Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao arquiteto Jorge Wilheim, formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao arquiteto Jorge Wilheim, formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Publicação
Publicação no DSF de 26/02/2014 - Página 248
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, VOTO DE PESAR, MORTE, ARQUITETO, NACIONALIDADE ESTRANGEIRA, ITALIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Se me permitem, Presidente Ataídes e Senador Benedito de Lira, eu gostaria de apresentar a justificativa do requerimento de homenagem e de condolências ao arquiteto Jorge Wilheim. Se me permite V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Ataídes Oliveira. Bloco Minoria/PSDB - TO) - Permito.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP. Sem revisão do orador.) - Jorge Wilheim nasceu em Trieste, na Itália. Em 1940, aos 12 anos, mudou-se com a família para o Brasil. Em 1952, já formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, projetou, na capital paulista, o Parque Anhembi, o Hospital Albert Einstein e o Clube Hebraica, entre outros projetos renomados, como a revitalização do Pátio do Colégio e do Vale do Anhangabaú.

            Dos 85 anos de vida, 60 foram dedicados à arquitetura, ao urbanismo, à Administração Pública, à produção intelectual e às artes. Wilheim era "um homem que pensa a cidade" e se destacou como um dos mais importantes e visionários urbanistas brasileiros.

            A consciência ecológica do arquiteto já fazia parte dos seus primeiros projetos. Recém-formado, projetou uma cidade para 15 mil pessoas no Mato Grosso. A cidade, Angélica, é hoje vista como modelo de planejamento urbano. Também são de Jorge Wilheim alguns dos planos urbanísticos de grandes cidades brasileiras, como Curitiba, Goiânia, Natal, São Paulo, Campinas e São José dos Campos, entre dezenas de outras cidades.

            Wilheim foi um dos renovadores do urbanismo brasileiro. Ocupou diversas funções no Instituto dos Arquitetos do Brasil. Recebeu vários prêmios, entre eles: Tarsila do Amaral (1956), Governador do Estado (1964), IAB de Urbanismo (1965 e 67), IAB para Ensaio (1965 e 67), Pensador de Cidades Luiz Antônio Pompéia (2010) e a Ordem do Mérito de Brasília (1985).

            Ele realizou aquele que foi o primeiro estudo de impacto ambiental do Brasil para a Alcoa, no Maranhão, e também implantou a primeira utilização oficial de álcool combustível no País, programa que seria conhecido mais tarde como ProÁlcool.

            O arquiteto conseguiu projeção internacional para seu trabalho, recebendo convites para aplicar suas ideias. Nesse contexto, destacou-se como Secretário-Geral Adjunto da divisão da ONU para a realização da Conferência Global Habitat 2; participou das reuniões preparatórias da Conferência de Estocolmo (Suécia); e foi, durante anos, o representante brasileiro na Comissão de Urbanismo da União Internacional dos Arquitetos, órgão assessor da UNESCO. Também ocupou a cátedra Rio Branco na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e proferiu dezenas de conferências no exterior.

            No Brasil teve grande atuação na política. No Governo Mário Covas, de 1983 a 1986, foi Secretário Municipal de Planejamento. No Governo Orestes Quércia, de 1987 a 1991, assumiu a Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Na administração seguinte, de Luiz Antônio Fleury Filho, entre 1991 e 1994, ocupou a presidência da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo, onde elaborou o primeiro plano metropolitano da macrometrópole paulista.

            Na administração da Prefeita Marta Suplicy, entre 2001 a 2004, novamente como Secretário Municipal de Planejamento e Gestão, coordenou a elaboração do Plano Diretor Estratégico de 2002 para a cidade de São Paulo.

            Suas principais marcas no Governo do Estado de São Paulo foram a criação do Procon, da Fundação Seade, da EMTU e do "Passe do Trabalhador", hoje conhecido como Vale Transporte.

            Em nota, a Ministra da Cultura e ex-Prefeita de São Paulo Marta Suplicy disse que Jorge Wilheim era "um dos grandes homens públicos do Brasil" e lembrou-se de sua importância na elaboração de planos diretores de diversas cidades do País. Segundo Maria Suplicy, o arquiteto "deixa enorme vazio pela sua lucidez, visão de mundo, competência e seriedade".

            Um de seus trabalhos mais recentes, dessa vez à frente do escritório de arquitetura que leva seu nome, é a consultoria para o Ministério dos Esportes do projeto urbanístico dos Jogos Olímpicos de 2016.

            Além da vida pública, ele teve uma grande participação no mundo das artes plásticas. Com Pietro Maria Bardi, esteve junto da montagem do Masp. Foi Presidente da Fundação Bienal de São Paulo e membro de várias instituições de artes visuais brasileiras.

            Articulista dos principais jornais e revistas do País, Jorge Wilheim é autor de dez livros sobre vida urbana, publicados por diferentes editoras de São Paulo, Buenos Aires e Londres. Sua obra mais recente é São Paulo: uma interpretação, da Editora Senac, premiada pela Academia Paulista de História na categoria Melhor Livro Publicado em 2011 sobre São Paulo.

            É também autor dos livros São Paulo Metrópole 65 (1968), O Substantivo e o Adjetivo (1976), Tênue Esperança no Vasto Caos: Questões do Proto-Renascimento do Século 21 (2001) e A Obra Pública de Jorge Wilheim (2003).

            Em um de seus muitos depoimentos marcantes, ele destacou o seu amor e fé na vida, marca registrada do seu trabalho:

Sou otimista, vivo fantasiando futuros bons. Sou das utopias, e não das distopias. Não estou preparado para ir-me para sempre! Acho essa ameaça de finalização da vida muito injusta. É muito cedo... Viver é bom demais!

            Conforme sua esposa Joanna salientou, Jorge Wilheim foi um “cidadão” no mais amplo sentido, um exemplo para todos nós.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/02/2014 - Página 248