O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco Apoio Governo/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Sérgio, parabenizo o meu querido Senador Anibal, com quem comemoramos o êxito do nosso Governo Tião Viana e também as eleições do nosso processo interno em todo o Brasil, especialmente no Acre e no Paraná. Mas destaco, também, o meu Piauí, onde tivemos a eleição de presidentes nos Municípios, como, por exemplo, da Regina Souza, uma mulher na Presidência do partido. Ela tem uma experiência brilhante e se destacou, Senador Anibal, como uma candidata única, coisa que não é fácil, V. Exª conhece...

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - No Partido dos Trabalhadores, unificar não é fácil.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco Apoio Governo/PT - PI) - Unificar não é fácil. (Risos.)

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Então, parabéns a nossa Presidente do Piauí.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco Apoio Governo/PT - PI) - O.k. Obrigado. Então, meus parabéns aqui à Regina e a todos que vão com ela compor a direção do partido, assim como o Rui Falcão e, em cada direção estadual, municipal, o Esmerino, que foi o vencedor na capital, assim como em outros Municípios do Piauí.

            Eu começo aqui relatando que, nesta semana, nós tivemos a oportunidade de visitar vários Municípios. Há pouco, recebíamos o Prefeito Mourinha, do Município de Inhuma, onde fomos recebidos tanto pelo Governo quanto pela oposição, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Recebemos uma pauta importante da comunidade.

            Esteve aqui conosco, também, o Carvalho, que é de Massapê do Piauí, com quem tratamos sobre a adutora e outros projetos importantes lá do Município.

            Tive oportunidade de visitar os Municípios de Ipiranga do Piauí e de Valença do Piauí, onde participei de debates com prefeitos, com vereadores, com todas as lideranças; e também os Municípios de Lagoa do Sítio, de Lagoa do Piauí, do Novo Oriente do Piauí, de Barra d’Alcântara.

            Estivemos em Campo Maior, em um importante evento com o Senador João Vicente, com os Deputados Estaduais e Federais do meu Estado, com o Prefeito Paulo Martins, com a direção do Bando do Nordeste, destacando aqui a presença do Dr. Luiz Carlos Everton e de toda a equipe, em um dia de negociação de dívidas, de novos financiamentos para os agricultores familiares especialmente.

            Ainda destaco a visita a Aroazes, onde, em um momento emocionante, por meio de uma emenda do Senador João Vicente e do Deputado Federal Paes Landim, nós tivemos a inauguração de um sistema d’água, em uma comunidade aonde chegaram os primeiros habitantes, através de Dª Raquel, em Serra da Raquel, como é conhecida em Aroazes, com a presença do Tomé, que é o atual prefeito, e a presença de outros líderes, com quem comemoramos. Quando eu era governador, eu tive a oportunidade de trabalhar para que houvesse acesso àquela comunidade, uma comunidade que era isolada, habitada em 1877, e que ali houvesse também a presença de energia. Comprometemo-nos com o programa de habitação; outros Parlamentares com o calçamento. Enfim, pela histórica comunidade da Serra da Raquel, em Aroazes.

            Também, Sr. Presidente, um dia de trabalho com a Embrapa, com a Bancada coordenada pelo Deputado Jesus Rodrigues, com as presenças do Deputado Osmar Júnior, do Deputado Assis Carvalho, do representante do Senador Ciro Nogueira e do Senador João Vicente, o ex-Prefeito Elmano, e do Fernando, o novo chefe da Embrapa, com toda a equipe técnica, tratando de um plano especial para o Piauí.

            Finalmente destaco aqui, dentre tantas outras agendas, a comemoração do Dia Nacional da Juventude, ali na Vila Irmã Dulce, comandada por Dom Juarez, nosso Bispo e Arcebispo de Teresina e do Piauí, que coordenou todo esse processo naquela comunidade. Ali uma presença muito forte da juventude. Destaco aqui também a presença da Vereadora Teresa Britto, de Teresina, do Partido Verde, com quem ali tivemos o privilégio daquele momento

             Mas, Sr. Presidente, além dessa pauta, por meio da qual recebemos reivindicações, pudemos fazer orientações para os Municípios, associações, cooperativas, visitar, inaugurar obras, enfim, eu destaco também o Festival da Uva, em são João do Piauí, na região sul, onde vamos estar agora neste fim de semana.

            Nesse Município, tivemos uma experiência piloto, implantada no meu mandato, em parceria com a Embrapa, de produção de uva, de melão, de manga, experiências na área de maçã, de ameixa, de pera, e também a produção de oliveiras sendo testada, a partir de uma parceria com Israel. Enfim, é uma região promissora.

            Ali, com a presença da direção da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, representando a Presidenta Dilma, do Banco do Nordeste do Brasil, da Embrapa, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, nós vamos, com o Prefeito Gil Carlos, que eu tenho a honra de dizer que é do nosso partido, com membros da Bancada na Assembleia e aqui no Senado e na Câmara, poder participar desse momento, que é um momento cultural.

            Haverá a presença de artistas locais, tais como o Frank Sabbá, que é conhecido no nosso Estado, e de grupos folclóricos locais, como o Coral dos Vaqueiros.

            Mas também é uma feira, é uma reunião de negócios voltada para a fruticultura irrigada, caprinos, ovinos, piscicultura e outras atividades que são apoiadas por nós ali, com o Governo do Estado, o Governo Federal e o Município de São João do Piauí.

            Ali, também, nós vamos ter a oportunidade da revitalização da presença da Embrapa e, é claro, um momento festivo com o cantor José Augusto, com o nosso forrozeiro Flávio José e com tantos outros artistas que ali estarão.

            É uma parceria que envolve diversas entidades, tais como, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, através das suas entidades nos assentamentos Marrecas, Lisboa, Espinho e em tantos outros assentamentos importantes daquela comunidade.

            Ali vou ter a oportunidade de estar visitando os Municípios daquela região, se Deus quiser, neste final de semana.

            Sr. Presidente, eu quero aqui saudar todos que participam da organização: a Deputada Rejane e todas as demais que ali atuam.

            Sr. Presidente, mas no meio de tantas informações importantes, eu também trago aqui, através dos que nos escutam pela TV Senado e pela Rádio Senado, a notícia de um momento triste para mim e para o Piauí, especialmente para a querida Oeiras, a minha cidade Natal.

            Existem pessoas com a capacidade nata de marcar a vida da gente. O Estado do Piauí teve o privilégio de abrigar uma pessoa assim. O escritor Orlando Geraldo Rego de Carvalho, sem sombra de dúvidas, marcou a vida de muita gente com suas palavras, com seus escritos.

            Um escritor, um romancista, contista, nascido na minha cidade, no Município de Oeiras, onde Rego de Carvalho, faleceu, no último sábado, aos 83 anos de idade.

            Também bancário, foi meu contemporâneo no Movimento Sindical Bancário. Doutor “Honoris Causa” da Universidade Federal do Piauí, bacharel em Direito, professor e funcionário aposentado - como eu disse - do Banco do Brasil, Rego de Carvalho, como é conhecido, teve seu trabalho reconhecido nacionalmente. Ele foi um dos membros da conhecida Geração 45, o seleto grupo de escritores romancistas do ano de 1945.

            Rego de Carvalho foi responsável pela criação de um dos marcos do modernismo no Brasil, quando, em 1949, criou a revista Caderno de Letras Meridiano, juntamente com o poeta H. Dobal e o crítico e ensaísta Manoel Paulo Nunes.

            Entre suas principais obras, O. G. Rego de Carvalho, como ele costumava assinar, deixa os romances Ulisses - Entre o Amor e a Morte, Amarga Solidão, Somos Todos Inocentes e Como e Por Que Me Fiz Escritor. Rego de Carvalho ocupava a cadeira de nº 6 da Academia Piauiense de Letras e vai deixar uma saudade muito grande em todos nós piauienses e brasileiros que o conhecemos, em todos nós que nascemos e crescemos lendo seus livros.

            Quero externar meu abraço a todos os seus familiares, à sua esposa, especialmente, e aos familiares da cidade de Oeiras, sua terra natal, que, certamente, vive com muita tristeza este momento.

            É claro que O. G. Rego deixa a vida e fica na história da Literatura.

            Destaco também a sua forma sempre carinhosa. Sr. Presidente, tive um privilégio. Sou escrevedor de história, sou escrevedor de contos e destaco uma passagem fantástica. O. G. Rego de Carvalho era uma pessoa muito tímida, muito na dele. Ele já fazia o tratamento. Um dia, eu tomei uma decisão. Eu tinha alguns contos premiados e tomei a decisão de fazer a publicação de um livro chamado Macambira, um conto premiado, que fala de um momento de seca, do momento em que o DNOCS implantava um projeto desses que o Governo faz desabrigando pessoas e criando um conflito muito grande. Eu pedi ao O. G. Rego que pudesse olhar se valia a pena publicá-lo, e ele aceitou, inclusive, fazer a revisão. Ele fez a revisão do livro com todo o cuidado. Ainda me lembro de quando recebi dele o rascunho todo em grafite, com suas observações. Eu trabalhava, à época, na Rádio Difusora de Teresina. Ali deixei aquele envelope, e alguém o levou. Quando eu olho, onde estava o envelope? E aí eu o procuro, mas nada. Um dia, constrangido, contei-lhe essa história. Ele disse: “Você é casado?” “Não.” Na época, eu era solteiro. “Você consegue imaginar o que é ter um filho?” “Ah, sim, eu imagino o que é ter um filho, eu fui filho, pelo menos eu tenho uma noção.” “Você consegue imaginar um pai perder um filho?” Eu fiquei constrangido, e ele completou: “Um livro é para quem o escreve como um filho é para um pai.” Desta lição eu nunca pude me esquecer. Graças a Deus, poucos dias depois, encontrei o rascunho, que foi à publicação! Ele esteve no lançamento.

            Então, é essa a memória que eu queria trazer neste final de sessão, Sr. Presidente, destacando a importância desse grande escritor brasileiro, reconhecido nacionalmente. Aliás, há um livro dele, Rio Subterrâneo, que ele escreveu num momento de loucura, como ele mesmo disse. Ele me contou que morava no Rio de Janeiro nessa época e que entrava noite adentro escrevendo, entrava pela manhã, passava do meio-dia. Quando chegava o final da tarde, ele sentia o mundo rodar. Ele ia para um cinema que ficava perto da sua casa. Ali, ele nem sabia que filme estava passando, mas era uma forma de ele se acalmar. E, quando se acalmava, ele voltava para a máquina de datilografar, até que terminou escrevendo esse livro, que é muito estudado no mundo. Rio Subterrâneo, talvez, seja uma das poucas obras-primas de alguém falando de loucura no momento em que vive essa situação de saúde mental. Então, é algo que os psicólogos e os psicanalistas valorizam muito e estudam na Literatura brasileira.

            Que O. G. Rego de Carvalho receba aqui meu abraço e o abraço de todo o povo do Piauí! Que Deus o tenha!

            Era isso o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.