A SRª MARIA DO CARMO ALVES (Bloco Minoria/DEM - SE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, entre 2 e 5 de dezembro passados, estive em Berlim, na Alemanha, participando da Cúpula Mundial da Família +9, evento promovido pela Organização Mundial da Família, a Divisão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e a Seção de Organizações Não-Governamentais das Nações Unidas, em parceria com o Ministério Federal de Assuntos da Família, Idosos, Mulheres e Juventude da Alemanha e a Cruz Vermelha daquele país.

            Gostaria de dar conhecimento aos Srs. e Srªs que esse evento teve como objetivo reunir elementos e colaborações que pudessem representar a Voz das Famílias de todo o mundo na construção da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015.

            Como todos devem lembrar, o prazo final estipulado para realização dos Objetivos do Milênio expirará em 2015. Estamos no final desse prazo estabelecido e vemos que ainda há muito a caminhar.

            A Organização Mundial da Família reuniu, a partir de encontros e trocas globais, um conjunto de prioridades para facilitar e tornar possível as metas dos Objetivos do Milênio. Nesse evento, pudemos conhecer experiências desenvolvidas localmente, em países diversos, que obtiveram grande sucesso em suas aplicações e cuja idéia poderia servir de referência e sugestão mundial para contribuição exitosa.

            Em 2004, ano da primeira edição da Cúpula Mundial de Família, estava entre o rol de premiados o Programa Pro-Mulher... Pro-Família..., implantados sob minha coordenação em Sergipe, quando à frente da Secretaria de Combate à Fome e à Pobreza do Estado. Outra boa contribuição brasileira, de seu povo sergipano, que voltou a ser mencionada na Cúpula +9, foi a implantação do Banco do Povo, que funcionou por alguns anos durante a gestão do então governador João Alves Filho, e cuja inspiração me chegou através da leitura sobre a experiência do economista bengali, Muhammad Yunus, com o Banco Grameen, em Bangladesh.

            Yunus, que veio a receber o Nobel da Paz em 2006, concebeu e implantou a mais conhecida e bem sucedida experiência de microcrédito do mundo, concedendo empréstimos de pequenos valores, sem garantias nem papéis e, inicialmente, de seus próprios recursos, para famílias muito pobres de produtores rurais, focalizando principalmente as mulheres.

            Com essa fórmula, implantamos o Banco do Povo em Sergipe, e com igual sucesso, disponibilizamos o microcrédito como alavancagem para soluções de trabalho e renda, criando perspectivas e melhorando a vida de muitas sergipanas de baixo poder aquisitivo.

            Foi uma experiência muito gratificante, não só porque a ação de empoderamento da mulher acaba se refletindo no desenvolvimento da família, mas porque pudemos constatar uma excelente taxa de recuperação do dinheiro emprestado e baixa incidência de inadimplência, o que atestava o resultado esperado com a consecução do dinheiro.

            Mas, o caso de sucesso de aplicação do Banco do Povo voltou à discussão porque um dos Relatórios exposto em painel, com vistas à Agenda - Pós 2015, concluiu que os dois maiores desafios do mundo são acabar com a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável.

            Esse Relatório também concluiu que é possível enfrentar esses desafios de forma positiva e eficaz se os governos, em todos os níveis, empresas e a sociedade civil organizada, estiverem dispostos a mudar o rumo dos acontecimentos. Em outras palavras, alertou também não será possível alcançar resultados diferentes utilizando-se de métodos iguais.

            Não é um desafio pequeno. A tônica da nova Agenda Mundial é ser transformativa e provocar uma mudança de paradigma, rejeitando os atuais padrões e estabelecendo novas formas de atuação no confronto dos desafios.

            Em termos práticos, a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 deverá priorizar a transformação e direcionamento das economias para o emprego e inclusivos, tendo como núcleo de todas as ações o desenvolvimento sustentável. Precisaremos nos esforçar muito mais na tentativa de acabar com esse que é um dos piores flagelos, a pobreza, que traz a morte, o abandono e o sofrimento para milhões de famílias em todo o mundo.

            Sr. Presidente, essa será a tônica com que as famílias participarão da construção da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, cujas discussões e definições gerais se intensificarão no correr do próximo ano.

            Era esse registro que queria fazer, Sr. Presidente.

            Obrigada.