Discurso durante a 230ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre artigo escrito pelo empresário Benjamin Steinbruch intitulado “Nem Paulista nem Faria Lima”, no qual discorre sobre o cenário econômico brasileiro; e outro assunto.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, POLITICA DE EMPREGO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Comentários sobre artigo escrito pelo empresário Benjamin Steinbruch intitulado “Nem Paulista nem Faria Lima”, no qual discorre sobre o cenário econômico brasileiro; e outro assunto.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2013 - Página 96438
Assunto
Outros > IMPRENSA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, POLITICA DE EMPREGO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTOR, BENJAMIN STEINBRUCH, EMPRESARIO, COMPANHIA SIDERURGICA NACIONAL, REFERENCIA, ELOGIO, SITUAÇÃO, ECONOMIA, PAIS, ANALISE, CRESCIMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, BRASIL, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO.
  • COMEMORAÇÃO, INAUGURAÇÃO, FABRICA, PRODUÇÃO, MONTAGEM, AUTOMOVEL, MUNICIPIO, ARAQUARI (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), RESPONSAVEL, EMPRESA, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Caro Presidente, caros colegas, eu volto à tribuna, já que estamos chegando ao fim de mais este ano de trabalho e como vários colegas têm vindo aqui fazer balanços, para comentar, especialmente, o cenário econômico do País. Assim, trago de volta um tema, inspirado em um artigo que li, de autoria do empresário Benjamin Steinbruch, da CSN, um dos grandes empresários do Brasil, e no anúncio, veiculado na grande imprensa, dando conta de que, no dia 16, ontem, a BMW inaugurou, na terra do meu querido amigo Luiz Henrique, dos Senadores Casildo e Paulo Bauer, uma nova fábrica mundial da montadora alemã.

            Eu começo, Sr. Presidente, fazendo a leitura de alguns pontos do artigo publicado na Folha de S.Paulo de hoje pelo Vice-Presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, como disse, um dos empresários brasileiros mais respeitados e que tem coragem de falar o que pensa, não se curvando às circunstâncias. E, por isso, é muito respeitado.

            Eu peço, inclusive, que possa ir para os Anais do Senado o artigo do Sr. Benjamin Steinbruch, cujo título é “Nem Paulista, nem Faria Lima”, por se tratar de uma leitura correta do País de hoje.

            E ele começa dizendo:

Lá se vai 2013 e com ele um ano cheio de polêmicas. [Concordo.] Uns afirmam que o Brasil vai muito mal, ameaçado por inflação, descontrole fiscal e baixo crescimento. Outros garantem que a economia está até bem se comparada com as de outros países no atual cenário de crise global.

            Fala o empresário Benjamin Steinbruch:

Qualquer observador atento diria que a maior virtude da economia brasileira neste ano foi a geração de empregos. Apesar do PIB fraco, segundo estimativas, o País criou [neste ano] 1,5 milhão de postos de trabalho [com carteira assinada] em 12 meses, excelente resultado se o parâmetro for a União Europeia, por exemplo. O índice de desemprego aqui [no nosso País] é de 5,2%, o mais baixo da série histórica do IBGE.

            Não sei o que pode traduzir mais a economia de um país do que os indicadores de desemprego ou de emprego. Não sei por que tanto pessimismo, não sei por que tanto derrotismo, se aquilo que está na essência de uma boa economia, que é criar oportunidade de trabalho, ainda mais em um País como o nosso, que tem tantos jovens, nós estamos alcançando.

            Ele prossegue:

Muitos colocariam o resultado fiscal entre os pontos negativos do ano. Eu, não. [...] Mas o setor público deve ter ainda superávit primário superior a 2% do PIB e déficit nominal de 3% do PIB. Isso num momento em que o déficit [vamos atentar a isso] é de 4% nos EUA, 8% no Japão, 7,2% no Reino Unido, 7,1% na Espanha e 5,2% na Índia.

            Onde é que o Brasil está vivendo um desastre? Temos de celebrar alguns números que estão nos diferenciando das grandes potências mundiais.

            Diz Benjamim Steinbruch ainda: “Também é preciso admitir que, apesar de alguns tropeços, o ano terminou bem na área das concessões.”

            Vejam o Campo de Libra, que foi arrematado por R$15 bilhões! Vejam a concessão do Galeão e de Confins, em Minas Gerais: R$20 bilhões foram para os cofres públicos. São concessões, não privatizações. São serviços que passam, agora, a ser geridos pelo setor privado. Concordo plenamente que o Governo não tem de administrar aeroporto. O Governo tem de cuidar da área estratégica do transporte aéreo no País. E, hoje, há mais um sucesso nas concessões com a BR-163.

            Concluo as observações, pedindo que possa constar nos Anais do Senado este artigo de Benjamin. Lei o último parágrafo da matéria:

Num balanço honesto, precisam ser colocadas todas essas variáveis. Não foi o ano da esperada e necessária recuperação econômica, mas também não se pode considerá-lo um desastre. Um funcionário do Governo não identificado disse, na semana passada, que o mau humor dominante no ano veio “da Paulista e da Faria Lima” [refere-se, certamente, à Avenida Paulista e à Avenida Faria Lima, em São Paulo, importantes centros econômicos do País]. Na verdade, não de toda a Paulista nem de toda a Faria Lima [aliás, na Faria Lima, ele tem o seu escritório].

            Eu queria ainda, Sr. Presidente, fazer a leitura e cumprimentar o Senador Luiz Henrique, porque sei que ele se empenhou no Governo de Santa Catarina.

            Confesso aqui que, neste momento, Senador Mozarildo e caro Senador Lindbergh, não tenho veículo nem aqui, nem no Acre. Eu gosto de carro, adoro ver Fórmula 1, mas não tenho nenhum veículo. Muito menos, tenho coleção. Não tenho nada disso. Mas, se eu pudesse confessar, meu sonho de consumo é o de, um dia, ter um BMW, pela sua qualidade. Não sei se o terei. Isso até é difícil. Estou sem carro. Imagine eu, que não tenho carro, ter um BMW! Mas a admiração segue, pela qualidade dos carros.

            O anúncio da BMW é fantástico. Passo a fazer uma breve leitura do que foi divulgado nos grandes jornais, ao lado, aliás, das péssimas notícias, para alguns da oposição e para outros que beiram a explicitar uma torcida contra o País e contra o povo brasileiro. Vejam que estou reproduzindo aqui uma parte do que vi no site 247 e também na coluna do Nassif:

Se os executivos alemães que comandam a BMW, uma das maiores montadoras do mundo, se informassem pela imprensa brasileira, que exerce o que o jornalista Luís Nassif definiu como ‘pessimismo militante”, dificilmente a fábrica de 200 milhões de euros, inaugurada hoje [isso ocorreu ontem] na cidade de Araquari, em Santa Catarina, sairia do papel.

Felizmente, os alemães tomam suas decisões levando em conta suas próprias análises sobre a economia brasileira e suas perspectivas futuras. O resultado é uma fábrica moderna, que está gerando 3,5 mil empregos.

            Falo isso porque, agora, só tenho bicicleta, Senador Lindbergh, tanto em Brasília quanto no Acre. Mas quero, sim, um dia, ter um carro bom, se possível. Eu já o tive. Obviamente, por conta da estrutura do Senado, tenho um veículo que me garante a locomoção. Por isso, não tenho veículo pessoal neste momento.

            Eu queria ler rapidamente um anúncio da BMW.

O Brasil é um BMW.

Nova fábrica BMW em Araquari, SC.

Nasce hoje, para um Brasil maior amanhã.

Ultimamente, parece que está na moda questionar a capacidade do Brasil [diz o anúncio].

A capacidade do País de realizar, de crescer, de ser grande, de ser o país que todo mundo espera e precisa.

Permitam-nos discordar inteiramente dessa percepção. Para nós, o Brasil é um BMW.

Poucos países no mundo cresceram como este.

Cresceram em riqueza, cresceram em possibilidades, em autoafirmação e em plena liberdade.

O Brasil passou de mero espectador a vibrante realizador. Deixou de ser aquele sujeito que ficava à beira da estrada, só assistindo aos carros passarem, para virar motor do seu próprio destino.

Este País é único. Pensa novo. É original de fábrica na sua natureza, na sua língua, no seu povo.

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Sr. Presidente, leio a parte final do anúncio da BMW, que fala aquilo que todos devemos falar num final de ano:

A BMW acredita tanto no Brasil que este será um dos poucos países do mundo a poder fabricar os carros da marca. Um privilégio de pouquíssimos. Aliás, permitam-nos hoje também o privilégio de nos sentir um pouco brasileiros.

O Brasil não se compara a nenhum outro.

Seu estilo não tem igual no mundo. E breve, muito breve, ele vai estar ultrapassando, deixando para trás, falando sozinhos os que há pouco duvidavam da sua capacidade.

O Brasil é um BMW.

Por isso, a gente já está se sentindo em casa.

            Achei isso muito interessante, para que pudéssemos refletir neste final de ano.

            Eu queria lhe pedir só mais um minuto, Sr. Presidente, para concluir.

            Isso não significa mascarar os problemas e esconder as dificuldades, mas significa que nós estamos melhorando e que, pelo que já fizemos, podemos fazer muito mais.

            E só aqui ressalto: quando se fala em crescimento do PIB no mundo, quantos países cresceram acima de 2%? Vou falar dos que não cresceram: os Estados Unidos cresceram 1,6%; o México, 1,2%; o Reino Unido, 1,4%; a Espanha, -1,3%; a França, 0,2%; a Itália, -1,8%; a Alemanha, 0,5%; a Rússia, 1,5%; a Zona do Euro, -4%; e o Brasil, 2,5%. E aí se juntam a África do Sul, com 2%; a Índia, com 3,8%; a China, com 7%; a Coreia do Sul, com 2,8%; o Japão, com 2%; e a Indonésia, com 5,3%.

            Então, onde é que pode estar o desastre? Eu queria...

(Interrupção do som.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ...só fazer um comentário.

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/ PT - AC) - Os investimentos estrangeiros no País, em 2010, totalizaram US$48 bilhões. Em 2011, nosso País foi o quinto destino dos investimentos internacionais, com US$66 bilhões, e, em 2012, fomos o quarto destino desses investimentos, com US$65 bilhões.

            Então, com essa posição, Sr. Presidente, eu queria concluir, dizendo que podemos comparar o País de 1995 até 2002. Digo com todo o respeito que, principalmente, os nossos críticos membros do PSDB sempre criticam e falam do desastre que o País está vivendo, mas, no período em que eles governaram, o crescimento médio foi de 2,3%. Agora, no Governo de Lula e de Dilma, o crescimento é de 3,6%. Onde está o desastre? Talvez, queiram apagar o passado. Nós, não! Nós queremos lembrar o passado, para que possamos juntos construir um futuro melhor para todos, para a Nação brasileira.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Sempre trabalhamos com dados que possam expressar a verdade e um otimismo.

            A quem interessa torcer contra o País? Nós vamos torcer na Copa do Mundo contra a Seleção Brasileira? A quem interessa distorcer os dados sobre a economia, sobre a vida do nosso povo? Penso que, com relação a esse aspecto, deveríamos estar juntos. Criticar o Governo, sim; cobrar do Governo, sim. Mas devemos estar juntos quando no debate for colocado o nosso Brasil.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Permita-me, Senador Jorge Viana, dizer que a comparação que V. Exª ressaltou, feita pelo Presidente da BMW, no sentido de que o Brasil é hoje uma BMW, significa que, do ponto de vista de um dos principais investidores internacionais, o nosso País tem uma excepcional qualidade. Meus cumprimentos!

 

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELO SENADOR JORGE VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matéria referida:

- “Nem Paulista nem Faria Lima”, de Benjamin Steinbruch - Folha de S.Paulo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2013 - Página 96438