Discurso durante a 28ª Sessão Especial, no Senado Federal

Destinada a homenagear a Ordem DeMolay, em alusão ao Dia do DeMolay, nos termos do Requerimento nº 22/2014, de autoria do Senador Mozarildo Cavalcanti e outros Senadores.

Autor
Cícero Lucena (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cícero de Lucena Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Destinada a homenagear a Ordem DeMolay, em alusão ao Dia do DeMolay, nos termos do Requerimento nº 22/2014, de autoria do Senador Mozarildo Cavalcanti e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2014 - Página 9
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MEMBROS, MAÇONARIA, REGISTRO, IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE, ENTIDADE, COMENTARIO, HISTORIA, DOUTRINA, INSTALAÇÃO, BRASIL.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e signatário desta presente sessão, Senador Mozarildo Cavalcanti; Exmo Sr. Deputado Izalci; Grande Mestre Nacional do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil, Sr. Sérgio Luiz Gonçalves; Mestre Conselheiro Nacional do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil, Sr. Yan Walter Carvalho Cavalcante; Secretário Executivo do Grande Conselho da Ordem DeMolay do Estado da Paraíba, Sr. Dihego Amaranto; Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal, Sr. Lucas Galdeano; grão-mestres estaduais; maçons ligados ao Grande Oriente do Distrito Federal; membros de ordens paramaçônicas; minhas senhoras e meus senhores, hoje é um dia muito especial em todas as partes do mundo, por ser comemorado o Dia do DeMolay. No Brasil, não poderia ser diferente. E, mais uma vez, o Senado Federal homenageia esses jovens que, verdadeiramente, lutam na tentativa constante da construção de um mundo cada vez mais justo e perfeito.

            A Ordem DeMolay é uma organização internacional para jovens do sexo masculino, com idades entre 12 e 21 anos, fundada nos Estados Unidos em 24 de março de 1919, pelo Irmão Maçom Frank Sherman Land.

            A Ordem é inspirada pela vida e morte do nobre francês Jacques DeMolay, 23º e último Grão-Mestre da Ordem dos Templários. Nascido em Vitrey, região do sul da França, em 1244, ao completar 21 anos, entrou para a Ordem Monástico-Militar dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, organização que recebeu a sanção papal em 1128, com o intuito de fazer a proteção dos caminhos da terra santa.

            Essa ordem de cavalaria de monges, que também pegavam em armas para defender as porções cristãs do Oriente, tornou-se famosa não somente pela sua bravura estratégica, mas também porque recebeu várias doações de terras e outras riquezas para manter os seus trabalhos.

            Essas doações e outras negociações tornaram os templários extremamente ricos e poderosos. Como banqueiros de reis e grandes senhores de terras, exerceram grande influência nos governos da época, sendo os pioneiros no uso de algo muito parecidos com os nossos cheques e cartões de crédito. Um peregrino poderia entregar seus valores numa casa templária para viajar mais despreocupado e, quando chegasse ao seu destino, poderia retirar a mesma quantia. Acreditava-se até que eles seriam capazes de criar um estado independente somente para a Ordem.

            Em 1298, Jacques DeMolay subiu ao posto de Grão-Mestre da Ordem do Templo. A situação era um tanto complicada, pois, com a perda da terra santa, a Ordem tinha perdido sua razão de ser e concentrava um grande contingente de homens e de imensas riquezas. Porém, não podiam ser aplicadas porque, ainda que consideráveis, não poderiam bancar uma nova cruzada. A Ordem esperava o apoio do povo, do clero e dos reis europeus. Tal apoio não veio. Em vez disso, a Ordem, que se concentrava em Chipre, assistiu à cobiça do rei francês Felipe IV, o Belo, e sua tentativa de fundir os templários com os hospitalários para controlar ambas e livrar a França de dívidas, além de tornar-se o monarca mais poderoso da Europa. Nessa época, ele já tinha sob sua influência o Cardeal Bertrand de Gouth, que assumiu o nome de Clemente V, mantendo-o em Avignon, na França.

            Em 13 de outubro, uma sexta-feira, ordens até então secretas foram executadas por Guillaume de Nogaret, primeiro-ministro francês. Ele determinava a prisão de Jacques DeMolay e de todos os templários que fossem encontrados, sob a acusação de heresia e traição. Os cavaleiros não resistiram e foram levados, inclusive o grão-mestre, para o calabouço, onde os que aguentaram foram torturados por sete anos.

            Após ser tão torturado, Jacques DeMolay já tinha sido obrigado a confessar falsos crimes e atitudes inimagináveis para a ética e a disciplina templária. Porém, jamais entregou a localização dos demais ou o paradeiro das riquezas da Ordem. Contudo, no julgamento final, ao ouvir as acusações e prestes a se definir a sentença, negou as acusações, voltou atrás nas confissões, denunciando perseguições e torturas sofridas por ele mesmo e por seus irmãos da Ordem.

            Tal procedimento era punido com a fogueira, o que Jacques DeMolay teve que enfrentar juntamente com um preceptor da Normandia, numa ilha em frente à Catedral de Notre Dame, em Paris, no dia 18 de março de 1314, diante do povo.

            Em janeiro de 1919, Frank Sherman Land recebeu uma ligação de um maçom chamado Sam Freet. Ele pedia que recebesse, como pupilo, um jovem órfão de pai que precisava de um emprego de meio expediente e alguma orientação. O moço em questão chamava-se Louis Gordon Lower, tinha 17 anos e ajudava a mãe a manter a família depois da partida do pai, Elmer Lower, que, assim como Freet e Land, fazia parte da Loja Maçônica Ivanhoe.

            A experiência de interação entre os dois foi excelente. Tanto que Land deu a ideia de juntar mais jovens convidados por Lower para reunirem-se como um clube. O jovem pupilo atendeu ao chamado levando mais oito jovens. Ao receber esses jovens, aquele homem, que não era tão mais velho que os meninos, sugeriu a criação de um clube no qual eles pudessem se reunir e realizar atividades saudáveis, organizadas e sob a supervisão de um adulto. A ideia foi aceita de pronto.

            Esse clube foi muito propício, pois era uma época de pós-guerra, e muitos jovens que haviam perdido os pais para a Primeira Guerra Mundial precisavam de um modelo masculino e uma referência paterna que pôde ser preenchida com cuidado e amor praticamente paternal, que foi oferecido pelo time de adultos que se juntou a Land para cuidar desses jovens.

            O passo seguinte foi escolher um nome para esse clube. Vários nomes foram citados, e nenhum agradava aos rapazes. Um deles sugeriu que, já que estavam dentro da Maçonaria, era justo que se usasse o nome de alguém ligado a ela. Mais uma enxurrada de nomes apareceu, e nenhum consenso foi atingido até o nome e a história de Jacques DeMolay, cavaleiro francês da Idade Média que exemplificou a fidelidade e lealdade com o seu comportamento de preservar seus amigos da morte.

            Assim, o novo clube passou a denominar-se Clube DeMolay, no dia 24 de março de 1919. O que veio depois foi o crescimento, que se estendeu até os mais longínquos lugares da Terra. Foi transformado de clube em Conselho e, por fim, em Ordem, que pode ser encontrada em países de grandes proporções, como o Brasil, ou em pequenas ilhas, como Aruba.

            A Ordem DeMolay chegou ao Brasil em agosto de 1980, com a instalação do Capítulo Rio de Janeiro nº 1, primeiro da América do Sul, trazida pelo então Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, o Irmão Alberto Mansur. Com reconhecimento internacional, o Brasil foi um dos países que teve autorização para instalar um supremo conselho próprio, em 1985.

            Presente em todos os Estados brasileiros, a Ordem DeMolay ultrapassa a marca dos trinta mil membros ativos cadastrados nos últimos dez anos. E no mesmo período, a aproximação com o DeMolay Internacional tomou proporções inéditas, transformando o Brasil como referência em Ordem DeMolay, para países como Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bolívia e Romênia.

            Atualmente, a Ordem DeMolay possui mais de oitocentos capítulos espalhados por todo o território brasileiro, transformando a vida de mais de 200 mil jovens e ajudando na formação de líderes.

            A Paraíba é um dos Estados mais atuantes da Ordem DeMolay, em nível nacional. Possuímos cerca de trinta capítulos, além de Priorados, Cortes, Clube de Mães, Távola de Escudeiros e Preceptorias.

            No mundo, a Ordem DeMolay pode ser encontrada na Argentina, Aruba, Alemanha, Austrália, Bolívia, Canadá, Colômbia, Estados Unidos, Filipinas, França, Itália, Japão, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

            Os baluartes da Ordem DeMolay são a defesa das liberdades civil, representada pela bandeira do Brasil; intelectual, representada pelos livros escolares; religiosa, representada pela Bíblia Sagrada.

            A Ordem também é baseada em sete virtudes cardeais: amor filial, que é o amor e carinho que devemos ter por nossos pais, que nos semearam, geraram, nos ensinaram as primeiras lições de nossas vidas e se sacrificaram por nós. Através deles, nós tivemos as primeiras lições de educação, respeito e na crença em Deus.

            Segunda virtude: reverência pelas coisas sagradas, que significa a crença em Deus, não importando a sua religião. Para ser um DeMolay, o jovem tem que ter fé Nele.

            Cortesia: cortesia, educação e solidariedade são princípios que um DeMolay procura por em prática usando a filantropia, mas somente é válida quando é feita com sentimento, colocando o coração naquilo que faz. Os DeMolays possuem o seguinte pensamento - abro aspas: "Para ser útil à sociedade não é necessário ser um DeMolay, mas para ser um DeMolay é necessário ser útil à sociedade" - fecho aspas.

            Companheirismo, que é ser um amigo leal, tanto nas horas boas quanto nas ruins. O verdadeiro companheiro e amigo é aquele que estende a mão para um irmão em momentos de dificuldade. Companheirismo é levar uma chama de amizade no coração, para que, quando um amigo estiver no meio do túnel, ela possa iluminar e mostrar onde está a saída.

            Fidelidade: é sempre acreditar em seus ideais e virtudes, mantendo em segredo tudo aquilo que lhe for confiado. É ser fiel a Deus, à sua Pátria e aos seus amigos, seguindo o exemplo de fidelidade de Jacques DeMolay, que preferiu morrer a trair seus irmãos ou faltar com seu juramento.

            Pureza: é ser um cidadão idôneo, puro de alma e de coração, é sempre estar de bem com a própria consciência, é manter a mente longe de tudo que vá contra os princípios de um bom cidadão.

            Patriotismo: é respeitar e defender a nossa Pátria, o nosso Estado e as nossas cidades e, além disso, conservar tudo que diz respeito ao patrimônio público, como escolas, asilos, orfanatos e hospitais, que prestam ajuda às pessoas mais carentes de nossa sociedade.

            Em 19 de janeiro de 2010, foi promulgada a Lei Federal nº 12.208, que instituiu o dia 18 de março como o Dia Nacional do DeMolay, razão pela qual estamos todos reunidos aqui, neste momento.

            Em 2012, tive a oportunidade de acompanhar de perto a Ordem DeMolay, quando o meu sobrinho Dihego Amaranto, tomou posse como Mestre Conselheiro do Capítulo Branca Dias nº 800, em João Pessoa, capital do meu Estado. Tornei-me um admirador da Ordem, pois vi que tudo não era só teoria. O grupo de jovens daquele capítulo trabalhava intensamente em projetos filantrópicos, como arrecadação de alimentos para serem distribuídos para crianças carentes, arrecadação de kit de higiene para ser entregue a hospitais, campanha de doação de sangue, campanha de conscientização política, onde tive a oportunidade de participar de um debate, dentro da reunião, exclusivo para irmãos maçons e sobrinhos DeMolays.

            No ano passado, tive a oportunidade de participar de algo ainda mais grandioso, um congresso DeMolay. Participei do Congresso Paraibano da Ordem, realizado pelo Grande Conselho Estadual da Ordem na Paraíba, em agosto de 2013, na cidade de Catolé do Rocha, sertão do meu Estado. Presenciei centenas de jovens, em um final de semana, dedicados à causa, não apenas do meu Estado, mas de Pernambuco, do Rio Grande do Norte, da Bahia e de tantos outros Estados.

            Muitos jovens, em um final de semana, que poderiam estar no mundo das drogas, no mundo do álcool, no mundo da prostituição, no mundo do crime ou em qualquer outro vício que o mundo lá fora oferece com facilidade, porém, preferiram optar pelo melhor caminho, ser um cidadão livre e de bons costumes.

            Portanto, Sr. Presidente e irmão, encerro minhas palavras citando uma frase de um ilustre DeMolay, o Walt Disney: “Se você pode sonhar, você pode fazer.”

            Façamos o bem. Amemos a Ordem DeMolay.

            Rogo ao Grande Arquiteto do Universo, Deus todo-poderoso, que ilumine e proteja a todos, e que de fato possamos construir, a cada dia, um mundo mais justo e perfeito.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2014 - Página 9