Discurso durante a 223ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a economia do País; e outro assunto.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. HOMENAGEM, IMPRENSA.:
  • Preocupação com a economia do País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 06/12/2013 - Página 91379
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. HOMENAGEM, IMPRENSA.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GUIDO MANTEGA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), PROBLEMA, ECONOMIA NACIONAL, INFLAÇÃO, DESACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PRIVATIZAÇÃO.
  • HOMENAGEM, PROGRAMA, JORNAL, REGIÃO, FRONTEIRA, FOZ DO IGUAÇU (PR), SERVIÇO, POPULAÇÃO.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Anibal Diniz, Srs. Senadores, eu pretendo ser rápido e fazer uma abordagem sobre a situação da economia do País.

            Antes, faço outro registro: hoje, o Vereador Paulo César Queiroz, de Foz do Iguaçu, oferece uma moção de aplauso ao programa Naipi Comunidade, uma justa homenagem pelos extraordinários serviços prestados à comunidade de Foz do Iguaçu por esse programa de grande audiência em toda a faixa de fronteira da Tríplice Fronteira. As minhas homenagens também, pois compartilho dessa iniciativa do Vereador Paulo César Queiroz. Impossibilitado de estar presente, os meus aplausos daqui, da tribuna do Senado Federal, a um programa que, realmente, presta serviços, valoriza a cidade, valoriza a região e atende a população de forma muito eficaz.

            Os aplausos ao Mário e a toda a sua equipe; ao Mário, que comanda uma equipe competente de comunicadores, de repórteres, enfim, de produtores, para a apresentação do Naipi Comunidade, que é um programa recordista em audiência no seu horário. Os nossos cumprimentos, portanto.

            Mas, Sr. Presidente, o desempenho atual da economia brasileira é a crônica do fracasso anunciado. Em que pesem as previsões otimistas do Ministro Mantega, a cada passo, há a demonstração de que a sua bola de cristal está sempre embaçada. O medíocre crescimento que a gestão Dilma Rousseff tem entregado aos brasileiros é fruto de um experimento equivocado e malsucedido, empreendido à revelia de reiterados alertas contrários. Já são anos sob clima de incerteza. Não sabemos quantos anos ainda serão perdidos.

            Até agora, a única coisa que o Governo conseguiu foi colocar o Brasil figurando entre as economias de pior desempenho no mundo. Mas o nosso modelo é mais ruinoso do que outros pelo Planeta afora: produz não apenas crescimento baixo, como também inflação regada a taxas de juros elevadíssimas. Uma receita de professor Pardal.

            A Presidente e sua turma jogaram no lixo um modelo que ajudou o País a empreender uma lenta, porém persistente travessia rumo a um ambiente econômico mais próspero e estável, iniciada no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. O sistema baseado na trinca metas de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante foi posto de lado pela atual gestão em favor de uma dita "nova matriz econômica".

            A receita da Presidente persegue a clássica combinação de um pouquinho mais de inflação para mais crescimento - algo no que só os governistas ainda acreditam. Alguns governistas, na verdade.

            Mas o que a mistura produziu foi, na realidade, muita inflação e nenhum crescimento, a menos que alguém considere que crescer uma média de, no máximo, 2% ao ano seja alguma coisa digna de nota.

            Essa receita baseia-se em mais gasto público, mais crédito, leniência com a inflação e desafogo nos juros. Em momentos de crise mais aguda, como a que se seguiu à debacle mundial de 2008, até produz algum benefício.

            Mas é a velha história: remédio em excesso pode acabar matando o paciente. Foi o que aconteceu: o Brasil hoje está pior do que a maioria dos países do mundo em matéria de crescimento econômico.

            O triênio 2011/2013 já foi rifado. Mas o estrago, infelizmente, tende a ser muito maior. O Brasil entrará num ano difícil para todo o mundo, como se prevê para 2014.

            Além de crescermos pouco e termos inflação alta, nossas contas públicas estão em completo desarranjo, o crédito está ficando caro e o dólar, com tendência de alta, não deve nos ajudar. Muito pelo contrário.

            Para complicar, nosso investimento é pouco e decadente - no trimestre, caiu 2,2%, no pior resultado desde o primeiro trimestre de 2012. Nossa taxa de poupança doméstica - 15% do PIB - recuou ao pior nível desde 2000, elevando a dependência de recursos estrangeiros no momento em que o dinheiro fica mais caro no mundo e as contas externas do País já estão no fio da navalha.

            Algumas expressões, salpicadas ao longo de páginas e páginas de avaliações negativas publicadas nos jornais de hoje, retratam o ânimo reinante. O momento é de “instabilidade”, num “clima de incerteza” e de “perda de confiança”, diante de “uma condução da política econômica que, focada no curto prazo, encurta o horizonte de planejamento de empresas e consumidores e contribui para variações bruscas da atividade econômica”, como resumiu o Valor Econômico.

            As previsões otimistas, exageradamente otimistas, são desonestas, exatamente porque colocam o mercado sobressaltado diante das incertezas. Não há possibilidade de planejamento a médio prazo, a longo prazo, porque as previsões enunciadas pelo Governo não são mais acreditadas pelo mercado.

            Qual o grande investidor, qual o empresário competente que acredita nas previsões do Governo, especialmente anunciadas pelo Ministro Mantega?

            Isso promove recuos. Certamente, compromete o nível de investimento que poderia ser superior se tivéssemos segurança e, sobretudo, planejamento, previsão com a necessária visão de futuro.

            Com os resultados do terceiro trimestre conhecidos nesta semana, com queda de 0,5% sobre os três meses anteriores, a perspectiva para 2014 turvou-se de vez. Há quem acredite que o crescimento do PIB brasileiro, no ano que vem, mal supere 1%, mas a média mais comum é de uma expansão de 2%, ainda assim, muito ruim para um País que precisa crescer e se desenvolver para superar o enorme fosso de desigualdade e injustiça social como o que ainda persiste entre nós.

            A Presidente começou o seu governo prometendo crescimento de até 5% ao ano. Nunca passou nem perto disso. Fez 2,7% em 2011, 1% no dado revisado de 2012 e deve fechar este e o próximo ano com algo em torno de 2%. Neste momento, o Brasil é, em todo o mundo, a economia com o pior desempenho, conforme mostrou o jornal O Globo.

            O Governo aposta nas privatizações para evitar uma catástrofe pior no ano que vem. Mas esquece-se de que, se tivesse feito a coisa certa, nesta altura, as concessões já poderiam estar produzindo algum resultado, se não tivessem demorado tanto a transpor a resistência ideológica do PT aos investimentos privados.

            Um dos aspectos mais lastimáveis de tudo isso é que a maior preocupação do Governo da Presidente Dilma não tem sido como lidar com o buraco em que o País se meteu e como tirar-nos de lá, mas sim como definir uma "narrativa" que cole na população e a dificulte de perceber os problemas que se agigantam antes que as eleições cheguem, como informou o jornal O Estado de S. Paulo. A propaganda tem sido a alma do negócio petista.

            Tudo considerado, o País vive hoje à sombra do "risco". Paga-se um preço muito elevado por decisões equivocadas. Paga-se ainda mais caro pela persistência num caminho que nos conduziu a um beco sem saída. O Brasil não tem mais tempo a perder. O Brasil não aguenta mais ficar à mercê do projeto de poder do PT. O Brasil precisa mudar. O País precisa de um projeto de nação de verdade.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/12/2013 - Página 91379