Discurso durante a 11ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões sobre a importância do voto aberto parlamentar; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA, SEGURANÇA NACIONAL. CONGRESSO NACIONAL, REFORMA POLITICA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Reflexões sobre a importância do voto aberto parlamentar; e outros assuntos.
Aparteantes
Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 18/02/2014 - Página 26
Assunto
Outros > IMPRENSA, SEGURANÇA NACIONAL. CONGRESSO NACIONAL, REFORMA POLITICA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTOR, ELIO GASPARI, JORNALISTA, ASSUNTO, CORREÇÃO, NOTICIA FALSA, RELAÇÃO, AUTORIA, PROJETO DE LEI, DEFINIÇÃO, CRIME, TERRORISMO.
  • COMEMORAÇÃO, APROVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, EXTINÇÃO, VOTO SECRETO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, VOTO ABERTO, PARLAMENTO.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, FESTIVAL, VINHO, LOCAL, MUNICIPIO, BENTO GONÇALVES (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), SOLICITAÇÃO, URGENCIA, VOTAÇÃO, PROJETO DE LEI, SENADO, REFERENCIA, REGULAMENTAÇÃO, VITIVINICULTURA, AGRICULTURA FAMILIAR.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente Mozarildo Cavalcanti.

            Obrigado pelas considerações, ex-Presidente Senador Fernando Collor de Mello.

            Sr. Presidente, eu venho à tribuna para falar sobre três temas.

            Primeiro, eu gostaria de ler, daqui da tribuna, artigo desse fim de semana do jornalista Elio Gaspari, que fez justiça, Sr. Presidente.

            Senador Presidente Collor, como eu sou autor de um requerimento que diz que a lei de terrorismo deveria ser discutida também pela Comissão de Direitos Humanos, alguns jornalistas - e V. Exª, mais do que ninguém, já sofreu por causa disso - entenderam que eu sou o autor da lei. Eu não sou o autor da lei. Pelo contrário. Nenhum Senador é autor. Essa lei surgiu de uma comissão que foi montada. Escreveram um projeto, o Senador Romero Jucá é o relator, estão debatendo a matéria. Mas, de forma pejorativa, tentaram dizer, por eu ser o autor do requerimento, já que fala em terrorismo, que a Comissão de Direitos Humanos também debata o tema. Aí, foi Carta Capital, foi Pedro, foi João, foi Roberto, foi Joãozinho. Deu uma enorme confusão, porque, ali na Ordem do Dia, diz que está em discussão no Plenário, pendente de parecer, devido ao requerimento do Senador Paulo Paim. Com isso, a leitura que fizeram é de que eu seria o autor da lei. Não sou o autor da lei.

            E o jornalista Elio Gaspari, que havia também entrado nesse balão, foi muito tranquilo, ele me ligou e disse que foi um erro da assessoria. Conversou longamente comigo e escreveu um artigo sobre o tema neste fim de semana, que eu passo a ler - e agradeço a ele pela correção, o que outros não fizeram, mas ele fez.

            Registro aqui a coluna do jornalista Elio Gaspari, publicada no domingo, ontem, em vários jornais do País, já que a coluna dele é publicada inclusive no Sul.

            Diz ele:

Paim nada teve a ver com o surto histérico

Estava errada a informação segundo a qual o senador Paulo Paim (PT-RS) é o autor do projeto que tipifica os crimes de terrorismo com uma definição ambígua e penas mínimas superiores àquelas impostas pela Lei de Segurança Nacional da ditadura. Há dois projetos em andamento no Senado. Um é do senador Pedro Taques (PDT) e outro de Romero Jucá (PMDB). Paim nada tem a ver com eles. Pelo contrário, uma iniciativa sua retarda a votação dos projetos [devido ao requerimento]. O senador Jorge Viana (PT-AC) propôs que eles fossem discutidos logo e pediu “um entendimento de líderes” para pôr “em apreciação já, no plenário, essa matéria”.

Felizmente ainda não aconteceu, e o Presidente do PT, Rui Falcão, dissociou o Partido da iniciativa, contrariando a doutrina dos autores da lei de segurança da ditadura.

Enquanto o Senado teve um surto de histeria, veio do Secretário de Segurança do Rio uma proposta que racionaliza o debate. Em vez de criar fantasma [segundo ele], é um texto básico que trata de coisas elementares, proíbe mascarados, muda algum dispositivo do Código Penal e repete lei já existente.

Fica faltando, na proposta de Beltrame, algo que responsabilize sua polícia por agressões a manifestantes. Por exemplo [aí ele diz]: jogar gás de pimenta nos outros como se os seus PMS fossem propagandistas de perfume. Nunca será demais lembrar que o Governador Sérgio Cabral não mexeu nas tarifas dos transportes sob sua jurisdição.

            Eu faço apenas uma leitura do artigo do Elio Gaspari, onde ele deixa claro que nós não temos nada a ver com essa história. Até porque eu sou daqueles que entendem que, da forma como está redigida, será mais um instrumento de criminalização contra os movimentos sociais, contra o que sou radicalmente contra.

            Feito esse registro, quero dizer que parte da imprensa ainda não tem clareza desse debate. Volto a repetir, é preciso que a verdade prevaleça.

            Repito: apresentamos requerimento para que o projeto, em vez de ser votado em plenário, seja discutido lá na CDH.

            Então, antes de voltar ao plenário o mérito desse projeto dessa comissão, de que nós não fizemos parte, primeiro tem-se que apreciar o requerimento, para ver qual é a vontade das comissões de direitos humanos de caráter internacional e nacional, que me pediram que eu encaminhasse o debate para a comissão.

            Somos favoráveis, como já disse, a que haja um amplo debate. A CDH, em meu entendimento, cumpre esse papel. É preciso separar muito bem a busca de soluções sobre a banalização da violência, como fiz aqui na última sexta, e o debate sobre a adoção de uma lei antiterrorismo. Somos contrários a qualquer projeto que venha a criminalizar os movimentos sociais.

            Então, está aqui a minha posição. Se alguém tiver dúvida, que leia, está aqui escrita, assinada, já é a quarta vez que eu falo sobre isso na tribuna.

            Quero também, Sr. Presidente, aproveitar este momento para falar de um tema que já debatemos, discutimos e sobre o qual já tivemos audiências públicas aqui em Brasília e fora de Brasília: a importância da questão do voto aberto no Congresso.

            Sr. Presidente, quase todos os dias, no mínimo todos os meses, ao longo desses meus vinte e poucos anos, quase vinte e oito anos de trabalho aqui no Parlamento, tenho usado a tribuna em contagem regressiva para o cumprimento do acordo firmado entre os Senadores e Deputados e o Governo. Vou falar primeiro, então, sobre este tema, o PLC nº 99, de 2013, que trata das dívidas dos Estados e Municípios com a União.

            Hoje é segunda, dia 17, e, como eu dizia na sexta, hoje faltam 16 dias para o fim do prazo, conforme o acordado da votação aqui neste plenário. Sempre digo que acordo firmado é para ser cumprido. Como esta Casa é de respeito, eu estou confiante na votação no prazo estipulado, que, aliás, é de extrema importância para os nossos entes federados, Estados e Municípios. Com a medida, ocorrerá uma possibilidade de maiores investimentos na área social: educação, saúde, segurança, transporte.

            Sr. Presidente, Senadores e Senadoras, nesta semana, há uma série de atividades aqui no Senado, como, por exemplo, audiências públicas - hoje pela manhã, realizamos uma na CDH -, votações de requerimentos e projetos nas comissões temáticas, pauta de plenário e apreciação, inclusive, de vetos.

            Senador Mozarildo, V. Exª tem um importante, e quero dizer que vou acompanhar V. Exª. A apreciação de vetos será feita pelo voto aberto, aprovado no ano passado, com enorme debate entre nós.

            É sobre isto, o voto aberto, que quero, mais uma vez, fazer algumas reflexões.

            Sr. Presidente, todos devem estar acompanhando a importância do que esta Casa já decidiu, que foi o voto aberto não só para cassação de mandato, mas também para apreciação de vetos. Enfim, é importante que mandem mensagens no sentido de que, cada vez mais, prevaleça a vontade popular na apreciação de vetos.

            A nossa luta pelo fim do voto secreto no Congresso iniciou lá atrás, no início dos anos 80, quando nós, àquela época, no movimento sindical, cobrávamos dos Parlamentares o fim do voto secreto. Fomos eleitos para a Constituinte, mantivemos, com o mesmo fervor, o nosso discurso.

            Uma vez eu disse que o voto secreto no Congresso era uma aberração, algo de outro mundo. Fui criticado, mas isso faz parte do jogo. E o tempo se encarregou de mostrar que estávamos certos. Prevaleceu o tempo. Como se diz, somente o tempo é o senhor da verdade, é o senhor da razão.

            E isso é bom, prova, mais uma vez, que estávamos no caminho certo, sintonizados com a voz das ruas ou até com a frase antiga do nosso inesquecível técnico da seleção Zagallo: “Quando alguns dizem que estamos errados, o tempo faz com que eles venham a nos engolir.” Essa frase é do Zagallo, não é minha.

            Meu primeiro discurso como constituinte ocorreu no dia 22 de fevereiro de 1987. O que falei? Venho à tribuna para pedir o fim das votações secretas em todas as instâncias. O que falei na época? Voto secreto lembra o golpe militar. Voto secreto lembra as torturas nos porões, os assassinatos, a falta de diálogo, a falta de transparência, a corrupção. Voto secreto lembra a imprensa amordaçada.

            Fizemos um bom combate nessas décadas, nesses quase 30 anos. Algumas batalhas perdidas, mas muitas vencidas. Perdemos a conta de quantas vezes subimos à tribuna para defender e exigir o fim do voto secreto, não somente eu, mas também muitos Senadores e Deputados.

            Apresentamos, como Deputado, algumas propostas. No Senado, a PEC nº 50, de 2006, e a PEC nº 20, de 2013.

            No ano passado, enfim, esta Casa aprovou o tão esperado fim do voto secreto. É claro que ainda falta o segundo passo, agora mais largo: o voto aberto em todas as situações. Mas Senado e Câmara, com essa decisão, já votarão abertamente em vetos e perdas de mandatos. Isso amadurece a democracia, e todos ganham. Eu considero o fim do voto secreto uma revolução, a revolução mais importante do Parlamento.

            Na semana passada, a Câmara realizou uma sessão histórica com a cassação, pela primeira vez, de um Deputado pelo voto aberto. Tenho dito que o voto aberto é a grande revolução no Parlamento brasileiro. E esse mesmo Parlamentar, com o voto secreto, alguns meses atrás, havia sido absolvido; e, com o voto aberto, somente um Deputado votou pela sua inocência. Todos os outros, quase unanimemente, votaram pelo afastamento.

            Amanhã, o Congresso se reúne para examinar quatro vetos. A votação será aberta, às claras. Isso é bom, é fantástico, é revolucionário. Nós temos que mostrar a cara do nosso voto. Temos um compromisso com os eleitores. Somos seus representantes. Não dá para votar de um jeito e falar de forma diferente.

            Alguns grandes veículos de comunicação abriram espaço com destaque para a votação ocorrida na Câmara dos Deputados na semana passada. Foi, como disse, quase unanimidade: evolução foi a palavra-chave.

            O coordenador do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, jurista Oscar Vilhena, disse: “A votação na Câmara foi altamente positiva para o Brasil. As pessoas têm de justificar publicamente por que tomaram suas decisões.”

            Na República, todas as coisas devem ser abertas. O voto aberto foi uma conquista da democracia e da sociedade. A cassação mostrou-se um exemplo claro da mudança de comportamento do Congresso ao ter de prestar contas aos eleitores de forma transparente.

            Em texto de nossa autoria, "Congresso, mostra a tua cara", abordamos essa questão do voto aberto. Das ruas ecoaram gritos exigindo tal medida: urgente, necessária, legítima e democrática. Nós sempre dissemos que só com muita pressão as coisas aconteceriam.

            Com total certeza, estamos decretando o fim da prática do avestruz, que enfia a cabeça no buraco para ver a tempestade passar ou não vê-la, achando que a tempestade não vai tocá-lo.

            Acabou a malandragem daqueles que dizem uma coisa perante a opinião pública, perante a imprensa e seus eleitores e, depois, fazem outra, valendo-se, na época, porque agora não temos mais, do voto secreto. Repito: o voto secreto é uma verdadeira revolução. Eu disse que o tempo mostraria isso e já está mostrando.

            Ives Gandra Martins, jurista, disse que: “Em situações de voto aberto, passa a valer mais a voz do povo, porque os Parlamentares estarão submetidos ao julgamento do eleitor.”

            Mas ele faz uma ressalva: “É claro que houve uma evolução, mas não é nada cinematográfico. Faz parte do processo depuratório da democracia e vai funcionar em casos em que os eleitores tenham uma posição clara em momentos de sim ou de não.”

            Sr. Presidente, permita-me ir um pouco além.

            O povo, os leitores, os movimentos sociais, os eleitores, o movimento sindical devem sempre estar em alerta nas ruas, exigindo seus direitos e um País mais justo e igualitário.

            O nosso entendimento é de que, daqui a alguns anos, quando a nossa democracia estiver mais fortalecida ainda, haverá um capítulo nos livros de História brasileira, em que o assunto será: “A batalha que foi o fim do voto secreto no Congresso.”

            Neste momento - assim eu creio -, alguns não estão se dando conta do que está acontecendo. Uns acham que estamos evoluindo bem; outros nem tanto; outros dizem que é fogo de palha. O importante é que a opinião pública está acompanhando, está vendo e agora vai ficar sabendo como cada um vota aqui na Casa.

            O Senado Federal e a Câmara dos Deputados é claro que evoluíram e têm de melhorar cada vez mais. E a transparência é a palavra-chave. O foco é alcançar a respeitabilidade da população, da sociedade. Isso requer também um grau elevado de independência dos Poderes. O Legislativo tem de caminhar com suas próprias pernas.

            Nas discussões que antecederam a aprovação do voto aberto, cheguei a dizer que o Congresso Nacional estava caminhando a passos largos, para se tornar uma espécie de Duma, o Parlamento Russo, dominado moralmente pelos Césares. Uns não concordaram; outros concordaram. O certo é que falei com sinceridade, e avançamos. O voto secreto caiu naquilo que é mais importante no meu entendimento.

            A função do Legislativo é discutir os problemas do País, os anseios da população para, a partir dos cenários que forem surgindo e seus devidos encaminhamentos, sugestões, criar leis ou melhorar as já existentes a fim de que essas deem respaldo jurídico necessário para o bem do nosso povo.

            Esse é o papel do Legislativo. Transparência é a palavra.

            E aí está a nossa crença de que o voto aberto é, de novo, repito, uma verdadeira revolução no Congresso Nacional. O voto aberto reafirma a cumplicidade entre eleitos e eleitores; reafirma o compromisso de legislar pelo País e não em benefício próprio. Ou o Parlamentar é fiel ao que disse no palanque para seus eleitores ou ele tem que voltar para casa.

            O voto aberto revoluciona, dá transparência, acaba com as máscaras, emerge a questão da independência, da liberdade e da transparência.

            O voto aberto no Congresso é uma causa de todos nós Senadores e Deputados que temos como visão algo maior na linha da transparência e do tempo: melhorar a vida de todos, manter a independência e lapidar a nossa democracia.

            Assim eu creio.

            Sr. Presidente, por fim, faço nestes três minutos um pequeno registro.

            Em setembro do ano passado, estive no Festival Nacional do Vinho colonial na cidade de Bento Gonçalves, lá na Serra Gaúcha.

            Esse encontro é uma realização de famílias - Famílias Vale dos Vinhedos - e conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves e outras entidades ligadas à agricultura familiar.

            Além dos vinhos coloniais, o festival apresenta uma amostra de variados pratos da culinária lá da Serra. Eu sou de lá, de Caxias do Sul, onde passei minha adolescência - Caxias, Bento, Flores da Cunha, Veranópolis, Galópolis, Antônio Prado. Enfim, ali há uma culinária rica: uva, salame, copa, queijo, pão colonial, polenta brustolada, coxa e asa de frango, frango a passarinho, geleias de uva, de figo e tantas outras, grôstoli, vitelo, carne de porco, tortéi e muitas outras iguarias tradicionais da região. Não percam! Quem for lá verá. Estão todos convidados.

            O vinho é um produto milenar e, como tal, sua elaboração está intimamente ligada à evolução da nossa gente e do nosso povo.

            A cultura do vinho esteve ou está presente em grande parte das comunidades da etnia italiana principalmente, sobretudo nos Estados das Regiões Sul e Sudeste, e agora já avança também no Nordeste.

            Esta presença explica o porquê de a evolução da vitivinicultura brasileira em escala comercial estar fortemente associada às regiões onde a vitivinicultura encontra-se arraigada à cultura local.

            O fortalecimento de vinícolas de diferentes escalas de produção comercial, entretanto, não exclui em muitas propriedades a agricultura familiar. Um saber fazer local que resulte em vinhos coloniais ou artesanais da melhor qualidade. Eu tive a satisfação, não só nessa Festa de que participei, mas em outros momentos, de degustar o quanto é bom, prazeroso, gostoso, o vinho colonial.

            Essa constatação pode ser exemplificada ao visitarem-se regiões como a da Serra Gaúcha, Vale do Rio do Peixe, a Metropolitana mesmo de Curitiba ou Jundiaí, onde não somente se mantiveram as produções já existentes como também nota-se um resgate de tradições anteriormente perdidas e que, gradativamente, voltam a ser valorizadas.

            O crescimento do interesse e do consumo pelo vinho, e pela cultura a ele associada, tem ampliado o mercado pela via do enoturismo. Eu diria, principalmente, nesse caso, aqui o destaque é para o vinho artesanal ou colonial.

            Rotas turísticas são criadas e aprimoradas, com foco na produção industrial e artesanal do vinho e o cultivo da uva. Na ocasião em que participamos do Festival foi solicitado apoio de todos os Senadores a dois projetos de lei apresentados na Câmara dos Deputados com a finalidade de dar suporte legal ao vinho colonial.

            Foram propostos os PL 3.183/2012, de autoria do Deputado Federal Onyx Lorenzoni, do Democratas, e PL 2.693/2011, de autoria do Deputado Federal Pepe Vargas, que abordam a temática da produção e comercialização de vinhos coloniais ou artesanais.

            Os projetos foram decisivos para dar publicidade ao tema e induzir a discussão objetiva que certamente trará impactos positivos para os produtores e consumidores. Está na Câmara dos Deputados o PL 3.183/2012, apensado ao PL 2.693/2011.

            O Projeto tramitou na Câmara até o início de setembro de 2013, passando pelas Comissões de Agricultura e Constituição, Justiça e Cidadania. Enfim, seguiu para o Senado Federal.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Senador Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Só um minutinho.

            Aqui no Senado tramitou na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, como PLC 110/2013, com relatoria da Senadora Ana Amélia, e está pronto para ser incluído na pauta de votação do Plenário.

            É decisiva a aprovação dessa matéria, para que o público-alvo do projeto seja beneficiado.

            E, quando estive lá, Senadora Ana Amélia, naquela grande festa, disse: “Eu não faço parte da Comissão Agricultura, mas vocês não tenham dúvida de que a Senadora Ana Amélia vai ser a relatora.” E acertei mais uma vez! V. Exª fez o relatório, já conseguiu, está pronto agora, para que seja votado aqui, no plenário.

            Enfim, antes de passar para a Senadora Vanessa, pelo Censo Agropecuário 2006, do IBGE, estima-se que serão beneficiados - com esse projeto, que, aprovado na Câmara e aqui, no Senado, com o apoio dos Senadores e a relatoria da Senadora Ana Amélia - mais de 4 mil famílias de agricultores familiares, especialmente no Sul e no Sudeste do Brasil. Por esse motivo, faço um apelo para que o PLC nº 110, de 2013, seja votado com rapidez aqui, no plenário do Senado...

(Soa a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... aproveitando as festas da tradicional Festa da Uva, que ocorre, entre 20 de fevereiro e 9 de março de 2014, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Estaremos lá na abertura da Festa da Uva - sei que a Presidenta Dilma também estará, como estarão os Presidentes, pelas informações que recebemos, do Senado, da Câmara; e foi encaminhado também o convite ao Presidente do Supremo Tribunal Federal. Os Senadores estão todos convidados e os Deputados Federais também, e todos os que estão nos ouvindo e assistindo, neste momento, desloquem-se para o Rio Grande, não podem perder essa grande festa entre 20 de fevereiro e 9 de março!

            A delegação esteve aqui visitando a Presidenta da República, visitando os Presidentes dos três Poderes e, pelo menos, até o momento, pela informação que recebi, todos estarão lá. Será um encontro nacional, em cima de uma causa belíssima e justa. Viva a Festa da Uva! Viva o vinho artesanal! Viva a produção familiar! Vivam todas as etnias de todas as raças e de todas as procedências que formatam e formam o povo gaúcho e o povo brasileiro!

            Senadora Vanessa, sempre é uma alegria receber um aparte de V. Exª.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Alegria maior, Senador Paim, é ouvir V. Exª falar de uma das mais belas festas do Brasil, que é a Festa da Uva, em Caxias do Sul. Eu tive a grata satisfação de estar na sala do Presidente desta Casa, Presidente Renan Calheiros, quando ele recebeu não só o Prefeito de Caxias do Sul, mas vários empresários, representantes do Município e as rainhas e princesas, que vieram trazer o convite para que o Presidente Renan e as Srªs Senadoras e os Srs. Senadores pudessem comparecer à festa. Naquele ato, foi feito uma pequeníssima amostra do que será a festa. O mais importante é que a festa é a representação de tudo isso que V. Exª fala da tribuna, de uma cultura de brasileiros que se misturou à cultura e às tradições dos migrantes italianos. Eu sou lá do Estado do Amazonas, vivi quase toda a minha vida lá, mas nasci no sul do País e meus avós no Rio Grande do Sul. Tenho uma alegria grande de ver como aquela região tem sido importante para o nosso País. Falamos que vivemos numa nação que é megadiversa de todos os pontos de vista, não apenas do clima diferenciado, da vegetação diferenciada, porque são vários biomas, mas das tradições diferenciadas também. O Brasil hoje entre todos os seus orgulhos pode se orgulhar disso que V. Exª fala. Nós somos também um grande produtor de uva e do Rio Grande do Sul já estamos chegando à produção em Santa Catarina. Isso é muito importante. Nós lá da Amazônia não estamos apenas guardando, mas trabalhando muito para transformar a riqueza natural em riqueza viva para a população. Então, se eu pudesse, iria a Caxias na Festa da Uva. Neste ano, não tenho condições, mas também quero me somar a V. Exª: é uma das mais belas festas deste Brasil. E Caxias do Sul não é só orgulho dos gaúchos, não, Senador Paim. Caxias do Sul é orgulho de todos nós brasileiras e brasileiros. Assim como tenho certeza de que é orgulho também, da mesma forma, a nossa belíssima festa dos Bois-Bumbás Caprichoso e Garantido. Então, parabéns a V. Exª, à Senadora Ana Amélia, da Bancado do Rio Grande do Sul, que está aqui...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Simon, que é de Caxias também.

(Soa a campainha.)

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Ao Senador Pedro Simon, que, como V. Exª e como a Senadora, não se cansa de falar desse belo Estado do Rio Grande do Sul. Que tenham todos uma bela festa! Tudo indica que a Presidenta deverá ir até lá. Tudo indica. Ouvi falar.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Ela já confirmou a presença.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM) - Já confirmou. É isto: prestigiar uma das mais belas do nosso País. Parabéns, Senador Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu aproveito este momento... Já num outro momento quando as rainhas, as princesas, o prefeito, o Presidente da festa, que é o Nespolo, estiveram aqui, relatei, falei da importância, citei o nome de todas as autoridades daquela belíssima comitiva, ajustamos as agendas junto aos poderes constituídos, porque eu sou filho de Caxias. Eu saí de Caxias com 29 anos.

            Então, toda minha formação se deu lá naquele berço. Tenho uma... Minhas lembranças são as mais agradáveis, mais queridas... De passar as férias nas colônias, embaixo dos parreirais, convidado por meus amigos de sala de aula, tomando banho nos rios, pegando lambari e o comendo com polenta. Enfim, é uma lembrança muito gostosa daquele período de minha cidade natal onde passei minha adolescência. Lá brinquei, namorei e escrevi grande parte de minha vida.

            Caxias, apesar de ter ido para Canoas, marcou muito toda minha caminhada. Lá que eu fui presidente de grêmios: Santa Catarina, Ginásio Noturno para Trabalhadores. Foi lá que eu fiz as grandes caminhadas ainda na época da ditadura, Senador Aloysio, V. Exª que foi perseguido e torturado...

(Soa a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... sendo nesta Casa o Relator da Comissão da Verdade, quando quis apenas que prevalecesse a verdade.

            Então, tenho uma... Embora more em Canoas hoje, tenho um carinho muito grande por Caxias. Um dos temas, o tema principal da festa é a diversidade. Em um momento como esse em que Tinga é discriminado no Peru, no momento em que uma australiana teve a ousadia de discriminar, em um salão de beleza, uma negra que a atenderia. Essa mesma australiana não aceitou ser atendida, conforme a delegada disse, por policiais negros. Como é bom que minha cidade natal fale exatamente da diversidade, tanto que uma das princesas que lá conhecia é negra. Todas são lindas, sejam brancas ou negras. Todas muito lindas, gentis e educadas, não se metendo a ser o que não são... Há pessoas que viram princesas ou rainha, ou mesmo senador ou governador e se diz melhor que os outros. Não é coisa nenhuma!

            Então, meus parabéns a toda comitiva, a todas as rainhas, princesas, a todas que disputaram, ao Presidente da festa (Nespolo), como também ao Prefeito da Cidade, a todos aqueles que se somaram a esse grande evento que levará a Presidente da República à abertura para participar das festividades nesse dia 20, quando os três Senadores serão convidados. Cada um agendará a possibilidade de estar também na minha querida cidade Caxias do Sul.

            Há uma canção que diz...

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Apoio Governo/PCdoB - AM. Fora do microfone.) - Cante!

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Não! Não entrarei em detalhe. Se quiser ver pessoas, as mais queridas do mundo, chegue em Caxias do Sul no cantar do galo.

            A Senadora Ana Amélia dirá que eu mudei toda música...

(Soa a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... que é uma outra letra; mas mudei, propositadamente, para adaptá-la a Caxias do Sul.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/02/2014 - Página 26