Pronunciamento de Eduardo Amorim em 06/11/2013
Discurso durante a 197ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro do 60º Congresso Brasileiro de Anestesiologia, que ocorrerá em Aracaju no período de 9 a 13 do corrente; e outro assunto.
- Autor
- Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
- Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SAUDE.
ESTADO DE SERGIPE (SE), GOVERNO ESTADUAL.:
- Registro do 60º Congresso Brasileiro de Anestesiologia, que ocorrerá em Aracaju no período de 9 a 13 do corrente; e outro assunto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/11/2013 - Página 79774
- Assunto
- Outros > SAUDE. ESTADO DE SERGIPE (SE), GOVERNO ESTADUAL.
- Indexação
-
- ELOGIO, REALIZAÇÃO, CONGRESSO BRASILEIRO, ANESTESIOLOGIA, LOCAL, MUNICIPIO, ARACAJU (SE), ESTADO DE SERGIPE (SE).
- CRITICA, SITUAÇÃO, ESTADO DE SERGIPE (SE), SEGURANÇA PUBLICA, DIVIDA PUBLICA, GESTÃO, RECURSOS, SAUDE, POLITICA SOCIAL.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, colegas Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, Aracaju, capital do meu Estado, Sergipe, sediará, de 9 a 13 deste mês, portanto, esta semana, o 60º Congresso Brasileiro de Anestesiologia, o CBA, como nós chamamos, evento maior da nossa especialidade, a anestesiologia, onde estará sendo resgatada a organização do Congresso Brasileiro do Estudo da Dor. O Congresso Brasileiro de Reanimação e a Jornada Alagoas e Sergipe de Anestesiologia também integram a programação para o período, engrandecendo-o ainda mais.
Portanto, Sr. Presidente, a realização desse Congresso em Aracaju é a concretização do sonho, um sonho nutrido desde 1998, quando, Sr. Presidente, nem imaginava ser Parlamentar, muito menos político; época em que, com muito empenho, determinação e dedicação, presidi a Sociedade de Anestesiologia do Estado de Sergipe e a Cooperativa dos Anestesiologistas do Estado de Sergipe, ladeado, é lógico, por ilustres colegas. Cito aqui o Dr. José Ferreira, cito o Dr. Elio Lima, cito o Dr. Roberto, cito o Dr. Raimundo Saturnino, cito o Dr. Sinval, cito um grande amigo, já falecido e um grande sonhador que nos deu bons exemplos de união, de força, o Dr. Antonio Roberto, que já nos deixou.
Algumas vezes me perguntam se sou um sonhador. Sim, sou um sonhador, tenho fé e tenho muita esperança. E para que serve um sonho, para que serve uma utopia, muitos me perguntam. Ambos servem como motor que nos impulsiona para a realização de algo em que acreditamos, independente do tempo que leve.
Sonhei um dia em ser médico e, como bom “sonha dor" - peço licença, Sr. Presidente, licença poética para desmembrar a palavra sonha dor -, nesse sonho estava incluído o desejo de aliviar a dor dos pacientes, assim como, há exatos 167 anos, fez William Thomas Green Morton quando realizou a primeira anestesia científica no Hospital Massachusetts.
Sr. Presidente, naquele tempo e até alguns poucos anos, jamais havia pensado, ou sonhado, em entrar para a política, como já disse aqui. Só quando assumi a Secretaria de Estado da Saúde foi que percebi, de maneira clara, de maneira objetiva, que além da dor física existia uma dor muito pior, que é a dor social. E ela estava ali, na minha frente! É a dor que atinge não apenas um, mas grande parte do nosso povo e da nossa gente. A dor do desemprego, a dor da violência, a dor de saber que boa parte da nossa juventude está sendo levada, encaminhada para o mundo obscuro das drogas. A dor de saber que pisamos o melhor solo e talvez tenhamos o melhor subsolo do planeta, mas que ainda convivemos, por décadas e décadas, eu diria até séculos, com muitas e muitas mazelas, com muitas e muitas desigualdades e injustiças sociais.
Este País tem jeito, Sr. Presidente, mas o jeito quem dá somos nós com as nossas atitudes, na materialização dos nossos sonhos e das nossas esperanças, como disse o escritor e poeta inglês William Ernest Henley quando escreveu o seu poema Invictus:
Sou condutor do meu destino; sou senhor do meu destino; sou comandante da minha alma; é verdade. Porque quem poderia nos obrigar, não impõe; dá-nos liberdade para viver e nós dá o milagre da vida, que é aquele todo poderoso e supremo, Deus.
Portanto, é com as nossas atitudes que a gente materializa sonhos e materializa esperanças. Como o sonho que vivemos aqui hoje à tarde, para que a saúde pública tivesse ou venha a ter mais recursos, porque saúde significa vida, e vida plena.
Sr. Presidente, naquele tempo, e até alguns anos, como disse aqui, nem pensava em estar na política. E como também disse, só percebi quando fui secretário de saúde que a pior dor é a dor social. Nesse momento compreendi que precisava lançar mão de outros recursos, não mais os que estava usando até então nos centros cirúrgicos, na clínica de dor ou nos ambulatórios. E vi na política o verdadeiro instrumento de transformação de justiça social, um meio de dar - abre aspas - “à dor social uma atenção verdadeira e um tratamento digno, buscando a cura para as desigualdades que assolam o nosso Estado, o nosso País”, Sr. Presidente.
O meu Estado nunca esteve tão endividado, nunca passou por uma dificuldade tão imensa. Hoje é comum, durante as madrugadas, caixas e caixas eletrônicos serem arrombados e explodidos em muitas cidades do interior. O meu Estado nunca foi violento; hoje se tornou o quinto Estado mais violento, Sr. Presidente, levando-se em conta o número de homicídios proporcionalmente falando.
O meu Estado está com a saúde verdadeiramente na UTI. Esta semana eu vi nas redes sociais fotos de pacientes que estavam sendo tratados, cuidados com respirador, com respiração mecânica, Sr. Presidente, não no leito, não em uma maca, mas em cima de um bureau. Isso é muito indigno, Sr. Presidente. Ninguém merece isso, muito menos quando se pagam tantos tributos neste País, mas é o que nós estamos passando.
O meu Estado pede, clama, roga a todos os que lá moram, a todos os que amam aquele Estado ajuda em um momento tão difícil quanto este. Sergipe, Sr. Presidente, tem mais secretarias do que o Estado de São Paulo; Sergipe tem mais secretarias do que o Estado de Minas Gerais. Lá é prioridade gastar muito mais em propaganda, gastar muito mais em comunicação do que comprar o leite para aquelas crianças que têm alergia à lactose, do que comprar o medicamento oncológico, do que dar, realmente, uma saúde digna.
Sr. Presidente, em 2007, Sergipe tinha mais militares nas ruas do que tem hoje. O efetivo, naquela época, era superior a seis mil militares. Hoje, Sr. Presidente, não passa de quatro mil. E o nosso Estado se tornou, infelizmente, um Estado violento, apesar de tanta riqueza, de tanta grandeza dada pela generosidade divina.
Se nos primórdios alguns cirurgiões consideravam a dor uma consequência inevitável ao ato cirúrgico, o mesmo nunca poderia ser aplicado à dor social. Mas a humanidade venceu a dor na primavera de 1846, quando a anestesiologia teve o seu marco inicial. Diante de tudo isso, Sr. Presidente, os meus sonhos passaram a ter uma dimensão muito mais ampla.
E assim como disse, há exatos 50 anos, Martin Luther King Jr., "Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho", assim como os que sonharam um dia com a criação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e a fundaram em 1948, fruto dos sonhos de muitos, assim como sonhou o abnegado anestesiologista sergipano Sinval Andrade dos Santos, meu mestre, que, com a participação de colegas, a exemplo de Antônio Garcia Filho, fundador da Faculdade de Medicina, mais um sergipano que foi além do sonho, fundaram, em 1973, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia do Estado de Sergipe, estamos concretizando um sonho coletivo: a realização do Congresso Brasileiro de Anestesiologia.
Em seu discurso, Luther King disse: "1963 não é um fim, mas um começo". Hoje eu lhes digo que 2013 é a continuidade, o prosseguimento na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. E a hora de promover a justiça social é agora. Precisamos estar atentos, sobretudo à realidade e não aos números, índices e indicadores apenas. Estes muitas vezes nos iludem.
Assim como Luther King, eu também tenho um sonho e o meu sonho se reflete em vários outros sonhos. Ademais, temos algo muito especial a comemorar.
Este ano, 2013, estamos sediando o 60º Congresso Brasileiro de Anestesiologia e a Sociedade de Anestesiologia do meu Estado de Sergipe comemora os seus 40 anos de fundação.
Isso se deve a muitos abnegados, como aqui já disse: ao Dr. Sinval Andrade, ao Dr. Enedino, ao Dr. Ferreira, ao meu amigo e irmão Elio Lima, que me ensinou, com certeza, a fazer anestesia e ao falecido, como já disse, o querido exemplo de líder Dr. Antonio Roberto, que nos ensinou que pela união se constrói e se tem uma força enorme. Melhor um soldado domado do que um soldado apenas pelo soldo.
Assim como perseguimos o anestésico ideal, perseguimos também políticas públicas que sejam ideais, que, com uma boa margem de segurança e a ausência de efeitos colaterais, possam tornar nossa sociedade equânime.
Sr. Presidente, para finalizar, eu gostaria de citar Victor Hugo, quando dizia não haver nada mais poderoso que uma ideia cujo tempo chegou.
Chegou, Sr. Presidente. Há mais de 13 anos sonhamos com esse congresso e pedimos a realização desse congresso, porque o regimento da sociedade assim permitia. Todas as grandes capitais já estavam nesse tempo: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, todas as grandes capitais. Sobrou apenas, para 13 anos depois, Sr. Presidente, a gente realizar esse sonho que começa sábado, o 60º Congresso Brasileiro de Anestesiologia, realizado com muito esforço, com muita abnegação do Presidente do congresso, Dr. Ronaldo Gurgel. Tenho certeza de que sofreu muito para realizar esse sonho com o Dr. Roberto Menezes, o Dr. Ferreira, o Dr. Marcos Albuquerque e tantos outros que contribuíram e se esforçaram, porque, Sr. Presidente, acredite, Sergipe ainda não tem, mesmo 13 anos depois, um centro de convenções adequado para realizar eventos de uma dimensão como essa. Serão mais de três mil anestesiologistas reunidos em Aracaju, que ficarão por uma semana sendo cuidados, tratados e bem recebidos com o calor humano que o sergipano tem, para que a gente possa discutir o presente e o futuro da anestesiologia não no nosso País apenas, mas no mundo como um todo.
Então, Sr. Presidente, a partir desta semana, Aracaju será a capital mundial da anestesiologia. São mais de 220 convidados, vindos de todo os cantos do Brasil e de muitos cantos do Planeta.
Muito obrigado pela paciência e por nos permitir esse momento.
O SR. PRESIDENTE (João Vicente Claudino. Bloco União e Força/PTB - PI) - Quero parabenizar V. Exª pelo pronunciamento, principalmente por levar o 63º Congresso Brasileiro de Anestesiologia, eu sei que é um sonho antigo.
Estive em Aracaju...
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Agradeço a sua ida. Muito gentil, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Vicente Claudino. Bloco União e Força/PTB - PI) - ... e vi o reconhecimento no semblante das pessoas pelo trabalho de V. Exª, pela maneira diferente como se faz política, como se presta conta do que se faz aqui no Senado Federal, no Congresso Nacional.
Em quanto à parte política do pronunciamento, de tantos Líderes que V. Exª citou no seu pronunciamento tão rico, eu cito Santo Agostinho, quando diz que a esperança tem dois filhos: a indignação e a coragem. A indignação de nós nos insurgimos ao que está errado e a coragem de fazer mudar toda essa situação.
Então, pelo relato que V. Exª faz de Sergipe, Senador Eduardo Amorim, eu tenho certeza de que V. Exª terá a coragem, à altura dessa transformação, de dar àquele Estado, não a anestesia do sentimento, que é a acomodação, a inércia, mas a coragem de se insurgir e de pensar num Estado bem diferente.
Parabenizo V. Exª.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Obrigado, Sr. Presidente, obrigado pelas suas palavras.
Publicamente, agradeço aqui a sua presença recentemente lá no nosso Estado, o seu esforço de ter ido, não sozinho, mas com certeza com toda uma comitiva. Está registrado, não apenas no nosso coração, na nossa mente, mas com certeza no de muitos sergipanos.
V. Exª é um amigo sergipano, sim, e só temos a agradecê-lo pelos seus adjetivos e, sobretudo, agradecer ao bom Deus pela amizade e pelo convívio.
Muito obrigado, Sr. Presidente.