O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Apoio Governo/PSB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, aproveito esta oportunidade para fazer um registro trágico ocorrido lá no meu Estado, no sábado passado, no transcurso da procissão do Círio de Nazaré. Uma embarcação naufragou, causando a morte de 18 pessoas. É uma situação que se repete com certa frequência em nossa região, mesmo sabendo que o transporte fluvial é um dos mais seguros. Ainda assim, em alguns casos, ocorrem esses acidentes trágicos. 

            Nesse acidente, uma pessoa se destacou. Queria aqui prestar uma homenagem àqueles que perderam suas vidas, em nome de Francisco da Silva Camarão. Esse cidadão era um policial civil aposentado, ex-integrante da Guarda Territorial. Faleceu aos 68 anos. Era natural da cidade de Afuá, no Estado do Pará, primogênito de uma família de dez filhos. Filho de pescadores, da pescadora Deuzanira e de Manoel da Silva Camarão. Na sua juventude defendeu, no futebol, o Esporte Clube Macapá e integrou a seleção amapaense de natação, assim como sua irmã, também falecida, Dometila Camarão.

            Casado com Dona Josefa, tornou-se pai de cinco filhos: Denilson, Delson, Dilson, Delcival, Delcilene e Delma, e avô de 12 netos. Devoto de Nossa Senhora, cumpriu o ritual de acompanhar sua esposa em mais um Círio Fluvial, que neste ano teve a participação de 40 embarcações.

            Destemido, como descrito pelos seus familiares, Francisco Camarão se tornou um símbolo inesquecível do trágico acidente que levou ao naufrágio do barco Capitão Reis I, no último sábado, 12 de outubro, por ter sido aquele que deu a própria vida pela do próximo ao resgatar sua esposa e outras três pessoas, além de ter auxiliado outras a subirem em embarcações, como consta em testemunhos daqueles que agradecem a manutenção de sua vida graças ao "anjo" Francisco, como também será lembrado.

            O trágico acidente fluvial, que ocorreu no Rio Amazonas, na costa de Macapá, além do seu Francisco Camarão, vitimou outras 17 pessoas, entre homens, mulheres e até crianças, e se tornou o segundo maior do Amapá em número de vítimas, ficando atrás do naufrágio do barco Novo Amapá, em 1981, em que mais de 300 pessoas perderam a vida.

            Para apurar as causas do naufrágio do barco Capitão Reis I, que teve as buscas por vítimas pelos bombeiros encerrada na manhã de terça-feira (15) com o resgate dos últimos corpos, e dar assistência aos familiares, o Governo do Estado determinou investigações e o apoio integral e a solidariedade às vítimas desse naufrágio.

            Quero registrar aqui nos Anais da Casa esse trágico acidente e lamentar com pesar a morte de tantos brasileiros e brasileiras da nossa região.

            Obrigado.