Pronunciamento de Eduardo Amorim em 03/12/2013
Discurso durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem ao Governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda, que faleceu essa semana.
- Autor
- Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
- Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem ao Governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda, que faleceu essa semana.
- Aparteantes
- Eduardo Suplicy, Inácio Arruda, Paulo Paim.
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/12/2013 - Página 90064
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM POSTUMA, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, POLITICA, PESAMES, FAMILIA, SUGESTÃO, ORADOR, ALTERAÇÃO, NOME, HOSPITAL, CANCER, HOMENAGEM, MORTO, PEDIDO, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, VERBA, EMENDA, EVOLUÇÃO, CONSTRUÇÃO, CENTRO DE SAUDE.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, todos os que nos acompanham pelas redes sociais, cheguei há pouco do meu Estado de Sergipe, como o senhor bem leu aí, representando o Senado Federal. Isto porque Sergipe, meu Estado, despediu-se de um dos mais eminentes filhos da sua história contemporânea. Todos sabem que falo de Marcelo Déda Chagas, nosso Governador, que, aos 53 anos, muito jovem, deixou um legado político e humano inegável.
Déda nasceu na cidade de Simão Dias, terra que deu ao nosso Estado filhos ilustres, dentre eles, antes de Déda, três Governadores: Sebastião Celso Carvalho, Delmiro Silveira Góes e o nosso colega aqui no Senado, Senador Antonio Carlos Valadares.
Sua militância política teve início no movimento secundarista. Participou do grupo político estudantil de esquerda chamado, abre aspas, “Atuação”, fecha aspas, na Universidade Federal de Sergipe, onde cursou Direito. E seu interesse pelas causas esquerdistas atraiu a atenção da militância política à época.
Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e pela legenda elegeu-se Deputado Estadual, Federal, Prefeito de Aracaju por seis anos, em seguida, Governador de Sergipe por sete anos.
Sei de tudo isso, Sr. Presidente, Senador Paim, porque, enquanto Déda cursava e se graduava em Direito, eu fazia Medicina. É lógico que ele, um pouco mais adiantado por alguns anos. Mas já ouvia, na Universidade Federal de Sergipe, as suas palavras, os seus discursos em defesa da nossa querida e tão importante Universidade Federal de Sergipe.
Na última campanha, estivemos juntos no mesmo palanque. Embora o nosso bloco político tenha passado a fazer parte da oposição, em determinado momento, ao Governo do Estado, jamais - jamais! - deixamos de reconhecer seu valor, sua idoneidade política e como cidadão. O respeito nunca deixou de existir, Senador Paim, mesmo na discordância. Mas, quando se pediu o diálogo, com diálogo se construiu o consenso.
E explico. Um dos momentos mais emocionantes da minha vida política vivi este ano, quando Déda, pela primeira vez, ou melhor, uma única vez, solicitou um diálogo para que fosse aprovado o Proinveste. Bastou uma única vez, Senador Paim, não mais do que isso. Pediu para dialogar, e ali, no momento, eu diria que fazendo parte de um convênio divino, Deus quis, com certeza, naquele momento, porque eu não tinha planejado estar naquele evento, no Espaço Emes, no momento da formatura do Instituto Luciano Barreto Júnior, onde centenas de adolescentes estavam realmente se formando, recebendo seus diplomas.
O Governador Déda discursou e pediu, pela primeira e única vez, para dialogar. Dali saiu, em seguida, um consenso e tudo foi feito como ele pretendia. Nós, da Oposição, pedimos apenas que ele colocasse no texto da lei do Proinveste onde deveriam ser gastos todos aqueles recursos, para que não caísse no esquecimento para as gerações vindouras que iriam pagar aqueles empréstimos, a exemplo do que Sergipe já passou em sua história recente, para que todo sergipano soubesse que aquele empréstimo, aquela dívida estava sendo paga por aquela outra obra. Isso apenas foi exigido e ele, numa atitude de muita humildade, pediu o diálogo e o diálogo foi concedido.
Fazíamos uma oposição de forma responsável, não rancorosa de fato. Todos os diálogos que Déda pedia eram permitidos, eram dados e, com certeza, o consenso era construído, haja vista que é nas discordâncias, Senador Paim, obviamente respeitosas que os diálogos podem ser ampliados, as ideias, discutidas e os ideais, com certeza, alinhados.
O fato é que, com a morte precoce de Marcelo Déda, a política sergipana e, por que não dizer, a política brasileira perdeu um dos seus nomes mais emblemáticos.
Sobretudo foi ele um batalhador, herói da luta pela democracia, é verdade. Déda foi um exemplo de homem, de pai e uma referência de político para uma nova geração. E ele gostava de se referir, Senador Paim, ele me contava: Eduardo, eu sou esse descortinador que veio abrir as cortinas do nosso cenário político, do cenário político sergipano para as novas gerações. Era assim que ele se autodenominava, era assim que ele se chamava, que ele se entendia.
Foi ele, com certeza, aquele que abriu as cortinas do cenário político para as gerações vindouras. Depois de assumir o Governo do Estado; depois de passar pelo Parlamento federal, aqui pela Câmara Federal, e de fazer um brilhante mandato; depois de passar pelo Parlamento estadual, ele abriu a cortina, com certeza, para as novas gerações. Porque, até então, Senador Paim, nós víamos uma constante repetição de pessoas no poder, sobretudo no Governo do Estado, a exemplo do Governador Albano Franco, do próprio Governador Valadares, do Governador João Alves e também, concomitantemente, do atual Governador Jackson Barreto.
Sobretudo, foi ele um batalhador e um herói pela luta da democracia. Déda foi um exemplo de homem, de pai, de referência, como político, para a nova geração, para Sergipe e para o Brasil.
Figura humana inconfundível; havia uma voz e uma ideologia marcantes na sua assinatura. Seus discursos contundentes, recheados de conteúdo técnico e poético ficarão para sempre nas nossas memórias.
Em seu último discurso, em maio deste ano, disse que a política era a sua grande vocação e que era do que ele vivia. Mais adiante, disse - abre aspas:
No fundo, o maior ordenado que eu tenho é o sorriso na face dos sergipanos. Hoje, fiquem felizes todos, da oposição e do Governo, porque os senhores semearam sorrisos; sorrisos que eu não sei se vou colher, mas, quando forem colher, lembrem-se de mim. [Fecha aspas]
Estávamos ali, todos assinamos o Proinveste e realmente concordamos com ele. Bastou apenas uma solicitação de diálogo, tão simples. Acredito que não tenha sido pedida antes, porque, às vezes, Senador Paim, houvesse gente maldosa, gente perversa que quisesse diferentemente, talvez, embora não dissesse, não expressasse. Depois Déda reconheceu que o caminho era o caminho mais simples, era o caminho do diálogo. Porque o diálogo promove a paz, evita as guerras, evita sofrimentos, com certeza, e isso ele entendeu a tempo.
E é neste momento que as divergências políticas se anulam, e fica apena o sentimento cristão da fraternidade e do respeito ao ser humano Marcelo Déda, pessoa dotada de reconhecidos princípios morais - sempre disse isso -, éticos e ideológicos.
Déda era um daqueles que não abria mão dos seus princípios nem dos seus valores. Mesmo estando num mundo político, nunca abriu mão de seus princípios nem de seus valores. Ele sabia dos seus limites, ele tinha conhecimento dos seus limites e entendia que, sobretudo no mundo político, onde você representa muitos, não deveria nunca nem jamais abrir mão de seus princípios morais, éticos e ideológicos. Ele era assim.
Digo que divergências existiam, é verdade. Às vezes, divergências há dentro de casa, com irmãos, com filhos, com esposa, mas, com certeza, as divergências muitas vezes servem para unir com uma força maior, com um laço muito maior.
Para todos nós sergipanos, será sempre uma referência e sem dúvida nenhuma uma perda indelével.
Neste momento de dor e tristeza, quero me solidarizar com a sua esposa, Eliane Aquino, com certeza uma grande guerreira, uma companheira de todas as horas. Ao lado de um grande guerreiro, uma grande guerreira; ao lado de um grande amigo, uma grande companheira. Uma mulher com semblante simples, que carrega no seu semblante a humildade, a simplicidade, mas, com certeza...
O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Permita-me um aparte, Senador?
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - ... uma grande mãe, uma grande esposa e um grande exemplo por ter atravessado e suportado todas essas dores e esses sofrimentos que já vêm se arrastando com a doença dele.
Pois não, Senador Paim! Concedo um aparte a V. Exª.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Eduardo Amorim, eu, quando cheguei aqui, na segunda-feira, encaminhei um voto de pesar, de solidariedade aos familiares. Ao mesmo tempo em que entregava, eu percebi que V. Exª já tinha feito o mesmo gesto. Diversos Senadores assinaram tanto o meu requerimento, em nome do PT, como o seu requerimento em solidariedade à família. Hoje, durante todo o dia, aqui foram feitas diversas homenagens ao nosso querido Marcelo Déda. Marcelo Déda foi Deputado Federal no período em que também fui.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - É verdade.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Marcelo Déda era uma figura daquelas que a gente não vê todos os dias, uma figura ímpar, sempre na linha da conciliação, do entendimento, não deixando nunca de ter posições muito claras e muito definidas. De tudo o que percebi, tanto na Bancada Federal de Deputados como também na conversa que tive em Sergipe - estive lá também -, eu poderia dizer que o PT jamais o esquecerá, porque ele era um antes de Marcelo Déda e outro a partir de Marcelo Déda, com essa renovação de uma nova geração de petista, de forma muito positiva. Também Sergipe, com certeza, V. Exª aqui é testemunha pelo que falou, foi um antes do Marcelo e será outro eterna, progressiva e positivamente, graças ao Marcelo. Marcelo era um jovem de ideias avançadas, competência técnica, com um discurso forte, com conteúdo, com raiz, que convencia todos nós. Por isso, nesta terça-feira, às 21 horas, quando V. Exª faz este belo pronunciamento - percebo eu que carregado de emoção -, eu não poderia deixar de dizer, neste aparte que faço a V. Exª, que eu tenho muito orgulho de alguns homens e algumas mulheres que eu conhecei ao longo da minha vida política, e um deles, V. Exª pode ter certeza, é o seu Governador, que ora faleceu, nosso Governador, mas do seu Estado, Marcelo Déda. Parabéns a V. Exª.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Obrigado, Senador Paim. Os Sergipanos, com certeza, agradecem a sua manifestação, como agradecem a todos os Senadores que hoje se manifestaram.
Eu estava me deslocando do aeroporto para cá, ouvia a Rádio Senado e vi aqui muitos colegas Senadores se manifestarem. Cito o Senador Suplicy, que também está aqui; o Senador Cássio Cunha Lima; o Randolfe; o próprio Wellington Dias, que esteve lá nos representando; e muitos outros Senadores, colegas Senadores.
A todos os meus sinceros agradecimentos em nome dos sergipanos, que, com certeza, aqui representamos.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Claro, Senador Eduardo Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Prezado Senador Eduardo Amorim, V. Exª, Senador pelo Estado de Sergipe, conheceu e conviveu muito com o nosso querido Deputado Estadual, Federal, Prefeito Governador - Prefeito de Aracaju; Governador de Sergipe -, que foi guindado outra vez pelo povo sergipano - com 72%, salvo engano - na sua segunda eleição, o que denota uma confiança que o povo conferiu a ele simplesmente extraordinária. Pelos dados que pude ler nos jornais nestes últimos dias, é muito significativo o aumento da qualidade de vida de todo o Estado de Sergipe, do povo sergipano e de Aracaju, durante o Governo de responsabilidade do Marcelo Déda. Ele tinha propósitos formidáveis, embora tenha vivido apenas 53 anos. V. Exª ainda hoje me dizia que soube até compreender, não apenas como companheiro, mas como médico que o acompanhou de perto - e conhece muito bem - o desenvolvimento do câncer que acometeu Marcelo Déda, os dilemas que um médico e um paciente têm, quando este está submetido a uma infecção ou a algo como um câncer no pâncreas e nos rins. Eu sei do sofrimento que isso possa significar. Estive visitando Marcelo Déda no Hospital no Sírio-Libanês e, um dia, fui até o hotel onde ele estava, porque, volta e meia, ele vinha para São Paulo para realizar os tratamentos recomendados pela excepcional equipe médica que o assistiu. E V. Exª, hoje, como médico, me explicou como foi difícil a situação e como deve ter sido sofrido para a Eliane, para seus cinco filhos e para todos nós do PT. A Presidenta Dilma, o Presidente Lula tinham com Marcelo Déda uma amizade e uma sintonia muito especial. A Presidente Dilma revelou que gostava muito de receber os presentes, os livros de poesia com a indicação de qual era a página que precisava ser lida por ela, feita pelo Marcelo Déda, que se tornou, assim, seu amigo. O próprio Presidente Lula, que tantas vezes o recebeu e fez questão de visitá-lo nas últimas semanas por diversas vezes, tinha em Marcelo Déda - todos nós somos testemunha disto - uma pessoa por quem tinha enorme admiração e confiança. Marcelo Déda era uma pessoa que dizia ao Presidente Lula verdades, às vezes difíceis de serem ouvidas, com toda amizade e carinho. Ele era uma pessoa que, se havia críticas a procedimentos dentro do PT, as fazia com muita assertividade e sinceridade. Uma pessoa que contribuiu enormemente. Há jornalistas que cobrem o trabalho do Congresso Nacional e da vida política brasileira. Eu pude observar que os maiores jornalistas do País, como Janio de Freitas, Dora Kramer, Raquel Ulhôa, Maria Lima - não serei exaustivo, para não me esquecer de alguns nomes -, fizeram questão de registrar as qualidades extraordinárias de Marcelo Déda e como era bom que no Brasil houvesse uma pessoa com tais qualidades.
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Portanto, um exemplo extraordinário para todos nós. Meus cumprimentos ao povo de Sergipe por terem tido uma pessoa que tanto honrou a nós e a todos os seus familiares.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Muito obrigado, Senador Suplicy, pelas palavras, pela emoção. O povo de Sergipe lhe agradece a solidariedade. V. Exª também o conhecia muito bem, afinal de contas conviveu muito com Déda.
Senador Inácio Arruda.
Sr. Presidente, peço a sua compreensão, afinal de contas, eu dizia há pouco ao Senador Paim que nunca passei de 20 minutos, mas hoje é um dia diferente; por isso, eu peço paciência.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Somos nós que estamos tomando-lhe o tempo, mas eu peço ao Sr. Presidente que já transfira cinco minutos do meu tempo para o Senador Amorim,...
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Muito obrigado, Senador Inácio.
O Sr. Inácio Arruda (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - ... porque ele presta uma homenagem, aqui, ao nosso companheiro, camarada, um profissional respeitado, um estudante vibrante que aderiu à luta contra a ditadura no final dos anos 70, início dos anos 80, e que colocou o seu nome para ser candidato, para fazer a marca partidária - esse é um fato importante na trajetória do homem público. Não pretendia ter nenhuma carreira política, mas foi convocado pelo próprio Presidente Lula, àquele época Presidente do PT, a se lançar candidato. Ele tinha um objetivo: mais adiante, poderia fortalecer a estrutura partidária e dar ao País - quem sabe? - um Presidente da República, o que, de fato, terminou por acontecer. Déda foi essa pessoa com a capacidade, com a inteligência, com a vivacidade, com a compreensão política, com a compreensão do tempo certo de fazer a política, a capacidade de encontrar aliados na hora mais adequada. Então, é um pouco a trajetória do Partido dos Trabalhadores que fez a sua marca. Depois disso, buscou alargar os compromissos com o Brasil, buscando alianças muito significativas. Eu convivi um bom período com Marcelo Déda na Câmara dos Deputados, assim como Paim. V. Exª teve essa oportunidade de conviver com ele, diretamente, em sua terra natal, Sergipe. O Marcelo era uma pessoa amiga, afetiva, alegre, um homem sorridente, que dialogava com todos os setores, independentemente da posição e da opinião política - se era oposição ou situação -, mesmo porque a nossa atividade parlamentar em comum se deu na oposição. Nós, praticamente, estávamos ali convivendo na oposição, mas ele dialogava sempre com a situação, buscando o que era mais adequado e justo para o Brasil, mesmo na oposição. O Marcelo teve sempre essa capacidade, uma capacidade aglutinadora. Um grande tribuno, falava com firmeza, com tranquilidade, dando sua opinião; um grande Parlamentar e um grande executivo. Não posso deixar de registrar a aliança entre nós, entre Marcelo Déda e o PCdoB, na figura, também um extraordinário homem público, de Edivaldo Nogueira, seu colega de atividade política no Estado de Sergipe, que se tornou Vice-Prefeito de Marcelo Déda. Em seguida, assumiu a prefeitura quando Marcelo saiu para o governo e, juntos, eles trabalharam a reeleição de Edivaldo e, na sucessão, também a reeleição de Marcelo Déda. Então, um casamento muito importante, muito interessante. Sergipe faz campanhas muito vivas, muito ativas; todos os candidatos se atiram com força na disputa eleitoral. E eu lembro porque participei das campanhas tanto de Déda como de Edivaldo. Nas ruas centrais de Aracaju, aquelas caminhadas gigantes. E os dois numa alegria assim inflamante, fazendo a campanha, convocando a população, saltando, pulando e chamando o povo para participar da política, fazer política. Não deixar nunca ser contaminado pelo dito “não político” - entre aspas - ou o dito “não partidário” - entre aspas. Então, Marcelo foi essa figura extraordinária, com essa capacidade. Nós perdemos um jovem político, digamos assim, com 53 anos, com as condições de vida que o nosso País alcançou e que o mundo alcançou, com a técnica, com a ciência, com as vitaminas, com as vacinas, com tudo que nós conseguimos, nós perdemos para uma doença ainda feroz, um câncer difícil, um jovem político, talentoso e que era um grande amigo nosso, um grande amigo do PCdoB, um grande amigo do povo sergipano e do povo brasileiro. Por isso, eu quero também me congratular com V. Exª pelo pronunciamento que faz nesta noite no Senado Federal, em homenagem a este grande homem público sergipano e grande homem público do Brasil. É muito importante que a gente possa, sim, fazer esta homenagem a quem deu grande parte da sua vida, do seu talento, da sua inteligência a ajudar o nosso País. Muito obrigado.
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Muito obrigado, Senador Inácio Arruda.
Sergipe é assim mesmo. As campanhas são no corpo a corpo, o convencimento é presencial, é físico. Você conversa e é ali que você conquista realmente ou não o voto. É assim mesmo.
Mas obrigado pelo seu depoimento. E volto a dizer, Sr. Presidente, que me solidarizo com a esposa, com a família, com a Eliane Aquino, essa grande companheira de todas as horas, uma guerreira ao lado de um outro guerreiro, que estava numa outra batalha, na batalha física, na batalha para se manter vivo e que, com certeza, o sofrimento se não foi maior foi porque, ao lado dele, havia esse semblante da paz, essa energia boa, essa energia positiva da esposa, Eliane Aquino.
Também me solidarizo com as suas filhas Marcella, Yasmim e Luísa, e com os pequenos João Marcelo e Mateus.
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) -Termino já, Sr. Presidente.
Com seus parentes; com os amigos; com o Desembargador Déda, que, confesso, não tive uma proximidade, mas, recentemente, troquei algumas palavras com ele e fiquei realmente admirado; com todos aqueles que um dia conheceram e que tiveram a honra de conviver com este grande sergipano: Marcelo Déda.
Para finalizar, Sr. Presidente, eu gostaria de informar que conversei hoje com a Presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, a amiga, a médica Angélica Guimarães e sugeri que, por meio de projeto, Senador Paim, o Hospital do Câncer de Sergipe adotasse o nome de Hospital Oncológico Governador Marcelo Déda Chagas.
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - É uma luta que já vimos travando há muitos anos, porque Sergipe é um dos poucos Estados do País que ainda luta, realmente, para ter esse hospital. Já há os recursos, Sr. Presidente, Senador Inácio Arruda. Já há recursos para essa construção. Quando esse hospital, realmente, for entregue à nossa população, que ele seja chamado de Hospital Oncológico Governador Marcelo Déda Chagas, pela luta, pela bravura, pelo desprendimento, pelo exemplo. Uma justa homenagem a esse que foi um verdadeiro guerreiro na luta contra o câncer e que acreditava nesse sonho e que apoiou esse sonho que é de todos os sergipanos.
Inclusive, Sr. Presidente, já estão empenhados quase R$50 milhões. Parte desses recursos é do Governo Federal. Outra parte é do próprio Governo do Estado, que foi colocado lá no Proinvest. Há uma emenda, para este ano...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - E, aqui, faço uma súplica à Presidente Dilma e ao Ministro da Saúde, Padilha, para que liberem a terceira emenda no valor de R$33 milhões para o nosso Hospital Oncológico, que espero que seja Hospital Oncológico Governador Marcelo Déda Chagas. Colocamos a quarta emenda agora, para que se possa finalizar e equipar esse nosso futuro hospital, que, com certeza, irá amenizar o sofrimento de muitos e muitos sergipanos - não só sergipanos, Senador Paim, pois, na unidade de oncologia lá que hoje é um ambulatório apenas, atendem-se sergipanos, baianos, alagoanos, gente vinda de todos os cantos. Que o nosso Ministro Padilha libere esses recursos. Com certeza, ele conta com o apoio da nossa Presidente, que ontem esteve lá e deu um belíssimo testemunho, junto com o ex-Presidente Lula, que conheceu e era muito próximo e que, de forma emocionada...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - Estou terminando, Presidente.
Por meio dessas emendas apresentadas por nós e com o apoio de toda a Bancada, espero que esses recursos sejam, realmente, liberados e que o nosso hospital - espero -, por meio da proposta da Presidente Angélica Guimarães - que amanhã fará uma sessão solene em homenagem ao nosso Governador Marcelo Déda - e com o apoio de todos os Parlamentares estaduais, de todo o Parlamento Estadual, possa ser denominado - o hospital do câncer de Sergipe - Hospital Oncológico Governador Marcelo Déda Chagas.
É uma justa homenagem a uma pessoa que lutou e que soube lutar contra o câncer, que soube lutar contra esta doença muitas vezes invencível.
Sr. Presidente, a todos os Senadores, a todos os colegas...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) -...obrigado pelos depoimentos; o povo de Sergipe agradece. O povo de Sergipe hoje está triste, mas guarda, com certeza, os bons exemplos.
Amigo, Senador Paim, é aquele que não sabe só dizer sim, mas sabe, sobretudo, Presidente, Senador Inácio Arruda, dizer não. Muitas vezes, dissemos sim para o Governo Déda e algumas vezes dissemos não. Mas, quando o diálogo foi solicitado, transformamos este não em um sim, porque fomos convencidos. E amigo é aquele que sabe realmente dialogar e conversar, transformar muitos nãos em sins ou transformar os sins em nãos, porque muitas vezes o não é uma correção de rumo. Entendo assim e dizia isso frequentemente a Déda.
Ou seja, mesmo estando na oposição, fazia uma oposição respeitosa...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE) - ...uma oposição que sugeria, que pedia realmente uma correção de rumo naquilo que entendíamos que não estava certo. Mas o respeito, a consideração e a admiração nunca faltaram nem da nossa parte e, com certeza, nem da parte dele.
E Déda, volto a dizer, Senador Inácio Arruda, foi esse descortinador que abriu o cenário político sergipano para as novas gerações, para novas pessoas, para os nossos jovens, para que entendam que a política é verdadeiramente, quando bem conduzida, um instrumento de transformação social, um instrumento de justiça social.
Muito obrigado, Sr. Presidente.