Pela Liderança durante a 185ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o crescimento da economia no Estado da Bahia.

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Considerações sobre o crescimento da economia no Estado da Bahia.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/2013 - Página 75435
Assunto
Outros > ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, CRESCIMENTO, ECONOMIA, ESTADO DA BAHIA (BA), PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), INVESTIMENTO, MINERAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, INFRAESTRUTURA, AEROPORTO, PORTOS, MODERNIZAÇÃO, AGRICULTURA.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Pela Liderança. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente; Srªs e Srs. Senadores, nossos telespectadores desta noite de nossa querida TV Senado, quero, neste momento de meu pronunciamento, falar acerca do crescimento da economia no Estado da Bahia.

            Todas as vezes que falamos de crescimento de PIB... E o Senador Armando Monteiro poderíamos dizer que é um especialista nisso, por ter sua vida, sua atividade vinculada exatamente a um dos setores importantíssimos da indústria e, particularmente, Senador Armando Monteiro, a um segmento fundamental - e, nesse caso específico, quando me refiro à Bahia, um dos setores preponderantes e, diria mais, decisivo para o crescimento do PIB, que foi exatamente a indústria de transformação na Bahia.

            Mas falar de PIB e crescimento é muito comum que falemos de forma fria e falemos dos números, como se eles brotassem do nada, como se os números chegassem por geração espontânea, como se os números caíssem das nuvens - aliás, em nuvem, hoje, até há muitos dados, não sei se eles caem; alguns até espionam, mas não sei se eles chegam a despencar das nuvens, para chegarem aqui à chamada estatística para a leitura de como cresceu ou não cresceu uma economia.

            A Bahia, no primeiro semestre, teve um crescimento de 3.3%. Portanto, a Bahia cresceu mais do que o dado apresentado recentemente do crescimento da economia nacional, que é de 2.6%, o indicador de crescimento do nosso Brasil.

            Mas volto a insistir, Senador Armando, que é fácil chegar e fazer a leitura final de 3,3%. Por que isso aconteceu? Aí é fundamental a gente falar exatamente das atitudes, das iniciativas, do planejamento, da decisão arrojada, da coragem de apostar, por exemplo, num viés de administração e de intervenção para desenvolvimento de um Estado.

            Portanto, a Bahia, mesmo tendo sofrido, ao longo dos anos, um processo, eu diria, de abandono da sua estrutura logística, chega a esse patamar exatamente pela coragem que teve o Governador Jaques Wagner de apontar uma linha de desconcentração da nossa economia.

            A nossa economia, Senador Armando Monteiro, no Estado da Bahia, passou a vida inteira dependente de... Não vou falar que era dependente de samba de uma nota só, porque havia outra nota também, então não era só petróleo, pois era petróleo e a parte química e petroquímica. Somando esses dois setores, nós poderíamos falar de algo em torno de 35% da economia baiana a incidência da química e petroquímica e do setor de petróleo. Se olharmos direitinho, a gente termina podendo falar de um setor só, porque todo o resultado da indústria de petróleo se materializa na indústria química, na indústria de transformação, no refino e no processo químico, na sua essência, na sua natureza, para a utilização principalmente de outras partes que compõem o petróleo que não só o combustível. Mas mesmo o combustível também é combustível preponderante na indústria química e petroquímica. Portanto, a decisão do Governador Jaques Wagner, a ousadia nessa política de atração de outros vetores de desenvolvimento, sem abandonar a indústria química e petroquímica...

            Agora, por exemplo, o Governador Jaques Wagner, no retorno de uma viagem à Alemanha, anuncia a ampliação de unidades no Polo Petroquímico de Camaçari por grandes empresas. Antes de ir para a Alemanha, ele já tinha sido anunciado o investimento de mais de R$1 bilhão na Bahia por uma grande empresa do ramo de química e petroquímica, a Basf. Agora, outros setores, inclusive associados pelo mundo afora, como é o caso da Braskem, já anunciam um investimento, que o Governador Jaques Wagner, no seu retorno, já verbalizava, em números, de algo em torno de R$600 milhões.

            Portanto, não é o abandono de uma vertente, mas a ampliação e a diversificação da economia baiana.

            No setor mineral, por exemplo, nós estamos falando do investimento de mais de R$50 bilhões para os próximos dez anos. É estrondoso como cresce o setor mineral no Estado da Bahia, não só ali na área do sudoeste baiano, mas também em outras regiões.

            Hoje, inclusive, na Bahia, na região de Maracás, há a ativação de uma unidade de vanádio, importante mineral para utilização até mesmo na área de saúde. Nós temos outra parte fundamental, as terras-raras, ali no oeste baiano, que já foi motivo de disputa pelo mundo afora para extração de tálio, de escândio. Portanto, estou falando de terras raras que, se somadas ou processadas, meu caro Paulo Paim, poderiam resultar numa mistura tão importante que eu poderia dizer que seria uma liga que será mais leve do que o alumínio e mais resistente do que o aço.

            Portanto, há essa expansão e essa coragem do Governador Jaques Wagner de apostar num investimento para desenvolver localmente, olhando o Estado da Bahia como um todo e não como só uma região.

            É fácil fazer investimento na Meca, na região metropolitana, é fácil falar, por exemplo, em agregar diversas indústrias ao pólo petroquímico daquela região metropolitana, aproveitar as potencialidades, aproveitar a proximidade com o Porto de Aratu, aproveitar a proximidade com as rotas de saída para escoamento da produção.

            Portanto, o Governador Jaques Wagner apostou na diversificação.

            Além dessas questões, há outra aposta decisiva do Governo do Estado no sentido de melhorar a nossa malha de infraestrutura rodoviária, ferroviária, portuária, aeroportuária, hidroviária... Portanto, o desafio de lutar aqui em nível nacional. E é importante salientar a participação da Bancada Federal na questão da Ferrovia Oeste-Leste, que estava fora, que foi decisiva a participação do Governador Jaques Wagner e da nossa Bancada, aqui, no plano federal, para que pudéssemos botar na ordem do dia essa estrada, uma estrada de ferro pensada há muitos anos.

            Baiano por adoção, mineiro de nascimento, Vasco Neto, que foi Deputado no Congresso Nacional, teve a oportunidade de, na década de 60, falar desse trajeto do Atlântico ao Pacífico, saindo do sul da Bahia e chegando a Porto Bayóvar, no Peru, como alternativa. Na FIOL, nós conseguimos fazer ali do Tocantins para a Bahia. Estamos no trecho de Barreiras até Ilhéus.

            É óbvio que toda ferrovia precisa desaguar em algum lugar. Para isso, foi decisiva, mais uma vez, a cobrança do Governador Jaques Wagner junto ao Governo Federal para investimento no Porto Sul, criando mais uma oportunidade para essa ligação tanto do ponto de vista de atração, ou seja, da chegada de produtos, quanto para a exportação de toda a nossa produção no Estado da Bahia. Não só para exportar commodities, mas, principalmente, para chegar a esse desafio de termos oportunidade de exportar produtos com valor agregado, que geram emprego localmente.

            A chegada do Porto Sul é também um estímulo para a retomada principalmente da indústria a partir do cacau, para a produção do chocolate naquela região sul. As potencialidades em toda aquela região, com a chegada, agora, da Universidade do Sul, com sede na cidade de Itabuna e suas barracas estendidas até Teixeira, Porto Seguro, ampliando, de uma vez por todas, a chamada porta do saber, a perspectiva de investir cada vez mais no conhecimento para chegar à ciência aplicada, o que já faz hoje a nossa boa Universidade de Santa Cruz, que é a universidade estadual cravada entre Itabuna e Ilhéus.

            Mas o desafio para chegar a esse número não pára aí. Há ousadia do Estado da Bahia em apostar na energia que vem do vento. O sertanejo, Senador Armando Monteiro, o sertanejo do nosso querido Estado da Bahia e do Estado de V. Exª, Pernambuco, o sertanejo já dizia isso sobre o vento muito antes dos pesquisadores.

            Meu pai, na roça que ele tinha ali no Lajedo, se virava para nós e dizia: quanto mais seco, mais vento. É o contrário. A pesquisa mostra que não há mais vento quanto mais seco. É o contrário: quando tem vento, o vento leva a chuva, e aí vem a seca.

            Mas o sertanejo tinha sabedoria a partir exatamente da sua experiência. Para ele, o que ele colhe do vento é a secura. É essa a relação direta que tem o sertanejo.

            E, portanto, bebendo nessa fonte, ou melhor, trafegando, caminhando no vento é que nós chegamos a instalar o maior parque, nós vamos ter o maior parque da América Latina, o maior parque eólico no Estado da Bahia.

            Colado a isso, o Governo do Estado adotou uma postura firme de atração de investimento da indústria eólica. Não só para colher o vento, mas também para produzir para colher o vento. Estamos instalando uma fábrica, no interior da Bahia, com investimento de R$1 bilhão, para, na região sudoeste, produzir os aerogeradores, para instalar as fábricas que vão também processar toda essa estrutura. Há a possibilidade de, quem sabe, a gente produzir também as ligas para chegar a todo o aparato que resulta nas palhetas, a todo o aparato ou àquilo que resulta nas torres e, principalmente, tudo o que, em volta de um aerogerador, precisa ser produzido localmente.

            Além dessa unidade no interior, nós temos mais quatro unidades de produção na área de energia eólica sendo instaladas na Região Metropolitana de Salvador. Portanto, colhendo do vento o desenvolvimento, buscando no vento a possibilidade efetiva de promover a entrega da energia e, ao mesmo tempo, colhendo para a economia.

            Há, também, uma ousadia por parte do nosso Estado. O nosso Governador apostou na possibilidade de apontar, cada vez mais, para o caminho da inovação e, numa luta árdua, implantamos o parque tecnológico em Salvador, que completou um ano, com 40 empresas já operando no parque hoje, e, em uma parceria significativa com o Sistema S, nós temos na Bahia o maior, um dos melhores laboratórios, um dos melhores centros de pesquisa e desenvolvimento do Brasil, o nosso Cimatec.

            E demos, recentemente, Senador Armando Monteiro, mais um passo ousado, a instalação de um supercomputador, o maior da América Latina. Mas eu não estou falando em um supercomputador como quem fala de um equipamento. Na minha época, quando eu entrei no Sistema Telebrás, com meus 19 anos, os computadores tomavam salas inteiras, porque nós tínhamos que ter equipamentos enormes para processar dados. Eu estou falando de um supercomputador não porque ele seja um bicho enorme fisicamente, mas pela sua grande capacidade de processar e ajudar na pesquisa. Eu estou falando que nós ganhamos um grande laboratório, que chamamos de supercomputador, numa parceria com a British Gás e com a ANP. Mas nós não vamos fazer só pesquisa na área de petróleo e gás, porque vamos invadir a área fundamental da biotecnologia para tratar dessa questão da saúde.

            É de um brasileiro, baiano, o companheiro Cláudio Joazeiro, uma das maiores pesquisas para identificar porque uma célula degenera e chega ao mal de Alzheimer. Um jovem que saiu de Salvador aos 18 anos para fazer Biologia na USP, que estava em San Diego aos 22 e que hoje é professor do doutorado é uns dos 50 maiores pesquisadores desse mundo. Portanto, nós queremos pegar isso, quem sabe até repatriar o nosso querido Claudio Joazeiro, mas precisamos beber nessa fonte, junto com a Fiocruz, junto com outras instituições, precisamos usar esse nosso grande laboratório supercomputador para avançar nas pesquisas de biotec, para avançar nas pesquisas sobre mobilidade, para avançar nas pesquisas para introduzir inovação em todas as etapas da vida, desde a produção até a logística, para saída daquilo que se produz.

            Portanto, para chegar ao PIB de 3,3% é preciso ousadia para inovar, coragem para desenvolver. Esse é um desafio enorme e assim nós fizemos no Estado da Bahia.

            É fundamental também lembrar que foi com essa ousadia que o Governador Jaques Wagner apostou na possibilidade efetiva de encontrar outra vertente da Bahia: a agricultura. Temos, hoje, uma das grandes áreas de produção de leite, feita por uma das maiores cooperativas do mundo, da Nova Zelândia. Segundo os próprios donos dessa cooperativa, uma das maiores do mundo - não é só uma grande marca, mas uma cooperativa -, ali, em Jaborandi, no oeste baiano, sua produção é superior à da Nova Zelândia.

            Fizemos todo tipo de avanço para ir ao encontro dessa vocação do oeste, para ir ao encontro da vocação na região do sisal, para ir ao encontro da vocação para plantar uva e, quem sabe, produzir vinho na região de Morro do Chapéu. Na boa experiência das vinícolas pelo mundo afora, onde se produz o bom vinho geralmente se planta uma oliveira, de onde se extrai o produto principal, o azeite.

            Portanto, arriscando isso na Bahia, aproveitando em alguns lugares o clima, na velha Bahia. A boa uva que dá o bom vinho geralmente vem do solo mais difícil e está lá, estamos fazendo isso. Apostamos efetivamente em fazer investimento na agricultura familiar este ano R$1,2 bilhão. Aplicamos durante a seca mais de R$260 milhões no Garantia Safra, para garantir concretamente a economia local girando. Não se chega a 3,3% de crescimento do PIB com geração espontânea, tem que ter esforço, tem que ter incentivo.

            Do ponto de vista da agricultura de grande porte, vamos fazer investimento de R$5 bilhões este ano. Apostamos também - vou concluir meu Presidente -, Senador Armando Monteiro, no setor automotivo: a ampliação da fábrica da Ford, a chegada da Jac Motors, a conversa com outros setores, a possibilidade de se agregar ali naquele entorno. Além da questão do setor automotivo na sua essência, a montagem é também em Camaçari, na Bahia, a grande unidade de design dessa montadora mundial. Portanto, o mesmo carro que roda no mundo foi desenvolvido em dois lugares só: na Índia e na Bahia, na cidade de Camaçari.

            Então, apostamos nisso. É para essa coragem que quero chamar atenção. Foram essas atitudes com infraestrutura como a Fiol, metrô, rodovias, mais de 7.000 Km de rodovias recuperadas! É importante lembrar claramente como se fez isso para permitir que tivéssemos oportunidade de ganhar escoamento, de apostar na melhoria dos nossos portos, no Porto de Salvador, no Porto de Aratu, no Porto de Ilhéus, a chegada do Porto Sul, a consolidação da nossa via expressa na cidade de Salvador, a esperança dos soteropolitanos, dos baianos e dos baianos da região metropolitana, de uma vez por todas, para retirar o metrô, que era um metrô calça-curta, que nunca funcionou. Em 12 anos de obras...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... o metrô não foi para lugar nenhum. Agora, não só botar esse metrô para deixar de ser calça-curta como também botar o metrô para funcionar e, portanto, entregar ao povo baiano mais uma ótima obra no que diz respeito à mobilidade.

            Então, apostar nisso é apostar exatamente no investimento. São 50 bilhões de investimentos para os próximos anos; mais de 2 bilhões de investimentos no interior apostando nessa indústria.

            Volto a dizer, Senador Armando Monteiro, que me alegra muito ver a indústria da transformação contribuir com 10% para chegarmos nesse PIB.

            Por isso, não veio do vento, mas usamos o vento; não caiu das nuvens, mas usamos muito a água da chuva que veio para a gente conseguir botar a Bahia para crescer 3,3% no PIB, muito mais do que o PIB nacional.

            Era isso que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/2013 - Página 75435