Pela Liderança durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise da conjuntura econômica brasileira, com destaque para o setor energético do País.

Autor
Delcídio do Amaral (PT - Partido dos Trabalhadores/MS)
Nome completo: Delcídio do Amaral Gomez
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ENERGETICA.:
  • Análise da conjuntura econômica brasileira, com destaque para o setor energético do País.
Publicação
Publicação no DSF de 27/02/2014 - Página 26
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • ANALISE, ECONOMIA NACIONAL, ENFASE, POLITICA ENERGETICA, REFERENCIA, AUMENTO, PRODUÇÃO, PETROLEO, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ELOGIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, RELAÇÃO, MELHORIA, ECONOMIA.

            O SR. DELCÍDIO DO AMARAL (Bloco Apoio Governo/PT - MS. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Angela Portela, futura governadora do Estado de Roraima, eu vim aqui, minha cara Presidenta, para, primeiro, registrar alguns acontecimentos que se tornaram conhecidos agora, nesse período de final de recesso parlamentar e início das atividades legislativas. Isso que me leva a falar pela Liderança do Partido.

            Primeiro, quero registrar a proposta apresentada pelo Governo Federal cortando gastos, trabalhando com superávit realista, 1,9% de superávit, mas em bases extremamente consistentes, e os anúncios do Governo Federal foram tão críveis que, sem dúvida nenhuma, foram muito bem recebidos pelo mercado, pelo sistema financeiro, pelo mercado brasileiro.

            Esse é um grande passo, principalmente, minha querida Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, por esse momento em que o Brasil vive, que a economia mundial enfrenta e quando algumas pessoas questionam sistematicamente a segurança jurídica da nossa economia, uma suposta dificuldade de atrair investimentos, e algumas dessas pessoas sinalizam, apostam em dias ruins para a nossa economia.

            Não é essa a minha leitura, Srª Presidenta, porque os fundamentos da economia brasileira são sólidos. Nós temos mais de US$300 bilhões de reserva. Por isso, o País está blindado com relação a qualquer crise e, sem dúvida nenhuma, não enfrentará dificuldades que outros governos enfrentaram, especialmente quando crises internacionais afetaram fortemente a economia brasileira.

            Não custa lembrar aqui a crise cambial, o câmbio fixo, que, depois, levou o Brasil a adotar o câmbio flutuante, a nossa vulnerabilidade com o FMI, as dúvidas que pairavam sobre o País com relação ao seu futuro, a despeito da importância do Plano Real para o nosso País, mantido nos seus fundamentos pelo Presidente Lula, quando, ao assumir em 2003, com uma inflação elevada, com perspectivas pessimistas, manteve os fundamentos do Plano Real e, efetivamente, teve competência para conduzir o Brasil para um lugar de ponta no cenário mundial.

            Eu não tenho dúvida, Senadores e Senadoras, de que marcharemos no rumo certo. A nossa economia não tem crescido como todos esperávamos, mas, hoje, no concerto das nações, nessa integração do Brasil com outros países, continentes que ainda enfrentam dificuldades econômicas, que estão se restabelecendo do baque que enfrentaram a partir de 2008, a nossa economia tem pilares sólidos. E, agora, a economia está sendo contemplada com um corte vigoroso em um ano eleitoral, ao contrário do que muitas pessoas diziam, que o Brasil, em ano eleitoral, não ia tomar as medidas cabíveis para reduzir os gastos do Governo. Felizmente, esses cortes foram anunciados na semana passada e com reflexos extremamente positivos no mercado financeiro. Basta ver até o impacto do câmbio. O câmbio já está caminhando para patamares muito mais compatíveis e dentro daquilo que os economistas do Governo Federal projetam.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no bojo dessas notícias, eu não poderia deixar de destacar, neste momento, informações importantes prestadas pela Petrobras ontem.

            Primeiro, no que se refere à produção de petróleo. Já passamos dos 400 mil barris no pré-sal. Meu caro Senador Pedro Simon, um grande desafio tecnológico. Muitas companhias de petróleo, próximas do Golfo do México, levaram oito anos para chegar a esse montante de produção de petróleo, e nós chegamos a esse montante em muito menos tempo, em oito anos. As empresas, muitas delas grandes companhias de petróleo mundiais, levaram muito mais do que isso, 16 anos, 12 anos. E operando no pós-sal, não no pré-sal, que envolve tecnologias extremamente avançadas para atingir esses objetivos.

            Portanto, uma grande vitória, quando muita gente aposta em um mau desempenho da Petrobras. Uma vitória que reflete a qualidade de seus técnicos, o profissionalismo da sua gestão, competentemente comandada pela Presidenta Graça.

            Não podia deixar de destacar também algumas notícias que foram veiculadas. Primeiro, que a Petrobras não investia na recuperação dos seus campos. Estamos perdendo produção nos campos da Bacia de Campos de menos de 10%, quando as práticas internacionais atingem de 14% a 20%. Portanto, a Petrobras tem cuidado dos seus campos, tem feito a reexplotação desses campos.

            Outro detalhe importante também, Srªs e Srs. Senadores, notícias foram veiculadas no sentido de que, para cada barril de petróleo, a Petrobras produzia um barril de água. É importante registrar que utilizamos água para injetar nos campos para aproveitar ao máximo a produção de petróleo e gás. E estamos muito abaixo também das práticas internacionais, internacionalmente reconhecidas, que preveem, para cada barril de petróleo, de três a quatro barris de água.

            Essas informações são importantes, porque, às vezes, o cidadão e a cidadã que se deparam com uma manchete dessas ou com informação desse nível acham que a Petrobras tem deixado a desejar, quando estamos tendo um desempenho muito melhor do que a média internacional. Não estou dizendo que outras empresas também não o façam, mas estamos tendo desempenhos melhores do que a média nacional.

            Por último, minha cara Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, o lucro anunciado ontem pela Petrobras. Um lucro importante, que representa 11% a mais, ao compararmos com o desempenho de 2012. Um lucro que atingiu mais de R$23 bilhões, mostrando que as medidas adotadas pela Presidenta Graça têm sido importantes, porque todos nós sabemos o sacrifício que a Petrobras vem enfrentando por causa dos preços da gasolina, da defasagem desse preço lá fora com o preço aqui vendido internamente. Mas a Presidenta Graça, com os seus diretores, estão cumprindo com o seu papel, aumentando a produção. E esse é um exemplo.

(Soa a campainha.)

            O SR. DELCÍDIO DO AMARAL (Bloco Apoio Governo/PT - MS) - Passamos de 400 mil barris com o pré-sal e estamos tentando compensar essas perdas com o aumento da produção, com o aumento da nossa eficiência. E eu não tenho dúvida nenhuma de que, com essa nova fórmula, que é uma cesta de óleos que leva em consideração o câmbio, nós vamos, ao longo do tempo, convergir o preço praticado pela Petrobras aos preços internacionais e os preços vigentes no mercado de petróleo e gás.

            Eu não poderia deixar de destacar aqui também, Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a área de gás e energia da Petrobras. Conversei com o diretor Alcides nesta semana. Senador Paim, a Petrobras despacha o gasoduto Bolívia/Brasil com 31 milhões de metros cúbicos/dia. E havia gente dizendo que esse gasoduto ia operar sempre abaixo do contratado, que não ia haver mercado para esse gasoduto, que esse gasoduto, por ser take or pay, ia dar prejuízo para a Petrobras, para a companhia. E, hoje, esse gasoduto já manda para o Brasil 31 milhões de metros cúbicos/dia, inclusive representando um percentual de 15% na arrecadação do meu Estado, Mato Grosso do Sul. Está gerando outros projetos importantes na área industrial, como a fábrica de fertilizantes, em Três Lagoas. Está entrando nas indústrias.

            O gás é um combustível limpo. Portanto, dá muito melhor qualidade aos produtos fabricados utilizando como insumo o gás natural. Por exemplo: na siderurgia e na cerâmica, no Sul do Brasil. Isso está mostrando, portanto, os acertos de toda a política adotada.

            Esta semana, estamos despachando 8 mil MW firmes de termeletricidade. Considerando o fator de carga de Itaipu, 8 mil MW equivalem a uma usina do tamanho de Itaipu. Talvez uma usina um pouco maior do que a usina de Itaipu. Talvez uma vez e meia a nossa usina hidrelétrica de Itaipu Binacional.

            Portanto, é uma energia extraordinária, especialmente neste momento em que falta água. Ainda tem chovido pouco e os reservatórios não se recuperaram da estiagem pela qual o Brasil passou.

            É importante também registrar que esse é um desafio que temos pela frente. Não é só a questão da precificação da gasolina, mas também em relação ao etanol. As refinarias que a Petrobras está construindo não propiciarão a autossuficiência no que se refere ao suprimento do mercado com gasolina.

            É fundamental o programa do etanol, sobre o qual vou falar em outra ocasião, pois não há tempo suficiente. Falarei também sobre a importância do etanol, o que vai representar sua mistura com a gasolina. É uma grande vitória do Brasil, principalmente tecnológica, pela competitividade, ainda, do nosso etanol - estamos perdendo para a Índia e para outros países.

            Portanto, minha cara Presidenta Angela Portela, Senadores e Senadoras, o Brasil, a despeito da aposta de alguns, caminha. Na economia, fazendo a lição de casa necessária; com a Petrobras, mostrando bons resultados, já superiores aos de 2012, a despeito das dificuldades apontadas em relação à precificação da gasolina; a nossa produção aumentando,...

(Soa a campainha.)

            O SR. DELCÍDIO DO AMARAL (Bloco Apoio Governo/PT - MS) - ... e é uma forma de compensar a importação de derivados e os desafios que temos também com relação à indústria do etanol.

            Eu tenho uma visão muito positiva. A despeito de este não ser um ano extraordinariamente bom para a economia, de não ser extremamente favorável para a economia, por várias razões que não são intrínsecas ao nosso País, mas também à economia internacional, a economia caminhará. Medidas estão sendo adotadas.

            Eu não tenho dúvida de que a nossa economia caminhará se for dada atenção especial aos desafios da Petrobras, ao setor elétrico, que também vai exigir uma atenção importante em relação à realidade que o Brasil enfrenta, principalmente em função da pouca chuva, à questão dos biocombustíveis e à implementação de projetos importantes de logística, de infraestrutura e de habitação, assim como em relação à preocupação do nosso Governo com a inclusão social e com a educação, pelo que a educação nos tem proporcionado, com os grandes programas do Governo, como o Fies, o Prouni e as escolas técnicas.

            Meu Estado nunca teve escola técnica. Estamos instalando agora vários campos para formar mão de obra, para efetivamente atender aos novos investimentos que vêm a Mato Grosso do Sul.

            Ao lado disso, há os programas voltados para a saúde. Ouço aqui muitos discursos falando dos médicos cubanos. Eu não posso falar por outros Estados, mas posso falar por Mato Grosso do Sul. Os médicos cubanos têm feito um trabalho excepcional em vários Municípios do nosso Estado. Se depender de Mato Grosso do Sul, Senadora Angela Portela, nós queremos mais, porque eles têm feito um trabalho excepcional e têm sido muito bem recebidos pela nossa gente. Os prefeitos - basta consultar os prefeitos, eu ando muito nos Municípios - estão felizes com o programa Mais Médicos.

            Portanto, minha querida Senadora Angela Portela, há muitos desafios pela frente, muito trabalho. Estamos no caminho certo, a despeito das dificuldades. Mas nós teremos serenidade, equilíbrio, bom senso e espírito público para, com um Governo republicano como o nosso, construir um grande Brasil, um Brasil cidadão, um Brasil de todos nós.

            Muito obrigado, Senadora Angela Portela.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/02/2014 - Página 26