O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, o dia de ontem marcou algo impressionante na história do Parlamento brasileiro. O Senado nacional perdeu a oportunidade, a rara oportunidade de mostrar à Nação que quer conviver com as coisas sérias.

            O Senado nacional, na tarde de ontem, mostrou a sua fragilidade. O povo brasileiro - tenho certeza -, na sua maioria; o povo do meu Estado do Pará - tenho certeza -, na sua maioria, gostaria de saber o voto do seu Senador. Cada Estado que mandou Senadores para cá para representá-los gostaria de ver os votos de seus Senadores.

            Não teremos tão cedo esta oportunidade. A coisa foi tão desorganizada, a coisa foi tão fora de ordem, a coisa foi tão impositiva, que até hoje havia Senadores perguntando o que foi aprovado ontem.

            Pasmem, senhores e senhoras, brasileiros e brasileiras, paraenses! Assistimos ontem a uma tragédia do Senado Federal, aliás, os Poderes Executivo e Legislativo passam por momentos difíceis na história desta Pátria. A impunidade neste País é clara, é cristalina.

            Ora, senhores e senhoras, eu dizia aqui que Dirceu e Genoino não seriam presos, e cheguei ao excesso de dizer que renunciaria ao meu mandato. Agora, Dirceu vai trabalhar num hotel que paga hoje para sua gerente algo em torno de R$2,8 mil, mas o Dirceu vai ganhar lá, brasileiros, R$20 mil, com direito à mordomia de roupa nova, comida, enfim, tudo que precisar.

            Observem quem são os donos dos hotéis; observem quem está por trás disso; observem que José Genoino, de repente, adoeceu. José Genoino estava bonzinho, Pátria amada. De repente, José Genoino adoece. E, agora, já anunciam a aposentadoria integral de José Genoino.

            Vai sobrar para aqueles que não têm padrinho; vai sobrar para aqueles que não são amigos do Lula e da Dilma.

            O que eu falei aqui está acontecendo. Isso é só o início, Pátria amada! Daqui a pouco, nem dormir na cadeia eles vão mais.

            Agora, vejam o que acontece com os ladrões de galinha nesta Pátria. Vejam o que acontece com aqueles que não têm mandato e que, porventura, cometem uma infração e que, porventura, não têm a condição financeira para se defender. Vejam o que acontece com esses. E ainda a Dilma vem dizer que a desigualdade está diminuindo nesta Pátria.

            Dilma, quem não sabe que tu estás por trás de tudo isso - tu e o Lula?

            Nesta Pátria, senhores e senhoras, há 843 processos para serem julgados no Supremo Tribunal Federal. Há processos de políticos há 29 anos tramitando no Supremo Tribunal Federal. Vou repetir: 29 anos tramitando no Supremo Tribunal Federal! Há políticos que têm em suas costas mais de 20 processos tramitando no Supremo Tribunal Federal.

São crimes de todas as ordens: lavagem de dinheiro até homicídios. Até homicídios! E estão engavetados.

            Vou repetir: é inacreditável! Políticos com mandatos, exercendo seus mandatos com direito de votar, e voto secreto, em qualquer votação, com exibicionismos, que têm dezenas de processos em suas costas tramitando no Supremo Tribunal Federal.

            Joaquim Barbosa, tu te tornastes um símbolo desta Pátria, mas o Supremo Tribunal Federal não pode colocar nas suas gavetas 843 processos de políticos! Não pode o Supremo Tribunal Federal passar 29 anos com processo engavetado!

            Esta Pátria tem a sua República feita com muito sangue derramado, feita com a força dos republicanos Benjamin Constant, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, batalhas sangrentas para se estabilizar a República neste País. E hoje, no ano de 2013, observamos o que fizeram ontem na votação do voto aberto.

            Quantos direitos têm os políticos? Aquelas famílias daqueles que estão presos lá só podem visitar seus parentes uma vez por semana, marcada essa visita. Para os mensaleiros, olha como a Pátria é, olha como a Dilma é, olha como o Lula é, Brasil!

            Nós não podemos mais conviver com isso, Pátria querida!

            É por isso que muitos se aborrecem comigo, porque eu tenho de dizer a verdade nesta tribuna. Eu não poderia deixar passar o dia de hoje sem vir aqui comentar a minha decepção no dia de ontem, por ver exibicionismo, por ver gente que não merecia nem estar aqui neste Senado - porque responde a dezenas e dezenas de processos - ter o mesmo direito que eu tenho.

            Ontem, o Parlamento não sabia nem o que votar, nem como votar! Repito: até hoje Senadores pegam o microfone para perguntar ao Presidente o que tinham votado, o que teria sido aberto, na realidade. “O que votamos, Presidente, o que foi aberto para o povo ver?”

            Olhem, brasileiros, que tumulto foi a sessão de ontem! A Minoria foi massacrada! Rolo compressor! A única vantagem de tudo isso é que o povo brasileiro tem a TV Senado para assistir ao que acontece aqui dentro. O povo brasileiro sabe como julgar! O povo brasileiro está atento a todas as nossas ações.

            Julguem, brasileiros! Julguem aqueles que não querem ver a sua Pátria evoluir - a Pátria que passa hoje por momentos terríveis: a violência, a impunidade, o apadrinhamento; um apadrinhamento sórdido, um apadrinhamento que o povo brasileiro não merecia nem ver. E os jornais todos os dias mostram a vergonha, o descaramento, a imbecilidade de se proteger alguns.

            Se o Dirceu soubesse o quanto ele pesaria na balança, se o Genoíno soubesse o quanto ele pesaria na balança, eles teriam roubado mais. Eles teriam roubado mais.

            E o PT? E o PT? Quem viu o PT, brasileiros, quem viu o PT, quem acreditou no PT, que decepção, brasileiros!

            Petistas, vocês que diziam... Vocês disseram tanta coisa e mentiram, tanta mentira, e continuam mentindo. Mentira em cima de mentira. Petistas, vocês que diziam que ladrão não ficava no quadro do PT, ponham o Genoíno para a rua! Ponham o José Dirceu para a rua!

            Não põem. Não põem, brasileiros. Se fosse um miudinho, colocavam; mas, como é um "Zé Graúdo", não vão colocar. Mas está lá no estatuto deles. Eles batiam no peito e diziam. Fizeram isso com a Benedita e com outros, com a Erundina e com outros. Faça agora com José Dirceu! Faça com Genoíno! O Lula não deixa, a Dilma não deixa. Essa é a realidade, Nação.

            E eu não tenho por que temer vir aqui a esta tribuna falar a verdade! E tudo o que eu falo eu tenho documento. Eu não venho para cá inventar história. Lixem-se. Lixem-se aqueles que acham que eu não deveria falar a verdade. Lixem-se aqueles que têm raiva de mim pela minha fala! Lixem-se!

            Eu não posso ver progredir na minha Pátria a corrupção. Eu não posso ver progredir na minha Pátria um Parlamento que já não é visto com bons olhos pela população, por querer esconder o que faz, o que vota.

            Eu não posso comungar com o que acontece hoje nesta Pátria: um Congresso todo engessado, um Senado engessado, uma Câmara de Deputados engessada, que faz aquilo que o Governo quer. Um Parlamento frágil, a moralidade no Parlamento baixa a cada votação, e a população espera uma resposta. A corrupção aumenta, a violência neste País aumenta, a infraestrutura neste País é zero, a saúde, a educação...

            Quando um Parlamentar, Presidente, quer aqui fiscalizar o dinheiro público, os Senadores não permitem. Não são todos. Ontem, 41 Senadores disseram que queriam abrir o voto total. Quarenta e um contra dezoito.

            Anotem! Anote, Nação, o nome desses Senadores, desses 18 que não quiseram abrir o voto para conhecimento da Nação. Anote o nome deles.

            Eu fiz uma CPI aqui e vou reapresentá-la. Na segunda-feira eu a reapresentarei.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu não desisto na primeira tentativa. Eu vim aqui para representar o meu Estado e a minha Pátria e assim farei até o último minuto do meu mandato.

            Eu comprei a Veja hoje. Na semana passada, eu mostrei novamente, Senadores, aqueles que me assistem aqui, Senador Paim, eu mostrei a corrupção do futebol. Eu mostrei a necessidade de se fazer uma CPI para investigar as federações e a Confederação Brasileira de Futebol. Mostrei, provei a corrupção no nosso futebol, a decadência do nosso futebol.

            Já vou descer, Sr. Presidente.

            Oxalá, tomara que se possa ganhar a Copa do Mundo.

            Fico preocupado quando vejo o Senado Federal não querendo fiscalizar nem o Governo, nem as entidades. Consegui 37 assinaturas, e, ao calar da noite, o Governo mandou tirar as assinaturas, inviabilizando a CPI.

            Semana passada, a Veja veio denunciando. Esta semana, a revista Veja denuncia novamente a corrupção no futebol.

            Prezado Senador Paim, ao descer desta tribuna, quero ler em voz alta e mostrar à TV Senado. A qual câmara eu posso mostrar, aquela ou esta? Aquela ali.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Olhe aqui: o próximo lance é a greve.

            Greve no futebol!? Greve no futebol, Senadora Ana Amélia? Os jogadores vão entrar em greve? A senhora escutou isso alguma vez nesta Pátria? A senhora viu isso alguma vez em alguma nação? Nunca, Senadora! Pois a maioria dos jogadores, por corrupção na Confederação Brasileira de Futebol. Senadora, e ainda não deixaram abrir uma CPI aqui, Senadora! Nós vamos ao cúmulo, nesta Pátria, de ter greve de jogador de futebol para parar o futebol brasileiro.

            Vou descer. Vou descer, dizendo da minha decepção de ser Senador. Fico muito decepcionado em ver minha Pátria em decadência. Em decadência moral. Em decadência em relação ao povo. Em decadência da ética. Aqui se faz o que se quer.

            Aqui se ganha o que se quer em votação. Aqui o Governo faz o que quer. Nós estamos numa ditadura política, que nem disfarçada é.

            Presidente, desço desta tribuna dizendo à Nação brasileira e ao meu Estado: são vocês que mandam para cá cada Senador. É da mão de vocês que sai o poder. Anotem o nome daqueles que desrespeitam vocês, anotem o nome daqueles que desrespeitam a Pátria, anotem o nome dos corruptos e acabem com eles nas próximas eleições.

            Muito obrigado.