O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro, eu quero justificar - sei que com um retardo de 24 horas - o meu voto de ontem nas autoridades. Eu cheguei a dar presença, mas retornei ao meu Estado para participar das cerimônias - poderíamos chamar assim - de despedida do nosso companheiro Marcelo Déda, que terminou acontecendo ontem ainda na cidade de Salvador, fruto da utilização do crematório. Foi um dos pedidos do Marcelo Déda ser cremado e ter as suas cinzas levadas para a sua cidade natal. Eu fui representando... Inclusive comuniquei a V. Exª. Para todos nós, foi um motivo de muita tristeza. Eu diria que foi um dos momentos mais duros, Senador Renan Calheiros, porque vemos como uma doença dessa magnitude destrói um grande homem, como destrói uma pessoa, como dilacera, como mata, como apaga e tira de entre nós.

            Mas Marcelo Déda é alguém de quem podemos dizer aqui que o que a morte levou efetivamente foi o corpo. Portanto, fica a obra e tudo aquilo que Marcelo Déda consolidou entre nós; tudo aquilo, inclusive a sua experiência de militante e a sua experiência de vida.

            Um bravo guerreiro e um jovem, inclusive, oriundo de uma cidade do interior de Sergipe, que venceu todas as dificuldades, dentre elas, as barreiras econômicas. Foi um sujeito que, com todos nós, conviveu aqui no Parlamento com grandes lições e até com doçura, Senador Renan, porque por diversas vezes eu vi Marcelo Déda reagir como Líder da oposição. Em 1998, eu tive oportunidade de ser o seu Vice-Líder e o vi reagindo a matérias do Governo, mas, mesmo assim, Senador Eunício, colocando poemas escritos por ele próprio da proeza do sertanejo, do nordestino.

            Portanto, Marcelo Déda nos deixa, mas deixa entre nós a sua lição de vida, a sua lição de coragem, o seu ensinamento e a forma, inclusive, de se relacionar. Foi Marcelo Déda aqui um grande amigo de todos.

            Recordo-me, inclusive, de que, quando do funeral de Luís Eduardo Magalhães, Marcelo Déda estava no exterior. Ele era Líder da Bancada e viajava com Michel Temer; estava na Alemanha. Eu era o Vice-Líder, ele me ligou e fez questão de dizer que queria que a representação da Bancada estivesse ali, no funeral, até porque naquele momento era de um amigo que ele tinha ganhado na Câmara dos Deputados, como Deputado. E, quando voltou da viagem, ele fez questão de visitar a família e levar o seu abraço, o seu apreço, portanto, fruto daquilo que ele construiu aqui nessas relações.

            Ele foi firme, contundente, mas nunca foi desleal, muito menos de tratar as relações aqui dentro, no âmbito do ódio, do desprezo e da inimizade.

            Portanto, nós do PT, Senador Renan, perdemos uma grande estrela. O céu deve estar agora em regozijo, porque recebe uma grande estrela, que é o companheiro Marcelo Déda.

            Por isso, Senador Renan, eu não estive aqui ontem, e tive ali a oportunidade de abraçar a sua companheira, os seus familiares. Para todos nós é uma perda muito grande. Eu diria que machuca todos nós, em um momento tão difícil desta nossa caminhada. Perder um quadro como Marcelo Déda não é uma das coisas fáceis. Mas fica aí essa grande lição.

            Tenho certeza de que o que ele fez pelo seu povo de Aracaju, pelo povo de Sergipe e pelo povo brasileiro ficará para o resto da vida marcado em todos nós.