Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas aos pronunciamentos feitos pela Presidente Dilma, em que ela nega estar em campanha eleitoral, e considerações sobre o cenário econômico do País.

Autor
Jarbas Vasconcelos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Jarbas de Andrade Vasconcelos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, IMPRENSA.:
  • Críticas aos pronunciamentos feitos pela Presidente Dilma, em que ela nega estar em campanha eleitoral, e considerações sobre o cenário econômico do País.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2013 - Página 72425
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, IMPRENSA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), PUBLICAÇÃO, INTERNET, ASSUNTO, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, UTILIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL, OBJETIVO, REELEIÇÃO, CRITICA, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, ENFASE, INFLAÇÃO, SUPERAVIT.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu gostaria de externar a minha estranheza com algumas colocações da Presidente Dilma Rousseff publicadas no noticiário jornalístico de ontem e no mesmo noticiário de hoje.

            Ontem, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Dilma declarou que não está de “salto alto”, entre aspas. Criticou prováveis adversários no pleito do ano vindouro e afirma - abre aspas: “Eu sou Presidente e não fico tratando de eleição. Para mim, a eleição não é problema agora”. E continua: “Problema é governar, não ficar preocupada com quem vai ser candidato”. Foram palavras proferidas pela Presidente da República que são estranhas, soam mal aos ouvidos. Ora, a Presidente está em campanha desde março de 2013, quando Lula oficializou sua candidatura à reeleição em outubro do próximo ano, 2014.

            A propósito, Srª Presidente, hoje a Folha de S.Paulo publica uma matéria sobre viagens da Presidente e diz que Dilma amplia número de deslocamentos nacionais em ano pré-eleitoral. Mostra que, no ano de 2011, seu primeiro ano de mandato, ela fez 43 viagens; que, no ano passado, 2012, essas foram reduzidas para 36; e que, de 1º de janeiro a ontem, dia 15, a Presidente realizou 51 viagens. Ou seja, por 51 dias, segundo a Folha de S.Paulo, ela andou pelo País em busca da reeleição.

            É profundamente estranho, Srª Presidente, que tudo isso ocorra - volto infelizmente a reiterar isto - sob as vistas da Justiça Eleitoral e do Ministério Público, órgãos que não tomam nenhuma providência com relação a essa atitude da Presidente da República.

            Senadora Ana Amélia, desde março deste ano a Presidente Dilma percorre, todas as semanas, em avião oficial, com equipe e combustível pagos pelos contribuintes brasileiros, o Brasil de cima a baixo, de norte a sul fazendo campanha.

            João Santana, o seu famoso e falastrão marqueteiro, orienta a Presidente desde a sua vestimenta - geralmente vermelha, cor oficial do Partido dos Trabalhadores - até o conteúdo do discurso que ela, Presidente Dilma, deve fazer no plenário da ONU contra os Estados Unidos.

            Quer dizer, o Brasil vive esta situação incomum, de um marqueteiro orientar a Presidente sobre a roupa que deve vestir até o que se deve dizer sobre episódios importantes envolvendo o país como as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil e que devem ser condenadas por todos nós.

            Não é a primeira vez que falo sobre o assunto. Na segunda-feira desta semana, ocupei a tribuna para falar sobre tudo isso, sobre o que a Folha de S.Paulo publica hoje, sobre as viagens da Presidente em avião oficial, sobre o uso do dinheiro do contribuinte brasileiro em ações eleitoreiras. Na ocasião, li matéria do Blog de Josias de Souza, publicada quinta-feira da semana passada, dia 11 e que volto a ler agora. O título: “Durante 5 horas, Alvorada virou comitê eleitoral.”

            E a Presidente diz que não trata de eleição, que quer tratar, com seriedade, dos problemas do Brasil.

            Segundo o blog do Josias:

“Em pleno horário de expediente, ela converteu o Palácio da Alvorada em comitê eleitoral durante cinco horas.

Dilma recebeu o padrinho Lula, o marqueteiro João Santana, o presidente do PT, Rui Falcão, o Ministro Aloizio Mercadante e o ex-ministro Franklin Martins. Discutiram detalhes da estratégia a ser adotada pela gigante do olimpo no embate contra os anões. Você, caro contribuinte, não foi avisado. Mas pagou a conta do encontro.

Além de financiar o local, o conforto, a água mineral, o suco, o refrigerante, o cafezinho, o lanche, o garçom e o serviço de copa, você pagou os salários de Dilma e Mercadante para eles suspenderem todos os negócios da Nação e dedicarem atenção total às mumunhas reeleitorais.”

            Hoje, 16 de outubro, a imprensa informa que Dilma, embalada num palanque eleitoral móvel na Bahia, respondeu as críticas da ex-ministra Marina Silva de que o Governo Dilma era um retrocesso, sobretudo na economia, e que ela, Dilma, havia abandonado o chamado tripé econômico. Ou seja: câmbio flutuante, superávit fiscal e metas para o combate à inflação.

            Dilma respondeu ao repórter: “Meu querido - ela sempre usa essa expressão, quando se encontra acuada, sem respostas. Jamais essa expressão, Srª Presidente, será entendida como uma forma carinhosa de tratar as pessoas-, “Meu querido, jamais foi abandonado o tripé macroeconômico do Governo”. Dilma disse ainda que a inflação está controlada e tudo o mais na economia vai muito bem.

            Srªs Senadoras e Srs. Senadores, Marina Silva foi, como sempre, moderada nas suas críticas, civilizada e educada. Contudo, muito mais severa e contundente é a matéria publicada hoje no Correio Braziliense, na página 9 do primeiro caderno, no espaço dedicado à Economia, e assinada pelo repórter Deco Bancillon, que diz: “Más notícias minam a confiança no Brasil”:

“Sob o comando de Dilma Rousseff, indicadores econômicos do País pioraram [não é a Marina que está falando; é o Correio Braziliense]. A inflação disparou, o crescimento se enfraqueceu, a dívida bruta atingiu níveis alarmantes, os custos de logística aumentaram e as contas públicas foram maquiadas.”

            Nunca, na história do Brasil, nenhum governo federal maquiou contas, enganou a população. Só quem faz isso no mundo é a Argentina. Fez o ex-presidente Néstor Kirchner e faz sua sucessora e viúva Cristina Kirchner.

            Na Argentina se manipulam pesquisas, burlam

(Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - ...as estatísticas da inflação. A inflação oficial é uma; a inflação na boca do caixa, no supermercado é outra completamente diferente.

            O Governo copia o mau exemplo e essa situação degradada que existe na Argentina.

            Há uma submatéria, na mesma página de Economia do Correio, que diz:Fotografias diferentes”:

“Quando o Brasil recebeu, em 2008, a chancela de grau de investimento, a situação econômica do País era motivo de confiança. Agora, o quadro é outro: dívida bruta em alta, inflação persistente e pouca transparência nas contas públicas.”

            Depois, o Correio enumera, Srª Presidente, em uma página inteira, os problemas que causaram essa desconfiança.

            (Soa a campainha.)

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Quais foram os motivos que levaram a essa desconfiança sobre o Brasil? O Brasil foi bem até três, quatro anos atrás, e agora desandou. Primeiro, “bolsa banqueiro”:

“Em 2008, para estimular a economia, Tesouro passa a injetar recurso no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a chamada “bolsa banqueiro”.

Desde então, foram mais de R$400 bilhões, criando um orçamento paralelo, que fez a dívida bruta explodir.”

            Agora, o Governo está dizendo que não vai mais liberar dinheiro para o BNDES, não vai mais financiar o BNDES, porque já tem lá comprometidos, R$400 bilhões.

            Segundo, “maquiagem contábil”:

“Tesouro realiza, pela primeira vez, manobras de contabilidade criativa para elevar receitas e cumprir metas de superávit primário.”

            Isso parece brincadeira, isso é coisa do PT. O Senador Mário Couto do estado do Pará é que fala quase que diariamente, aqui, dessas mazelas, de tudo que hoje estou aqui mostrando. Por fim, o intervencionismo na economia de 2011, 2012, em plena era Dilma Rousseff:

“Governo intervém em setores estratégicos, como de petróleo e energia.”

            Quer dizer, sustentando o preço da gasolina para não mexer com a inflação, camuflando a inflação e desmantelando o setor elétrico. Em um determinado momento a conta do consumo de luz vai voltar a crescer e explodir contra o contribuinte:

“Como consequência, ações da Petrobras despencam mais de 30% em um ano. No mesmo período, a estatal Eletrobras perdeu quase dois terços do valor de mercado.”

            Dilma está cometendo uma inverdade, para não dizer outra palavra - mentira. Primeiro, dizer que é apenas Presidente, trabalhando pelo Brasil e que não está fazendo campanha eleitoral. Está fazendo campanha eleitoral. Quem está dizendo, inclusive, é a Folha de S.Paulo, que fez o levantamento e mostra que ela viajou muito mais do que em 2011, 2012, e ainda estamos na segunda quinzena de outubro.

            Eu não posso ouvir tudo isso de uma Presidente e ficar calado. Dilma diz que a economia vai bem e a inflação está sob controle, quando um jornal, com dados e gráficos, de forma contundente, mais contundente, do que foi Marina, desmente o que a Presidente tem dito sobre inflação, sobre superávit primário, Previdência e outras coisas mais.

            Era esse registro, Sra Presidente Senadora Ana Amélia, que eu queria fazer. Quero agradecer, mais uma vez, a sua paciência, a sua tolerância para comigo e para com todos os oradores que aqui exercem o direito da fala, e deixar registrada essa minha estranheza com os argumentos, e as colocações da “toda-poderosa” Presidente Dilma Rousseff.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2013 - Página 72425