Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca do déficit comercial no mês de janeiro divulgado pela imprensa; e outros assuntos.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO ESTADUAL. IMPRENSA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. :
  • Comentários acerca do déficit comercial no mês de janeiro divulgado pela imprensa; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 05/02/2014 - Página 159
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO ESTADUAL. IMPRENSA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR. MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, FILHO, GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), VITIMA, TENTATIVA, ASSALTO.
  • REGISTRO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, REFERENCIA, AUMENTO, DEFICIT, COMERCIO, PAIS, MES, JANEIRO.
  • ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, RELATORIO, VIAGEM, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, FINLANDIA, ESPANHA, MOTIVO, PARTICIPAÇÃO, SIMPOSIO, ASSUNTO, PROGRAMA DE GOVERNO, GOVERNO FEDERAL, BOLSA FAMILIA, RENDA, CIDADÃO.
  • APREENSÃO, REFERENCIA, ANUNCIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, JUVENTUDE, PAIS, RELAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srs. Senadores, prezado Senador Aloysio Nunes Ferreira, eu gostaria, em primeiro lugar, de expressar aqui a minha solidariedade ao Governador Geraldo Alckmin, tendo em conta que o seu filho Thomaz, de 30 anos, foi ontem cercado por criminosos e acabou no meio de um tiroteio entre os bandidos e a polícia que integra a escolta que faz a sua segurança.

            Ele, que levava a filha de 9 anos de volta para casa à noite, na região do Morumbi, numa alça de acesso à Marginal Pinheiros, quando o carro à sua frente fez um cavalo de pau e dele saltaram quatro homens que cercaram seu automóvel. Os policiais da escolta saíram do carro que dirigiam logo atrás, deram ordem de prisão ao grupo. Houve o tiroteio, e os homens fugiram.

            O ataque aconteceu próximo ao Clube Paineiras, a 2km aproximadamente do Palácio dos Bandeirantes, mas, felizmente, Thomaz e a neta do Governador estão bem, foram levados para casa. O carro dos que cometeram a grave tentativa de, eventualmente, terem atingido o filho do Governador foi encontrado.

            Não sei de outros detalhes, mas é importante que todos estejamos atentos às dificuldades de segurança nas grandes metrópoles brasileiras e, em especial, em São Paulo e que possamos todos, de maneira suprapartidária, estar pensando nas formas de prevenir, de evitar toda forma de criminalidade em nosso País: os assaltos, os roubos e os assassinatos que, por vezes, acontecem, sejam nos bairros mais humildes, nas favelas, nos morros de cidades como a do Rio de Janeiro, seja também em bairros como o próximo ao Palácio dos Bandeirantes em São Paulo.

            E, aqui, fica a minha disposição de estar sempre colaborando com as autoridades responsáveis pela segurança, para prevenirmos e evitarmos a criminalidade violenta em nosso Brasil.

            Mas quero, hoje, Sr. Presidente, fazer algum esclarecimento sobre o déficit comercial de janeiro, que foi divulgado com grande estardalhaço pela imprensa, por muitos órgãos de imprensa, ao afirmarem que o Brasil teve o maior déficit comercial da história, em janeiro deste ano, de US$4,06 bilhões.

            Pois é necessário recordar que os déficits comerciais no mês de janeiro estão longe de serem surpreendentes. Nos últimos seis anos, houve déficit neste mês em cinco ocasiões.

            Em janeiro de 2013, por exemplo, tivemos um déficit de US$4,04 bilhões. Ou seja, o déficit de janeiro de 2014 foi superior ao de janeiro de 2013 em apenas US$20 milhões, o que é uma ninharia, em termos de balanços de pagamentos. Assim, este qualificado como "o maior déficit da história" significa, na realidade, estabilidade, em relação ao ano anterior.

            Em janeiro de 2013, também houve um grande alarde com o déficit e prognosticaram graves problemas nas contas públicas, em razão de uma "inevitável tendência" de ampliação dos déficits comerciais. No entanto, ao longo de 2013, os déficits de janeiro e fevereiro daquele ano foram revertidos, e o Brasil acabou fechando o período com um superávit de US$ 2,6 bilhões.

            Os déficits são comuns no mês de janeiro em função de algumas tendências sazonais bem conhecidas. Em primeiro lugar, janeiro é um período de entressafra agrícola, o que limita muito as exportações de commodities, nas quais somos muito competitivos.

            Em segundo lugar, janeiro é um período de baixa produção e férias que se segue ao grande aquecimento das vendas de Natal. Em terceiro, janeiro é um mês de reposição de estoques, o que tende a aumentar as importações. Em quarto, algumas compras importantes para os investimentos do País, como a da plataforma da Petrobras, que custou US$379 milhões, tiveram um grande impacto na balança comercial nesse período. Sem essa plataforma, o déficit deste mês de janeiro teria sido inferior ao do mês de janeiro de 2013.

            Na realidade, a desvalorização progressiva do câmbio tem refreado paulatinamente o ímpeto das importações. Portanto, não se pode extrapolar o resultado deste mês e criar uma tendência anual fictícia.

            Além desses fatores sazonais, o déficit do mês de janeiro também pode ter sido ocasionado por uma especulação cambiária. É possível que muitos importadores, temendo um aumento do dólar, tenham antecipado importações.

            É importante frisar que as exportações do mês de janeiro de 2014 - US$16,3 bilhões - foram as segundas maiores da história, só perdendo para as de janeiro de 2012, quando foram de US$16,14 bilhões.

            Embora os superávits comerciais do Brasil venham se reduzindo nos últimos anos em razão da crise econômica internacional, o nosso País mantém equilíbrio em sua balança comercial.

            Na realidade, ao longo dos governos do Partido dos Trabalhadores, o Brasil, além de aumentar sobremaneira as suas exportações anuais, que passaram de cerca de US$60 bilhões em 2002 para cerca de US$240 bilhões em 2013, acumulou um grande superávit que faz nítido contraste com o déficit acumulado ao longo do período anterior.

            O gráfico exposto à continuação demonstra isso cabalmente, pois aqui está o resultado do saldo do comércio exterior no período dos governos do Presidente Fernando Henrique Cardoso, quando foi de menos US$8,592 bilhões, e o saldo de US$309,731 bilhões ocorrido durante todo o período de 2003 a 2013 dos governos dos Presidentes Lula e Dilma. Aqui está o gráfico.

            É necessário considerar ainda nessa discussão a guerra cambial ora em curso. Com efeito, os Estados Unidos e, em menor medida, a União Europeia, vêm exportando seus desequilíbrios internos mediante uma espécie de dumping monetário, que torna artificialmente baratas as suas exportações. Isso explica em boa parte os déficits comerciais que acumulamos recentemente com os Estados Unidos e, no último ano, com a Europa.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - A progressiva desvalorização cambial iniciada no segundo semestre do ano passado pode nos ajudar a nos defender melhor dessas ameaças externas.

            Presidente Mozarildo Cavalcanti, eu gostaria aqui de anunciar que, ainda nesta semana, pretendo falar de um resultado tão positivo que foi expresso ontem na Mensagem da Presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, sobretudo quando ela menciona que, entre todos os países, no período mais recente, o Brasil foi aquele que se destacou por mais ter diminuído a desigualdade socioeconômica.

            Eu quero tratar desse tema amanhã, assim como, ainda nesta semana, quero trazer aqui o relatório de viagem que fiz à Finlândia e à Espanha, nas últimas duas semanas, onde fiz pronunciamentos em conferências e simpósios sobre a renda básica de cidadania, em que ali expus sobre os dez anos do Programa Bolsa Família e as perspectivas da renda básica de cidadania.

            Finalmente, eu gostaria aqui de externar a minha preocupação e recomendação aos jovens que estão considerando realizar protestos contra a Copa e querendo parar a Copa do Mundo, que, em verdade, como alguns jogadores, inclusive o Pelé, têm dito, é preciso ressaltar que o povo brasileiro ama o futebol...

(Soa a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... quer muito e torce muito pelo sucesso da Copa do Mundo - a Copa das Copas - a ser realizada no Brasil, que seria importante respeitar as manifestações do povo brasileiro, inclusive torcer para que o Brasil possa realizar essa Copa com muito sucesso e respeito para com todos os times de todos os países, e podermos receber os visitantes de tantos países que aqui vão querer assistir à Copa do Mundo, que isso seja objeto do respeito de todas as pessoas e que procuremos evitar de qualquer maneira manifestações com caráter de violência, de depredações e de ataques...

(Interrupção do som.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ... a quem quer que seja.

            Muito obrigado. (Fora do microfone.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/02/2014 - Página 159