Discurso durante a 223ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o prejuízo que a construção de usina no rio Teles Pires tem causado à população dos municípios Alta Floresta e Apiacás, em Mato Grosso.

Autor
Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Preocupação com o prejuízo que a construção de usina no rio Teles Pires tem causado à população dos municípios Alta Floresta e Apiacás, em Mato Grosso.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2013 - Página 91273
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • PREJUIZO, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, MUNICIPIO, ALTA FLORESTA (MT), APIACAS (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), AUMENTO, POPULAÇÃO, TRABALHADOR, PREFEITO, REDUÇÃO, RECURSOS, INVESTIMENTO, ATENDIMENTO, HOSPITAL, EDUCAÇÃO.

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, neste momento, muito rapidamente, trazer aqui o nosso reclame, as nossas preocupações quanto à situação por que passam os Municípios do Estado de Mato Grosso Alta Floresta e Apiacás.

            O Governo Federal está construindo uma usina no Rio Teles Pires, e essa usina, evidentemente, vai trazer riqueza para o Brasil, vai fomentar a riqueza do Brasil, desenvolver o Estado de Mato Grosso e, de certa forma, vai dar ao Brasil mais energia para nossas indústrias, para nossas casas, para aqueles que realmente querem o conforto.

            Mas acontece que, com isso, a riqueza de uns, a miséria de outros. A população de Paranaíta, de Alta Floresta e de Apiacás praticamente dobrou em apenas um ano. Aquela usina hoje está com mais de seis mil funcionários, e a maioria deles levou a sua família para aquela região. Uma cidade que tinha apenas oito ou dez mil habitantes, como as cidades de Apiacás e Alta Florestas, que tinha 18 mil, passaram, respectivamente, de 10 mil para 20 mil e de 18 mil para 70 mil habitantes. Com isso, a cidade ficou com as suas instalações pequenas, praticamente sem poder dar assistência à sua população. Os recursos dessas duas prefeituras praticamente já eram poucos para os 10 e 18 mil habitantes que tinham. Agora, com quase 100 mil habitantes, evidentemente que os recursos não dão.

            Mas ninguém foi ao encontro desse prefeito ou dessa comunidade. Ninguém foi ao encontro das necessidades, dos problemas das cidades. Todos se esqueceram de que ali há gente; gente que trabalha, que luta e que quer dias melhores.

            Nessas cidades hoje não há como atender aos doentes, não há como atender com moradia aqueles que para lá foram; não há escola, salas de aula nem carteira para colocar os filhos dos trabalhadores que para lá foram. E o pior: a maioria dessa população é de gente pobre, de gente humilde, que foi buscar condições para melhorar a sua vida.

            O Brasil vai ganhar com a usina pronta. Nós temos lá mais de 1.820 MW que serão colocados na rede. Teremos ali, para o Brasil, condições importantes para acabar com os blackouts. A energia que cai todos os dias.

            E a população que lá está? E as crianças que lá estão? E aqueles que lá residem, como ficam?

            Consulto o Governador Sinval Barbosa para que possa ir ao encontro desses prefeitos, que, inclusive, decretaram, já no dia de hoje, estado de emergência nesses Municípios, que, na verdade, não têm mais como sobreviver. Os hospitais não têm mais onde colocar os seus doentes, e a população perece. Aliás, essa região é marcada pela riqueza que traz a miséria.

            Há alguns anos, era o garimpo que lá estava. Instalou-se, muito ouro foi tirado da região, mas também, com o ouro, vieram a miséria, a prostituição, a insegurança, e a população sofreu.

            Passou o garimpo, passou aquela chama que trazem os aventureiros, e a cidade voltou ao normal, mas a miséria ficou lá. Durante muitos anos, tiveram que lutar, brigar, para conseguir melhorar a situação socioeconômica da população.

            Agora, vem de novo: no Rio Teles Pires, caudaloso, importante, constrói-se a usina. Estão construindo a usina. No entanto, com ela, vem também a miséria. Riqueza para uns, choro e tristeza para outros.

            É necessário que o Governo Estadual e o Governo Federal olhem por essa população, que atendam aos reclamos desses prefeitos, que possam, realmente, dar um olhar diferente para aqueles que estão ali, historicamente, para fazer o melhor para a sua família e para o seu Estado. Eles não podem ser jogados à marginalidade da forma como estão; eles não podem ser esquecidos nas suas necessidades básicas; eles não podem, de maneira alguma, ser atendidos da forma como estão, com ouvidos moucos. Todos sabem do problema, da miséria instalada, mas ninguém coloca condições para atender a essa população que sofre!

            Portanto, fica aqui o nosso clamor, em nome dos prefeitos municipais daquela região, para que o Governo Federal e o Governo Estadual possam ir ao encontro daqueles que estão ali, sofrendo, para dar condições de riqueza ao Brasil.

            Sr. Presidente, fica aqui o nosso reclame, porque, na verdade, essas coisas não podem acontecer.

            Agradeço a oportunidade a todos os Srs. Senadores e Senadoras que me ouviram e quero ser curto, porque eu sei que várias pessoas precisam falar aqui ainda, mandar um recado para seus Estados. Por terem me ouvido, agradeço-lhes neste momento.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo carinho e pela forma com que V. Exª me concedeu a palavra.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2013 - Página 91273