O SR. PAULO BAUER (Bloco Minoria/PSDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobres Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, sabemos que, já neste horário mais avançado, o plenário não conta com a numerosa presença de Senadores que contava na manhã de hoje, quando se fez aqui uma sessão solene para comemorar os 25 anos da Constituição. Mas, sem dúvida, os Senadores que aqui se fazem presentes e que dispensam ao nosso pronunciamento as atenções devem merecer, antecipadamente, os meus agradecimentos. Certamente, os demais que se encontram ainda nas dependências da Casa vão ouvir as minhas palavras e tomarão conhecimento da razão da minha presença na tribuna nesta noite.

            Tenho ocupado esta tribuna com regularidade para defender o Estado que represento, o Estado de Santa Catarina, e para cobrar o cumprimento dos compromissos do Governo Federal com os catarinenses. Lamentavelmente, essa cobrança não tem surtido efeito, o efeito desejado.

            O Palácio do Planalto, em relação à Santa Catarina, tem atuado com muito discurso e pouca ação.

            Hoje, Sr. Presidente, estou aqui para falar sobre mais um tema que é muito caro para Santa Catarina. Venho aqui para enaltecer a obra de um ilustre catarinense e assim contribuir para a valorização da cultura no Brasil. Estou aqui para, em nome de todos os catarinenses, reverenciar Willy Zumblick, um dos maiores artistas plásticos brasileiros de todos os tempos! Até 26 de setembro de 2014, portanto até o ano que vem, nós estaremos comemorando, em Santa Catarina, o centenário do nascimento de Willy Zumblick, incontestavelmente o maior artista catarinense do século XX.

            Os críticos de arte que se debruçam sobre o trabalho de Zumblick são unânimes em apontar a genialidade, a extrema qualidade artística de suas obras. Qualquer um de nós, mesmo não sendo um profundo conhecedor das artes, irá se impressionar com a luminosidade de suas telas, irá se emocionar com a doçura de seus personagens, irá se arrepiar com a intensidade do momento que Zumblick capta em cada uma de suas obras.

            Tivesse Zumblick deixado sua querida Tubarão, sua cidade natal, e se deslocado para o Rio de Janeiro ou São Paulo, atendendo aos muitos convites que recebeu, ele certamente teria se tornado muito mais famoso. Teria se tornado conhecido no Brasil inteiro, e até internacionalmente. Teria tido sucesso comercial. Teria levado uma vida de celebridade.

            Mas não era isso que ele buscava da vida. Ele buscava ser um homem de bem, um pai de família, conquistar o verdadeiro amor. Teve sucesso em todos esses seus propósitos.

            Foi casado com sua amada Célia, sua musa inspiradora, por 68 anos. Teve cinco filhos, entre eles o meu fraternal amigo Raimundo Zumblick, ex-reitor e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina, a nossa querida Udesc.

            Willy Zumblick foi um cidadão respeitado e admirado por toda a sociedade tubaronense. Sempre foi ativo nas causas sociais, e chegou a concorrer ao cargo de prefeito, numa candidatura-protesto, usando sua fama como artista para denunciar os problemas da cidade, que se arrastavam sem solução e precisavam de atenções do serviço público e dos dirigentes municipais.

            Willy Zumblick nunca buscou o retorno financeiro por sua arte. Sustentava a família com o ofício de relojoeiro, que aprendeu do pai, um imigrante alemão. Ainda assim, dedicava-se com afinco à sua arte. Em sua profícua produção, ultrapassou a marca de 1200 obras - hoje, inclusive, obras que se encontram no mercado e que têm um valor muito alto do ponto de vista comercial. Certamente, Willy Zumblick, se vivo estivesse, teria um grande susto ao conhecer a que preço chegam suas obras no mercado das artes, tanto de Santa Catarina, quanto do Brasil.

            Os temas da maioria de suas obras expressavam o incondicional amor de Willy Zumblick por Santa Catarina, por suas histórias e tradições: a bandeira do divino, o boi de mamão, os personagens históricos e populares catarinenses. Além de pinturas, produziu retratos, carrancas, monumentos e murais, ilustrou livros e também elaborou contos.

            Ele próprio escreveu um livro, cujo título é Entre Penas e Pincéis, onde narra histórias de sua arte. Foi biografado por Lélia Nunes, uma ilustre catarinense, no livro Zumblick - Uma História de Vida e Arte, e teve seu trabalho celebrado no livro A Arte de Zumblick, escrito por Volnei Martins Bez, Valmiré Rocha dos Santos e Carlos Rocha.

            Parte de suas obras estão expostas no Museu Willy Zumblick e no Museu da Unisul, Universidade do Sul de Santa Catarina, ambos na cidade de Tubarão. Outras 1200 obras de Zumblick estão catalogadas na publicação Zumblick para Sempre, um trabalho de valor inestimável.

            Faleceu em 2008, aos 94 anos, deixando-nos uma obra tão rica, tão bela e tão original, que é uma verdadeira lástima não ser conhecida por todos os brasileiros. As comemorações do centenário de Zumblick são uma oportunidade para mitigar essa situação. Os correios lançaram três selos comemorativos e um carimbo com obras de Zumblick. Em Santa Catarina, as homenagens se sucedem. Será até mesmo enredo de uma das escolas de samba que desfilam no carnaval de Florianópolis do ano que vem, e que certamente vale a pena ser visitado e visto por todos aqueles que puderem se deslocar para Santa Catarina na oportunidade devida.

            No entanto, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, qualquer homenagem será insuficiente diante do gênio, do talento, da estatura do artista que foi Willy Zumblick. Com este meu singelo pronunciamento, pretendo apenas fazer ecoar um pouco mais o nome desse artista único, e quem sabe despertar a curiosidade de alguns brasileiros de outros Estados, e também de alguns jovens catarinenses ainda não familiarizados com sua obra.

            Com a internet, o universo fantástico de Zumblick está apenas a alguns cliques de cada um de nós. Vale a pena conhecer. E quem conhecer certamente concordará que o catarinense Willy Zumblick é um dos maiores artistas plásticos brasileiros de todos os tempos.

            Muito obrigado, e com certeza esta Casa, que é guardiã da democracia, que comemora o aniversário de uma Constituição, como aconteceu hoje, que aborda os temas de interesse nacional, que defende a soberania do Estado, que luta pela cidadania e pelos direitos dos brasileiros, que defende aqueles que mais precisam, que denuncia as irregularidades, também deve cumprir o seu papel, enaltecendo a figura de grandes brasileiros que se destacam e se destacaram nas mais diversas atividades, sejam elas da política, da Administração Pública, da iniciativa privada, do esporte e, por que não dizer, também das artes, como é o caso de Willy Zumblick, esse ilustre catarinense?

            Muito obrigado.