Pela Liderança durante a 215ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Retrospectiva das funções públicas exercidas por S. Exª.

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Retrospectiva das funções públicas exercidas por S. Exª.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira, Ana Amélia, Cristovam Buarque, Delcídio do Amaral, Eduardo Braga, Osvaldo Sobrinho, Pedro Simon, Sergio Souza.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/2013 - Página 87983
Assunto
Outros > ESTADO DA BAHIA (BA), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, EVENTO, LOCAL, MUNICIPIO, SANTO ANTONIO DE JESUS (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), OBJETIVO, GOVERNO ESTADUAL, ANUNCIO, AMPLIAÇÃO, EMPRESA DE PRODUTOS FARMACEUTICOS.
  • REGISTRO, GOVERNADOR, ANUNCIO, INSTALAÇÃO, ESTALEIRO, LOCAL, ESTADO DA BAHIA (BA).
  • ANUNCIO, DIRETORIO PARTIDARIO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REALIZAÇÃO, ELEIÇÕES, OBJETIVO, ESCOLHA, SENADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), REGISTRO HISTORICO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, primeiro, chamar a atenção para três eventos importantes, dois dos quais já se processaram, e um acontece exatamente nesta hora. Como a Bahia não está no horário de verão, portanto, na cidade de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, são 14h15 - aliás, cidade essa que também foi palco de uma das grandes conquistas aqui trabalhadas, tanto na Câmara quanto no Senado, a chegada da Universidade Federal do Recôncavo Baiano -, mas, no dia de hoje, em Santo Antônio de Jesus, o Governador e a direção da Natulab, uma empresa que se consolidou ali no ramo de fármacos e até de nutrientes, anunciam a ampliação, com a possibilidade de geração de mais 800 postos de trabalho.

            Portanto, falo dessa questão com alegria por ter tido oportunidade de, no momento inicial, ser uma das pessoas que acreditou no esforço daqueles empresários baianos e buscando, inclusive, intermediar, junto, aqui, ao Ministério da Saúde, para que aquela indústria pudesse dar um passo mais adiante.

            Falo com muita alegria, isso deve estar acontecendo exatamente neste momento, e, na segunda-feira e na terça-feira, ou, mais precisamente - perdão -, na terça-feira e na quarta-feira, o Governador Jaques Wagner também teve oportunidade de mais dois grandes eventos. O primeiro deles diz respeito à consagração do nosso estaleiro, e, portanto, falo, também, dessa grande conquista na Bahia; tive oportunidade de participar no nascedouro desse estaleiro, quando era Secretário de Planejamento do Estado da Bahia. Também, com alegria de ter podido apresentar a contribuição, ali, que surgiu no interior da Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia, com a sugestão advinda do meu, inclusive, sucessor, na época, colaborador da nossa equipe, o ex-Secretário Antônio Valença, quando da decisão de a gente apresentar, em nível nacional, uma modificação na área da Reserva da Baía do Iguape - a primeira mudança em reserva patrocinada no Brasil -, quando nós ampliamos a área de reserva para retirar uma área para promover a chegada do estaleiro.

            Portanto, em vez de causar impactos no meio ambiente, nós ampliamos a preservação dos manguezais e de toda aquela área ali, na região de Maragogipe e, basicamente, na Baía do Iguape, essa iniciativa que vai gerar mais de 20 mil postos de trabalho. E, no dia de ontem, o Governador recebeu uma delegação, uma representação de uma das empresas, que tive a oportunidade de visitar na cidade de Palmetto, nos Estados Unidos, próximo à cidade de Orlando, em uma iniciativa... Aliás, tem sido permanente essa nossa batalha por recursos para a Bahia, mas, principalmente, em áreas onde a gente pode exigir a contrapartida da aplicação em pesquisa, desenvolvimento, ciência e tecnologia.

            Esse grupo que deve formalizar o seu pedido para se instalar na Bahia terá como tarefa também aplicar recursos para o desenvolvimento científico, tecnológico e, portanto, usando a mão de obra baiana, usando a criatividade baiana e investir ali em conjunto com o Cimatec e o nosso parque tecnológico. Aliás, essa tem sido uma das grandes batalhas, aqui, durante toda a minha existência como Parlamentar nesta Casa. Desde que cheguei, nunca abandonei essa linha de luta, tanto é que sempre fui membro da Comissão de Ciência e Tecnologia na Câmara dos Deputados; faço isso aqui no Senado, e faço disso uma batalha de vida por entender que esse é um caminho fundamental para o desenvolvimento.

            Quero fazer esse registro porque esses atos aconteceram nesta semana. Eu não pude participar até porque a agenda foi montada de maneira que choca com as minhas obrigações aqui no Congresso Nacional. Eu tenho permanecido aqui geralmente até quinta à noite. Hoje, por exemplo, discutimos exaustivamente o Orçamento da União, as polêmicas na Comissão do Orçamento. Ontem, votamos importante matéria do ISS, aliás, matéria em que também apresentei projeto porque acho que é fundamental para a economia local essa questão de ISS.

            Na noite de terça, o voto aberto. Hoje, ainda espero aprovar aqui algumas iniciativas que têm a ver com o nosso Tribunal do Trabalho, mas também preparar o caminho para aprovar mais um crédito para a Bahia, para a área de turismo, infraestrutura turística. Já fizemos, com a Secretaria do Tesouro, toda a caminhada para a liberação de R$1,2 bilhão para que a gente pudesse atender à demanda da segurança pública e, portanto, contrato esse em uma parceria com o Banco do Brasil, que deve ser assinado também nos próximos dias.

            Mas quero, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aqui, neste final de tempo que me resta, chamar a atenção para algo que vai acontecer em nosso Estado, no dia de amanhã, sexta-feira e no sábado. Uma decisão que julgo ser uma das mais importantes para o PT da Bahia. Estaremos em debate sobre a caminhada de 2014, e, portanto, esse é um debate que tem a ver muito com a nossa história, tem a ver com o desfecho e tem a ver, inclusive, com tudo aquilo que construímos ao longo de uma trajetória, Senador Aloysio Nunes. O diretório do meu partido deve se deparar com a possibilidade de contribuir para a escolha de um nome que possa dar sequência à nossa caminhada estabelecida até aqui no Estado da Bahia.

            Fiz, por conta da própria solicitação do meu Partido, a apresentação ou a disponibilização de meu nome para apreciação por parte do Partido dos Trabalhadores no Estado da Bahia. Não fiz lastreado em nenhuma força, a não ser a força da nossa história, a força da nossa vida e a força da militância deste Partido.

            Fui indagado, diversas vezes, pelos repórteres, que perguntavam se eu tinha o apoio do Governador, se eu tinha apoio da Presidenta, se eu tinha apoio do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e eu dizia sempre que o motivo por que nós disponibilizávamos o nosso nome era exatamente o que nós construímos ao longo da história e uma relação com o Partido.

            Fiz, no sábado próximo passado, uma plenária, como comumente faço em nosso mandato, todos os anos. Desde que sou vereador, todo ano chamo a base do mandato para avaliar a nossa caminhada, o nosso desempenho, como a gente tem atuado. E sábado passado, fiz isso. Hoje, no mandato do Senado, eu diria que é um pouco mais amplo. Ontem, como Deputado, era restrito ao PT; hoje, eu sou Senador da República e não fui eleito só com os votos do PT; não tive, na minha campanha, só o Partido dos Trabalhadores. Tive não só a escolha por parte do povo da Bahia, que me deu a honra de ser o Senador mais votado na eleição passada e de ser, inclusive, da história da Bahia, o Senador mais votado. Entrei no processo eleitoral por último, quando já todo mundo não acreditava, inclusive, que eu seria mais candidato. E tive a oportunidade de receber do povo baiano essa importante votação.

            E, nessa plenária de sábado, esse povo, essas lideranças, essas pessoas, que têm, ao longo de toda essa trajetória, caminhado conosco, todo mundo foi unânime em afirmar que nós deveríamos disponibilizar para o Partido dos Trabalhadores como opção. E eu brincava, agora, meio-dia, através de uma rádio, falando para o povo de Salvador, dizendo o seguinte: a obrigação do partido, mais do que discutir nomes, é discutir projetos, é discutir perfil, é discutir como encaixar, é discutir desafio, é apontar tarefas.

            Os nomes são associados a esses atributos a partir de uma localização de como é que devemos caminhar ou como muita gente até usa na música, que o poeta sacou de forma muito brilhante: com que roupa eu vou? Eu escolho a roupa para a festa a partir do motivo da festa. Eu escolho a roupa para um ato, para um evento, para uma posse, para um congresso, a partir exatamente do que há lá, obedecendo, às vezes, até determinados rituais, mas o conteúdo é mais importante. De nada adianta uma roupa bonita, quando um corpo não a consegue sustentar. De nada adianta a fachada de fora, quando, por dentro, não há absolutamente nada. A roupa tem a ver exatamente com o conteúdo que se carrega aqui dentro, com aquilo que a vida nos possibilitou falar e falar de forma muito franca e muito direta. Isso fiz sábado passado, isso fiz ao longo da minha trajetória.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Tive a oportunidade, inclusive nos momentos mais difíceis dentro do PT, de assumir as posições que eram as posições que julgava ter relação com a nossa origem e ter relação com as origens do Partido dos Trabalhadores.

            Não andei, de forma nenhuma, fora desse traçado! Andei exatamente na linha daquilo que assumi como compromisso, não preso ao passado. O passado é algo que tem de servir e ser olhado pelo pequeno retrovisor, mas ele deve ser olhado, inclusive para a gente não fazer besteira. O para-brisa é tão grande para nos permitir, olhando o passado, ter a capacidade de apostar qual é a caminhada da frente. Mas o momento em que vivemos é tão bom que chegamos a batizá-lo de presente. Presente é aquilo que damos com alegria, presente é aquilo que fazemos para entregar a alguém, porque...

(Interrupção do som.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... e fazia, ao mesmo tempo, ali na presença do Centro Cívico, o enfrentamento à ditadura militar. Um jovem magrelo, em quem, se o vento batesse com muita força, era capaz até de me arremessar. Mas não dobrei a coluna, não verguei a coluna hora nenhuma, mantendo sempre essa perspectiva de que era possível fazer crescer.

            Foram esses meus filhos que nasceram neste ambiente; esses meus filhos que me viram ir a minha atividade profissional e ganhar, desde a minha chegada, a possibilidade, inclusive, de comandar o maior centro de manutenção do Estado da Bahia.

            Recém-chegado numa das empresas, enfrentei toda sorte de perseguição, inclusive no período mais duro do sistema de telecomunicações. Enfrentei alguém, de quem depois tive oportunidade de ser colega aqui, no Congresso Nacional, o Senador Antonio Carlos Magalhães, como Ministro.

            Vim para o Congresso Nacional, e meus filhos continuaram vendo o pai cada vez mais se afastando de casa para se dedicar à luta, para se dedicar à labuta, para cumprir os compromissos que assumi, quando assinei a ficha no Partido dos Trabalhadores; para cumprir os compromissos que assumi, quando o povo da Bahia me elegeu Vereador e, depois, por quatro mandatos, como Deputado Federal.

            Por diversas vezes, deixei meus filhos para esta luta. Lembro-me bem de um dos períodos mais difíceis da minha vida, quando tive de me socorrer com os meus irmãos para sustentar os meus três filhos, quando tive o meu contrato de trabalho suspenso exatamente por esta luta. Pão não faltou lá em casa, assim como também não faltou, desses meus filhos, o apoio para continuar esta jornada.

            Espero que o meu Partido tenha a capacidade de avaliar que o que estou dizendo da tribuna, do que eu disse no sábado...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... e o que eu tenho dito permanentemente...

            O Sr. Osvaldo Sobrinho (Bloco União e Força/PTB - MT) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... que a nossa jornada não é uma jornada que se encerra. E usei o mesmo argumento, Senador Eduardo Braga, quando do processo da disputa em 2008, na Prefeitura de Salvador, quando, depois do resultado, todo mundo me dizia: “Pinheiro, você foi derrotado”. Eu disse: “Não, a diferença é que a reta de chegada da minha caminhada foi jogada um pouco para frente”.

            Quem verdadeiramente tem compromisso não cai assim. Ainda que caia, ainda que tropece, a capacidade de levantar está associada, se fizemos aquilo, como diz o velho Brecht: se aquele que caiu não lutou sozinho, a luta não cai. A luta não tomba. E é essa a minha concepção. Eu não fiz nada só. Vim lastreado pela base de uma companheira, que, em casa, sempre, ainda que novinha - a minha mulher tinha 16 anos, quando nós tivemos o nosso primeiro filho -, soube ser uma companheira de todas as horas.

            Fiz essa caminhada, meu caro Delcídio, inclusive em parceria com você, nos momentos mais difíceis da nossa vida aqui no Congresso Nacional...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... quando atacavam aquilo que era muito mais sagrado para todos nós, aquilo que passamos a vida inteira verbalizando, meu caro Delcídio, aquilo que ostentávamos como bandeira fundamental das nossas vidas. Passei com você aqui o que nós poderíamos chamar de o pau do canto, mas sustentamos a nossa posição, mantivemos a nossa jornada, continuamos o caminho, acreditando que era possível transformar, que era possível botar este País para crescer, que era possível continuar olhando para todos os cantos.

            Vou para uma etapa da vida extremamente tranquila. E assim digo aqui, claramente, para os companheiros do Partido dos Trabalhadores no Estado da Bahia, para os companheiros da minha Base no Estado da Bahia: não sei o que o PT fará amanhã, mas não quero ser tomado por nenhum sentimento, nem de raiva, nem de rancor, muito menos de derrota.

            Quero continuar dizendo isto ao PT da Bahia, aos aliados, ao Governador, à minha Base: nosso nome está à disposição. E continuo insistindo que vamos continuar no mesmo patamar que estamos hoje, fazendo da mesma forma, brigando do mesmo jeito, empenhando-nos, entregando-nos cotidianamente, para que possamos ajudar o povo baiano, aquele povo criativo, alegre, brincalhão, mas, acima de tudo, um povo aguerrido que merece ser tratado com respeito. Essa é a minha obrigação. Eu tenho a obrigação de continuar fazendo isso.

            Não estou fazendo nenhum favor aos milhões de brasileiros que terminaram por optar que eu deveria vir para esta Casa. A esses eu devo uma obrigação. Obrigação que muita gente pode avaliar que vale até 31 de janeiro de 2019. Não! Essa obrigação vale para o resto da vida, ainda que, depois de janeiro de 2019, eu aqui não esteja de volta. Não sei. Não posso nem trabalhar, até porque eu não trabalho com adivinhação. Adivinhação é coisa do diabo. Estou fora! Eu prefiro trabalhar exatamente com outro tipo de percepção, mantendo a minha fé, cada vez mais firme, cada vez mais contundente, mas mantendo, principalmente, a minha condição de achar que sozinho não faço nada.

            É preciso, cada vez mais. E assim fiz nesta Casa, Senador Eduardo, Senador Sérgio, Senador Aloysio. Eu fui o Líder da oposição na Câmara por muitos anos, mas não construí inimizades. Tive a coragem, inclusive, de visitar alguém com quem, durante anos e anos, estive numa trincheira de verdadeiro enfrentamento. Quando aqui cheguei, fui ao gabinete do Senador Antonio Carlos Magalhães para dizer-lhe: “Não sou sei inimigo. Sabe por quê? Porque nunca fui seu amigo. Eu fui seu adversário na política. Hoje sou seu companheiro de Congresso Nacional.”

            Manterei minhas posições, firmes do ponto de vista das ideias, mas não tenho nenhum motivo, não devo, como dizia o meu velho pai. Meu pai, Senador Cristovam, dizia três coisas para mim muito interessantes: nunca ataque uma criança, não maltrate o idoso nem tampouco fale mal de morto. Isso é bobagem! Olhe a linha da frente, como diz o profeta Jeremias, no seu livro na Bíblia, a linha da frente. Procurei fazer isso, fiz amigos em diversos partidos, conquistei o respeito a partir das ideias e não da força. E, como diz o Salomão em seus provérbios: vale mais a sabedoria do que a força. Antes de fazer as coisas planeje bem. Como diz também o velho Salomão: o elogio de boca própria não é o correto.

            Por isso, é fundamental ampliar, usar essa sabedoria, até porque se você botar a força do braço - e eu não tenho tanto braço assim - é muito melhor usar as forças das ideias, do conhecimento. Foi assim que terminei minha caminhada na Câmara dos Deputados, aqui cheguei e quero continuar assim, sendo dessa forma. Vou contribuir com o meu Partido, seja lá que decisão for. A decisão que foi anunciada, hoje à tarde, é uma decisão de que o Partido deve se debruçar. Por isso que, de forma muito clara, disse ele: agora, PT, a bola está com você. Agora é a hora do PT da Bahia dizer como ele quer e com que roupa o PT da Bahia vai e como o PT da Bahia vai chamar os aliados para, nessa caminhada, escolher a roupa.

            Se o meu manequim não couber nessa roupa, não há nenhum problema. Continuarei usando o velho manequim, que não é tão bonito assim, mas é o manequim que foi acumulando experiências, foi acumulando uma série de conhecimentos, até muito mais bebendo nas fontes do que efetivamente achando que daqui de dentro sai tudo.

            É esse acumulado histórico que me permite, no dia de hoje, dizer que estou preparado para decisão que sairá de amanhã e, com certeza, extremamente consciente de que continuarei contribuindo, seja qual decisão for, para esta próxima caminhada. Espero contribuir mais e mais, mais do que contribuí, para homens ou mulheres galgarem postos. Eu quero continuar contribuindo para que esta Nação possa continuar dizendo, em alto e bom som: experimentamos, a minha geração teve a oportunidade de ver o resultado de um trabalho que não começou ontem. Para não dizer que somos arrogantes, começou tudo com o Lula? Não! Tantos homens e tantas mulheres contribuíram para que a gente chegasse até aqui. Portanto, desse desafio quero ser parte e terei certeza de que poderei contribuir.

            Meu caro Delcídio, não sei se viverei tanto, mas se puxar ao meu velho avô paterno, espero chegar à casa dos 105 e aí ver se posso contribuir daqui até lá.

Se não nessa trincheira, pelo menos, em casa, cuidando da meia dúzia de netos que ganharei e, portanto, terei oportunidade de preparar, com esses seis netos, a caminhada de um futuro melhor para eles e, principalmente, para as outras gerações deste País.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Minoria/PSDB - SP) - Um aparte.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Está aqui o Senador Eduardo, o Senador Cristovam, o Senador Aloysio, o Senador Delcídio, a Senadora Ana Amélia e essa figura, que eu quero dizer de forma muito clara, que é o Senador Pedro Simon. Eu já disse isso pessoalmente a ele e vou dizer da tribuna. Diversas vezes, Senador Pedro Simon, eu fiquei com um radinho de pilha, de cujo formato ainda me lembro, um rádio Sharp, com a capa vermelha. À noite, entre sete e oito horas da noite, eu o colocava no ouvido para ouvir os discursos em A Voz do Brasil: o de V. Exª, de Paulo Brossard, de Marcos Freire, de figuras daquele MDB daquela época, uma época em que havia qualidade - não que eu esteja dizendo que não há qualidade hoje -, qualidade das intervenções e, principalmente, a proeza do enfrentamento daquela época. Portanto, V. Exª é uma grande referência em nossas vidas.

            E que coisa mais inusitada: daquele que ouvia o velho radinho, deitado no beliche, no quarto do fundo da casa de meu pai, onde os homens viviam - sou de uma família de oito irmãos, cinco mulheres e três homens -, e eu dormia exatamente no quarto do fundo, no beliche de cima. Daquele velho radinho, eu tenho a oportunidade de escutar, não ao pé do ouvido, mas de frente, olhando nos seus olhos, beber dessa fonte, que foi uma fonte, que efetivamente pôde, de certa maneira, cobrir a todos nós neste Brasil e estar aqui de pé comigo hoje. Portanto é uma honra muito grande poder fazer isso.

            Um aparte ao Senador Aloysio Nunes, que foi o primeiro que pediu. Depois, vou, na sequência, concedendo, se V. Exª assim me permitir, Sr. Presidente.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Minoria/PSDB - SP) - Meu caro Senador Walter Pinheiro, não se preocupe V. Exª com o manequim, porque o hábito não faz o monge. Padre Vieira, em um dos seus sermões mais célebres, nos seus sermões mais célebres, disse que “o, homem é suas obras e nada mais.”. V. Exª é a história de vida de V. Exª, é o Senador que todos nós respeitamos, o político do PT de quem eu, Líder do PSDB, me tornei, ao longo dos anos de convivência, amigo e admirador. Eu não sei qual será a escolha do PT, mas eu tenho certeza de que V. Exª, melhor do que ninguém, saberia, como candidato, dar dimensão à campanha eleitoral que se aproxima. V. Exª começou o seu discurso com o que parecia ser uma simples e rotineira prestação de contas e termina com uma belíssima, com uma magnífica profissão de fé. Eu tenho orgulho de ser seu companheiro de Congresso Nacional e seu amigo.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Eu que agradeço Senador Aloysio, e, para mim, é de muita alegria. Eu tenho dito também, nas horas possíveis, que nós aqui dialogamos essa boa experiência de ter convivido com figuras exatamente do seu porte. E nos momentos que nós nos enfrentamos, nem por isso deixamos de nutrir exatamente esse respeito e esse carinho mútuo que V. Exª sabe muito bem conduzir.

            Senador Cristovam, depois o Senador Eduardo e a Senadora Ana Amélia, Senador Delcídio e Senador Osvaldo.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Meu caro Senador Walter Pinheiro, eu diria meu amigo, companheiro também do mesmo lado da luta, independente de legenda, quero dizer que a gente fala muito aqui. Raramente, eu creio que a gente pode dizer que fez um discurso com a marca suficiente para ficar registrado por muito tempo na história, senão do País, na história da gente. Hoje, você fez um discurso desses. Esse é um discurso para ser lembrado. Mas eu espero que, além do discurso histórico a ser lembrado pela marca que deixou aqui, eu espero que ele tenha um papel político também, que traga juízo às pessoas que têm propostas de transformação. E saiba que o que você está propondo, que chamou de manequim, cabe muito bem em você como a roupa de quem carregaria uma bandeira transformadora. Não só por causa das propostas, mas também pela capacidade de ampliação de aliança. Essa casa é prova dessa sua capacidade. Eu creio que não tenha ninguém aqui, nem o próprio Antonio Carlos Magalhães, que tenha qualquer restrição pessoal ao senhor. Não creio, não creio. A gente sabe, a gente vê aqui. Mas a sua capacidade de ampliar, de tratar a gente com afeto - eu digo não apenas com respeito - é o que faz com que o manequim caiba perfeitamente. Se alguém quer uma roupa para transformação, cabe perfeitamente. Eu espero que a Bahia possa ter o seu nome na hora de escolher. Eu não vou votar na Bahia, não vou manifestar o meu voto porque eu quero esperar quem são os outros também. Mas que seria muito bom para a Bahia ter o seu nome na lista dos candidatos para que o povo baiano escolha melhor, não tenha dúvida. E finalmente, eu quero dizer que, além de todo esse lado de respeito pela sua figura e maneira de ser, eu tenho respeito pela maneira como o senhor defende o lado de ciência e tecnologia, como se preocupa com o sistema de radiotransmissão, de comunicação, de tal maneira que o senhor, nessa área, é um dos mais fortes especialistas e dos mais combativos defensores de um sistema de ciência e tecnologia que, no Brasil, possa nos levar ao futuro. Eu espero que seu discurso seja mais do que marcante e histórico, como ele já foi; que ele seja de uma eficiência e eficácia política também.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Cristovam, a quem eu me habituei, inclusive, a chamar, de uma forma muito carinhosa, de Cristovinho. Tem sido a forma como eu o trato, inclusive a partir dessa relação que estabelecemos ao longo dessa nossa caminhada, a partir também do Partido dos Trabalhadores.

            Senador Eduardo Braga. Depois, a Senadora Ana Amélia.

            O Sr. Eduardo Braga (Bloco Maioria/PMDB - AM) - Meu querido Senador Walter Pinheiro, me permita chamá-lo de Walter. V. Exa esteve comigo na Comissão de Ciência e Tecnologia durante dois anos, quando presidia a Comissão. Depois, no ano seguinte, V. Exa era Líder do PT, e eu chegava à Liderança do Governo. Nesses dois anos, construímos uma relação de proximidade, relação esta que me permitiu conhecê-lo como ser humano, como pai, como esposo, como avô, como amigo e como alguém que sonha com uma Bahia melhor, que sonha com direitos para o povo baiano, que luta para realizar os seus sonhos, que tem uma capacidade de articulação, aqui em Brasília, no seu próprio Estado e no País como um todo, para transformar sonhos em realidade. Depois, no ano seguinte, enfrentamos aqui - eu na Liderança do Governo, e V. Exa na Vice-Liderança - matérias dificílimas, matérias, inclusive, que o povo baiano precisa saber reconhecer, para dar o devido valor ao trabalho que V. Exa desempenhou. Eu poderia aqui citar inúmeros desses exemplos, mas eu quero apenas citar um: Fundo de Participação dos Estados. O Estado da Bahia, fruto da articulação política do passado, com acerto ou com não acerto, não importa; Bahia, Ceará e Maranhão têm um ponto fora da curva no Fundo de Participação dos Estados. E aqueles que nos assistem lá da Bahia precisam entender que o Fundo de Participação dos Estados significa mais dinheiro para a segurança, mais dinheiro para a saúde, mais dinheiro para a educação para o seu filho, para o seu cotidiano, para a sua vida. E numa matéria que todos nesta Casa achavam que era impossível de ser equalizada, pela sua persistência, pela sua autenticidade na argumentação, pela sua forma franca e sincera, pelos amigos que V. Exª construiu, pelo bem do Brasil, pelo bem da Bahia, conseguiu algo inédito, que foi garantir que a Bahia não tivesse perda de recursos no Fundo de Participação dos Estados e que o povo baiano não sofresse com isso. Ora, eu não nasci na Bahia, eu não sou eleitor da Bahia...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Eduardo Braga (Bloco Maioria/PMDB - AM) - ... eu não sou, portanto, alguém que possa estar lá na Bahia para dizer a você, da forma democrática que se pode dizer, que na democracia é através da compreensão, do êxito e do trabalho na transformação do cotidiano da vida individual e coletiva de um povo que você pode agradecer ou não a um representante. Mas eu quero dizer que V. Exª faz bem a Bahia, que V. Exª faz bem ao Brasil, que V. Exª tem feito muito bem ao Senado da República e tem feito muito bem ao Partido dos Trabalhadores aqui nesta Casa. E posso dizer, com absoluta certeza, que muitos baianos poderão se alegrar pela decisão certa do Partido dos Trabalhadores na Bahia. E, se eu pudesse daqui dizer...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Eduardo Braga (Bloco Maioria/PMDB - AM) - Eu teria, Sr. Presidente... O Senador Aloysio está na Presidência dizendo a todos: “Vamos apertar o botão certo” para que pudéssemos continuar esse aparte. V. Exª sabe qual é o botão certo para apertar ao chegar à Bahia e ao Governo da Bahia, para trazer alegria e felicidade para um povo que não nasce, estreia, tamanho é o seu talento, tamanha é a sua criatividade, tamanha é a força da cultura popular da Bahia. Meu caro Walter, vá hoje daqui para Bahia, onde, nesse final de semana, o PT da Bahia tomará uma grande decisão, sabendo que leva consigo o apoio, o respeito, a torcida, a admiração de alguém que tem V. Exª em altíssima conta, que tem V. Exª como amigo e que tem V. Exª como bom exemplo de homem público. É óbvio que os baianos são soberanos, é óbvio que o PT da Bahia é soberano, mas, se nós pudéssemos daqui dar uma recomendação, uma sugestão ou uma indicação, seria de que homens públicos como V. Exª são raros e aqueles que os têm devem cuidar, zelar e conservar para que eles possam ir além, mais longe, fazendo mais e melhor pelo nosso povo e pela nossa gente. Que Deus o proteja e faça da vontade Dele a transformação da vida da Bahia para melhor e que V. Exª seja um agente da vontade de Deus para fazer o bem ao povo baiano. Minha solidariedade e a minha torcida por V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Aloysio Nunes Ferreira. Bloco Minoria/PSDB - SP) - Srs. Senadores, permitam-me interrompê-los por um minuto para anunciar a presença entre nós de duas delegações que muito nos honram: uma que vem de Goiânia, do Colégio Estadual Parque dos Buritis; outra, de Minas Gerais, de Nova Porteirinha, Escola Estadual José Miguel da Costa, que me viram aqui atrapalhado com os botões para acionar os microfones para o aparte.

            Vocês estão tendo a oportunidade de ver nesta tribuna um dos melhores políticos deste País, que é o Senador Walter Pinheiro, do PT da Bahia.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Muita generosidade, Senador Aloysio.

            Obrigado, Senador Aloysio.

            Senador Eduardo, com todo carinho nós até nutrimos aqui quando, tempos atrás, nos conhecemos na lida de uma das grandes causas do País: a questão da Lei de Informática e todo aspecto que tem a ver com o Estado de V. Exª.

            Eu tive a honra de ser o autor do texto que regula hoje a Lei de Informática no País e que garantiu o nível de investimentos para o Estado do Amazonas, o nosso querido Amazonas.

            Senadora Ana Amélia.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Maioria/PP - RS) - Senador Walter Pinheiro, eu queria lhe agradecer, como Senadora que estreou nesta Casa junto com V. Exª, pela exortação à prática de uma política, de uma forma de agir político que é a melhor forma: com altivez, com independência, com respeito, respeito e convivência harmônica dentro do seu partido e, sobretudo, com os adversários. O que nós ouvimos aqui, agora, nesse seu pronunciamento, é uma verdadeira aula da política que, perseguida por esta Casa, hoje e sempre, teria da sociedade brasileira um outro olhar, uma outra forma de entender a política de um homem que vai ao gabinete do adversário, como revelou V. Exª, para dizer que, em nome da Bahia, o interesse é maior. É o interesse da população do seu Estado e esse gesto, para mim, é suficientemente grande para revelar o seu tamanho e a sua grandeza. Eu queria lhe dizer que hoje recebo uma aula de quem tem convicções firmes, a coluna reta em termos políticos e a confiança de estar fazendo o melhor não só para a Bahia, mas o melhor para o País. Eu queria lhe dizer que, como Presidente da Subcomissão de Assuntos Municipalistas, agradeço a V. Exª - o Senador Eduardo Braga já mencionou esse fato relevante - a sua preocupação com a Federação e com o compartilhamento mais justo das receitas, para que Estados e Municípios que hoje vivem à míngua tenham uma situação melhor. O seu Estado e o meu Estado padecem de uma situação absolutamente preocupante, crítica, eu diria, do ponto de vista financeiro, e o trabalho de V. Exª aqui, nesta Casa, foi exemplar e continua sendo.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Maioria/PP- RS) - Então, eu queria lhe dizer que estou muito orgulhosa por conviver com um político da sua estatura, do seu nível e do seu comprometimento. Os eleitores que o mandaram para cá devem estar muito orgulhosos, Senador Walter Pinheiro. Eu queria aproveitar esta oportunidade, Senador - o senhor é um homem que cuida muito da família, falou tanto, tem uma paixão muito grande pelos seus filhos, pelas suas filhas, pela sua mulher -, para dizer que uma mulher que sucede outra mulher no comando do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, que tem sede em Porto Alegre, é a revelação. Ela assistiu a todo o seu pronunciamento, como eu e também o Dr. Luiz Fernando Celestino, Diretor-Geral dessa unidade da Justiça do Trabalho, encantados com o que estamos ouvindo como aula de política. E o mais relevante: essa mulher, que presidirá, a partir do dia 13 de dezembro, esse Tribunal, a Desembargadora Cleusa Regina Halfen, substitui outra mulher, a Desembargadora Maria Helena Mallmann. Um outro detalhe: a Vice-Presidente, a Corregedora-Geral e a Vice-Corregedora-Geral são todas mulheres. Eram e continuam sendo. Os homens que se cuidem. Obrigada, Senador Walter Pinheiro. 

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Senadora Ana Amélia, eu lhe agradeço, figura com que também costumo sempre brincar.

            Costumo dizer à Senadora Ana Amélia que duas coisas nos ligam muito: a primeira delas é que o nome da Senadora é exatamente o nome da minha mulher - minha mulher chama-se Ana Celeste -, e eu brinco muito, chamo a Senadora Ana Amélia de “Donana”. E a outra coisa, Senadora Ana Amélia, é exatamente essa parceria que estabelecemos aqui, na chegada. Foi tanto novidade para a senhora o Senado como novidade para mim, apesar de ter vindo da Câmara dos Deputados. Mas foi algo muito legal poder estar com alguém que chega à Casa não como estreante, mas como quem já traz uma bagagem importante ao longo de toda a sua trajetória, e até pela outra força importante na sua vida, que é essa simpatia, a forma como trata todos nós, a forma carinhosa, sem perder a firmeza, mas mantendo, principalmente, a ternura e a doçura dos seus atos.

            Senador Delcídio do Amaral.

            O Sr. Delcídio do Amaral (Bloco Apoio Governo/PT - MS) - Meu caro companheiro, Senador Walter Pinheiro, acompanho V. Exª há muitos, muitos anos. Se o PT tem um Parlamentar que honra a nossa história, que honra o Estado que representa e é, sem dúvida alguma, um dos melhores quadros do Partido, esse quadro chama-se Walter Pinheiro. Até hoje, meu querido Senador Walter Pinheiro, V. Exª teve uma conduta exemplar, inatacável, ao longo dos mandatos na Câmara dos Deputados e no mandato, hoje, como Senador da República, representando a nossa querida Bahia. E sei, meu caro Senador Walter Pinheiro, o quanto custaram a V. Exª, e a mim também, posturas independentes, posturas que, mais do que nunca, procuraram honrar o nosso Partido, honrar a política, honrar o Brasil. Lembro-me muito bem - estava falando com o Tales agora - de que, quando foi votada a reforma da Previdência, V. Exª teve uma postura extremamente crítica, como sempre faz, de uma maneira sempre muito bem estudada, avaliada, porque V. Exª é um Parlamentar muito preparado, muito preparado. E naquela ocasião, que inclusive levou a posicionamentos de outros companheiros de partido muito parecidos com o de V. Exª, V. Exª foi até o final, defendendo as suas ideias e a sua história. Um mandato popular, um mandato cidadão. E sei que V. Exª tomou um gancho naquela época. E poucas pessoas do nosso próprio Partido lembram-se disso, mas não perdeu a fé, não perdeu o compromisso com a população, com as suas verdades, com a sua formação e com a sua família, porque esse é o bem mais extraordinário que alguém tem. E eu, que o acompanho muito de perto, porque sou seu amigo, sei o que a sua família representa não só na sua vida pessoal, mas na sua vida pública, porque V. Exª honra o seu mandato e a sua família. Depois, dentro dessa caminhada dura, nós conhecemos muito bem o que passamos, talvez num dos momentos mais difíceis desse Congresso, e, mesmo num momento difícil sob o ponto de vista político, nós tivemos condição de não transformar uma crise política numa crise institucional e numa crise de País. O Brasil continua funcionando. E sei muito bem tudo o que aconteceu dali para a frente, mas enfrentamos, continuamos trabalhando e hoje convivemos aqui no Senado, V. Exª com uma votação espetacular que teve do seu povo, da sua gente, nesse Estado extraordinário que é o Estado da Bahia. E, meu caro Senador Walter Pinheiro, independentemente dos valores pessoais, que são a essência de um Parlamentar, de qualquer profissional, das pessoas, V. Exª junta, une essas qualidades pessoais, essas qualidades de fé, de um homem cristão, com um preparo técnico que, com todo o respeito, poucos Parlamentares neste Congresso têm. E V. Exª é um especialista em infraestrutura, tem uma bela carreira como profissional na área de telecomunicações, talvez um dos segmentos econômicos mais relevantes e importantes no nosso País. Tenho acompanhado, meu caro Senador Walter Pinheiro, o trabalho de V. Exª - já o acompanhava na Câmara, mas, aqui, no Senado, mais próximo - e vejo a capacidade de articulação que V. Exª tem. Impecável, como é a vida de V. Exª! V. Exª citou aqui que tinha, tem ou teve adversários, mas não inimigos e, mesmo com uma oposição aguerrida, ou mesmo na situação, V. Exª sempre teve posturas extremamente coerentes, lúcidas, pensadas, refletidas. Esse é um valor inestimável! V. Exª, independentemente dos momentos que este Parlamento aqui enfrentou agora, ao longo já do seu mandato, nunca perdeu o bom senso, a qualidade não só nas argumentações, mas na articulação. V. Exª, hoje, na Bancada do PT, talvez seja aquele que tenha a maior capilaridade dentre todos nós, porque conversa com a Base, conversa com a oposição, e sempre de uma forma digna, de uma forma soberana, e por que não, também, independente, pensando sempre não só na sua Bahia, mas principalmente no nosso País. Eu espero, meu caro Senador Walter Pinheiro - os independentes sofrem -, que, neste final de semana, o nosso Partido, o valoroso PT baiano, tome uma decisão compatível não só com a história do Partido, mas com o nosso projeto na Bahia e com o nosso projeto no Brasil. E, sem dúvida nenhuma, meu caro Senador Walter Pinheiro, pela sua história, pelas votações espetaculares que conquistou ao longo da vida, V. Exª tem tudo para ser ungido, no final de semana, como o candidato do Partido dos Trabalhadores na Bahia. Na minha opinião pessoal, o candidato mais competitivo para que o nosso projeto na Bahia prossiga com o Governo do Estado e com a eleição de grandes Bancadas, na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e, também, aqui, no Senado Federal. Meu caro Walter Pinheiro, como V. Exª é independente e brilha, é claro que enfrenta as dificuldades daqueles que não têm essas qualidades, ou daqueles que, às vezes, imaginam que seja melhor adiar o seu projeto para, eventualmente, fazer com que alguns interesses - eu digo até pessoais - prevaleçam sobre o interesse do coletivo ou sobre o interesse daquilo que é um projeto do PT para a Bahia. Eu acredito que isso não ocorra, estou fazendo somente uma ilação. Mas, se existe isso, não adianta, meu caro Senador Walter Pinheiro, V. Exª será, num fracasso do PT na Bahia, a maior estrela do Partido dos Trabalhadores, no Estado. E, portanto, um equívoco nesse momento ou uma escolha equivocada vai condenar, definitivamente, o nosso projeto em 2014. Portanto, meu caro Walter, ganhando ou perdendo, V. Exª já é e será a grande estrela do nosso Partido, na nossa Bahia, e um dos melhores Parlamentares do Congresso Nacional, aqui no Senado. Os meus desejos de sucesso. Que Deus o abençoe e o ilumine, aí, em mais essa caminhada, e conte, sempre, com o companheiro aqui, que o admira e o respeita muito.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Senador Delcídio.

            Delcídio - para V. Exª, que até costuma colocar trechos da Bíblia no Twitter -, há um trecho da Bíblia que diz assim: “Há amigos mais chegados que um irmão”.

            Na mesma Carta de Paulo que V. Exª usa muito, que eu acompanho e gosto bastante - a Carta de Paulo à Igreja em Éfeso, mais conhecida como Carta aos Efésios -, Paulo escreve uma coisa para aqueles irmãos, que diz, mais ou menos, assim: não compactuem com as coisas erradas, com as coisas tortuosas; antes, denunciem.

            Então, estou na linha desse Apóstolo Paulo.

            E temos que nos espelhar também no que ele disse aos filipenses, no momento mais difícil da sua vida. Paulo escreveu a Carta aos Filipenses quando estava preso e, em nenhum momento, choramingou aquele povo ali em Filipos; em nenhum momento se lamentou.

            Eu chamo aquela Carta aos Filipenses de bomba de alegria porque ele escreve aos irmãos daquela Igreja e faz a sua saudação, falando de alegria. Preso, e, portanto, otimista com a caminhada. Diz àqueles irmãos: se a gente estiver unido, se a gente fizer as coisas todas no interesse dos outros, nós continuaremos transformando e levando o Santo Evangelho, ou seja, a mensagem de salvação, de transformação, de vida para o resto do mundo. Essas eram as Cartas de Paulo, que, de vez em quando, nós vamos bebendo e com as quais vamos aprendendo.

            Ainda que em dificuldade, jamais triste. Entristecido, como dizia o apóstolo Paulo, porém firmes, alegres e constantes. E, como ele escreve também, depois, aos romanos. Ele diz assim, em seus pontos mais importantes: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformais-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Portanto, sempre transformar. Essa é a vida da gente e é nessa caminhada a gente vai. Ainda que haja percalços, essa bomba de alegria continua nos movendo para a linha da frente.

            Senador Osvaldo; depois, Senador Sérgio; e encerro, Sr. Presidente, com o Senador Pedro Simon.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Minoria/PSDB - SP) - Pois não. E me permita V. Exª citar também a Epístola de Paulo aos Tessalonicenses, em que ele faz a apologia do trabalho.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Isso.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Minoria/PSDB - SP) - E a vida de V. Exª é uma apologia do trabalho profícuo.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Senador.

            O Sr. Osvaldo Sobrinho (Bloco União e Força/PTB - MT) - Senador Walter, eu o conheço há alguns anos, desde a Constituinte, e sigo a sua trajetória daqui e lá de Mato Grosso. O povo baiano estaria imensamente bem servido com as vontades de V. Exª. V. Exª é um político por inteiro. As nossas convicções ideológicas sempre foram antagônicas. Mais por isso até, quero dizer a V. Exª que o respeito, acho V. Exª um político por inteiro, um homem que verdadeiramente dedicou a sua vida, a sua alma à causa política e tem feito, com dignidade, com seriedade e com responsabilidade. Portanto, eu faço das palavras dos meus colegas que já falaram as minhas também, desejando a V. Exª sucesso, para que a sua caminhada seja a caminhada do povo baiano. Parabéns a V. Exª.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Senador Osvaldo, muito obrigado pelo carinho. Ainda que nós tenhamos tido a oportunidade de nos conhecer agora, nesse período, mas nós já conseguimos, nesse pouco espaço de tempo, afinar um pouco essa relação, às vezes, na comissão, uma conversa ali de pé de ouvido. É isso que faz a vida da gente nesse ambiente.

            Senador Sérgio Souza, por quem também tenho um carinho muito grande - costumo chamá-lo de Serginho -, tem o aparte V. Exª.

            O Sr. Sérgio Souza (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Obrigado, Senador Walter Pinheiro. Eu me considero ainda debutando na política como mandatário. Estou aqui há quase três anos, substituindo a Ministra Gleisi como Senadora, hoje na Casa Civil, e aprendi que você constrói e faz política articulando, conversando, construindo amizades. Nesse sentido, dou-me imensamente bem com todos no Senado Federal, mas, com V. Exª, Senador Walter, é diferente. Nós tivemos uma causa juntos, uma briga, uma luta, no âmbito do Congresso Nacional: a criação dos tribunais regionais federais. V. Exª lutava pelo Estado da Bahia; eu, pelo Estado do Paraná; S. Exª o Senador Eduardo Braga, pelo Estado do Amazonas; o Clésio Andrade, pelo Estado das Minas Gerais; e os demais Senadores desses Estados todos. Aqui eu aprendi a admirar a postura de V. Exª e a forma como age na hora de colocar a sua opinião na vontade do seu Estado dentro das iniciativas legislativas, nos projetos de lei ou nas questões orçamentárias. Como se prenunciasse, como se imaginasse que, em algum momento, nós teríamos uma emenda à Constituição criando o Tribunal Federal da Bahia, V. Exª, quando foi Relator do PPA, que vale até 2016, lá colocou uma semente que já germinou, pois isso já está na LDO e vai estar agora também na Lei Orçamentária Anual para 2014. Então, eu gostaria, perante este Plenário, perante o povo brasileiro, mas, em especial, perante o povo baiano, de dizer a importância que tem V. Exª, Senador Walter Pinheiro, para a democracia deste País, para a defesa das causas do povo brasileiro aqui no cenário do Senado Federal. Se não fossem pessoas como V. Exª, não tenho dúvida de que os resultados, como o do voto aberto, seriam diferentes aqui no Senado Federal ou no Congresso Nacional. Parabéns e meus mais sinceros votos de êxito para este final de semana. Se votasse lá, como disse o Senador Eduardo Braga, meu Líder, não teria dúvida alguma de que o meu voto seria aberto.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Serginho. Espero poder contribuir - não votando no Paraná - para que, na eleição de 2014, possamos continuar gozando dessa boa convivência sua. Não sei se aqui ou se lá, vai depender do resultado - quando digo lá, estou me referindo à Câmara dos Deputados. Se aqui for, se o povo do Paraná decidir assim, essa continuidade se estabelecerá.

            Senador Pedro Simon, V. Exª tem um aparte.

            Sr. Presidente, depois do Senador Pedro Simon, eu encerro, até porque não estava prevista essa modelagem de fala. Eu vim falar aqui por conta do que ocorreu no Estado da Bahia hoje, Senador Pedro Simon, mas quero ouvir V. Exª, pois é um prazer muito grande poder lhe dar esse aparte.

            O Sr. Pedro Simon (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Mas também não estava previsto que acontecesse o que aconteceu na Bahia, que pegou todos nós de surpresa. V. Exª é um expoente muito importante do Congresso Nacional. Eu tenho insistido que faltam, ao Congresso Nacional, a intimidade, o respeito, a compreensão e a vontade de trabalhar junto para melhorar. Parece que cada Senador, cada Deputado é uma ilha isolada. Alguns - muitos até - podem estar querendo o bem, mas, sendo uma ilha isolada, não se comunicam. V. Exª é daqueles que debatem, que discutem e que buscam o conjunto. V. Exª foi um Líder excepcional. Excepcional! Até hoje, eu não entendo por que V. Exª não continuou na Liderança. Sinceramente, eu não entendo. V. Exª teve grandes vitórias. O que V. Exª tinha era independência de discutir, de analisar, de interpretar. Embora sendo do Governo, Líder do Governo, defendendo o Governo, V. Exª tem a independência de fazer uma análise. O bom governo, quando ele tem companheiros leais, firmes e resolutos que o compõem, é aquele em que cada um tenha um pensamento, que esteja de acordo com o chefe, porque se identifica com ele e não por estar com medo de alguma coisa, que tenha vontade própria, ideia própria, pensamento próprio. E, nisso, com ideias livres de vários, se faz o conjunto do pensamento. V. Exª é muito raro no Congresso, porque é dos poucos que realmente entendem o conjunto e respeitam o conjunto. V. Exª, dentro do PT, é daquelas figuras que eu admiro. Desculpe-me, mas muitos que eu sempre admirei no PT saíram do PT. Um dos muitos é o Frei Betinho, que escreveu uma carta de duas páginas para o Zero Hora, fazendo uma análise e interpretando tudo. Eu até aconselharia a quem pudesse que lesse o que saiu no Zero Hora de ontem. Eu vou pedir a transcrição nos Anais do Senado Federal, porque o texto tem muita profundidade e se identifica com o que V. Exª está falando, mostrando o que ele é, a amizade que ele tinha por Lula, o carinho que ele tinha, o que ele desejava, o que ele esperava, o que está acontecendo. E o que está acontecendo são muitas coisas boas, muitas realidades, mas muito daquilo que era o PT. Ele diz: “O meu PT era o PT da luta das bases, do conjunto da sociedade, que lutava por melhorar o Brasil, não por consolidar um Partido no comando do Brasil.” O mais importante, Sr. Betinho, são as ideias, o pensamento, o futuro. O mais importante é fazer desta uma grande Nação. Mas, infelizmente, estão pensando em se manter nos cargos, em se manter nas posições, independentemente do que isso traga para o Brasil. A candidatura de V. Exª, na Bahia, era natural. Para alguns e para mim também, isto é algo surpreendente: dizem que o neto de Antonio Carlos está fazendo um grande governo na Bahia, na Prefeitura; dizem que ele está indo muito bem, que tem independência, que nada tem do estilo do avô dele, que todos o respeitam e que, inclusive, já insistiram para ele ser candidato nesta eleição para governador. Ele disse: “Não, vou completar meu mandato de Prefeito na Bahia.” Então, está afastada a candidatura dele. A candidatura de V. Exª, do lado de cá, era natural. Uma pessoa que, talvez, fosse importante na Bahia era o ex-Presidente da Petrobras, pelos anos em que ele esteve na Petrobras. Há uma coisa que não consigo entender, meu querido Senador: lá estava o Sr. Gabrielli, e a Petrobras era uma maravilha, tinha lucro e riqueza, fazia a exploração, era a maravilha das notícias, mas, ao sair de lá o Sr. Gabrielli e ao entrar essa senhora, está tudo mal. Eu não sei se isso se dá por causa da linguagem, mas, na verdade, a Petrobras está afundando. Comprou uma empresa nos Estados Unidos por dez e a vendeu depois por dois. Então, essa candidatura do ex-Presidente da Petrobras... Sim, ele é um cara que deve ser respeitado. Mas, se ele caiu fora, o candidato natural é V. Exª. Estou dizendo uma coisa que não interessa a mim. Para o PMDB da Bahia, não sei, mas sei que V. Exª não é um bom candidato para nós. V. Exª é um candidato para ganhar. Pelo candidato que o Governador está apoiando, os meus amigos da Bahia devem estar contentes. Aliás, vão me cobrar também pelo pronunciamento: “Você não tem de se meter, rapaz! O Governador está certo, aquele é o candidato.” Mas o candidato para ganhar é V. Exª. Mas V. Exª não é candidato para ganhar, V. Exª é o candidato da representatividade. Repare V. Exª que, já na eleição passada e, de certa forma, nesta eleição, o Governo do Sr. Lula vai tirar candidato para Presidente da República, como tirou candidato para prefeito de Porto Alegre e de São Paulo. Dizem alguns que Lula elegeu um poste para Presidente da República, que Lula elegeu um poste para prefeito de São Paulo. Agora, vão querer dizer que Lula elegeu um poste para governador da Bahia. Mas não é por aí. O normal é que os grandes líderes, os grandes nomes, as pessoas que têm capacidade façam história. É claro que a personalidade e o prestígio de Lula são importantes; temos de respeitar isso. Eu gostaria que Lula estivesse no meu Partido e que me apoiasse. Quer dizer, ele fala, e eu repito, mas ser eco e não ser voz não é bom. Isso não faz um grande partido. Um partido não é feito de um líder. Um grande líder é muito importante, um grande chefe é muito importante, um homem que têm ideias é muito importante, um homem que impõe a sua vontade é muito importante, mas ele tem de estar cercado de gente de personalidade livre que concorde com ele porque se identifica, não por medo, não por temor. Nesse pleito, V. Exª era um dos candidatos a governador que a imprensa noticiava ser o grande destaque da nova geração que se elegeria entre os novos governadores. Eu não entendo essa notícia. Sinceramente, eu não a entendo e não sei interpretá-la. Eu não sei interpretá-la. Sai V. Exª, e eu só sei o seguinte: quem é o candidato? É um secretário que o governador vai escolher. Não foi uma boa solução. V. Exª é um homem de ideias. V. Exª, no Senado, permanentemente, debate, discute, defende. V. Exª, talvez, seja um dos mais firmes na defesa do Governo. Agora, V. Exª tem personalidade, V. Exª tem pensamento, V. Exª sabe dizer “sim” e sabe dizer “não”. Se hoje o Governo quer só os que dizem “sim, senhor”, isso se parece com o que acontecia no tempo da antiga Arena. Até diziam que a diferença existente entre o MDB e a Arena era que a Arena dizia: “Sim, senhor general. Pode contar comigo”. Eu dou minha solidariedade a V. Exª e não me surpreenderia se V. Exª ganhasse a convenção. Eu não me surpreenderia com isso, porque o povo da Bahia é altaneiro, é livre, é soberano e já está vivendo um momento de mais liberdade. Não há mais aqueles momentos do tempo do nosso amigo Antonio Carlos, que falava, batia na mesa, assustava A, assustava B. Agora, ninguém mais assusta ninguém na Bahia. Nessas condições, eu não antecipo que V. Exª não pode ganhar.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Pedro Simon (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Até me atrevo a dizer: “Meus cumprimentos, se ganhar, porque V. Exª merece.”

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Obrigado, Senador Pedro Simon.

            Sr. Presidente, eu agradeço as manifestações.

            Quero dizer que é com muita alegria que tenho a oportunidade, Senador Mozarildo, de neste período continuar esta caminhada aqui, aprendendo.

            Quero encerrar, usando até algo que meu pai falava muito. Minha mãe me ensinou uma caminhada interessante, Senador Pedro Simon. Minha mãe é uma mulher que está mais perto dos 90 anos. É guerreira ainda, anda, faz, agita, sai daqui e vai para acolá.

            O Sr. Pedro Simon (Bloco Maioria/PMDB - RS) - Pela idade, ela é mais ligada a mim do que a V. Exª.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Com certeza!

            Minha mãe sempre diz assim: “O que a gente pode fazer não depende das pernas.” Sei que as pernas nos levam. Os atos que podemos praticar não dependem somente das mãos. Mesmo nos quase 90 anos, minha mãe diz assim: “O que a gente pode fazer a gente faz comandando daqui e, principalmente, usando as coisas daqui de dentro”. Ou seja, o que nós fazemos está na nossa mente. E ainda temos a capacidade de nos emocionar e de nos sensibilizar, pelo que carregamos dentro de nós.

            Do outro lado, meu pai era uma figura que não tinha as letras. Meu pai era roceiro, vivia da roça, mas abandonou a roça e foi viver na cidade grande. Inclusive, nasci em Salvador em decorrência disso. Meu pai virou ferroviário. Todo dia, ele nos dizia assim: “Se você ler uma folha de papel por dia, no final do ano, você terá lido 365 folhas. Mas, se você não leu uma folha todo dia, no final do ano, você jamais lerá essas 365 folhas.” Aprendi isso com meu pai. A forma de superar as dificuldades é na aplicação.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Então, Senador Eduardo, procuro ler minha folhinha todo dia, para acumular informação, para até poder me colocar nas coisas, não a partir de posicionamento só da boca para fora, mas com conteúdo, para tentar falar das coisas com propriedade, para tentar contribuir buscando esse conhecimento.

            Todo mundo diz que a inteligência está aqui, ali e acolá. A inteligência está aqui! A capacidade nossa de aplicar isso é que faz a diferença. Portanto, procurei fazer isso, tentando beber na inteligência que todos conseguem destilar neste Congresso e tentando, de forma aplicada, tocar a minha vida.

            Espero que meu Partido, nesse fim de semana, possa fazer isso, possa analisar, tomar a decisão e contribuir para que a boa caminhada que o Governador Jacques Wagner toca na Bahia hoje a gente possa ter a oportunidade de continuar tocando, para levar esse projeto adiante, seja comigo, seja com Sérgio Gabrielli, seja com outro...

(Interrupção do som.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ...que o PT escolher (Fora do microfone.).

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Eu continuarei da mesma forma em que estava ontem e em que estou aqui hoje. Continuarei nessa mesma toada, fazendo do mesmo jeito, Senador Pedro Simon, mantendo aqui a firmeza, mas, principalmente, dialogando com todas as faces, com todos os projetos, com todos os desejos, mantendo, claramente, aquilo que defendemos com convicção.

            Muito obrigado, Senador Mozarildo.

            Agradeço a todos que nos permitiram este bom debate aqui, à tarde.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/2013 - Página 87983