Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o cenário político nacional e defesa da política implementada pelo PT.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA, PROGRAMA DE GOVERNO.:
  • Considerações sobre o cenário político nacional e defesa da política implementada pelo PT.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2013 - Página 72422
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA, PROGRAMA DE GOVERNO.
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, AVALIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, PROGRAMA DE GOVERNO, BOLSA FAMILIA, RECEBIMENTO, PREMIO, SEGURIDADE SOCIAL, AMBITO INTERNACIONAL, CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), REFERENCIA, PERSEGUIÇÃO, MEMBROS, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, queria iniciar agradecendo ao Senador Ruben Figueiró, que muito gentilmente me cedeu a sua vez. Trocamos aqui, fizemos uma permuta.

            Tenho, às 14h30min, um compromisso na Presidência da República para tratar de um projeto que tramita na CAE. Quero agradecer V. Exª pela gentileza e me comprometo a lutar por recursos para o Mato Grosso do Sul, com certeza.

            Srª Presidenta, ocupo a tribuna na tarde de hoje para comentar um pouco sobre o cenário político nacional e sobre o Estado de Pernambuco desses últimos dias.

            Acho que a primeira coisa importante de nós aqui registrarmos são os resultados das pesquisas eleitorais e de avaliação de Governo que foram feitas nesse último final de semana, ou pouco antes, e que são muito representativas do sentimento da população brasileira nesse momento.

            Obviamente, ninguém considera que pesquisa eleitoral, nesse momento, tenha a importância que tem em outros momentos mais à frente, quando a disputa já está posta, mas naturalmente, depois de todo um processo que vivemos no Brasil, de grandes manifestações populares, de questionamentos às instituições, em que a política e os políticos foram fortemente questionados, nós vemos hoje a Presidenta Dilma, que foi aquela que mais sofreu o impacto da perda de popularidades dos políticos e das instituições, se recuperar gradativamente de forma consistente.

            Inclusive, as duas pesquisas divulgadas nesses últimos dias, uma do Datafolha e outra da Vox Populi, mostram que, em todos os cenários, praticamente, a Presidenta Dilma tem condições de vencer ainda no primeiro turno.

            Mais do que a relevância da pesquisa neste momento, o que nos importa é o fato de que isso, que é uma tendência desse momento, revela que o povo brasileiro tem a compreensão de que o País está no caminho certo e que não pode desse caminho se desviar.

            É um reconhecimento da população às conquistas do governo Lula, às conquistas do Governo Dilma e, acima de tudo, uma posição de que o Brasil não quer voltar atrás, não quer voltar ao tempo em que o FMI monitorava a nossa economia; não quer voltar ao tempo em que a desigualdade era muito maior do que é hoje; não quer voltar ao tempo em que o nosso País não olhava para as pessoas, em que o governo vão via os cidadãos e as cidadãs. Mas é verdade, também, que o povo brasileiro, neste momento, não quer apostar no escuro, não quer ter algum tipo de aventura que venha a se tornar algo inconsequente para o nosso País.

            Os últimos dias foram muito importantes para que nós pudéssemos saber, claramente, quem são aqueles que estão comprometidos com esse legado conquistado por várias forças, nos últimos dez anos, e quem são aqueles que têm se contraposto a essa realidade, aqueles que questionaram o Bolsa Família, que disseram que era o bolsa miséria ou que era uma política assistencialista.

            É engraçado que, quando as más notícias surgem, a mídia brasileira se encarrega de, rapidamente, divulgar e dar a essas notícias ares de verdadeira hecatombe. No entanto, quando boas notícias vêm, isso vira registro de pé de página de jornal - quando vira.

            O Programa Bolsa Família foi agraciado ontem com aquele que é chamado o Nobel da área social, o prêmio da Associação Internacional de Seguridade Social, uma entidade reconhecida por 157 países, que, a cada três anos, após um estudo pormenorizado, escolhe a melhor experiência do mundo para a redução de desigualdade, para o enfrentamento da pobreza.

            Ontem, foi divulgado um resultado em que o Programa Bolsa Família é considerado um programa modelo para o enfrentamento à pobreza e o combate à desigualdade. Portanto, erraram aqueles que acreditavam que o Bolsa Família não iria dar certo.

            Uma pesquisa do Ipea, também divulgada ontem, mostrou que o Bolsa Família é responsável por 28% da redução do número de pessoas que viviam na miséria absoluta e em condições de fome. Portanto, mais um resultado a comprovar, cientificamente e tecnicamente, que nós estamos avançando.

            Eu quero principalmente me referir aqui ao movimento da política. Aliados históricos também desse projeto começam a fazer um caminho diferente, um caminho de questionar esse legado, essa construção que fizemos coletivamente, e a assumir claramente o discurso de oposição.

            Assim aconteceu em relação à aliança que foi celebrada entre o Partido Socialista Brasileiro e a ex-Ministra Marina Silva, que assumem agora, tendo como candidato o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, uma postura claramente de oposição ao projeto que, ao longo desses dez anos, inclusive com a participação do PSB, inclusive com a participação da ex-Ministra Marina Silva, fez com que o Brasil tenha chegado à situação em que hoje se encontra de inclusão de milhões e milhões de pessoas, de desenvolvimento econômico, de progresso, de redução de desigualdades.

            Naturalmente, em uma situação como essa no Estado de Pernambuco, não poderíamos continuar a fazer de conta que nada tinha acontecido, até porque o nosso partido, o Partido dos Trabalhadores, foi vítima, nos últimos dias, de um forte ataque feito pelo PSB no sentido de enfraquecer as nossas bases, de cooptar Lideranças e Parlamentares do nosso Partido.

            Portanto, só resta ao PT hoje assumir uma posição de absoluta independência do Governo que nós ajudamos a construir, que nós ajudamos a eleger em 2006, do qual participamos, e fazemos parte também dos sucessos que o Governo de Pernambuco obteve ao longo desse tempo, sem esquecer, inclusive, que boa parte do sucesso que Pernambuco tem hoje tem a ver com as parcerias que foram feitas com o Governo Federal, por intermédio do Presidente Lula, da Presidenta Dilma e do Governo estadual.

            São bilhões e bilhões de reais que foram colocados, investidos em Pernambuco pelo Governo Federal para obras importantes, como a Transnordestina, como a transposição, como a ida da refinaria para Pernambuco, o Polo Petroquímico, o Estaleiro Atlântico Sul, a posição do Governo de mudar a lei para permitir que a Fiat vá para Pernambuco, a duplicação de três rodovias federais, tantas, tantas e tantas ações que fizeram com que Pernambuco crescesse e que hoje são esquecidas, e fazem de conta que nada disso ocorreu.

            Por essa razão, um grupo de integrantes do PT, entendendo que não havia mais a mínima condição de permanecer no Governo, tomou a posição de integrar os seus cargos e, ao mesmo tempo, propor ao Partido que o Partido como um todo tome essa decisão, para preservar a sua dignidade, para preservar a sua autoestima, para preservar o respeito dos seus militantes e dos seus filiados, sem qualquer posição sectária de se passar para o lado da oposição ou coisas assim, mas com certeza de afirmar um projeto de um partido que tem presença social, que tem representatividade social, que tem uma parcela importante do eleitorado em Pernambuco e que não vai ser destruído por quem quer que seja, que tenha um discurso de modernidade, mas que na prática faça aquilo que há de mais velho na política deste País, que é utilizar a força para dobrar aqueles que não aceitam as orientações e os ditames dos que se consideram donos da política de Pernambuco.

            Por essa razão, Srª Presidenta, eu vim hoje a esta tribuna, agradeço a tolerância de V. Exª, para dizer que nesta tribuna, enquanto eu for Senador, serei uma palavra para defender a liberdade, para defender a democracia, para não ser capacho de quem quer que seja, para afirmar a altivez da nossa posição e da posição do nosso Partido. Tenho dito.

            Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2013 - Página 72422