Pela Liderança durante a 202ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal por ignorar o problema inflacionário pelo qual passa o País; e outro assunto.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Críticas ao Governo Federal por ignorar o problema inflacionário pelo qual passa o País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2013 - Página 81613
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OMISSÃO, PROBLEMA, INFLAÇÃO, ENFASE, PREÇO, ALIMENTAÇÃO, BRASIL, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, APOSENTADO, DESRESPEITO, POPULAÇÃO.
  • EXPECTATIVA, VOTAÇÃO, VOTO ABERTO.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, hoje falo ao meu Brasil e ao meu Estado, ao meu querido Estado do Pará.

            Hoje, Senadores, brasileiros, paraenses, nós vamos ter uma rara oportunidade de mostrar ao povo brasileiro que este Senado é capaz de ser chamado de a Casa do Povo. Teremos a rara oportunidade de mostrar à Nação que este Senado é uma Casa séria. Mas, diante, Sr. Presidente, de tantas decepções já sofridas nesses quase oito anos de mandato, em que sirvo à minha população brasileira e paraense, já me sinto bem cansado, bem desgastado. Já me deixam decepcionado ao ponto de eu já estar pensando aqui, meu nobre Paim, em uma vigília em respeito ao povo brasileiro, se um desastre e uma grande decepção acontecer nesta Casa na tarde de hoje.

            Estamos aqui, nesta Casa, Senadores, representando uma população. Nós, aqui, não somos nós. Nós, aqui, representamos o povo que nos mandou para cá. Eu, aqui, represento o povo paraense que me outorgou mais de 1,5 milhão de votos. Eu não posso decepcioná-los. Eu, aqui, votando, não sou eu; sou eles. Eles querem, o Brasil quer saber o voto de cada Senador.

            Oxalá, Presidente, tomara que o Senado não perca essa grande oportunidade, Brasil, que terá na tarde de hoje para se recuperar.

            Mas, meu Presidente, eu tenho aqui na minha mão uma pesquisa do IBGE que aponta que 80% dos alimentos subiram e subiram substancialmente. Esse é o grande problema do Partido dos Trabalhadores. Este é o grande problema, repito, do Partido dos Trabalhadores: é mentir, é faltar com a verdade, Senador paraense, Flexa Ribeiro, meu grande amigo, o homem do açaí.

            Vou lhe mostrar o quanto seu açaí, que V. Exª tanto defende, já subiu nesses últimos meses. Sabe quanto, Senador? Sabe quanto paraense? Você está pagando mais 54% do valor do açaí. E você toma açaí sem farinha, Senador? Você, paraense, que me escuta agora, você toma o açaí sem a farinha? Lógico que não. Ou é a farinha de tapioca, ou é a farinha de mandioca. O açaí aumenta 54%, e a farinha, 104%. Foi-se, acabaram com a alimentação básica dos paraenses. E o grande problema, o grande problema, eu repito, é que a Dilma falta com a verdade ao povo brasileiro.

            Eu já disse que eu não venho aqui nesta tribuna sem o comprovante necessário da minha fala; não virei nunca, não virei nunca! São estatísticas, são pesquisas, são comprovações.

            Aí a Presidenta vai a um canal de televisão e diz que a inflação não existe, que a inflação está controlada.

            Presidenta Dilma, não minta ao povo que lhe elegeu!

            Esse é o grande problema do PT, de muito, não é de hoje, de muito tempo atrás.

            Isso não é de hoje; essa mania ingrata, essa falta de pudor é que mata o PT; é que faz com que o Partido dos Trabalhadores seja hoje um partido sem confiabilidade.

            Eu vou dar apenas, paraenses, depois darei ao Brasil, dados do IBGE e da Folha de S.Paulo: no Pará - você que me ouve pela Rádio, paraense, e me vê pela TV Senado -, a banana subiu 55% no meu Estado; a farinha, 104% no meu Estado.

            Vou ler o que diz o Sr. Luiz Carlos da Fonseca, aposentado, Senador Paim, morador do subúrbio carioca de Del Castilho. Ele tem 58 anos - só ele vai ao supermercado - e diz que vem percebendo que para comprar a mesma lista de produtos os gatos aumentaram. E a culpa, na sua percepção, é dos preços de alimentos. Diz o Luiz: “Há um ano, eu fazia compra do mês com R$450,00.” Senhora dona de casa que me escuta neste momento, se eu estou mentindo, manda um e-mail para mim, dizendo que eu estou errado. A senhora que vai fazer as compras veja quem está falando a verdade, se sou eu ou se é a Dilma. Veja quem fala a verdade, compare as verdades. Diz o Luiz: “Há um ano, eu fazia compra do mês com R$450,00. A despesa foi subindo, subindo cada vez mais, e, no mês passado, cheguei a gastar R$700,00.”

            Paim, é o dobro. Dobrou a despesa do aposentado, Paim. O aposentado neste Brasil está morrendo à míngua, Paim. Tudo aumenta, tudo aumenta. A única coisa que baixam neste País é o salário dos aposentados, Paim. Isso é uma desonra para nós, isso é uma desgraça para o País, Paim. Isso é uma revelação de um aposentado desesperado, de um aposentado que não sabe mais o que faz, de um aposentado que não sabe para onde correr, o que deve fazer. O que um homem deste deve fazer? Digam-me.

            A situação do País é caótica, a situação do País é crítica. Nós estamos passando por uma fase muito difícil nesta Pátria. A violência...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... aumenta aceleradamente em todas as capitais. A saúde, a educação, a corrupção, a Ideli... Onde estamos, gente? Brasileiros e brasileiras, aonde vamos chegar com tudo isso? E o PT diz que não há inflação, Brasil.

            Paraenses, o leite que você está comprando agora está 31% mais caro; o pão, aquele pãozinho que mata a fome, está 30% mais caro, paraense. Tudo subiu...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Tudo, menos o respeito que a Nação deve ter por você. Isso não subiu. O respeito que a Presidenta Dilma tem de tem por você, brasileiros e paraenses, isso não subiu.

            Eu tenho uma lista agora de alimentos em âmbito nacional.

            O tomate é o campeão, com 60%. Aí tem outro depoimento aqui que diz que ele compra apenas, agora, três tomates por mês. Ele põe um pedaço, faz que põe o outro e sopra, dizendo: “É tomate.”

            Aonde chegamos? Que pátria, que pátria, Aloysio, habitamos? Que pátria?

            Repolho, 58; cebola, 55; batata 40; farinha de mandioca, 104; feijão carioca, 30. E assim vai. A lista é grande. São 80% dos produtos consumidos na sua mesa: 80% aumentaram; só 20% não aumentaram.

            Nação brasileira, você ouviu, você viu a Presidenta da República, com a cara mais descarada, ir à televisão brasileira falar para os brasileiros e dizer aos brasileiros que neste País não existe inflação! Como é que se pode acreditar numa Presidenta de um País? Como é que se pode acreditar numa pessoa que não tem nenhum escrúpulo para chegar à televisão e dizer ao povo brasileiro que a inflação está controlada, que a saúde está bem, que as estradas não estão esburacadas, que as obras da Copa do Mundo não foram superfaturadas, que o Presidente da CBF não é ladrão? Ô Marin, chega de roubar, Marin!

            Como é que a Presidenta da República - já vou descer, meu caro - não permite fazer uma CPI no Senado Federal? Aliás, nenhuma, nenhuma. Nenhum Senador terá mais esse direito enquanto o PT estiver dominando este País.

            Já desço, Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - V. Exª está dentro do tempo que eu dei para todos. Vá tranquilo.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - V. Exª sempre foi muito generoso comigo. Por isso, eu tenho o maior respeito por V. Exª. Para mim, V. Exª é um símbolo de caráter.

            Mas, Senador Aloysio, eu desço desta tribuna sabendo que hoje, meu caro Cássio, grande Líder, nós teremos uma rara oportunidade de dizer àqueles que nos mandaram para cá que aqui eles têm o direito de votar. Nós votamos ouvindo-os, ouvindo as vozes que vêm da rua.

            Dos brasileiros, 90% querem abrir os votos dos Senadores; 90%. Assistam, brasileiros e paraenses, assistam, daqui a pouco, à votação do voto aberto. Assistam! Vejam no rosto de cada um quem o está representando com dignidade. Vejam no rosto de cada um quem trabalha aqui com seriedade. Vejam, população brasileira e paraenses queridos, vejam, aqueles que respeitam a democracia e zelam pela liberdade, que zelam pelo direito do dever cumprido, da obrigação, que zelam pela palavra;...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... a palavra, a palavra de homem com “H”. Hoje já não com tanta afinidade como havia no passado, em que se apostava um cabelo do bigode.

            Hoje, a palavra de um homem, com raríssimas exceções, já não inspira mais confiança. A mim, cabe o dever de palanque; a mim, cabe a obrigação de palanque, de dizer ao meu povo e a minha terra que aquilo que eu prometi em palanque eu estou cumprindo aqui, neste Senado Federal. Doa a quem doer, custe o que custar, até a minha própria vida. Não tenho medo de ninguém!

            Que me julguem! Julguem meus atos, julguem minhas palavras, julguem os meus compromissos, e julguem, brasileiros de outros Estados, o Senador de cada Estado que vai votar, hoje, a favor de esconder o seu voto.

            Meu Presidente, desço desta tribuna, mais uma vez, dizendo a V. Exª que V. Exª é uma pessoa que merece o meu respeito, a minha amizade a minha sinceridade.

            Muito obrigado e parabéns, sempre, por sua postura neste Senado Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2013 - Página 81613