Pela Liderança durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Irresignação com a tentativa de vinculação da família de S. Exª com rumorosa apreensão de drogas realizada pela Polícia Federal.

Autor
Zeze Perrella (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MG)
Nome completo: José Perrella de Oliveira Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Irresignação com a tentativa de vinculação da família de S. Exª com rumorosa apreensão de drogas realizada pela Polícia Federal.
Aparteantes
Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 04/12/2013 - Página 89987
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, IMPRENSA, ACUSAÇÃO, DEPUTADO ESTADUAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), PROPRIETARIO, EMPRESA, AGROPECUARIA, FILHO, ORADOR, LIGAÇÃO, TRANSPORTE AEREO, TRAFICO, COCAINA, APREENSÃO, POLICIA FEDERAL.

            O SR. ZEZE PERRELLA (Bloco Apoio Governo/PDT - MG. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Presidente Jorge Viana, meus companheiros Senadores, jamais imaginei que eu viria a esta tribuna para tratar de um assunto que me deixa tão triste.

            Eu acho que o fato é do conhecimento de todos. Na última semana, meu filho, que é deputado estadual por Minas Gerais, proprietário de uma empresa que se chama Limeira Agropecuária, uma empresa agrícola no interior do Estado e que possui um helicóptero, uma aeronave, que se encontrava em manutenção, de uma quinta-feira até a sexta-feira seguinte, meu filho veio a Brasília, para a minha casa, e recebeu um torpedo do tal piloto, o famigerado piloto, perguntando se podia fazer um pequeno frete para Brasília. Esses fretes, obviamente, quem tem aeronave sabe, são feitos para custear as manutenções dessas aeronaves. Isso é algo corriqueiro e absolutamente normal para quem possui esse tipo de aparelho. Meu filho respondeu o torpedo dizendo: “Sem problema”. Ele disse - está nas mãos da Polícia Federal - que receberia R$12 mil por esse pequeno frete.

            Ele respondeu que sim. O piloto pega a aeronave e vai para São Paulo. Enfia no helicóptero 442 quilos de cocaína e vai para o Espírito Santo, num voo que ele não comunicou à Anac. Ele fez um plano de voo para a cidade de Belo Horizonte, mas foi, carregando 442 quilos de cocaína, para o Espírito Santo. Esses bandidos, graças a Deus, estavam sendo monitorados pela Polícia Federal, e, quando chegaram a essa propriedade no Espírito Santo, a Polícia Federal já os esperava e os capturou. Graças a Deus, estavam sendo monitorados.

            O piloto, que trabalhava para o meu filho, prestou um depoimento em que disse que meu filho não sabia de absolutamente nada; que ele foi cooptado pelo co-piloto, que era um conhecido dele e que não trabalhava para o meu filho; e que ele receberia R$104 mil para fazer esse frete, dos quais ele ficaria com R$60 mil e o co-piloto, com R$44 mil.

            O delegado, em seguida, deu um depoimento para a imprensa do Brasil inteiro dizendo que o Deputado Gustavo Perrella não constava sequer como suspeito, que prestaria um depoimento como testemunha, já que a aeronave o pertencia.

            Um advogado contratado pelo pai do piloto - um advogado, por sinal, desqualificado, de porta de delegacia, já foi até substituído -, no dia seguinte, deu uma declaração dizendo que ele soube por alto que essa pseudofazenda pertencia aos Perrellas.

            Uma parte da imprensa, de uma maneira sacana - deixem-me usar esse termo -, começou a ventilar isso. O delegado, novamente, voltou à cena e disse que a fazenda não nos pertencia, mas que ele não poderia revelar o nome dos donos, que estavam sob investigação, para não atrapalhá-la.

            Então, a verdade é essa e foi dita. Mas a imprensa, quando não quer entender, quer ver sangue, quer massacrar.

            Meu filho não conhece sequer droga. Magno Malta não está aqui. Tanto eu como meu filho lutamos contra as drogas. Participei de campanha antidroga com o Senador Magno Malta por várias vezes. O Senador Magno possui em Minas Gerais alguns abrigos antidrogas que ajudamos a vida inteira. Fizemos campanhas antidrogas, eu como Presidente do Cruzeiro, juntamente com o Gustavo. Isso faz parte, inclusive, da atividade dele como Parlamentar.

            Então, quando eu vejo tudo isso... O Senador Magno Malta está aqui como testemunha. Magno, eu nunca passei por um período tão difícil na minha vida. Não por nada. Nós não precisamos de política, graças a Deus. É pela injustiça.

            Sugeriram ainda que o avião da droga poderia ter sido abastecido com dinheiro público. Todos nós sabemos que nós temos a nossa verba indenizatória. Ela pode ser utilizada para comprar passagem aérea e também para abastecimento de aeronave dentro de cota que nós temos para a atividade parlamentar. Meu filho usou, durante o ano inteiro, R$14 mil com abastecimento de aeronave. Quatorze mil durante o ano inteiro, o ano inteiro. O último ressarcimento que ele teve foi no mês de outubro.

            Sugeriram, inclusive, que esse voo da droga, esse voo maldito, foi feito com abastecimento de dinheiro público. Eu, inclusive, como Senador, já abasteci também. Não tenho o que negar. Usei R$14 mil durante o ano inteiro. Poderia usar R$20 mil por mês. Se estiver errado, que se mude o Regimento.

            Então, quando eu vejo tudo isso, Senador Magno, dá vontade de realmente largar a política, porque é muito fácil jogar pedra.

            Nós nunca precisamos disso, de R$14 mil por mês. Faça um levantamento de todos os Senadores, de todos. Todos usam dentro daquilo que podem. Talvez eu seja o que menos use, porque fico mais em Brasília. Quando usei, foi para a minha atividade de política. Vou lembrar: R$14 mil o ano inteiro.

            Então, quando eu vejo essas matérias, até dá nojo, às vezes, de mexer com política. Dá nojo.

            Cinquenta manifestantes na porta da Assembleia jogando farinha. Cinquenta. Quer dizer, querem transformar isso em um evento político, na base da sacanagem de quem não merece.

            Eu fumo cigarros. O Senador Magno Malta vive me enchendo a paciência para largar. Não consegui, ainda, Senador Magno, mas meu filho nem isso faz. Ele não bebe - às vezes, uma cervejinha num churrasquinho.

            Passei a semana com ele aqui, cara! Eu sei o quanto ele está sofrendo com isso. Eu sei o que ele está sofrendo com isso. Eu o aconselhei, inclusive, a não mexer mais com política, e não é por causa disso, não. É porque eu descobri que não vale a pena. Não vale a pena, é muita injustiça!

            Mais uma vez, repito: meu filho não é investigado.

            E torço, Senador Pedro Taques - o senhor, que é promotor, já deve ter presenciado situação semelhante -, para que peguem os cabeças dessa organização, que essas pessoas apodreçam na cadeia.

            Conversei com o pai do piloto. Era um menino que, se você olhar para ele, você não acredita! Quase levei esse garoto para morar na minha casa. Ele tinha cara de gente boa. Meu único erro, nosso único erro foi confiar nele, mas quem nunca foi enganado, quem nunca confiou?

            É como você emprestar seu carro para alguém comprar pão na esquina e esse carro ser utilizado para traficar droga ou para cometer um assassinato. Que culpa você tem se emprestou o seu carro? Você simplesmente confiou.

            Então, eu não posso aceitar isso. Eu não posso aceitar isso.

            Mais uma vez, repito: meu filho não está sendo investigado. Ele prestou depoimento e se ofereceu, inclusive, como testemunha. Ele se ofereceu. Meu sonho é ver os chefes dessa organização na cadeia, que eles apodreçam lá.

            Essas drogas, Senador Malta, que o senhor tanto condena, tanto combate, e que tanto mal fazem para a sociedade...

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. ZEZE PERRELLA (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - Concedido o aparte, Senador Magno.

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Senador Perrella,...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - ... neste momento de sofrimento da sua família...

            O SR. PRESIDENTE (Casildo Maldaner. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Só para lembrar ao Senador Magno Malta que o Senador Perrella está falando como Líder, mas, excepcionalmente, sem dúvida alguma, o aparte neste caso.

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Eu faço um pedido a V. Exª. Minha mãe era analfabeta profissional e dizia que há momentos na vida em que a graça precisa ser maior que a lei. Neste momento, a graça tinha de sobrepujar a lei, porque é uma palavra para um companheiro que está sofrendo. Posso falar?

            O SR. PRESIDENTE (Casildo Maldaner. Bloco Maioria/PMDB - SC. Fazendo soar a campainha.) - Aí, está dentro da excepcionalidade, a invocação de sua mãe de que a graça é maior que a lei.

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - É excepcionalidade.

            O SR. PRESIDENTE (Casildo Maldaner. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Está dentro da excepcionalidade que a Mesa levantou agora. Levantou a excepcionalidade justamente em função disso, que a graça é maior que a lei, no caso de a sua mãe sempre ter invocado isso.

            Justamente, V. Exª vem endossar o que a Mesa decidiu em relação ao Senador Perrella. É isso aí.

            Com a palavra, para o aparte de V. Exª.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Muito obrigado, Senador Casildo. Eu torço para que V. Exa saia do outro lado.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - A Bíblia diz: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Essa hora urge, Senador Perrella, que só o trato da verdade seja verdade, porque a vida ensina que o homem do bem tem um segundo momento. O homem do mal não tem; o homem do bem tem. Adversidades todos nós temos. Ataques todos nós sofremos. E há que se superar. É muito difícil. Posso calcular o sofrimento seu, do seu filho, da sua filha, da sua família, convivendo com esse drama diário, com a exposição diária, com um fato que não é comum e que, por não ser comum, não é aceitável: o tráfico de drogas, violência contra a sociedade, contra o ser humano. V. Exa faz esse pronunciamento e uma citação do meu nome. Realmente, o Projeto Quero Viver, de Minas Gerais, fui eu quem criou, lá em Divinópolis.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Realmente eu o conheço. Por isso, eu lhe digo - conselho do seu irmão, do seu amigo, ao senhor, ao seu filho: a Bíblia diz que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. A Bíblia fala de noite, sabe por quê? Porque noite tem hora para começar e hora para acabar. O choro pode durar uma noite, mas a alegria pode vir ao amanhecer. O que eu sugiro a V. Exa é que em nenhum momento titubeie na sua palavra. Em nenhum momento dê uma informação que não seja verdadeira, porque o pior da mentira é a hora da verdade. E, se V. Exa tem a verdade, trate com ela o tempo inteiro, doa o que doer, vá aonde for. Trate com ela o tempo inteiro, porque nesses episódios, desmentir a informação mal dada é pior do que ter sido pego com a boca na botija. V. Exa faz um relatório, neste momento, de que não participou, de que não é parte disso, de que não significa nada disso, de que seu filho não é parte disso, de que sua família não é parte disso e de que simplesmente a confiança de vocês foi violentada por alguém em quem vocês confiaram. E acho que a história de cada um de nós mostra isso. Quem de nós nunca foi traído e quem de nós nunca foi assaltado pela ingratidão? Todos nós. Mas eu torço, como seu irmão, para que V. Exa saia do outro lado. Neste momento, não há em que se agarrar. É como você estar se afogando: você fica maluco para ter um cipó para você pegar um galho de uma árvore. Nessa hora, é confiar em Deus. Se você tem a verdade, confie em Deus. Se você tem a verdade, confie em Deus, porque há de sair do outro lado. Agora, os homens do mal não têm. V. Exa vem à tribuna, faz o seu pronunciamento, faz o seu registro, e, daqui do meu lugar, na minha torcida por V. Exª e pela sua família,...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - ... eu reafirmo o que lhe falei no começo: trate literalmente com a verdade para não ser questionado, em nenhum momento, por esse episódio. Embora seja muito difícil e muito duro, V. Exª tem a minha torcida para que chegue do outro lado.

            O SR. ZEZE PERRELLA (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - Senador Magno, agradeço o aparte.

            A verdade já foi dita pelo próprio delegado, presidente do inquérito. O Gustavo não consta sequer como investigado, não é verdade? Então, é isso.

            A única coisa que, algumas vezes, a imprensa quis questionar - como ele disse que não autorizou o frete, e depois o advogado diz que ele autorizou - foi o fato de o Gustavo dizer que ele não autorizou o frete para o Espírito Santo. Agora, os maldosos falaram: “Ele disse que não autorizou; depois, disse que autorizou.” Ele disse que não autorizou para o Espírito Santo; para São Paulo, ele disse que autorizou desde o primeiro momento. Ele não autorizou para o Espírito Santo. Agora, os maldosos falaram: “Ele disse que não autorizou; depois disse que autorizou.” Ele disse que não autorizou...

(Interrupção do som.)

            O SR. ZEZE PERRELLA (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - ... editam e fazem o que fez a imprensa.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Encerro o meu pronunciamento, pedindo a Deus, Senador Magno, porque eu quero ver é o dono da droga na cadeia. Pegaram lá aqueles coitados que fizeram isso para receber 60 mil. O outro recebeu 40. Eu quero ver é o dono da droga na cadeia. E Deus vai ajudar para que isso aconteça o mais breve possível.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/12/2013 - Página 89987