Pronunciamento de Eduardo Suplicy em 09/10/2013
Encaminhamento durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem póstuma à artista brasileira Norma Bengell.
- Autor
- Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
- Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Encaminhamento
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Homenagem póstuma à artista brasileira Norma Bengell.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/10/2013 - Página 70613
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, ARTISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PARTICIPAÇÃO, INOVAÇÃO, CINEMA, TELEVISÃO, INFLUENCIA, CULTURA, PAIS.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Ruben Figueiró.
Filha única de um imigrante alemão que trabalhava como afiador de pianos e de uma moça de família rica que foi deserdada após o casamento, Norma nasceu e passou a infância no Rio de Janeiro. Aos 10 anos, seus pais separaram-se e ela foi viver com os avós paternos.
Começou a trabalhar, no início dos anos 1950, como cantora e vedete do teatro de revista aos 16 anos. Em 1959, lançou o primeiro disco, com músicas de Tom Jobim e João Gilberto. No cinema, participou de 64 filmes. Estreou nas telas, aos 23 anos, no longa metragem O Homem do Sputnik, estrelado por Oscarito, onde fez sucesso parodiando a famosa atriz francesa Brigitte Bardot.
A atriz entrou para a história do cinema brasileiro ao protagonizar a primeira cena de nu frontal, aos 26 anos. A cena, um avanço para a época, faz parte do filme Os Cafajestes, de 1962, dirigido por Ruy Guerra.
Segundo Rose Marie Muraro, Norma Bengell, com essa cena, influenciou muito o trabalho posterior dela como feminista. Abrindo aspas para Rose Marie Muraro:
Fazer um nu frontal, sério, artístico, na época em que imperava a pornochanchada, foi uma demonstração de coragem e seriedade. Norma, assim como Brigitte Bardot, foi uma atriz que mostrou que expor o corpo da mulher não era objeto de escárnio e sim uma expressão séria e profissional da arte. [Afirmou Muraro]
Com o sucesso no cinema, Norma Bengell se voltou quase totalmente para a sétima arte. Em 1961, estrelou o filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o que elevou sobremodo o nome do cinema brasileiro, inclusive o de Norma Bengell.
Ela estreou como diretora de cinema em 1988, com Eternamente Pagu. Ainda atrás das câmeras, adaptou o clássico O Guarani, de José de Alencar, para o cinema em 1997. Em 2005, voltaria a focar em histórias de grandes mulheres, como Infinitamente Guiomar Novaes, um documentário sobre a pianista morta em 1979, e Magda Tagliaferro - O Mundo Dentro de um Piano.
No teatro, subiu aos palcos em 1968, sob a direção do então estreante Emílio Di Biasi, em Cordélia Brasil, primeiro texto do escritor e dramaturgo Antônio Bivar. Em 1976, fez Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. A atriz retornaria ao texto clássico em 2008, com a companhia Os Satyros, sob a direção de Rodolfo García Vázquez.
Na TV, participou de várias novelas, como Partido Alto e Sexo dos Anjos. Seu último trabalho foi como Deise Coturno, em 2009, no programa humorístico Toma Lá, Dá Cá.
Seu último trabalho foi no teatro em 2010, quando protagonizou a montagem de Dias Felizes, de Samuel Beckett, com a direção de Emilio Di Biasi. No palco, sua vida se fundiu à história de Beckett, e trechos preciosos de sua trajetória eram exibidos ao fundo.
O velório está sendo realizado agora, a partir das 18 horas, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. A cremação será no Memorial do Carmo, no Caju, nesta quinta-feira.
Conforme a Vivi e o Xexéo hoje comentaram, na Rádio CBN, nesses últimos tempos, Norma Bengell estava um pouco só, em cadeira de rodas. Há pouco tempo, ela publicou a sua biografia, que eu ainda não li, mas que, certamente, deve ser muito interessante.
Quero aqui, portanto, externar a minha homenagem a esta grande atriz brasileira, Norma Bengell, que faleceu na última noite.