Comunicação inadiável durante a 213ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Sr. Gilvan Samico.

Autor
Jarbas Vasconcelos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Jarbas de Andrade Vasconcelos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento do Sr. Gilvan Samico.
Publicação
Publicação no DSF de 27/11/2013 - Página 85716
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, VOTO DE PESAR, MORTE, ARTISTA, ARTES PLASTICAS, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), HOMENAGEM POSTUMA.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Srª Senadora Ana Amélia, que preside a sessão, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, a cena cultural do Brasil teve uma perda irreparável, ontem, com a morte do artista plástico Gilvan Samico, um dos maiores gravuristas brasileiros de todos os tempos.

            Quero aqui pedir um voto de pesar do Senado Federal para essa figura tão marcante, mas de uma humildade, de uma simplicidade que só faziam agigantar o seu trabalho de gênio, de mestre, que, com certeza, influenciará novas gerações pelos próximos séculos.

            Não é por outra razão, Senadora Ana Amélia, que Samico tem duas obras expostas no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o mundialmente famoso MoMA. Ele também participou duas vezes da Bienal de Veneza, tendo sido premiado em uma delas.

            Nascido no Recife, em 15 de junho de 1928, Gilvan José de Meira Lins Samico era o penúltimo dos seis filhos de um casal de classe média do bairro popular de Afogados, na cidade do Recife, capital do Estado. Ainda jovem, após dois empregos com os quais não se identificou, Samico teve seu dom artístico percebido pelo pai, que o levou para estudar com o professor, pintor e arquiteto Hélio Feijó.

            Nascia ali uma trajetória de muita inspiração e inovação, de um pioneirismo invulgar. Inspirado pelo expressionismo dos mestres da gravura Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, Gilvan Samico desenvolveu suas inovadoras e meticulosas xilogravuras, inspiradas nos temas e no estilo da gravura dos artistas populares do Nordeste brasileiro.

            Em 1948, passou a frequentar a Sociedade de Arte Moderna do Recife. Quatro anos depois, fundou, com outros artistas, como Reynaldo Fonseca, lonaldo, Ivan Carneiro, José Cláudio, Wellington Virgolino e Wilton de Souza, o Ateliê Coletivo da Sociedade, idealizado pelo mestre Abelardo da Hora.

            Vinculado à Sociedade de Arte Moderna, fundada na capital pernambucana em 1948, pelo próprio Abelardo da Hora e por Hélio Feijó, o Ateliê cumpriu importante papel na renovação das artes plásticas em Pernambuco, ao promover cursos livres de pintura, escultura e gravura que rompiam com os padrões acadêmicos vigentes.

            Nos anos seguintes, Srª Presidente, Samico se torna aluno de Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi, em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. No final da década de 1960, ele passou dois anos na Europa, aperfeiçoando sua técnica e seus conhecimentos. Em 1971, convidado por outro mestre, Ariano Suassuna, se integrou ao Movimento Armorial, iniciativa que criou uma arte erudita a partir da cultura popular do Nordeste do Brasil.

            Por toda sua contribuição às artes brasileiras, Gilvan Samico recebeu, em 2009, a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República. Samico criou um estilo próprio, inconfundível, marcante, único, que pode ser reconhecido em qualquer lugar que esteja. Basta você olhar e saberá que é uma obra de Gilvan Samico.

            São por essas razões, Srª Presidente, que solicito ao Senado Federal um voto de pesar pela morte desse mestre pernambucano, desse mestre brasileiro da gravura. Solicito que esta decisão seja comunicada à D. Célida, companheira de Gilvan Samico por toda a sua vida.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/11/2013 - Página 85716