Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a insegurança pública no Estado do Acre; e outro assunto.

Autor
Sérgio Petecão (PSD - Partido Social Democrático/AC)
Nome completo: Sérgio de Oliveira Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Preocupação com a insegurança pública no Estado do Acre; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 05/02/2014 - Página 250
Assunto
Outros > POLITICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • APREENSÃO, AUSENCIA, ASFALTO, VIA PUBLICA, VIA TERRESTRE, MUNICIPIO, SENA MADUREIRA (AC), ESTADO DO ACRE (AC).
  • APREENSÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, ESTADO DO ACRE (AC), CRESCIMENTO, TRAFICO, DROGA, FRONTEIRA, DEFESA, NECESSIDADE, MELHORIA, SEGURANÇA PUBLICA, CRITICA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, PEDIDO, PROVIDENCIA, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ).

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD-AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paim, primeiramente, quero dizer da minha satisfação em, retornando aos trabalhos desta Casa, já ter o prazer de vir a esta tribuna no momento em que V. Exª preside a sessão.

            Ouvi atentamente o seu discurso quando tive oportunidade de presidir os trabalhos da Casa, e, mais uma vez, V. Exª tocou naquele episódio da boate no Rio Grande do Sul, um episódio que chocou todo o País.

            Senador Paim, neste recesso, até porque sou pré-candidato ao governo do meu Estado, procurei visitar alguns Municípios e fiz questão, junto com a nossa equipe, de fazer um verdadeiro raio x.

            Quando estivemos no Município de Sena Madureira, fizemos questão de ver como se encontra a situação do nosso Município. Fizemos, como disse, um verdadeiro raio x, mas do Acre real, do Acre em que vivemos; não do Acre virtual que nós estamos acostumados a acompanhar pela mídia do nosso Estado, do Acre que nós estamos acostumados a ver nos discursos. Nós estamos fazendo um raio X. Eu e toda a minha equipe estamos fazendo questão de ouvir as lideranças dos Municípios, até para que possamos montar o nosso programa de governo.

            Nesse fim de semana, na sexta-feira e no sábado, nós estivemos no Município de Sena Madureira, Município pelo qual tenho um carinho muito grande, onde tenho amigos e familiares. Pude me deparar, no Município de Sena Madureira, com uma situação caótica.

            O Governo do Estado, o Governador Sebastião Viana se elegeu com um discurso em 2010. Ele dizia que, até o dia 31 de dezembro de 2014, todas as ruas de todos os Municípios do Estado do Acre, de Thaumaturgo a Assis Brasil, estariam asfaltadas ou tijoladas, como nós chamamos no Estado. Isso ocorreria até o dia 31 de dezembro de 2014. Nós estivemos agora em Sena Madureira. Estou falando de Sena Madureira, porque foi o último Município no qual estive. Nem estou me atendo a Rio Branco, à periferia de Rio Branco. Estou me atendo ao Município de Sena Madureira. Aqui, sem medo de errar, se o Governador Sebastião Viana conseguir recuperar pelo menos as ruas de Sena Madureira até o dia 31 de dezembro de 2014 - eu estou falando de apenas um Município -, confesso que virei à tribuna desta Casa para elogiá-lo. Estou falando de apenas um Município, porque a situação de Sena Madureira é caótica. Eu nunca vi Sena Madureira numa situação tão triste como agora. As ruas estão completamente abandonadas.

            Tentei falar com o Prefeito Mano, até porque alocamos algumas emendas no Município para a recuperação de ruas e estamos contribuindo - tenho a certeza de que toda a Bancada Federal, não só eu, mas os outros Deputados Federais e os Senadores, está contribuindo - para a melhoria da imagem do nosso Município. Mas não pude falar com o prefeito, porque ele não estava no Município, não sei por quê. Eu não consegui falar com o prefeito nos dois dias para saber o que podíamos fazer para melhorar aquela situação. Por onde passei, os moradores, a população, os empresários, os comerciantes pediram que fizéssemos alguma coisa.

            Criou-se a expectativa, o Governador criou a expectativa de que, até dezembro de 2014... Está começando o mês de fevereiro, e, hoje, a situação do Município é de verdadeira calamidade. Estou falando de um Município, não estou falando da periferia de Rio Branco, dos bairros de Rio Branco, que estão na mesma situação!

            Foi dado um crédito ao Governador, e vamos aguardar. Não estamos torcendo para que ele não consiga fazê-lo, não! Estamos torcendo para que ele consiga fazer isso. Foi uma promessa de campanha, e espero que essa promessa seja um compromisso. Que ele possa cumprir o compromisso que assumiu com a população! Que não seja mais uma mentira, como já estamos acostumados a ver.

            Sr. Presidente, na verdade, outro assunto me traz à tribuna nesta noite. Ouvi atentamente o Senador Jayme Campos, do Estado de Mato Grosso, que fazia um relato da situação da segurança no seu Estado, que falava dos números da capital, Cuiabá. Quando cheguei a Brasília no domingo, conversei com alguns amigos sobre a situação da segurança no Distrito Federal, que é preocupante. Agora, quero falar da segurança do meu Estado. Quero falar da segurança de uma capital que tem pouco mais de 350 mil habitantes! É uma cidade pequena. Rio Branco, a nossa capital, é uma cidade pequena. E, nos últimos dias, a insegurança tem reinado em nossa capital.

            Hoje, eu diria sobre isso às Srªs Senadoras e aos Srs. Senadores sem medo de errar. Estou fazendo um levantamento dos números, meu gabinete está trabalhando nisso. Vamos encaminhar um expediente ao Ministro da Justiça para que possa fazer alguma coisa. Nessas últimas semanas, vários e vários empresários nos procuraram no nosso escritório do Partido e na minha residência, para que pudéssemos fazer alguma coisa.

            As pessoas estão se sentindo totalmente inseguras. Estamos vendo coisas em meu Estado que nunca aconteceram e que só víamos nos filmes, na televisão e nos noticiários nacionais. Esse negócio de explodir caixa eletrônico, de colocar dinamite dentro de caixa eletrônico, não acontecia no Estado do Acre, não! Hoje, infelizmente, a nossa população tem de conviver com esse clima de verdadeiro terror.

            Ou o Governo Federal ajuda o Estado do Acre... E, quando me refiro à ajuda ao Estado do Acre, quero dizer que devemos fazer uma operação de guerra! É do conhecimento de todos neste País que, hoje, pela nossa fronteira com o Peru e com a Bolívia, entram, eu diria, 90% da droga consumida no País. A droga entra no País pelo nosso Estado. Ali estão os maiores produtores de drogas do mundo, o Peru e a Bolívia. Tem de haver, eu diria, não um tratamento privilegiado, mas, sim, um tratamento diferenciado! É muito melhor combater a droga na fronteira do que combater a droga nos morros do Rio de Janeiro e nas favelas de São Paulo. Esse tráfico de drogas na nossa região é que aumenta os índices de violência no nosso Estado.

            Mas o mais grave de tudo isso é que nossas autoridades, o Secretário de Polícia Civil, o Secretário de Segurança, o Governador do Estado, vão às televisões, e 90% da mídia estão nas mãos do Governo. Os jornais, todo dia, noticiam isso como se estivesse tudo tranquilo, como se nós estivéssemos em uma verdadeira paz. E a nossa realidade não é essa. A nossa realidade está causando um verdadeiro terror na população.

            Aqui, fica meu apelo ao Ministro da Justiça.

            Venho a esta tribuna e faço uma crítica para sensibilizar as autoridades federais! No meu Estado, se você faz uma crítica, você já vira inimigo do Governo. É como se você quisesse o mal do Estado. O Governo do Acre não sabe conviver com críticas. E a minha crítica aqui é no sentido de chamar a atenção das autoridades federais, para que possam estender a mão ao nosso Estado, porque o Estado do Acre perdeu a guerra para os bandidos. Os índices de violência, os números são assustadores.

            Nós temos de atender ao apelo da população! A nossa população está com medo. As pessoas estão com medo. Estou falando aqui, porque, todos os dias, sou procurado na minha residência, no nosso escritório do Partido. As pessoas têm nos procurado e pedido que nós façamos alguma coisa, que eu, como Parlamentar, como representante do povo, faça alguma coisa. E o que eu posso fazer? Eu tenho de usar este espaço. Não posso dialogar com o Secretário, porque ele não nos recebe. Se falar isso para o Governador, ele não gosta. Então, tenho de usar este espaço.

            Mais uma vez, quero pedir ao Ministro da Justiça que possa estender a mão ao Governo do Acre, estender a mão ao nosso Governador. Que o nosso Governador tenha a humildade de reconhecer que estamos perdendo a guerra para os bandidos no meu Estado!

            Nós precisamos endurecer o jogo contra as autoridades bolivianas. O Estado do Acre não pode servir de rota de traficantes. As autoridades bolivianas também têm de fazer a parte delas. A nossa fronteira é muito extensa, mas não vejo nenhuma ação do Governo do Estado, não vejo nenhuma ação do Governo Federal no sentido de endurecer o jogo contra os nossos países vizinhos.

            Sr. Presidente, fica aqui o nosso apelo. Estou falando aqui em nome da população do Acre, em nome do povo acriano, em nome dos empresários, em nome dos comerciantes, porque, hoje, estou falando de uma capital. E o pior, o mais grave é que a violência está chegando aos Municípios, a violência está chegando à zona rural. Antigamente, não havia isso, a violência era maior na nossa capital. Eu estou falando de uma capital de pouco mais de 350 mil habitantes. Eu não estou falando de São Paulo, eu não estou falando de Cuiabá, eu não estou falando de Brasília, estou falando da capital do Estado do Acre, Rio Branco, hoje uma das cidades mais violentas deste País.

            Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/02/2014 - Página 250