Discussão durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referente ao PLV n. 26/2013 (proveniente da Medida Provisória n. 621, de 8-7-2013).

Autor
João Ribeiro (PR - Partido Liberal/TO)
Nome completo: João Batista de Jesus Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
Outros:
  • Referente ao PLV n. 26/2013 (proveniente da Medida Provisória n. 621, de 8-7-2013).
Aparteantes
Mário Couto, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2013 - Página 72498

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO. Para discutir. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Jorge Viana, nosso Vice-Presidente deste Senado Federal. Quero cumprimentá-lo nesta primeira aparição minha na tribuna do Senado Federal depois de dez meses de tratamento, de dois transplantes que fiz no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ainda virei à tribuna para falar sobre esse tratamento que lá fiz.

            Recebi várias visitas de Senadores, de Senadoras e de amigos. Estou vendo aqui a Senadora Vanessa, que esteve comigo lá, e o Senador Sarney, que esteve comigo num período de UTI em que fomos vizinhos. Enfim, muitos amigos e amigas estiveram lá comigo, torcendo pela minha recuperação.

            Mas, primeiro, Sr. Presidente, quero agradecer a Deus. Ele é que pode tudo. Sem Ele, eu não estaria aqui, com certeza, neste momento, dando este depoimento. O transplante, sobretudo no segundo momento, foi vitorioso.

            Estive com o irmão de V. Exª, que é o nosso Governador Tião Viana, que é médico. Estive com ele no avião, e ele falou: “Olha, na hora em que você estiver bom, vá lá me visitar. No Estado, eu estava torcendo por você”.

            Quero, Sr. Presidente, portanto, deixar meu agradecimento a todos que oraram, que rezaram, que torceram pela minha recuperação. Eu estou melhor a cada dia.

            Mas eu não poderia deixar de, neste momento, falar sobre isso, até porque fiquei internado, deitado num leito de hospital, praticamente durante sete meses e meio, o que não é fácil. Convivi muito com os médicos lá, com a Drª Yana, com o Dr. Kalil, com todos os médicos daquelas equipes do Sírio, que é, sem sombra de dúvida, um hospital de primeiro mundo. Eu cheguei a discutir com eles, que são meus médicos, sobre essa questão do Programa Mais Médicos.

            Sou de Tocantins. Está aqui o Senador Vicentinho, que também é de Tocantins, bem como a Senadora Kátia. Nós vivemos em Tocantins num período em que lá estiveram 300 médicos cubanos, levados pelo atual Governador Siqueira Campos. Isso foi feito para que houvesse médico no interior do nosso Estado. Cidades pequenininhas nunca tinham tido médicos antes.

            Sr. Presidente, enquanto não houver médicos brasileiros, enquanto não houver uma forma de formar nossos médicos, nós teremos, sim, de trazer médicos do exterior. Acho que a nossa Presidente Dilma deu uma grande tacada. Esse é um grande projeto!

            Há problemas? Vamos resolver os problemas que existem. Agora, o que não pode é a nossa população do interior, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ficar sem assistência médica. Falta hospital? Falta! Falta recurso? Falta! Mas, no interior, é preciso haver médico para atender a nossa população. É preciso haver médico para atender a nossa população!

            Lamentavelmente, em Tocantins, depois, por uma decisão de governo, nós perdemos os médicos cubanos que lá estavam. Mas eu até disse à Presidenta Dilma hoje: “Presidenta, de todos os médicos que eu até hoje pude contatar, os cubanos são os melhores, são profissionais de alto gabarito.”

            Agora, eu não sou médico, eu não sou da área e não posso falar sobre a condição técnica. Quem tem de discutir isso são as pessoas que conhecem a área. Mas posso dar o testemunho, Sr. Presidente, de que Tocantins viveu um período muito bom. A saúde hoje está ruim em Tocantins, está ruim no Brasil, não só em Tocantins.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - É importante a vinda dos médicos, já que os brasileiros não podem e não querem ir para o interior do Brasil para desbravá-lo, sobretudo na questão da saúde.

            Eu, que vivo este problema de tratamento de saúde, que vou para um hospital de primeiro mundo, imagino um irmão nosso que está sofrendo no interior, que não pode obter um diagnóstico, que não pode obter um remédio para fazer seu tratamento, que tem dificuldade de fazer uma consulta ou um parto.

            Na verdade, Sr. Presidente, sou um Senador municipalista que vive nos Municípios. Faz dez meses que não vou ao meu Estado, mas, se Deus quiser, estarei lá daqui a alguns dias. Há quatro Prefeitos me aguardando no meu gabinete. Todos os quatro são de cidades pequenas do Tocantins: “Vá lá, Senador, e diga que nós queremos médicos nos nossos Municípios”.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Então, Sr. Presidente, este projeto nós precisamos aprovar, sim! Agora, todo projeto pode ser alterado...

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Eu não sei se é permitido aparte, Senador.

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - A Mesa pode informar. Eu não posso fazer um aparte? Posso. Em discussão, posso.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Se puder fazê-lo, Senador, eu o concedo a V. Exª com todo o prazer.

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Primeiro, quero dizer da minha felicidade de ver V. Exª retornando a este plenário depois de longo tempo de enfermidade. Calcule a felicidade que tive quando olhei para V. Exª e lhe dei um abraço!

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - É verdade, Senador.

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Calcule a minha felicidade! Senador, não vou questioná-lo tanto. Só vou dizer o seguinte a V. Exª: o médico do interior brasileiro quer ir para o interior, sim.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Ele quer ir para o interior. Ele só não vai para o interior... V. Exª sabe quanto ganha o médico brasileiro no interior? Senador, é uma tristeza! É por isso que o médico brasileiro não quer ir para o interior. V. Exª sabe o que o médico cubano, por exemplo, vai fazer na cidade de Soure, onde eu nasci? Ele vai encaminhar o paciente para a capital. Agora, o mais grave, Senador, é que quem ele encaminha para a capital é uma pessoa pobre que nem dinheiro para pagar a passagem para a capital tem. Esse é o complicador. O projeto passará tranquilamente. Eu mesmo votarei a favor. É melhor mais um do que menos um.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - É claro!

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Não tenha dúvida!

(Interrupção do som.)

            O Sr. Mário Couto (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Agora, a maneira como estão fazendo é que está errada. Mas fiz um aparte a V. Exª para lhe dizer da minha felicidade de poder vê-lo novamente atuando, atuando com capacidade, neste plenário.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Agradeço a V. Exª o aparte, Senador Mário Couto.

            Realmente, estou vivendo um momento de alegria muito grande. Sei que minha esposa vai ficar enciumada quando eu chegar a casa, porque ela conviveu comigo, esteve ao meu lado durante esses nove ou dez meses em que estive internado no Sírio. Lembro do meu filhinho João Antônio, de 6 anos de idade. Meu irmão foi o doador da primeira medula, e meu filho foi o doador da segunda medula, no segundo transplante.

            Sei que, hoje, o tempo não permitiria que a gente... Há questões que preciso colocar, que acompanhei de perto, que vivi. Vi o que as pessoas passaram. Então, são momentos de profunda dificuldade.

(Soa a campainha.)

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Eu me preocupei muito com essa questão. Eu estava me preparando para vir à tribuna em um momento em que estivesse com uma aparência melhor, com uma fisionomia melhor. Estou, a cada dia, mais recuperado.

            Os colegas que estiveram comigo me abraçaram. O Senador Jorge Viana encontrou-me hoje ali e disse: “Mas você está, a cada dia, melhor, Senador.” Então, tudo isso nos deixa muito felizes.

            Quando se tratou do Programa Mais Médicos, eu não quis discutir os pormenores. Só acho que o Brasil precisa de mais médicos. Temos de abrir as nossas faculdades, as nossas universidades, para formar médicos brasileiros. Falei isso para o Ministro Padilha e para o Ministro Mercadante. É preciso resolver essa questão. Agora, enquanto não se resolve, você dá o peixe.

(Interrupção de som.)

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Então, acho que temos, sim, de aprovar esse projeto, que é importantíssimo para o Brasil, para o interior do Brasil, Senadora Vanessa.

            Posso permitir, Senador Jorge, só esse aparte?

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Há oito oradores inscritos. Eu pediria compreensão...

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Posso conceder meio minuto para a Senadora Vanessa, que esteve comigo no hospital, Senador Jorge?

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Só estou fazendo as concessões em função de sua chegada.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Sei que V. Exª está fazendo concessões, mas virei à tribuna depois para falar sobre a questão do tratamento. Quero, por uma questão de gentileza, conceder o aparte, em função de a Senadora ter ido me visitar no hospital, com tanto carinho.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Acho que não haveria momento melhor para fazermos uma homenagem a V. Exª. Aqui, estou ouvindo-o, prestando atenção, e sei que V. Exª se preparou muito para vir à tribuna.

Repito: acho que não há, não haveria hora melhor para V. Exª ir à tribuna e já entrar num debate importante, que não está sendo travado só no Senado Federal ou na Câmara dos Deputados, mas no Brasil inteiro.

(Interrupção do som.)

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Uma medida que não foi (Fora do microfone.) fácil para a Presidenta Dilma adotar, mas necessária, como V. Exª mesmo relata. E quero dizer que, no debate da Câmara, eu vi quando uma Deputada lá do seu Estado, Senador João Ribeiro, foi à tribuna e disse o seguinte: “Aqui fizeram críticas, dizendo que, quando os médicos cubanos foram ao Tocantins, ocorreu um desastre, não deu nada certo”. E a Deputada Nilmar dizia: "Pelo contrário, deu muito certo".

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Deu tudo certo. É verdade.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Só não foi melhor porque o Conselho de Medicina entrou na Justiça, e eles tiveram que ir embora. Então, é uma medida necessária. Temporária, entretanto necessária.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Temporária.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Mas acho que vai ser muito educativa e contribuir muito, Senador, com o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no nosso Brasil. Que o senhor seja muito bem-vindo, com essa saúde renovada e com a vida renovada, Senador.

(Soa a campainha.)

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Parabéns pela sua fortaleza, por ter passado por momentos tão difíceis e já estar aqui conosco debatendo um assunto tão importante para o povo brasileiro, para o povo lá do seu querido Tocantins.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco União e Força/PR - TO) - Obrigado, Senadora Vanessa, pelo carinho. Obrigado pela visita que V. Exª me fez lá no hospital. Conversamos muito, e graças a Deus as coisas deram certo.

            Quero agradecer o nosso Presidente Jorge Viana por essa deferência, por ter me concedido um pouco mais de tempo. Eu virei depois à tribuna até para contar direito a história do transplante, como é que foi, e os colegas que quiserem apartear, que quiserem falar poderão fazê-lo.

            Mas vamos votar a favor, Sr. Presidente, desse projeto. Como eu disse, mesmo que seja algo temporário, ele é muito importante para o Brasil, para a periferia e para o interior do Brasil. A Presidenta Dilma está de parabéns por essa questão do Programa Mais Médicos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2013 - Página 72498