O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Querido Senador Jorge Viana, Presidente desta sessão e Vice-Presidente do Senado, tal como V. Exª, que apresentou requerimento de pesar pela morte de Santiago Ilídio de Andrade, a Senadora Ana Amélia, que ontem também falou, a Senadora Vanessa Grazziotin, o Senador Cristovam Buarque, o Senador Paulo Paim, o Senador Valdir Raupp, que falou há pouco, eu também quero requerer, nos termos dos arts. 218 e 221 do Regimento Interno do Senado, inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do cinegrafista Santiago Ilídio de Andrade, ocorrido ontem, dia 10 de fevereiro, vítima de agressão com material explosivo durante manifestação pública na cidade do Rio de Janeiro, bem como a apresentação de condolências à sua mulher, Arlita, à sua filha e aos seus três enteados.

     Santiago Ilídio de Andrade era carioca, tinha 49 anos de idade e 20 anos de profissão. Foi repórter cinematográfico do Grupo Bandeirantes por dez anos. Participou de grandes coberturas, como a das chuvas na região serrana do Rio, em 2011. A cobertura jornalística do tema que motivou o início dos protestos no Rio em 2013, após o anúncio do reajuste da tarifa de ônibus, rendeu-lhe dois prêmios jornalísticos de Mobilidade Urbana, em 2010 e em 2012, ao lado do repórter Alexandre Tortoriello.

     Desde 2013, ele registrou para a TV Bandeirantes diversas manifestações na cidade e estava escalado para participar da cobertura jornalística da Copa do Mundo neste ano.

     Grandes coberturas, eventos esportivos e incontáveis reportagens sobre a guerra contra o tráfico de drogas nos morros cariocas também faziam parte da sua rotina de trabalho. No final de 2013, participou do curso para jornalistas em áreas de conflito, ministrado pelo Exército.

     Ele era conhecido pelos colegas como uma pessoa gentil e alegre e como um profissional dedicado, sempre preocupado com a segurança de toda a equipe. Apesar disso, ele foi atingido na cabeça por um rojão, na última quinta-feira, dia 6 de fevereiro, quando registrava o confronto entre manifestantes e policiais durante o protesto contra o aumento da passagem de ônibus, no centro do Rio de Janeiro.

     Carioca, criado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, Santiago tinha outras duas paixões, além do jornalismo: o Flamengo, seu time de coração, e a música. Aficionado por discos, ele falava com orgulho da época em que foi DJ.

     Em entrevista no último domingo, a mulher do cinegrafista, Arlita Andrade, fez um desabafo e disse que “falta amor” às pessoas responsáveis por ferir gravemente seu marido.

     Colegas de profissão fizeram homenagens a Santiago Andrade. Em Brasília, eles deixaram os equipamentos no chão e cruzaram os braços na rampa do Congresso Nacional. No Rio de Janeiro, fotógrafos, cinegrafistas e assistentes fizeram uma caminhada por uma das principais avenidas do centro. No local onde Santiago foi

atingido pelo rojão, esse gesto se repetiu.

     Por meio de uma rede social, a Presidenta Dilma Rousseff anunciou que a Polícia Federal vai apoiar as investigações para identificar os responsáveis pela morte de Santiago. Ela afirmou que os protestos não podem ser “desvirtuados por quem não tem respeito por vidas humanas”.

     A Secretária de Direitos Humanos, Maria do Rosário, informou que um grupo de trabalho vai recomendar medidas para a proteção dos jornalistas. “Manifestação não combina, na democracia, com atos violentos de nenhum tipo, seja da Polícia, seja dos manifestantes”.

     Segundo o Conselho de Comunicação Social, que assessora o Congresso, mais de cem agressões contra jornalistas foram registradas durante a onda de protestos, no ano passado. Neste ano, já são três casos, entre eles o que resultou na morte de Santiago Andrade.

     A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj ) disse que é preciso garantir o exercício do jornalismo. “O trabalho do jornalista é fundamental para o Estado de direito, não pode ser ameaçado sob qualquer circunstância, sob qualquer argumento. Ou seja, a sociedade precisa reagir a isso”, afirma Celso Schröder, Presidente da Fenaj.

     A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lamentou a morte de Santiago Andrade e fez um alerta. “A identificação, a apuração do caso e a punição dos responsáveis têm de ser exemplares, para que se possa evitar que novos fatos como esse ocorram, em especial no ano em que ocorrerá um grande evento internacional em nosso País”, disse Daniel Slaviero, Presidente da Abert.

     Acho importante voltar a frisar, como citei em agosto de 2013, que não acredito na solução de problemas por meios violentos, pois violência sempre gera violência.

     (Soa a campainha.)

     O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - É fundamental seguirmos os exemplos de líderes mundiais como Mahatma Ghandi, Nelson Mandela, entre outros, que nunca precisaram de violência para transformar positivamente a sociedade.

     Que a tragédia que ocasionou a morte de Santiago Ilídio de Andrade se torne um alerta para todos aqueles que, em manifestações, têm optado pela violência, pela destruição e por danos de toda a ordem, em especial, contra seres humanos!

     Que a tristeza de sua família e de toda a classe de profissionais da imprensa que hoje externam seu sentimento de solidariedade pelo que aconteceu possa se transformar numa extraordinária energia, para que episódios dessa natureza não se repitam!

     Neste momento de dor, em nome do Senado Federal, apresento nossas condolências à família de Santiago Andrade, à Rede Bandeirantes de Televisão e a todos os profissionais que trabalham para a informação da sociedade…

(Interrupção no som.)

     O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - …e pela sua proteção (Fora do microfone.).

     Sr. Presidente, que todos aqueles que, de alguma maneira, acharam que poderiam até utilizar da violência pensem muito bem, porque, de fato, é importantíssimo que evitemos novas tragédias como aquela que aconteceu para Santiago Ilídio de Andrade e para toda a sua família.

     Sr. Presidente, permita-me registrar a visita em nosso plenário de Rafael Marques, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; de Fausto Augusto Júnior, do Dieese; de Giovanni Rocco Neto, Secretário Executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, que aqui nos fazem uma visita para apresentar o projeto do Centro de Desenvolvimento Avançado em Ferramentaria do Brasil que será tão importante para melhorar as condições…

(Soa a campainha.)

     O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - …de competitividade e de desenvolvimento tecnológico de toda a área industrial, metalúrgica e de desenvolvimento da ferramentaria no Grande ABC.

     Quem sabe possa até ser destinada uma emenda da Comissão de Assuntos Econômicos para o Ministério do Desenvolvimento, conforme a proposta que eles hoje estão encaminhando!

     Sejam bem-vindos!

     Muito obrigado, Presidente Jorge Viana.