nas transmissões da Rádio Moscou para o Brasil. Retornou ao Brasil em 1958, onde reassumiu seus trabalhos na imprensa popular e democrática.

            Dentre suas obras estão Cangaceiros e Fanáticos, relatando a vida do cangaço e o fenômeno religioso do Nordeste que serviu de inspiração ao cineasta Glauber Rocha para o seu filme clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol e Brasil Século XX, escrita a pedido de uma editora da Argentina e traduzida para vários idiomas, como russo, italiano e tcheco. Segundo seu biógrafo, o jornalista cearense Luís Sérgio Santos, Cangaceiros e Fanáticos tem "rigor, método e estilo". É obra de um "artesão na garimpagem da informação e na forma".

            Morreu num acidente de avião, na Bolívia, no dia 15 de março de 1963, como descreveu o líder comunista Carlos Marighela:

A morte o colheu exatamente numa de suas viagens pela América Latina, cujos países visitava, fazendo reportagens para Novos Rumos - que era uma revista do partido -, jornal revolucionário onde ocupava um lugar de destaque na redação. Revelava-se, assim, um internacionalista, empenhando mais uma vez, tal como fizera em sua passagem pelos países socialistas, em cimentar os laços de amizade entre os povos. Comunista convicto, lutava pela completa emancipação econômica e social do povo brasileiro, que desejava um dia ver empenhado na construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista.

            Seu corpo foi sepultado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, na presença de comunistas como Dias Gomes, Milton Pedrosa, Luiz Carlos Prestes, Di Cavalcante, Carlos Marighela.

            Luiz Carlos Prestes o saudou, no sepultamento, abre aspas: "Por vários anos, ajudou o povo brasileiro em sua luta contra o imperialismo e o latifúndio e em favor das grandes campanhas patrióticas, de que é exemplo a defesa do petróleo. Sua memória será sempre lembrada pelo exemplo que deixa de intelectual comunista, sempre a serviço do povo, e de homem de combate", fecha aspas.

            É o que fazemos aqui, nesta Casa, nos cem anos de seu nascimento e cinquenta anos de sua morte.

            Temos que registrar com um viva esse intelectual do povo brasileiro, um bravo combatente que, com a sua pena, a sua caneta, deixou registradas para todos nós a história e a trajetória de lutas do povo no seu tempo.

            Viva, portanto, esse grande brasileiro, Rui Facó, e o povo brasileiro!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Um abraço a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2013 - Página 70309