Pela Liderança durante a 29ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Otimismo com as repercussões da Copa do Mundo de futebol para o Brasil.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Otimismo com as repercussões da Copa do Mundo de futebol para o Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2014 - Página 149
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, EVENTO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, DESENVOLVIMENTO, PAIS, REGISTRO, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, CONSTRUÇÃO, ESTADIO, INICIATIVA PRIVADA, FINANCIAMENTO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), GOVERNO ESTADUAL, NEGAÇÃO, DINHEIRO, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, quero, na tarde de hoje, abordar um tema da maior atualidade e da maior importância para o nosso País.

            Refiro-me ao fato de que estamos a menos de três meses da Copa do Mundo de Futebol. E eu gostaria aqui de fazer algumas ponderações sobre esse megaevento planetário, sobre essa confraternização em torno de um esporte apaixonante como o futebol, que o nosso País irá sediar proximamente.

            Foi uma decisão do Presidente Lula, extremamente respaldada por diversos setores da nossa sociedade, disputar com outras nações, em 2014, quando completa 64 anos a única Copa que recebemos, na história, a Copa de 1950.

            Fomos participar dessa disputa em perfeita coerência com a nossa tradição e com o verde-amarelo da seleção brasileira: somos o único país que jogou todas as Copas do Mundo de Futebol e também o único que pode se orgulhar de ter vencido cinco delas. Ninguém no mundo ostenta mais vitórias do que nós.

            Mais ainda: pela primeira vez na história, todas as equipes campeãs mundiais de futebol participarão de uma mesma Copa, e isso ocorrerá justamente no simbólico ano em que a seleção brasileira completa seu primeiro centenário.

            As manifestações de rua ocorridas no semestre passado trouxeram o tema da Copa à pauta de discussões, misturado, naquele momento, às aspirações por melhorias na prestação de serviços públicos essenciais no nosso País. Porém, passados nove meses do início dos protestos, o próprio brasileiro começa a ver a Copa em melhor perspectiva e por um prisma mais objetivo e menos passional, mais separado daquela pauta que o Brasil começou a rediscutir com profundidade a partir do ano passado.

            Naquele momento, aliás, a Presidenta Dilma associou-se aos anseios dos brasileiros, e, por meio de cinco pactos propostos, demos início a uma série de ações em áreas sensíveis à nossa população.

            O fato é que o mundial de futebol não tem mais sido confundido pela imensa maioria dos brasileiros. Hoje, a Copa voltou a ser vista como uma oportunidade importantíssima para o nosso País. Um dado que ilustra bem isso é a venda de ingressos para os jogos.

            Houve, até o momento, quase dez milhões de solicitações de compra, número três vezes superior à capacidade do que será comercializado. Um milhão e meio já foi vendido pela FIFA e, desse total, 57% - ou seja, mais da metade - foram adquiridos por brasileiros. Esse percentual atesta a aprovação do País à Copa do Mundo no Brasil e isola mais ainda aqueles setores que torcem contra ela.

            É preciso externar o que há de falsidade nesse discurso de ataque ao Brasil como país-sede, que muitos repetem com interesse claramente político. Em primeiro lugar, é importante registrar que 18 Estados concorreram à indicação para receber os jogos, mas, diante da impossibilidade, somente 12 capitais foram selecionadas, ou seja, governos dos mais diversos partidos que administram esses Estados lutaram para concluir suas arenas e para sediar os jogos da Copa do Mundo. Agora, muitos daqueles que inclusive apóiam tais governos aqui vêm para dizer que a decisão de trazer a Copa foi uma decisão equivocada.

            Depois, é preciso que se diga a verdade sobre os recursos gastos para a construção das arenas. Aqui e ali encontramos pessoas, em manifestações, discursos ou artigos da imprensa, dizendo que seria melhor ter gasto o dinheiro que foi aplicado nas arenas para aplicar na saúde, na educação ou em outras áreas.

            É preciso restabelecer a verdade: o Governo Federal não deu um único centavo para a construção das arenas em cada um dos Estados. Os recursos para a construção das arenas foram, 50% deles, de iniciativa privada, por meio muitas vezes de financiamentos ou de títulos a partir do BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil, e 50% dos governos estaduais, esses mesmos governos que são de partidos de muitos daqueles que questionam o Governo Dilma pela realização da Copa do Mundo aqui no nosso País.

            Portanto, quero repetir: não há dinheiro do Governo Federal na construção dessas arenas os Estados. Não há dinheiro do Orçamento da União para a construção de estádios de futebol. Na verdade, os recursos da União estão sendo aplicados na melhoria da infraestrutura urbana, especialmente no que diz respeito à mobilidade. São estradas, são metrôs, são VLTs, são corredores de ônibus, são aeroportos, são muitas e muitas ações, particularmente na área da mobilidade, que estão sendo executadas com recursos públicos.

            No total, o balanço oficial da nossa Copa do Mundo de futebol é de R$25,6 bilhões, entre investimentos públicos e privados. Calculados os estádios, o restante do dinheiro, você que me assiste e que me escuta agora tem visto onde está sendo aplicado. São mais de quatro dezenas, mais de 40 obras de mobilidade urbana para melhorar a vida da população e facilitar a circulação nas grandes cidades do Brasil. São intervenções em portos, aeroportos, metrôs, corredores de ônibus, terminais rodoviários e avenidas que levarão a uma significativa melhoria na infraestrutura urbana brasileira.

            E, aí, me causam estranheza, muitas vezes, alguns comentários que surgem na mídia e até mesmo aqui, no Parlamento. As pessoas, naturalmente, cobrando - e é correto que se cobre - que essas obras sejam concluídas antes da realização da Copa do Mundo. E transformam a possibilidade da não conclusão de algumas obras num verdadeiro absurdo. Parece até que, se chegarmos à Copa e algumas dessas obras não estiverem concluídas, é como se elas ficassem paradas para o resto da vida, é como se elas não viessem, depois, a servir à população, à comunidade.

            Nós sabemos que o Brasil, devido a todos os problemas relativos à intensa fiscalização dos órgãos de controle, à legislação extremamente rígida - e é correto que o seja - para a realização das concorrências públicas, apesar de já termos avançado com o regime diferenciado de contratações... E, como tal, o povo terá, o mais rapidamente possível, seja antes, seja logo depois da Copa do Mundo, a possibilidade de usufruir desses investimentos. Mas, paralelamente, a nossa economia receberá um significativo impulso adicional dado por esta Copa que sediaremos.

            Segundo estudos de consultorias, o incremento econômico, em quatro anos, será de mais de R$142 bilhões, período em que o nosso País deve arrecadar R$11 bilhões em impostos e a nossa população terá um acréscimo de renda da ordem de R$64 bilhões.

            Segundo a Embratur, os turistas deixarão no País cerca de R$25 bilhões. Os investimentos realizados devem agregar mais de R$183 bilhões ao nosso Produto Interno Bruto. E outro dado significativo em favor dos brasileiros: a Copa deve gerar 3,6 milhões empregos no País, o equivalente a toda a população do vizinho Uruguai. Aliás, vem gerando inclusive.

            É importantíssimo reiterar que todos esses ganhos ao Brasil ocorrerão sem perdas em qualquer outra área sensível do nosso País.

            O valor total de investimentos públicos e privados em estádios, por exemplo, é de apenas 10% do que se gastou no ano passado, na área da saúde, apenas 8% de tudo o que foi investido em educação.

            A Copa do Mundo não se contrapõe à saúde ou à educação, como alguns querem fazer parecer. Nossa vitória para sediar o mundial de futebol em nada conflita com os compromissos dos Governos do PT com essas áreas básicas para o desenvolvimento da nossa sociedade, nas quais temos investido pesadamente. Basta ver que, desde 2007, quando fomos escolhidos como país-sede, até hoje, já aplicamos mais de R$758 bilhões em saúde e educação, ao passo que estamos destinando R$4 bilhões para a construção de estádios.

            Então, quero dizer que o sentimento dos brasileiros hoje não é somente o de que, sim, vai haver Copa no Brasil, mas é também o de que todos estaremos totalmente empenhados em mostrar ao mundo que somos capazes de fazer a Copa das Copas, a Copa mais bonita de toda a história.

            Força, talento e tradição, temos de sobra para entrar em campo. E é por aí que nós começamos ganhando esse mundial.

            Devo dizer da minha estranheza em ver tantos que torcem contra a realização da Copa, contra o sucesso da Copa, como se a população brasileira já não fosse suficientemente esclarecida para não associar futebol, prática esportiva com conjuntura política, com momento político. Isso é um grave equívoco.

            Há 15 dias, eu me entrevistava com o ex-Ministro de Portugal, José Sócrates, que foi, inclusive, o organizador da Eurocopa, em 2014, em Portugal, e ele dizia: “Não consigo entender por que há tanta gente na imprensa se colocando contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Um evento como esse amplia a autoestima da população, valoriza a cultura de um povo, gera emprego, gera infraestrutura, faz com que o país seja mais conhecido internacionalmente, e aqui no Brasil eu vejo quase que uma atitude de repulsa da grande imprensa à realização desse evento”.

            Pois bem, eu tenho certeza de que não é esse o sentimento do nosso povo, e vamos esclarecendo. O Governo da Presidenta Dilma precisa, diuturnamente, esclarecer ao povo: o Governo Federal não colocou dinheiro para a construção de estádios. O Governo Federal está investindo em obras de infraestrutura que vão ser apropriadas pelo povo brasileiro agora, durante a Copa, e posteriormente à realização da Copa.

            Eu tenho certeza de que, se a comunicação do Governo levar essa comunicação para o povo, nós vamos eliminar, definitivamente, a força dos argumentos desses que torcem não só para que a Copa seja ruim, mas que o Brasil não tenha sucesso nessa disputa.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2014 - Página 149