Pronunciamento de Ruben Figueiró em 11/03/2014
Discurso durante a 25ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Discussão dos resultados de pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes acerca da opinião pública sobre diversos temas de interesse para o País.
- Autor
- Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
- Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Discussão dos resultados de pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes acerca da opinião pública sobre diversos temas de interesse para o País.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/03/2014 - Página 220
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- PESQUISA, CONSELHO NACIONAL DE TRANSPORTES (CNT), DADOS, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO, BRASIL, DEMANDA, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, CORRUPÇÃO, MELHORIA, DIREITOS SOCIAIS, SEGURANÇA, SAUDE, EDUCAÇÃO, DESAPROVAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, PROGRAMA MAIS MEDICOS, BUROCRACIA, NECESSIDADE, PRIORIDADE, BENEFICIO, CIDADANIA, BRASILEIROS.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, senhores e senhoras ouvintes da Rádio Senado e assistentes da TV Senado, senhores e senhoras aqui presentes, quero agradecer, inicialmente, ao Senador Clésio Andrade pelo envio da última pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), um trabalho que, por inúmeras razões, considero de extrema relevância, pois permite que possamos medir a temperatura dos humores e temores da sociedade brasileira neste início de 2014.
Nesse quesito, Sr. Presidente, acho importante salientar que outros levantamentos foram divulgados nos últimos dias e, comparando os relatórios e análises, podemos afirmar que, apesar das metodologias e abordagens diferentes, todas as pesquisas mostram praticamente a mesma realidade: a sociedade brasileira deseja discutir novos caminhos, corrigir o que está errado e indicar para a classe política o desejo de construir um Brasil mais próspero, mais igualitário e menos corrupto.
Não pretendo, Srªs e Srs. Senadores, aqui destacar a questão das preferências eleitorais - assunto que, aliás, ganhou, naturalmente, grande destaque na imprensa, embora as pesquisas mostrem, com insofismável clareza, que quase 70% dos eleitores não estão atentos ao jogo sucessório. E isso é natural: estamos longe das eleições, faltando ainda mais de sete meses para a realização do primeiro turno.
Diante disso, as candidaturas ainda não estão sendo questionadas, comparadas, avaliadas e acompanhadas pelo crivo crítico do eleitor. Esse tempo chegará.
Neste aspecto, considero ainda prematuro fazer qualquer diagnóstico sobre o processo eleitoral. Qualquer leitura da pesquisa com vistas ao resultado das urnas não passa de mero exercício de fantasia, com o mesmo valor de leitura de uma bola de cristal.
As especulações que surgem em decorrência dos números apresentados são, na verdade, manifestação de ansiedade de lideranças e militantes partidários, desejosos de criar fatos numéricos com base em raciocínios quiméricos.
Muito bem, deixemos isso de lado. Creio que o Senador Flexa Ribeiro assim também o pensa.
O que me impressionou na pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), por gentileza - repito -, enviada a mim pelo Senador Clésio Andrade, foram outros temas, estes inclusive mais ligados ao dia a dia dos brasileiros. No tocante à realização da Copa do Mundo no Brasil, dois números chamam a atenção: em primeiro lugar, 80% discordam dos investimentos realizados na construção dos estádios, considerando que os recursos poderiam ter sido utilizados em outras áreas.
Neste ponto, é praticamente consenso que a realização da Copa do Mundo no Brasil foi um erro estratégico, sob todos os aspectos. O que se tem são estádios e vilas olímpicas abandonadas, numa demonstração de que investimentos foram imediatistas, realizados com total falta de planejamento estratégico.
Neste sentido, há um imenso descrédito no Brasil sobre as obras de mobilidade urbana: 66% opinam não acreditar que elas ficarão prontas a tempo; 85% acreditam que haverá manifestações nas ruas contra a realização da Copa; e 60% não apoiariam a realização do evento se lhe perguntassem nos dias atuais qual escolha fariam caso lhes fosse dado o direito de escolha.
Enfim, a expectativa é de que viveremos um momento de tensão nesse período, visto que tudo indica que a imagem do País poderá ficar turvada diante de tantas contradições que se concentram num só momento, mexendo profundamente com aspectos sociais e emocionais dos brasileiros. Espero, sinceramente, que o pior não aconteça, mas os sinais estão postos.
Ao lado disso, Srªs e Srs. Senadores, temos outros indicadores da pesquisa que nos chamam atenção, porque contrastam com a visão otimista do Governo sobre o dia a dia dos brasileiros.
Para 77% da população, o custo de vida aumentou severamente. As expectativas inflacionárias seguirão firmes nos próximos meses para mais 70%. Para 60%, nenhum item de preço do mercado teve redução expressiva. Enfim, a sensação de carestia espraiou-se pela sociedade e, o mais grave, não há confiança em que os dirigentes econômicos conseguirão reverter esse processo.
Vou mais adiante, Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores: apesar dos gastos em propaganda, o Governo brasileiro não tem conseguido convencer parcelas expressivas da população de que estamos vivendo num mundo melhor.
Todos os dias assistimos, de maneira massacrante, a que o Programa Mais Médicos é o carro-chefe das políticas da melhoria da saúde pública brasileira. Mas vejam: a pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) aponta que 84% não enxergam essa melhoria. Mais grave: 41% afirmam que tudo ficará igual nos próximos meses e 30% acreditam que a situação vai piorar.
E essa mesma projeção e expectativa se alastram por todos os setores, criando um quadro extremamente complicado de falta de esperança, de ausência de perspectiva no futuro, de descrédito da classe política, o que desemboca no fato de que, atualmente, mais 65% dos brasileiros desejam mudança na forma de se governar.
Neste aspecto, essa pesquisa - e outras subsequentes - representa, com seus inúmeros dados e indicadores, alertas importantes para que sejamos forçados a formular propostas mais consistentes de mudança na estrutura do País.
O eleitor brasileiro vem mostrando a cada eleição que sonha com um Brasil diferente.
Queremos a implantação de um modelo que aprofunde o processo democrático, que garanta as conquistas sociais, que fortaleça a estabilidade da economia e, ao mesmo tempo, que reduza a carga tributária, que incentive pesquisas e que promova inovação tecnológica, melhorando brutalmente a produção no campo e na indústria.
Também, um modelo que combata a corrupção e extinga a burocracia. E, por falar em burocracia, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, quero dizer que ela não é apenas uma célula cancerosa incrustada no corpo do Poder Público. Ela, em seu processo de metástase, atingiu até a iniciativa privada, nos mais diversos setores, ao ponto de exigir que, nas transações entre clientes e empresas, seja repetido, a cada contrato assinado, o reconhecimento das firmas, num processo repetitivo, sem nexo e sem sentido.
Esse é, infelizmente, o nosso Brasil, que precisa realmente de uma mudança de base, a começar pelas cabeças dos burocratas "encastelados" - entre aspas - em repartições públicas e privadas, como se vivessem numa época em que a mentalidade dominante é ainda a de Pero Vaz de Caminha.
Devemos ter um objetivo claro: construir um país diferente, no qual a economia sirva à sociedade, e não o contrário; em que o Governe priorize os cidadãos, e não grandes esquemas corporativos e associativos; em que temas como saúde, educação e segurança pública não sejam tratados de maneira superficial, apenas para se obter o melhor efeito no momento das eleições.
Na verdade, Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, e Srªs e Srs. Senadores, o brasileiro está pedindo menos discurso pirotécnico e oportunismo e mais realizações desinteressadas. Por isso, temos de priorizar os atos transparentes em vez das palavras repletas de segundas intenções. O povo brasileiro deseja que as verdades sejam colocadas às claras, sem subterfúgios, pois acredita que podemos seguir outro caminho e mudar de rumo.
Concluo, Sr. Presidente, dizendo que essa pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes representa uma realidade que não pode ser contestada pelos técnicos do Governo; é a manifestação mais pura da opinião pública brasileira, que deve ser levada em consideração, neste momento em que desejamos, sinceramente, procurar caminhos que levem o Brasil às mudanças tão ansiadas pela Nação brasileira.
É o meu pronunciamento, Sr. Presidente.